Metodologia do planeamento em saúde

O planeamento assenta numa intenção consciente de transformar uma determinada realidade, através de um conjunto de decisões programadas, continuadas, tendo em conta os seus contextos. A participação da população, neste processo, é essencial e situa-se a nível educativo e de corresponsabilização na programação, gestão e avaliação dos serviços de saúde.

Prevê a execução de programas concebidos para melhorar as condições de saúde do individuo, e a parceria entre profissionais que se entre ajudam. Os profissionais devem levar em consideração as necessidades da comunidade e promover a saúde, tentando compreender os determinantes do processo saúde-doença, estabelecendo comunicação com a comunidade e ajudar a encontrar soluções para os problemas de saúde desta, contribuindo para a qualidade dos serviços de saúde.

O planeamento em saúde, segundo Tavares (1992), é um processo contínuo, voltado para o futuro de previsão de recursos e de serviços necessários, para atingir objetivos determinados

segundo a ordem de prioridades estabelecidas, permitindo as melhores soluções entre as várias alternativas, ou seja, pretende a racionalidade da tomada de decisões.

Segundo Saramago (2011), em qualquer intervenção/ação pressupõe-se um planeamento, em que devem ser claramente identificadas as necessidades, os recursos necessários e as estratégias a desenvolver, para que possa efetiva e eficazmente alcançar os objetivos a que se propõe. O planeamento pode assim ser definido como um rumo entre muitos futuros possíveis, dependentes das estratégias dos atores.

A intervenção comunitária permite-nos mobilizar os conhecimentos apreendidos em formação formal no contexto escolar e informal, valorizando a interação com os intervenientes no processo ensino-aprendizagem, incluindo a equipa multidisciplinar onde o utente é o elemento fulcral.

Segundo Imperatori e Giraldes, referido em Tavares (1992), com um planeamento em saúde bem concebido e eficaz, poder-se-á conseguir uma redistribuição de recursos que conduzirá a uma maior eficiência no desempenho de funções. O planeamento em saúde procura, através da promoção da saúde, prevenção da doença, cura e reabilitação, um estado de saúde que inclua a mudança de comportamentos nas populações.

O enfermeiro que exerce a sua atividade em contexto comunitário tem um papel de relevo, uma vez que assume a responsabilidade/ compromisso de ir ao encontro das necessidades reais de saúde das populações, onde centra as suas práticas na promoção da saúde, na prevenção da doença, no planeamento, na coordenação, na gestão e avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos.

Um projeto é um conjunto de atividades que decorrem num período de tempo delimitado, que visa obter um resultado específico. Para executar um projeto em saúde, é necessário respeitar um conjunto de etapas cuja omissão de alguns pode resultar numa má prestação de cuidados. O conhecimento das etapas do processo permite adequar melhor as intervenções às necessidades, bem como alocar corretamente os recursos (materiais e humanos); este processo deve ser entendido como um processo contínuo e dinâmico (em cada fase é possível voltar atrás e recolher mais informações de forma a complementá-lo). Essas etapas, segundo Tavares (1992), traduzem-se nas representadas na Figura 1, as quais abordaremos de seguida.

Metodologia

Figura 1. Etapas do processo de planeamento em saúde

(Tavares, 1992, p.38)

Diagnóstico de situação de saúde

É o primeiro passo no processo de planeamento devendo corresponder às necessidades da população (Tavares, 1992). Segundo este autor, para fazer um diagnóstico em saúde é necessário manter presente o significado de problema de saúde e necessidade em saúde. Como problema de saúde, entende-se um estado de saúde considerado deficiente na população; como necessidade em saúde, considera-se a diferença entre o estado atual de saúde e aquele que se pretende atingir, isto é, aquilo que é necessário para remediar o problema de saúde identificado.

O diagnóstico de situação deve ser suficientemente alargado, aprofundado, rápido, claro e sucinto. Tem como etapas fundamentais a identificação dos problemas existentes no seio da população, o estudo da evolução prognóstica dos problemas e da sua causalidade e a determinação de necessidades.

Determinação das prioridades

Passo efetuado após análise do diagnóstico de situação de saúde, tendo presente as problemáticas identificadas, inicia-se a definição das prioridades. Segundo Tavares (1992), é neste ponto que nos debruçamos sobre o conjunto de problemas identificados na etapa

anterior e os ordenamos prioritariamente. Para tal, é necessário a adoção de critérios ponderados, no entanto, a seleção torna-se muito subjetiva, pois depende de quem a define.

Fixação dos objetivos

Segundo Tavares (1992), os objetivos devem ser pertinentes, passíveis de ser atingidos e mensuráveis. Devem ser bem formulados e hierarquizados, para assim fornecerem normas e critérios das atividades a serem desenvolvidas posteriormente. Fixar objetivos consiste em definir para onde se vai.

Seleção das estratégias

Segundo Tavares (1992), corroborando Imperatori e Giraldes (1982), a seleção das estratégias consiste em propor novas formas de atuação para proporcionarem o atingimento dos objetivos definidos.

Para o desenvolvimento das estratégias impera o profissionalismo e responsabilidade, cumprindo e respeitando a ética e a deontologia, bem como os direitos humanos.

Preparação operacional/programação

Nesta etapa, deveram ser especificadas as atividades constituintes do projeto, que deverão ser definidas em função dos objetivos estabelecidos.

Avaliação da intervenção

A avaliação tem por base a implementação da atividade, visando o seu impacto na população (Tavares, 1992). Deve ser precisa e pertinente. A sua função principal é determinar o grau de sucesso de um objetivo.