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Elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico da escola

CAPÍTULO II BASES EPISTEMOLÓGICAS E

3.2. Elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico da escola

pedagógica.

Nesta sessão gostaríamos de destacar os espaços da ação docente, tendo como base os elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico. Visando o alcance desse propósito, demonstraremos a relação sistêmica entre esses elementos constitutivos e os significados de cada um para o desenvolvimento docente promotor de saberes pedagógicos.

Analisando as proposições que constam nos documentos oficiais norteadores da organização escolar da rede pública de ensino (Distrito Federal, 2014) e como essas proposições são materializadas na escola por meio da ação docente, percebemos que cada proposição exerce um impacto no movimento da dinâmica escolar, bem como nas vivências dos profissionais da educação, sejam eles gestores, coordenadores pedagógicos ou professores. Para um maior entendimento dos leitores, pontuaremos os elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico conforme descrito nas Diretrizes Pedagógicas para Organização Escolar do 2º ciclo (Distrito Federal, 2014):

a) Gestão Democrática b) Formação Continuada c) Coordenação Pedagógica d) Avaliação Formativa

e) Organização curricular baseada em eixos integradores: alfabetização, letramento e ludicidade.

Segundo o documento oficial intitulado de Diretrizes Pedagógicas para Organização Escolar do 2º ciclo (Distrito Federal, 2014), que orienta a organização do trabalho pedagógico das escolas públicas, a escola em ciclos requer o ensino em função das aprendizagens dos alunos. Dentro dessa perspectiva, o documento lança a afirmação de que:

Quando os ciclos são organizados para as aprendizagens, emerge o compromisso de realizar o ato pedagógica com o objetivo precípuo de fazer para aprender, requerendo que todos os envolvidos organizem a escola, especialmente para o cumprimento da função social, ou seja, promover as aprendizagens, incluindo professores, gestores e profissionais da educação. (DISTRITO FEDERAL, 2014, p.19)

Com as informações acima, queremos enfatizar que são os sujeitos que transitam na escola que significam a organização do contexto escolar, isso quer dizer que tal organização transcende a mera aplicação de proposições que constam nos documentos oficiais. Isso porque o espaço escolar é marcado pela produção de processos subjetivos cuja influência, geram desdobramentos nas esferas sociais e individuais. Embora importante, os documentos norteadores da educação pública, por si só, não asseguram um movimento qualitativo de produção de saberes que faz parte de uma complexa rede de sentidos definidas a partir da subjetividade social e individual.

Assim, analisaremos a gestão democrática, a formação continuada, a coordenação pedagógica, a avaliação formativa e os eixos integradores da organização curricular da escola investigada como elementos presentes na ação dos sujeitos.

Não há como dissociar a organização escolar de um processo democrático de gestão. Nesse sentido, a gestão democrática possibilita espaços de reflexão acerca dos desafios que pertencem a escola, pois passa pela construção coletiva do projeto político pedagógico da e na escola que considere as produções de diferentes sujeitos que estão inseridos nos espaços tempo escolares. No caso da escola investigada, o Projeto Político Pedagógico passa por um processo de construção coletiva, bem como constante avaliação que objetiva mudanças, ou seja, ele é discutido para posterior reconstrução. Assim, ocorreram ao longo da pesquisa, diversos debates, evidenciando a criação de canais de participação e o compartilhar das experiências que aconteciam na escola.

Acompanhamos um momento de construção, no início do ano letivo, em que o Projeto Político Pedagógico foi apresentado para o corpo docente, pois naquela ocasião ocorria o ingresso de novos professores que iriam compor o quadro de funcionários da escola. A apresentação foi feita pela

diretora da escola, em conjunto com a coordenadora pedagógica Jaque. Abaixo apresentamos a pauta da reunião:

1. O Projeto Político Pedagógico 2. Processo de Construção 3. Missão da escola

4. Objetivos gerais e específicos

5. Organização do trabalho pedagógico 6. Diagnóstico de realidade escolar 7. Estratégias de avaliação

8. Operacionalização dos projetos da escola 9. Novas construções

A diretora apresentou os tópicos 1, 2, 3 e 4 destacando a forma como foi construído o projeto, partindo de uma participação coletiva. Sob a responsabilidade de Jaque, a coordenadora pedagógica participante da pesquisa, ficaram os tópicos de 5 a 9. Interessante destacar, que Jaque iniciou sua explanação falando sobre o papel do coordenador pedagógico. O slide utilizado para explanação tinha como título: “O coordenador pedagógico: sujeito de suas práticas”. Ela, ao iniciar a apresentação, afirmou:

Darei continuidade à discussão do Projeto Político Pedagógico, mas antes gostaria de falar rapidamente sobre o papel do coordenador pedagógico como o profissional que necessita movimentar a construção coletiva dos projetos da escola, acompanhar o que acontece, como acontece, fazer junto. Não me vejo isolada, construindo solitariamente, escrevendo só. Por isso, estamos aqui juntos. Também gostaria de dizer que a medida em que tudo acontece, eu preciso me posicionar como formadora. Me vejo como formadora, pois o espaço da coordenação pedagógica é indicado para o processo da formação continuada, mas não é uma formação que sai da minha cabeça, das minhas vontades, e sim das necessidades da sala de aula, dos professores. É por isso que valorizo o diagnóstico da nossa escola, pois vamos construir tudo partindo desse diagnóstico. (Prof. JAQUE – Coordenadora Pedagógica)

Jaque, ao longo de 2011, 2012, 2015 e 2016, participou da construção e implementação do Projeto Político Pedagógico da escola. Observamos nos anos de 2015 e 2016 que Jaque primava pela abertura de um canal dialógico frente ao grupo de professores, a fim de coordenar a elaboração de propostas

que fossem convergentes com as necessidades advindas da realidade escolar. Interessante destacar a capacidade de articulação de Jaque para construir em conjunto, demonstrando valorizar ações colaborativas. Nessa perspectiva, distanciava-se de práticas centralizadoras e autoritárias. Em uma conversa informal sinaliza a importância da tomada de decisões conjuntas:

Vou construindo o Projeto Político Pedagógico da escola querendo ouvir todos. Tenho consciência que muitos silenciavam, vejo uma diversidade de postura diante da possibilidade de construir algo. Tem também o pessimista que não acredita mais em nada. Mas o ato de participar, criar e interagir é aprendido. As colegas que ficam em silêncio vão aprender. Gosto de provocar e de trazer várias formas de oportunizar a construção, pois se não participa falando, pode participar escrevendo ou com alguma experiência que viveu em outros momentos. (Prof. JAQUE – Coordenadora Pedagógica)

Identificamos que Jaque, em sua atuação como coordenadora pedagógica, demonstra criar formas para o desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico da escola, assim ao longo da caminhada reflete sobre as dificuldades que se apresentam (silêncio de alguns colegas, diversidade de posturas, o pessimismo). No entanto, as dificuldades não paralisam sua atuação, pelo contrário, sinaliza que cria estratégias para oportunizar a participação de todos.

Jaque organiza a escola, investigando e criando estratégias diferenciadas, respaldando a organização do seu trabalho a partir do Projeto Político Pedagógico, pois para ela, este define os percursos construídos pelos sujeitos da ação pedagógica, tendo como base os estudantes e um movimento dialético constante que visa a transformação das práticas. Vale ressaltar, que tal movimento foi constituído focado nas expressões singulares dos sujeitos que produzem os saberes próprios do contexto escolar, considerando os alunos, os professores e gestores como aqueles que criam a partir da problematização de suas vivências.

Notemos que Jaque, afirmou no trecho anterior que “gosta de provocar”. Com isso, interpretamos que Jaque, na relação com os outros pares da ação docente, se vê com interventora ativa de sua prática, retratando que a qualidade das interações estabelecidas com o grupo e o clima organizacional favorável, ou seja, o clima de aceitação das propostas, contribuem para o

desenvolvimento da dinâmica escolar. Sendo assim, a postura adotada por Jaque nos permite construir um indicador do valor que confere a sua atuação como coordenadora pedagógica, entendimento que a faz encarar os desafios próprios de sua função. A postura de Jaque favorece a construção de suas práticas, entendendo que:

O coordenador pedagógico se constitui quando aprende a ler suas experiências, ou seja, quando reflete sobre seu fazer pedagógico e sobre as necessidades que vão surgindo na dinâmica complexa do espaço da coordenação pedagógica. A leitura das experiências pedagógicas permite o reinventar, o criar e um olhar crítico para si, de forma que cada coordenador pedagógico vai se descobrindo como sujeito de todo processo histórico (MUNDIM, 2011, p.130)

O primordial para os sujeitos da ação pedagógica se constituírem como investigadores e propositores é entender a realidade como processual, dinâmica e imprevisível. Nessa perspectiva, o sujeito participa das construções pedagógicas pensando sobre suas experiências e interagindo com os pares, assim vão se constituindo e constituindo a escola, sem se desvencilhar das questões sociais, culturais e históricas. Dessa forma, o sujeito da ação pedagógica vive a realidade, singularizando sua atuação de maneira consciente e intencional, uma vez que por meio do pensar sobre a realidade tem-se a possibilidade da criação do novo. Como afirma Oliveira Santos (2013) faz-se necessário a subversão como alternativa para a emergência do sujeito, pois a subversão desestabiliza o sujeito promovendo uma reconfiguração subjetiva que o reposiciona diante da vida. A autora Oliveira Santos (2013) afirma ainda que:

O sujeito subversivo enquanto constituinte e constituído da subjetividade social, participa e compartilha dos elementos subjetivos de seu grupo, cultura e sociedade, porém, em algum momento a práxis por ele adotada deixa de lhe apresentar sentido e ele busca novas formas de se posicionar abrindo a possibilidade para novas produções de sentido (OLIVEIRA SANTOS, 2013,p.103).

Evidente que o investigar e o criar não pertencem exclusivamente ao contexto escolar. Essas ações que estão presentes na esfera social e individual, reportam-se ao sujeito em suas relações com o mundo. Assim, quando o professor adota lentes investigativas para perceber e avaliar o movimento

pedagógico, passa a viver um processo de subjetividade social institucional caracterizada por representações, concepções e valores com estreita convergência com os elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico, unidas a uma emocionalidade positiva expressa de diferentes formas na satisfação com o trabalho, no sentido de orgulho e pertencimento institucional (Mitjáns Martinez, Bichara, Chaperman, 2013).

Com efeito, em muitos encontros, observamos Jaque promovendo ações para operacionalizar as propostas pedagógicas criadas coletivamente. Jaque se colocava como observadora/investigadora de sua realidade. Ao lançar propostas para dinamizar o planejamento, a formação continuada, os projetos e as demais atividades da escola, procurava criar um clima favorável à participação, sem desconsiderar os professores, enquanto grupo significativo, crendo que estes encontravam-se em condições satisfatória para, na trajetória construtiva, encontrarem formas de superação e de enfrentamento das questões que permeiam o ambiente escolar.

Vou para as reuniões pedagógicas com a pauta porque é um direcionamento para a minha atuação. Mas o mais importante é o momento que antecede a construção dessa pauta, porque ele é pensado. Fico visualizando o movimento da escola, as necessidades, o que precisa ser construído naquele momento. Outro fator importante do trabalho da coordenação é fazer o diagnóstico das turmas. Como é direcionador para organizar o trabalho de sala de aula, as formações. É um retrato da escola! . (Prof. JAQUE – Coordenadora Pedagógica)

Ao apresentar o diagnóstico das turmas, sobre o nível de aprendizado da leitura e escrita dos alunos, buscava no corpo docente, as soluções para arquitetar um projeto interventivo em busca da promoção de novos níveis de aprendizado dos alunos. Jaque demonstrava foco e determinação para uma atuação efetiva diante da dinâmica escolar. Interpretamos que Jaque desenvolvia o trabalho de maneira confiante, tal maneira associa-se ao prazer de atuar como coordenadora pedagógica.

Observamos também, que a professora Ravena valorizava o clima de abertura característico da escola, e isso promovia uma postura autoconfiante para lançar ideias que contribuíram com o coletivo docente. Ravena gostava de criar atividades e compartilhar com os colegas. Apresentava uma capacidade

reflexiva sobre a dinâmica escolar, e a partir dessa habilidade, se colava a disposição para construir o fazer pedagógico juntamente com os outros colegas de trabalho. Observamos que a professora se mostrava bastante participativa, expressando espontaneidade e abertura frente ao novo, manifestando sempre o interesse em construir novas aprendizagens.

O trecho do diálogo abaixo contribuiu para esse entendimento sobre Ravena:

Nos meus quase 27 anos de experiência já vivi de tudo: confusão, anulação, estagnação, parceria, tanta coisa. Aqui em nossa escola sou mais feliz, me sinto parte. Fico observando como tudo acontece aqui, vamos construindo nossa prática sem imposição. Assim eu gosto, participo da coordenação com vontade. Tenho que opinar, pois na hora de colocar em prática eu é que tenho que fazer em sala. Se eu não opinar, não tenho o que reclamar. Vou em frente com os colegas, trocando ideias e compartilhando o meu melhor.

(Prof. RAVENA – Professora Regente) - Trecho do Diálogo/Momento Informal

Ressaltamos nesse trecho de Ravena, que a mesma faz uma análise comparativa do que já viveu com seu momento atual. Diante disso, representa a situação atual como sendo “feliz”. Na representação da professora, articula o retrato do ambiente escolar com ações que exerce em sua profissão. Ao afirmar que observa, constrói, participa, opina, troca ideias e compartilha, fornece pistas para que possamos construir um indicador de que Ravena entende a escola e sua atuação como em permanente constituição, ou seja, sendo produzidas em um espaço/tempo de sua ação interativa.

Nas informações de Jaque e Ravena, interpretamos que, o construir junto, baseado em relações dialógicas, consta como recurso relevante para ampliar as formas de participação no contexto escolar, pois expressam compromisso, autonomia e intencionalidade no construir das propostas pedagógicas coletivas. Nesse sentido, a subjetividade social institucional da escola era mobilizadora de recursos pessoais que impulsionavam as reorganizações do trabalho pedagógico. Os movimentos pedagógicos propostos pelo coletivo docente e pela equipe gestora denotavam um trabalho colaborativo que ocorria no espaço da coordenação pedagógica tendo como sustentadora a formação continuada de professores. Destaca-se uma atuação propositiva de todos os sujeitos que faziam parte da construção da dinâmica

escolar. Nesse sentido, as discussões sobre o fazer docente serviram para subsidiar ações coletivas de melhoria do ensino. Foi observada a criação de estratégias pedagógicas que movimentavam os alunos rumo a aprendizagem da leitura e da escrita, tais estratégias passavam a compor o Projeto Político Pedagógico da escola, entendendo que este era construído ao longo do processo e revisitado no intuito de ser redimensionado com a finalidade de uma maior vivência por parte dos alunos.

O momento de coordenação pedagógica coletiva e o processo de formação continuada eram fortalecidos por uma gestão democrática que visava a participação de todos. Na escola investigada, a coordenação pedagógica era vinculada ao processo de formação continuada docente. Segundo o documento proposto pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (2014) a formação continuada dos docentes é tida como momento para repensar permanentemente a prática pedagógica no contexto cotidiano escolar:

A formação continuada é o segundo elemento constitutivo da organização escolar em ciclos. No DF, a formação continuada dos profissionais da educação deve contribuir para a melhoria dos processos de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar. A perspectiva assumida é do desenvolvimento profissional docente que contempla, além da formação, a valorização profissional e a melhoria das condições de trabalho num continuum que possibilita a revisão das trajetórias docentes de forma crítica reflexiva. (DISTRITO FEDERAL, 2014, p.22)

No contexto da pesquisa, a formação continuada propiciava o repensar de saberes e fazeres que sustentavam a prática docente. No entendimento de Tardif (2002, p.15) “é impossível compreender a natureza do saber dos professores sem colocá-lo em íntima relação com o que os professores, nos espaços de trabalho cotidianos, são, fazem, pensam e dizem”.

Ao focar os elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico, destacamos, também, o processo de avaliação formativa que acontecia na escola. Deste modo, ocorria a avaliação voltada para as aprendizagens dos alunos, momento em que era proposto um diagnóstico da situação de cada aluno, visando identificar aquilo que os estudantes já haviam aprendido e o que ainda não dominavam, de modo a intervir por meio de estratégias pedagógicas, objetivando a promoção de avanços. Também ocorria

a avaliação institucional, que era uma autoavaliação realizada por todos os envolvidos no processo educativo, tomando como referência o Projeto Político Pedagógico da escola.

Acompanhamos a elaboração de um instrumento de avaliação institucional. O mesmo foi pensado por Jaque e a diretora da escola, objetivando uma tomada de consciência sobre a organização do trabalho pedagógico, a fim de estabelecer redirecionamento da ação docente durante o processo. A despeito disso, a proposta de avaliação institucional, também favorecia a prática do registro, que após análise promovia a reflexão constante das práticas pedagógicas. Quando perguntamos a Jaque a respeito da avaliação institucional, ela responde:

Percebo que ela é necessária, que pode trazer uma revelação do trabalho que estamos desenvolvendo, inclusive do que eu faço. Serve para redimensionar as nossas responsabilidades. Já faz parte do meu trabalho, por que investigo com a avaliação. E os professores junto com a coordenação e a direção avaliam a aprendizado dos alunos. Tanto a avaliação institucional, quanto a avaliação do nível de aprendizagem dos alunos é importante. (Prof. JAQUE – Coordenadora Pedagógica)

Demonstrar o movimento de organização de uma instituição educacional em torno da análise do diagnóstico de aprendizagem dos alunos e posterior criação de estratégias pedagógicas, requer um olhar sobre o espaço da coordenação pedagógica como locus de investigação. Importante destacar que a equipe pedagógica da referida escola tinha em seu quadro de funcionários: a diretora escolar, o vice-diretor, a coordenadora pedagógica e 10 professores regentes. Tais profissionais possuíam em sua carga horária de trabalho 15 horas destinadas a atividades de formação docente, planejamento pedagógico e avaliação do contexto escolar.

Para pesquisar e relatar tal processo foram observados os encontros ocorridos no espaço de coordenação pedagógica. Os encontros formativos objetivavam o recriar de novas práticas pedagógicas tendo como foco a análise da realidade, ou seja, o nível de aprendizagem que cada aluno apresentava com relação aos aspectos da leitura e da escrita, englobando suas produções textuais orais e escritas. Os professores criavam mecanismos para investigar

cada aluno, propondo uma avaliação específica para assegurar uma reflexão qualitativa sobre o processo de alfabetização. Os docentes mostravam-se conscientes do valor do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, política pública definida pelo Governo Federal que defende o compromisso de alfabetizar as crianças no prazo de três anos, isto é, ao final do 3º ano do ensino fundamental.

Vale ressaltar o papel da coordenadora pedagógica Jaque em conjunto com a diretora da escola, pois após a investigação feita pelos professores, as duas profissionais faziam uma análise interpretativa dos dados, enfatizando as características de cada turma, bem como as singularidades dos sujeitos aprendentes. As informações sobre a realidade escolar eram discutidas com o coletivo docente para o redimensionamento das propostas de trabalho pedagógico. Considerava-se que é de responsabilidade de toda a equipe pedagógica oportunizar a melhoria do aprendizado dos alunos, tendo como foco o trabalho coletivo para que os professores possam estabelecer uma postura ativa frente a uma ação profissional.

Nesse cenário, a dinâmica escolar era interpretada seguindo os movimentos pedagógicos, tais como: Construção coletiva de instrumento avaliativo focado nos aspectos da leitura e escrita dos alunos matriculados nos anos iniciais de escolarização; Aplicação de instrumento avaliativo; Análise do nível de leitura e escrita dos alunos de cada turma; Construção do retrato da escola de forma qualitativa, ou seja, o nível de cada turma para posterior apresentação para o coletivo docente; Planejamento de momento reflexivo com os professores enfatizando a missão da escola proposta no Projeto Político Pedagógico; Promoção de debate reflexivo sobre o desempenho dos estudantes e suas possíveis relações com as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores; Construção coletiva de novas ações, ou seja, estratégias pedagógicas diferenciadas para o redimensionamento das práticas pedagógicas já existentes; Organização de projetos e rotinas relativas a leitura