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No documento analisado, encontramos expressamente apenas o indicador saúde, em que obtivemos 21 resultados. Contudo, a partir do pressuposto de que os seres humanos são seres sexuados, esclarecemos que estes dois indicadores, saúde e saúde sexual, foram colocados juntos por compreendermos que, ao falarmos de saúde, obrigatoriamente fala-se de saúde sexual. Logo, são entendimentos indissociáveis.

Ressalta-se também, a junção do indicador Bem-estar, no qual tivemos 5 resultados, neste subtópico. A princípio havíamos separado o mesmo para ficar mais claro e compreensível, mas durante a análise percebemos que sua presença estava sempre seguida do indicador saúde, vinculados. Portando, para que não houvesse uma repetição de quadros e textos e para que não reforçássemos uma equivocada fragmentação, optamos por analisá- los e mantê-los juntos. Seguem descritos abaixo.

Quadro 8 – Indicador de Saúde/Saúde Sexual e Bem-estar

Saúde/Saúde Sexual e Bem-

estar

Ordenação Grifos do Texto

Página 06 1 1.5 UNIDADE DE ARTICULAÇÃO ACADÊMICA:

Ciências da Saúde e Bem-Estar Social

Página 15 2 4 PERFIL DE FORMAÇÃO

c) consciente da necessidade de atuar com qualidade e responsabilidade em prol da conservação e manejo da biodiversidade, políticas de saúde, meio ambiente, biotecnologia, bioprospecção, biossegurança, na gestão ambiental, tanto nos aspectos técnico-científicos, quanto na formulação de políticas, e de se tornar agente transformador da realidade presente, na busca de melhoria da qualidade de vida;

Página 16 3-6 Bem como desenvolver as seguintes competências: [...] - Apresentar raciocínio dinâmico, rápido e preciso na solução de problemas relacionados à educação, saúde e meio ambiente.

diferentes campos de atuação tanto na área de educação, quanto saúde e meio ambiente.

- Atuar interdisciplinarmente e transdisciplinarmente com diferentes profissionais da área de Ciências da Saúde.

Página 24 7-10 Para a definição das Linhas de Orientação Acadêmica (LOAs), partiu-se da delimitação das Linhas de Pesquisa, Extensão e de Formação dos cursos da UnA, que por sua vez, estão alinhadas com as ações e políticas nacionais do SUS, resultando nas seguintes linhas: Atenção à Saúde, Gestão em

Saúde, Educação e Saúde, Ensino com Serviços, Saúde e

Meio Ambiente, Bioética, Biossegurança e Ciência, Tecnologia e Sociedade

Página 27 11 5.3.2 Certificações complementares

Nas certificações complementares serão trabalhadas um conjunto de competências que focam ou ampliam habilidades e conteúdos trabalhados nas certificações estruturantes. Nas certificações complementares ter-se-á a possibilidade de articulação no contexto da UnA das Ciências da Saúde e

Bem-Estar Social e entre as Unas na perspectiva de

itinerários que reconheçam trajetórias acadêmicas singulares.

Página 28 12 Trabalho de Conclusão de Curso

No curso de Ciências Biológicas o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é o resultado do esforço de síntese, realizado pelo aluno, para articular os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso com o processo de investigação e reflexão acerca de um tema ligado a linha de pesquisa da Una Saúde e Bem-Estar Social.

Página 36 13-16 5 ATIVIDADES FORMATIVAS

Pesquisa: Experimental, coleta de dados, linhas de pesquisa vinculadas: neurociências; atividade física e promoção em saúde; atenção à saúde mental; aspectos epidemiológicos e clínicos das doenças crônico-degenerativas e não transmissíveis; metabolismo, sistema Imunológico e inflamação;

Extensão: palestras, elaboração de folders, linhas de extensão:

saúde e meio ambiente; atenção à saúde mental; alimentação

e nutrição; atividade física e saúde.

Página 118 17 Projetos de certificações

3 CONTEÚDOS

Sistema de Assistência às Emergências em Saúde (SAES), Atendimento Pré-Hospitalar e Cadeia de Sobrevivência.

Página 164 18 Conteúdos Conforme Diretrizes/Catálogo:

Saúde

Página 167 19 APÊNDICE I: Condições para funcionamento do curso

1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

O curso de Ciências Biológicas está diretamente vinculado à estrutura da Unidade de Articulação Acadêmica das Ciências da Saúde e Bem-Estar Social.

Página 172 20 4 UNIDADES DE ARTICULAÇÃO (UNA)

O curso de Ciências Biológicas está diretamente vinculado à estrutura da Unidade de Articulação Acadêmica das Ciências

da Saúde e Bem-Estar

Social. A Una se constitui no espaço de sinergia entre os projetos de formação articulando as áreas de conhecimento,

formação e viabilizando a infraestrutura para o ensino, a pesquisa e a extensão.

Página 174 21 6 BIBLIOTECA

Apresenta acesso a sua Biblioteca Virtual, composta de bases de dados nacionais e internacionais, links com comentários e periódicos online, distribuídos por curso e pelas áreas temáticas: Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas e Sociais, Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias e Tecnologias.

Fonte: Produção da autora, 2019.

Destacamos que a saúde na Constituição Federal, (1988) art. 6º, é um dos direitos sociais garantidos a todas as pessoas. E de acordo com a Declaração dos Direitos Sexuais (WAS, 2015, p. 1)

a saúde sexual é um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado à sexualidade; não é meramente a ausência de doença, disfunção ou enfermidade. Saúde sexual requer uma abordagem positiva e respeitosa para com a sexualidade e relacionamentos sexuais, bem como a possibilidade de ter experiências sexuais prazerosas e seguras, livres de coerção, discriminação ou violência.

Este é portanto, como descrito por Yared (2016) um paradoxo, pois não se trabalha o tema saúde sexual e afins de forma intencional, que vise a denúncia e superação do currículo oculto, logo, numa perspectiva crítica e emancipatória nas formações profissionais e/ou licenciados no ensino superior – seja ela inicial, continuada e/ou permanente. Enquanto pesquisas anteriores mostram ainda a procura de instituições escolares por profissionais da área da Saúde, inclusive da Biologia e/ou Medicina para trabalharem o tema “sexualidade” e “educação sexual”. Relembramos que segundo a WAS (2014), saúde sexual é um direito sexual entendido como direitos humanos fundamentais e universais. Além disso, de acordo com o PPC (UNISUL, 2015, p. 01) este, se baseia na Resolução CNE/CP Nº 1, de 2012, que dispõe sobre Educação em Direitos Humanos.

De maneira geral pela grande quantidade de vezes que os indicadores apareceram, deduz-se que há preocupação com a saúde de seus futuros profissionais. Observou-se também, que neste documento o indicador saúde se refere a todos os âmbitos, quando descrito na ordenação 2, no perfil de formação do graduando. Ou seja, demonstra- se que se espera que o egresso seja capaz de participar de debates públicos, discussões sobre políticas de saúde e refletir racionalmente sobre diferentes âmbitos da saúde sexual que interferem diretamente na vida de milhares de homens e mulheres, como por exemplo, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o planejamento familiar (métodos

contraceptivos e prevenção), o aborto como questão de saúde pública, a gravidez na adolescência, superbactérias, etc.

Desta forma, almeja-se que o/a egresso/a seja capaz de atuar com responsabilidade em todos os meios que estiver inserido, se preocupe com políticas de saúde e, também com a formulação destas. E que lute para que abordagens sobre saúde sexual ocorra no seu meio, como a problematização de tabus, mitos, superação da visão restrita pelo paradigma médico-biológico, superação da ideia de ‘anormalidade’ para/com as pessoas que não se encaixam no padrão hegemônico de heterossexualidade etc. E com isso, se torne, portanto, um profissional agente transformador da realidade do meio que esteja inserido/a. Em busca da melhoria da qualidade de vida numa visão social, abrangendo todos e todas.

Ressaltamos, assim, a importância de problematizar estes temas para a superação do currículo oculto por meio de abordagens que visem a emancipação dos sujeitos e, consequente, a promoção dos Direitos Sexuais (WAS, 2014). Bem como, a promoção da consciência crítica da complexidade desse processo dinâmico, ou seja, “[...] que está sempre em movimento na busca da superação da contradição e alienação” (YARED; MELO, 2018, p. 179). Assim, busca-se entender a sexualidade expressa por Nunes (1996, p. 227), em que a denomina emancipatória e humanista

Emancipatório porque supõe uma profunda reflexão sobre a sexualidade de modo a elucidar suas contradições históricas, discutir suas bases antropológicas, investigar suas matrizes sociológicas e identificar suas configurações políticas... de modo a tornar claras sua vinculação com relações de poder vigentes.

A sexualidade é dimensão da personalidade de todo ser humano e seu desenvolvimento integral depende por satisfazer as necessidades básicas do mesmo, como desejo, intimidade, emoções, prazer, ternura e amor. A construção da sexualidade se dá por meio da interação entre os seres e suas estruturas sociais. Para que seu desenvolvimento seja completo o bem-estar pessoal, social e interpessoal é essencial. Direitos sexuais, como mencionados anteriormente, são baseados na liberdade, dignidade e igualdade entre todos os seres humanos, dado que a saúde sexual deva ser um direito humano básico. Ainda, é reafirmado na Declaração que a saúde sexual “[...] não pode ser definida, compreendida ou operacionalizada sem uma profunda compreensão da sexualidade [...]”, bem como, para saúde sexual ser conquistada e mantida, “[...] os direitos sexuais de todos devem ser

respeitados, protegidos e efetivados” (WAS, 2014, p. 1). Apoiando desta forma, que abordagens intencionais sobre sexualidade devam ser feitas na formação docente e que espaços para se trabalhar esta temática intencional e criticamente sejam construídos e vivenciados.

Os direitos sexuais exercidos por todos e todas deve dar direito à liberdade sexual, autonomia sexual, privacidade sexual, igualdade, prazer, livre associação sexual, direitos as escolhas reprodutivas livres e responsáveis, direito a informação baseada no conhecimento cientifico, a educação sexual compreensiva e clara em todos os ambientes e a saúde sexual (CARVALHO, 2012) – ou seja, questões que também envolvem política públicas de saúde e vem ao encontro do perfil de egresso almejado pelo curso.

De certa forma, torna-se imprescindível que projetos políticos pedagógicos de cursos, especialmente aqueles que se propõe a formar novos professores e professoras de Ciências e Biologia, vivenciem práticas que superem a vertente repressora e reducionista de educação sexual médico-biologista, o currículo oculto e o entendimento patologizante e fragmentado do humano. Mas, sim, potencializem

[...] práticas integrais, humanizadas e humanizadoras, éticas, críticas-reflexivas e cidadãs, promova uma visão holística de ser humano, incluída, portanto, e inseparavelmente a dimensão da sexualidade no âmbito biológico, psicológico, social e histórico. (YARED, 2016, p. 149).

Isso é possível, então, por meio de projetos políticos pedagógicos de cursos de licenciatura que estejam dispostos a fundamentar-se epistemologicamente em uma educação libertadora, dialógica, crítica e emancipatória, centrada no estudante e que utilize de estratégias didático-metodológicas problematizadoras focadas no pensar e no agir. Modelo este que será possível e capaz de promover o protagonismo e a autonomia dos estudantes, o diálogo e a participação de todos e todas no processo de aprendizagem, de forma coletiva e horizontal, direcionando para o desenvolvimento de capacidades de pensamento crítico e criativo a partir do entendimento de seres humanos como seres integrais e sempre sexuados (YARED, 2016).

Saber ouvir, dialogar, pensar criticamente e se entender como um ser sexuado no e com o mundo é o primeiro passo para mudanças na realidade, isto é, para ser um ‘agente transformador da realidade presente’ – como almeja o perfil de egresso do curso.

Mas para isso, faz-se necessário que profissionais da Educação e da Saúde reconheçam e tenham vontade de promover tal mudança (YARED, 2016).

Ainda, almeja-se no desenvolvimento de competências de graduandos (ordenação 3-6) que apresentem ‘raciocínio dinâmico, rápido e preciso na solução de problemas’, o que vem expressamente ao encontro do pensamento crítico. Pois, almejar que o egresso seja capaz de resolver problemas, necessita que habilidades de pensamento sejam desenvolvidos durante sua formação. Como por exemplo, posicionamento questionador frequente, pensamento analítico, crítico, interpretativo. E esse raciocínio dinâmico, rápido, preciso não é inato, “[...] pelo contrário, é incitado pelo ensino e carece de aperfeiçoamento ao longo do tempo [...]” de ensino-aprendizagem, ou seja, devem ser promovidos (FRANCO; VIEIRA; SAIZ, 2017, p. 02). Sendo necessária, assim, a promoção de uma habilidade cognitiva mais elaborada e complexa nesse processo, que tem papel de contribuição para a “[...] autonomia, para a melhoria da qualidade de vida de todos e para fomentar e alimentar uma cultura de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável” (TENREIRO-VIEIRA, 2014, p. 29). Portanto, pensar sobre saúde sexual deve-se sempre estar articulado com a promoção do pensamento crítico, envolvendo uma vida mais saudável, logo, o bem-estar de todos seres humanos, sendo um constante tema a ser abordado e refletido, e que o PPC aponta fortemente para isto.

Em contribuição, Freire (2011) afirma que o sujeito tenha curiosidade sobre o mundo, para que a ação transformadora ocorra sobre a realidade, pois não há processo de mudança sem que consigamos conhecer nossa visão de mundo e confrontá-la em sua totalidade, por isso a importância da consciência crítica. Com isso, como afirma Nunes (1996, p. 221), para que tenhamos um discurso científico e crítico “[...] sobre a sexualidade supõe que cada homem deva ser sujeito de sua própria existência e de suas formas de sentido e convivência” Buscando a atuação desses graduandos interdisciplinarmente e transdisciplinarmente com vistas a coletividade entre profissionais, com isso contribui “[...] para a construção de instrumentos de compreensão e intervenção na realidade em que vivem [...]” os graduandos (BRASIL, 1997, p. 44).

A partir do indicador de ordenação 12, em que especificamente sugere que trabalhos de conclusão de curso (TCC) visualizem também a saúde e articulem seus temas com conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso com temas ligados a saúde e bem-estar social. Também está presente nas ordenações seguintes esta mesma articulação.

Dentre as linhas de pesquisa presente no PPC (ordenação 7-10) estão: Atenção à Saúde, Gestão em Saúde, Educação e Saúde, Ensino com Serviços, Saúde e Meio Ambiente, Bioética, Biossegurança e Ciência, Tecnologia e Sociedade. Como mencionado no capítulo II, registramos uma forte lacuna para pesquisas no campo específico da área da Educação. Acreditamos que esta área do conhecimento, tão complexa e com suas especificidades, não pode estar vinculada somente e estritamente à saúde. Como demonstra os excertos do PPC, o foco parece apontar substancialmente para a saúde, deixando preterido aspectos e direcionamentos que o campo da Educação deveria ter, sendo este um curso de licenciatura, ou seja, que formará professores/as para a Educação Básica. Apontamos a ausência de uma linha que contemple especificamente a área da Educação, campo das Ciências Humanas, no projeto prescrito do PPC. Como reflexo, portanto, essa lacuna pode contribuir subjetivamente para que a área da Educação não seja analisada e compreendida com a cientificidade necessária durante a vivência deste processo formativo. Esta não contemplação nos expõe uma possível fragilidade desta forma, de pesquisa no campo da Educação, a falta desta linha de pesquisa pode, portanto, fragilizar a cientificidade das pesquisas no âmbito educacional, sendo extremamente necessária sua inclusão. Reflexões acerca da contradição aqui apontada, serão abordadas mais profundamente no capítulo IV – contradições para além dos indicadores.

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