• Nenhum resultado encontrado

Elegibilidade para intervenção precoce na infância

No documento Intervenção precoce na infância (páginas 34-37)

2. E NQUADRAMENTO T EÓRICO – A I NTERVENÇÃO P RECOCE NA I NFÂNCIA EM C UIDADOS

2.2. Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância

2.2.1. Elegibilidade para intervenção precoce na infância

São elegíveis para apoio no âmbito do SNIP as crianças até aos seis anos e respetivas famílias, que apresentem condições incluídas em dois grupos. No primeiro, integram-se as crianças que possuam alterações nas funções ou estruturas do corpo que limitem o seu normal desenvolvimento e a participação em atividades típicas da idade e, no segundo, as crianças que apresentem risco grave de atraso de desenvolvimento pela existência de condições

Enquadramento Teórico – A Intervenção Precoce na Infância em Cuidados de Saúde Primários

biológicas, psicoafetivas ou ambientais que potenciem a probabilidade de atraso relevante no seu desenvolvimento.

Vários autores dividiram em grupos os fatores de risco, tendo como exemplo, Mendes (2010) que defende a existência de três fatores de risco; o familiar, o ambiental e o biológico:

• As situações de risco por fatores familiares devem-se às características dos pais

(toxicodependentes; com idade inferior a vinte ou superior a quarenta anos; com diagnóstico de doença mental, deficiência mental ou sensorial; com antecedentes de retirada de tutela, guarda ou custódia dos filhos) e da família (rutura familiar e/ou situação crítica; antecedentes ou situações de maltrato físico ou psicológico; ambiente familiar gravemente alterado; famílias socialmente excluídas; família monoparental), ao período pós-natal (situação de maltrato físico ou psicológico) e à existência de perturbações ao nível da família no que respeita à interação e relação família-criança;

• As situações de risco por fatores ambientais devem-se à exposição a: contextos ambientais

com fatores de stresse (exposição frequente a deficiente estimulação percetiva; carências da habitação, higiene e falta de adaptação às necessidades da criança na residência); fatores de exclusão social da família (condições de vida que facilitam o isolamento social no próprio ambiente familiar e em relação aos outros contextos sociais) e contextos sociais com fatores de stresse (dificuldade para manter rotinas de sono; exposição a relações instáveis/inadequadas; dificuldade de acesso adequado a adultos cuidadores; exposição a práticas ou situações inadequadas);

• As situações de risco por fatores biológicos foram divididas nas seguintes categorias: pré-

natais, pós-natais e outros fatores biológicos. Defende que cada criança, de acordo com a sua situação, pode estar incluída em uma ou mais categorias.

Na opinião do referido autor, os critérios de elegibilidade para IP seriam as perturbações de desenvolvimento (deficiência, atraso global de desenvolvimento) ou existência de fatores de risco (biológico, familiar, ambiental).

O SNIPI, tal como consta do Decreto-Lei nº 281/2009, de 6 de outubro, aponta como elegíveis para a IP todas as crianças que apresentem 4 ou mais fatores dos seguintes grupos:

• Alterações nas funções do corpo, que limitam o normal desenvolvimento e a participação

respetiva idade e contexto social. O atraso de desenvolvimento pode ocorrer sem etiologia conhecida (motora, física, cognitiva, da linguagem e comunicação, emocional, social e adaptativa), ou por condições específicas, que se baseiam num diagnóstico (anomalia cromossómica; perturbação neurológica; malformações congénitas; doença metabólica; défice sensorial; perturbações relacionadas com exposição pré-natal a agentes teratogénicos ou a narcóticos; cocaína e outras drogas; perturbações relacionadas com infeções severas congénitas como VIH; doença crónica grave, por exemplo, tumores; desenvolvimento atípico com alterações na relação e comunicação, por exemplo, autismo; perturbações graves da vinculação e outras perturbações emocionais);

• Crianças expostas a fatores de risco biológico, que abrangem crianças que estão em risco

de vir a manifestar limitações, por condições biológicas que interfiram claramente com a prestação de cuidados básicos, com a saúde e o desenvolvimento. Inclui história familiar de anomalias genéticas, associadas a perturbações do desenvolvimento; exposição intrauterina a tóxicos, por exemplo, álcool, abuso de drogas; complicações pré-natais severas, por exemplo, hipertensão; prematuridade <33 semanas de gestação; peso inferior a 1500gr à nascença; atraso de crescimento intrauterino; asfixia perinatal grave; complicações neonatais gravem como sépsis, meningite, alterações metabólicas ou hidroeletrolíticas, convulsões; hemorragia intraventricular; infeções congénitas; criança VIH positiva; infeções graves do sistema nervoso central como, meningite bacteriana, meningoencefalite; traumatismos cranianos graves ou otite média crónica com risco de défice auditivo;

• Crianças expostas a fatores de risco ambiental, podem dividir-se em fatores parentais ou

contextuais desde que atuem como obstáculo à atividade e à participação da criança, limitando as suas oportunidades de desenvolvimento e impossibilitando ou dificultando o seu bem-estar. Como fatores de risco parentais, incluem-se: mães adolescentes com menos de 18 anos; abuso de álcool ou outras substâncias aditivas; maus-tratos ativos (maus-tratos físicos, emocionais e abuso sexual) e passivos (negligência nos cuidados básicos a prestar à criança (saúde, alimentação, higiene e educação); doença do foro psiquiátrico; doença física incapacitante ou limitativa. Como fatores contextuais, inclui-se: o isolamento a nível geográfico ou a dificuldade no acesso a recursos, discriminação sociocultural e étnica, racial ou sexual, discriminação religiosa, conflitualidade na relação com a criança e/ou pobreza, havendo necessidade de recurso a bancos alimentares e/ou centros de apoio

Enquadramento Teórico – A Intervenção Precoce na Infância em Cuidados de Saúde Primários

social, desempregados, famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção (RSI) ou de apoios da ação social; desorganização familiar com conflito frequente, negligência da habitação a nível da organização do espaço e da higiene; preocupações acentuadas, expressas por um dos pais, pessoa que presta cuidados à criança ou profissional de saúde, relativamente ao desenvolvimento da criança ou interação mãe/pai-criança.

No documento Intervenção precoce na infância (páginas 34-37)

Documentos relacionados