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2. O QUE DIZ A LITERATURA DA CIÊNCIA POLÍTICA BRASILEIRA SOBRE OS ESTUDOS

2.4 As particularidades das eleições para o Senado Federal: levantamento de possíveis

4.1.2 Eleições 2006

As eleições brasileiras de 2006 constituíram na escolha, por parte dos cidadãos brasileiros aptos a votar, dos representantes nas esferas estadual e federal dos poderes Executivo e Legislativo. As eleições se deram nos dias 1º de outubro e 29 de outubro (este último relativo ao segundo turno para a escolha do presidente e governadores, nos casos em que nenhum candidato obteve maioria absoluta em primeiro turno).

Os pleitos incluíram a definição dos titulares dos cargos de presidente e vice- presidente da República; deputados federais e um terço do Senado Federal (27 vagas); governadores e vice-governadores; membros das assembleias legislativas e da câmara distrital do Distrito Federal.

Desde 1994, como um resultado de uma emenda constitucional que reduziu o mandato presidencial para quatro anos, todas as eleições federais e estaduais no Brasil coincidiram. Por outro lado, as eleições municipais ocorrem de forma intercalada com as demais.

A verticalização das coligações é uma regra pela qual os partidos não podem fazer alianças eleitorais na disputa pelos governos estaduais que sejam diferentes daquelas feitas em nível nacional. Foi introduzida nas eleições de 2002 pela Justiça Eleitoral, porém alguns partidos alegaram que esta regulamentação não tem sentido na realidade brasileira, onde as relações políticas e sociais podem mudar muito de um Estado para outro. Os que apoiam a verticalização defendem que esta norma garante uma coerência ideológica maior dentro dos partidos políticos brasileiros.

Em 03 de março de 2006, a Justiça Eleitoral votou pela manutenção da verticalização. No dia 8 do mesmo mês, o Congresso Nacional votou uma Emenda Constitucional pelo fim da regra. Mas, segundo a legislação eleitoral, as regras para os pleitos só podem ser mudadas com pelo menos um ano de antecedência às eleições. Em 8 de junho de 2006, o Tribunal Superior Eleitoral recuou em decisão que estabelecia a verticalização até para partidos que não apoiam nenhuma candidatura nacional e a regra de verticalização voltou a ser igual a de 2002: partidos sem candidatos à presidência poderão formar coligações regionais livremente.

Assim, o fim da verticalização só ocorreu nas eleições de 2010. Fizemos este comentário sobre a verticalização das coligações porque estas informações, posteriormente, nortearão nossa discussão sobre a importância da coligação na eleição do senador.

A eleição para o Poder Executivo Federal foi marcada pela reeleição de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT e coligado aos partidos PRB e PC do B. O petista venceu, em 2º turno, o candidato tucano Geraldo Alckmin, representante da coligação entre PSDB e PFL, com 58 milhões de votos.

Nas eleições para o governo estadual, os eleitos que representavam a coligação de Lula, representaram 11,11 das vagas em disputa. Repetindo o desempenho da eleição de 2002, a coligação para as eleições presidenciais, liderada pelo PT, elegeu apenas 3 governadores:

 Binho Marque no Acre;  Jaques Wagner na Bahia;  Marcelo Déda no Sergipe

Já a coligação do candidato Geraldo Alckmin, elegeu mais que o dobro de governadores:

Estado Governador Partido Coligação

Alagoas Teotônio Vilela Filho PSDB PMDB, PPS, PSDB e PT do B

Distrito Federal José Roberto Arruda PFL PP, PTN, PSC, PL, PPS, PFL, PMN e PRONA Minas Gerais Aécio Neves PSDB PP, PTB, PSC, PL PPS, PFL, PAN, PHS, PSB e PSDC

Pará Ana Júlia Carepa PSDB

PP, PTB, PSC, PL, PFL, PAN, PRTB, PHS, PMN, PTC, PV, PRP, PSDB,

PRONA e PT do B

Paraíba Cássio Cunha Lima PSDB PP, PTB, PTN, PL, PFL, PTC, PSDB e PT do B Rio Grande do

Sul Yeda Crusius PSDB PSC, PL, PPS, PFL, PAN, PRTB, PHS, PTC, PSDB, PRONA e PT do B

Roraima Ottomar Pinto PSDB PP, PTB, PL, PFL e PSDB

São Paulo José Serra PSDB PSDB, PFL, PTB e PPS

Quadro 2 - Eleitos para o Governo Estadual pela Coligação PSDB/PFL em 2006 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Na eleição de 2006 renovou-se um terço das cadeiras do Senado Federal, totalizando 27 vagas. E em seu segundo mandato, Lula e sua coligação (PT, PL, PC do B, PMN e PCB) elegeram 4 senadores, totalizando 14,81% das 27 vagas em disputa:

Estado

Candidato(a)

Eleito(a) Partido Coligação

Número de Partidos da Coligação Número de Votos do Candidato Elegeu o Candidato a Governador Turno da Eleição para Governador Aliado do Governador em Exercício Apoia o Candidato Eleito para Presidente Apóia o Candidato a Governador que disputa a Re- eleição Acre Sebastião Afonso Viana Macedo Neves PT PP, PT, PL, PRTB, PMN, PSB,

PC do B 7 187432 Sim 1º Sim Sim Não se aplica

Ceará Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda PC do B PSB / PT / PC do B / PMDB / PRB / PP / PHS / PMN

/ PV 9 1912663 Sim 1º Não Sim Não

Minas

Gerais Eliseu Rezende PFL

PP / PTB / PSC / PL / PPS / PFL / PAN / PHS / PSB / PSDB 10 5055629 Sim

1º Sim Sim Não

São Paulo Eduardo Matarazzo Suplicy PT

PRB / PT / PL / PC do

B 4 8986803 Não 1º Não Sim Não se aplica

Já no primeiro discurso feito depois da vitória, Lula afirmou que o combate à pobreza continuaria a ter prioridade no segundo mandato, mas enfatizou a responsabilidade nos gastos públicos e maior crescimento econômico, prometendo a manutenção da política fiscal. Uma frase célebre em seu pronunciamento foi "Reivindiquem tudo o que quiserem, mas daremos apenas aquilo que a responsabilidade permitir".

Em relação às coalizões Lula afirmou que iria cuidar pessoalmente da articulação política, montando o ministério sem intermediários, talvez um dos primeiros reflexos do escândalo do “Mensalão” em seu segundo mandato. Em 2002, essa tarefa coube aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci.

A concepção da reforma ministerial teria mais cargos ao aliado PMDB e menos para o PT.

Apesar da grande votação o presidente Lula foi para seu segundo mandato com um desafio grande pela frente. Primeiramente porque seu governo foi abalado por escândalos de corrupção. Sua primeira equipe ministerial, formada por homens de sua confiança e líderes do PT, foi desintegrada  depois  as  denúncias  do  “Mensalão”.

Além disso, Lula terá que fazer composições com partidos da oposição no Senado para garantir a sustentabilidade do segundo mandato, pois só elegeu 4 senadores de sua coligação. Os partidos que formalmente fazem oposição ao governo ficaram com um total de 42 senadores, já contando os que estão na segunda parte do mandato de 8 anos. O PFL teve o melhor desempenho e elegeu seis senadores, contra cinco do PSDB e quatro do PMDB. O PTB elegeu três, e o PT, dois. A tradição rege que os partidos com a maior bancada no Senado têm o direito de indicar os presidentes de cada Casa.

Por outro lado, o governo conseguiu ampliar a base de apoio nos estados com a vitória de mais cinco aliados neste domingo - e ganha o apoio de pelo menos 15 dos 27 governadores eleitos.

Assim, terminada a batalha das urnas, o presidente Lula iniciou a batalha das coalizões para garantir a governabilidade do país e a mantença das promessas de campanha.

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