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ELEMENTOS QUE COMPÕEM O LIVRO E O DOCUMENTO

O livro e o documento

22 ELEMENTOS QUE COMPÕEM O LIVRO E O DOCUMENTO

220 Visão de conjunto

1º Elementos materiais

Substância, matéria (suporte, superfície) Forma material (figura), dimensões (formato) 2º Elementos gráficos (signos)

Texto

Escrita fonética (alfabeto) Notações convencionais Ilustrações

Imagens (reproduções concretas). Desenhadas (imagens feitas à mão) Fotografadas (imagens mecânicas)

Esquema (diagramas) (reproduções abstratas). Feitos à mão

Resultado de um registro mecânico Decoração do livro

Vinhetas, fundos de lâmpada, florões 3º Elementos linguísticos

Língua do livro 4º Elementos intelectuais

As formas intelectuais do livro (apresentação didática; retórica, gêneros literários, formas bibliológicas)

Os dados do livro. (Matéria científica ou literária, res scripta) Um livro é a reunião de folhas de papel impresso. Nelas, dispõe-se a impressão, dividida por páginas, reto e verso, de modo que as páginas se sucedam em ordem, depois da dobragem, pois as folhas serão dobradas algumas vezes sobre si mesmas, segundo o formato exterior previsto para o livro. Depois elas são reunidas, seguindo uma numeração, independen- te da paginação. Este número de folha é chamado de assinatura. Depois que as folhas são postas em ordem, acrescenta-se, no início, a folha de rosto, que geralmente repete a capa (o título da falsa folha de rosto, que a antecede, nem sempre é explícito), as folhas preliminares com prefácio,

A (t + e + 1) L = —————— P

preâmbulo e advertência. Coloca-se o sumário no início ou no final do vo- lume. Acrescentam-se os anexos, mapas, estampas, quadros, etc. Costu- ram-se as folhas, que são depois brochadas e recebem a capa de cartolina, ou são encadernadas. Eis o livro. (Bourrelier.)*

O livro compõe-se de vários elementos: elementos intelectuais (ideias, noções e fatos expressos), elementos materiais (substância ou suporte disposto em folhas, de certo formato, dobradas em páginas) e elementos gráficos (signos inscritos no suporte). Os elementos gráficos são o texto e as ilustrações. O texto se compõe de escrita alfabética e notações con- vencionais. As ilustrações incluem imagens, desenhadas (imagens feitas à mão), ou fotografadas a partir do real (imagens mecânicas). As ilustrações são colocadas no texto ou publicadas como lâminas impressas somente no reto, dispostas junto ao texto ou na forma de anexos, ou reunidas em álbum ou atlas separados do texto, mas fazendo parte integrante da obra.

O livro pode ser considerado:

1º Como conteúdo: as ideias que se referem a um certo assunto ou ma- téria, consideradas num certo lugar e num certo tempo.

2º Como um continente: uma certa forma de livro e uma certa língua na qual as ideias são expressas.

Essas formas, por sua vez, são de dois tipos: a) a forma da exposição objetiva, didática, científica, forma suscetível de progresso constante e que são como os moldes preparados para receber o pensamento; b) as formas literárias propriamente ditas, que correspondem aos gêneros e espécies estudados pela retórica.

Esses elementos servem de base para a classificação.

221 Elementos materiais

Os elementos materiais do livro-documento são constituídos pelo seu suporte, cujas substâncias podem ser variadas, com formas e dimensões diversas, e o próprio corpo separado do seu invólucro ou capa.

221.1 Substância ou suporte 221.11 Noções

1. A principal substância que comporta os signos e que constitui seu suporte é o papel.

‘A era do papel’ é mesmo um dos epítetos que melhor caracterizam nossa época, mas o papel é apenas uma das espécies de matéria capazes de receber a escrita.

2. O papel é um meio de criar e multiplicar a superfície.

O papel suscita várias questões: a qualidade, a adaptação de diferentes espécies de papel a diferentes usos aos quais se destina, a normalização proposta para seus formatos, a normalização sugerida por alguns fabri- cantes, os preços em função das possibilidades do consumo, e as aplica- ções imprevisíveis derivadas do papel e do papelão. Em todos os países, o papel e o papelão se tornaram elementos essenciais da organização atual.

221.12 Histórico

1. Escreveu-se sobre pedra, metal, cerâmica, papiro, pergaminho e, finalmente, papel.

2. O livro de pedra, tão sólido e tão durável, deu lugar ao livro de papel, mais sólido e mais durável ainda. “Isso matará aquilo.” (Victor Hugo, O corcunda de Notre Dame, capítulo II, Livro VI)

* Michel Bourrelier (1900–1983). Editor francês. [n.e.b.]

3. O papiro remonta a três mil anos aC, ou seja, mais de cinco mil anos.

4. Os livros de papiro foram até interditados porque se escreviam li- vros em prosa que exigiam muita extensão de material.

5. O pergaminho (membrana pergamena) deve sua origem a uma dis- puta entre bibliotecários. Pérgamo e Alexandria eram as duas grandes bi- bliotecas da época. Rivalizavam pelo número de livros. Um soberano do Egito, para tirar dos copistas de Pérgamo sua matéria-prima, interditou a exportação do papiro. Em Pérgamo, a resposta foi o aperfeiçoamento de um processo já antigo, a escrita em pele: o pergaminho.

6. O papel foi inventado cem anos depois da era cristã por um chinês, Ts’ai Lun, apelidado Tchong. Ele imaginou não ter mais de utilizar um tecido pronto, como o papiro, mas fabricar uma espécie de feltro, o papel, com fibras que ele obtinha de trapos velhos, de restos de redes de pesca e, até mesmo, de cascas de árvores. Resumindo, T’sai Lun encontrou o método geral que se perpetuaria até nossos dias, tanto no que tange ao processo de fabricação como à matéria-prima empregada.

O papel era desconhecido na Europa até o século XII, época em que foi importado do Oriente por intermédio da Grécia. Sua fabricação este- ve, a princípio, concentrada na Itália, França e Alemanha no século XIV, e foi somente em meados do século XIV, quando se tornou de uso quase geral, que ele começou a se tornar o rival do pergaminho como material de impressão do livro.

O papel penetrou na Europa cristã antes do final do século XIII, no momento em que a Itália liderava o mundo. A manufatura do papel só co- meçou na Alemanha no século XIV e foi apenas ao findar desse século que ele se tornou suficientemente abundante e barato para que a impressão de livros se tornasse um negócio viável.

221.13 A fabricação do papel

1. Primeiramente, o papel foi fabricado à mão, num aparelho chamado ‘forma’. A primeira máquina de fabricar papel data de 1828. A fabricação agora é contínua e permite a produção de papel em bobinas.

2. Há mais de meio século, a madeira vem sendo utilizada como maté- ria-prima para a fabricação do papel, sendo empregada tanto como pasta dita ‘mecânica’, para os papéis mais comuns, quanto como pasta ‘quími- ca’. Esta última resulta da desagregação da madeira pela ação de agentes químicos. Tem muito mais valor que as anteriores e é usada na fabricação de tipos superiores de papel.

3. Atualmente, a indústria da celulose e do papel na Suécia e na No- ruega está em vias de transformação. Em razão da menor longevidade do papel de celulose da madeira, por causa do processamento com bissulfito de cálcio, comparado com o do papel de trapos, a tendência é substituir, para a desagregação da pasta de madeira, o bissulfito pela soda cáustica. Esta seria preparada no mesmo lugar de utilização, a partir do sulfato de sódio de fabricação inglesa: este sal é tratado com soda por um processo análogo ao de Leblanc. Este modo de preparação da celulose é, assim, chamado, muito impropriamente, como processo com sulfato. Ele forne- ceria um papel de muito boa conservação.

4. A princípio, o papel é composto de celulose, ou seja, uma combina- ção na qual adicionam-se 36 gramas de carvão e 41 gramas de água.

mas as fibras desses vegetais foram substituídas pelas de outros vegetais mais ou menos fibrosos ou por aqueles de talo oco designados generica- mente como gramíneas: arroz, milho, urtiga, lúpulo, giesta comum, urze, caniço do brejo, junco, babosa, agave, bambu, alfalfa, fórmio, hibisco, amoreira-do-papel (Broussonetia), Betula papyrifera, etc. Chegou-se mes- mo a utilizar talos de alcaçuz, malvaísco, ervilha, batatas, folhas de casta- nheiro e até algas marinhas.

Na Indochina, imprime-se em papel fabricado com bambu, com palha de arroz, tranh ou sapê, de que existem nessa região quantidades inesgo- táveis. O tranh produz um papel muito encorpado e resistente; a palha de arroz, ao contrário, um papel muito branco, mas frágil. Está prevista a utilização de arrozais que cobrem na Indochina milhares de quilômetros, e do Papyrus cyperus que, no Gabão, produz um papel magnífico. Serão também utilizadas as plantas ravinala, votor e herana, muito abundantes em Madagascar.

Foi sugerida a utilização de folhas de árvores. Elas são compostas de um tecido verde, o parênquima, sustentado por nervuras. Ao serem tritu- radas e depois lavadas, consegue-se separar as nervuras, que são as únicas partes utilizáveis; o parênquima vira pó e pode servir como combustível. A França importa anualmente 500 mil toneladas de pasta de celulose, ao custo de cem milhões de francos. Essas árvores perdem anualmente de 35 a 40 milhões de toneladas de folhas. Bastariam quatro milhões de tone- ladas para fabricar todo o papel consumido na França e, além disso, dois

milhões de toneladas de subprodutos úteis.1

5. A fabricação do papel progrediu notavelmente nas últimas décadas. Esse progresso, que chegou às máquinas, nota-se agora nas matérias-pri- mas empregadas. Fabrica-se papel de látex de borracha, o qual, devido à impermeabilidade que confere à superfície das folhas de papel, evita seu encolhimento. Requer menos tinta e sua flexibilidade facilita a dobragem.

6. A película de celuloide tornou-se um suporte na fotografia e no ci- nema. Está prestes a ser substituída pelo filme sonoro de papel, incom- bustível, a que se seguirá o filme fotográfico em papel.

Há muito tempo que o papel é o suporte-rei. O celuloide, por meio do filme, ameaçou destroná-lo. Mas, percebe-se que, oportunamente, o papel conseguirá derrubá-lo.

7. Assim, de composição em composição, de substituto em substituto, o papel tende a não ser mais o que era originalmente, pois sua função impôs-se à sua composição, independentemente da matéria-prima, desde que possa melhor servir, seja de suporte dos signos, em livros e docu- mentos, seja de suporte de cores e motivos decorativos, seja ainda como simples proteção ou resistência, no caso de embalagens, revestimentos ou fabricação de objetos.

Sabemos do imenso problema de ordem econômica que o papel hoje provoca, devido ao esgotamento das florestas, que agora devem ser bus- cadas cada vez mais longe. Estuda-se, atualmente, em laboratório, como substituir a madeira e a pasta de celulose por gramíneas que possam ser colhidas anualmente, de certa forma como o papiro de antigamente, o que permitiria pôr fim à destruição das florestas, que poderiam ter outras destinações.

Estaríamos às vésperas de uma revolução na indústria papeleira. Os

aperfeiçoamentos técnicos, desde a guerra [de 1914–1918], permitiram aumentar a produção diária de 30 para 100 toneladas por máquina. Mas agora se pensa em buscar na palha um substituto do papel. Esse novo pa- pel poderá ser mais bem conservado do que o de hoje, ao qual se atribui uma longevidade de apenas quinze anos. Dessa nova situação advirá um deslocamento dos centros produtores do papel, que são atualmente o Ca- nadá e a Noruega, uma vez que o pinheiro e o abeto são árvores papeleiras por excelência.

Chegamos a uma espécie de substância simples, mas constantemente renovada. O papel branco das fábricas cobre-se de caracteres. Nós o le- mos. Depois de usado, é devolvido às fábricas onde, reprocessado, volta a sair em branco para servir de suporte a novas e efêmeras inscrições.

221.14 Espécies de papel

1. Os papéis são de múltiplas espécies.1

Papel avergoado [vergé], papel da holanda, papel Whatman, papel-ve- lino (tem a transparência e o aspecto do antigo pergaminho verdadeiro), papel da china (fabricado com a parte interna do bambu), papel do japão, papel imitação japonês, papel de rami, papel de játiva, papel-bíblia (papel da índia), papel-pluma, papel-pergaminho (pergaminho vegetal), papel Joseph, papel- vegetal, papel pardo.

2. A durabilidade de um livro guarda relação estreita com a qualidade do papel em que é impresso. Seria possível classificar os livros de biblio- teca em cinco categorias, de acordo com a qualidade do papel empregado em sua fabricação.

a) os livros impressos em papel leve, ordinário, conhecido pelo nome de antique ou bouffant.

b) os impressos em papel com alta carga mineral e bem calandrado; c) os impressos em diferentes gêneros de papel artístico ou papéis ges- sados (cuchês);

d) os livros impressos em papel de espessura média, sem carga ex- cessiva de matérias minerais e composto em grande parte de celulose de madeira e de palha.

e) o papel que contém mais de 25% de pasta mecânica.

Existem atualmente papeis imitação de cuchê (supercalandrados), tão perfeitos que podem ser utilizados em lugar do papel-cuchê. Para as obras que exigem muito texto num volume pequeno, existe o papel-bíblia, denominado em inglês India paper.

3. Os papéis-bouffants, popularizados pela Inglaterra e os Estados Uni- dos, têm a vantagem de ser leves e, por conseguinte, compensam tanto pelo preço intrínseco em relação à gramatura quanto pelo preço dos livros. Os papéis-bouffants de fibra de esparto são leves e imprimem bem, mas entopem os tipos porque soltam pelugem e por isso atrasam a produção.

4. O papel da índia, trazido do Extremo Oriente em 1841, é fabricado, desde 1874, pela Oxford University Press. É um papel opaco, resistente e muito fino. As obras nele impressas chegam a ter apenas um terço da espessura habitual.

O papel-bíblia pelure da Índia é extremamente fino, embora resistente. A espessura dos volumes impressos nesse papel não chega a um terço da espessura dos volumes impressos em papel comum. Chega apenas a

28 gramas por metro quadrado, e se apresenta perfeitamente opaco. As edições feitas com esse papel se destinam a moradores de apartamentos e bibliotecas que não disponham de muito espaço.

O papel que seja de gramatura leve mas não transparente é importante para as obras de documentação. Por exemplo, o papel do Annuaire Mili-

taire de la S. D. N. 1928-1929, 5e année, permitiu aumentar o conteúdo e

diminuir o volume da publicação.

Papel fino, muito resistente para a impressão do guia de viagem Bae- decker, da Suíça. Com o dobro de conteúdo no mesmo volume. As 568 páginas mais os mapas formam um volume de 25 mm de espessura.

5. O papel Hydroloid ‘Vi-Dex’ [impermeável] não teme nem a manipu- lação excessiva nem a umidade dos dedos; pode, sem risco, ser molhado, amassado e sujado. Uma vez lavado e seco, volta se mostrar intacto e utilizável. A tinta comum não sofre danos causados pela água.

221.15 Qualidade do papel

1. As características do papel são:

a) o formato ou comprimento e largura das folhas ou bobinas; b) a gramagem ou gramatura; p.ex.: 110 gramas por metro quadrado. Papéis extrafinos, finos, fortes, extrafortes, cartão.

A dimensão do papel é expressa em metros quadrados. Ex., m2 = 43 g

com 10% de carga.

2. Os papéis são colados ou não colados, gessados ou recobertos. São vendidos em resmas de 500 folhas, divididas em mãos de 25 folhas ou segundo o peso, no caso de grandes volumes de produção. Para as obras de luxo, utiliza-se também papel extraleve, papel artesanal, papel-vergé ou papel-velino.

É impossível fabricar papel de espessura regular, matematicamente exata. No entanto, não foi prevista tolerância para variações nas folhas de um mesmo fornecedor no código de práticas para a venda de papéis. Impõe-se uma grande tolerância na comparação de duas folhas isoladas.

3. A cor do papel serve para estabelecer diferenças necessárias. A gra- matura tem sua importância para a conservação dos documentos. Indica- -se papel resistente sempre que o livro ou o documento for submetido a manuseio excessivo ou quando precise durar muito tempo. O papel deve ser opaco, não deixar que o texto apareça por transparência.

Uma discreta coloração do papel faz com que ele perca a crueza do branco, torna-o fosco e repousa os olhos do leitor.

4. O papel, segundo sua finalidade, requer qualidades especiais: o pa- pel de cartas; o papel destinado à edição em geral, principalmente para a impressão em heliogravura e offset; as edições coloridas exigem fineza de grão, elasticidade, absorção e opacidade.

O papel-cuchê torna a impressão mais delicada, o vergé lhe confere um aspecto mais pesado, o papel acetinado dá um aspecto mais normal aos traços. A cor do papel e a cor da tinta, às vezes, podem melhorar ou destruir a legibilidade do texto.

5. Foram feitas pesquisas com a finalidade de produzir papel ignífugo, invenção que seria útil para documentos importantes, testamentos e pa- pel-moeda.

6. Nos laboratórios da Bell Telephone foram realizadas pesquisas ten- do em vista a produção de papel com a espessura de alguns milésimos de polegada para servir de isolante em instalações telefônicas.

7. O papel apresenta marcas chamadas filigranas ou marcas d’água, que servem sua para identificação.

O sr. Briquet publicou uma minuciosa descrição de filigranas de obras xilografadas da biblioteca real de Munique em que detectou 1 363 varia- ções de marcas d’água.*

(Der Papier Fabrikant, Berlin, 1910.)

8. Existe na Alemanha uma regulamentação para os papéis destina- dos ao uso administrativo do Estado. O congresso sobre reprodução de manuscritos (1905) votou moção favorável à adoção de regulamentação semelhante para os papéis destinados a servir de suporte para a reprodu- ção de manuscritos.

Em 1886, foi criado em Gross Lichterfelde, perto de Berlim, um insti- tuto de pesquisas sobre o papel. De início, o objetivo era exclusivamen- te controlar todo o papel fornecido aos serviços do governo da Prússia. Logo passou a ser também utilizado pelos comerciantes residentes na Alemanha e até no estrangeiro, desejosos de comprovar se seus papéis estavam conformes com as regras formuladas pelo instituto. Este contro- la a composição, o formato, a espessura, o peso, a consistência, o toque, a resistência à umidade, o poder de absorção e a permeabilidade à luz. No início, os produtores alemães se mostraram hostis à criação do ins- tituto. Pouco depois, essa oposição desapareceu e foram reconhecidas as vantagens dos testes oficiais do papel. Atualmente, atribui-se a esse instituto uma parte do êxito do desenvolvimento da fabricação do papel

na Alemanha.1

Um laboratório oficial de análises e testes de papel funciona no Bu- reau of Standards, em Washington.

As questões relativas à conservação do papel foram estudadas pela Comissão de Cooperação Intelectual. O New York Times, para atender aos desideratos da conservação do papel, agora imprime uma edição especial em all-rag paper [papel feito exclusivamente de trapos].

A Library Association (Londres) formou uma comissão para o estudo

das questões relativas à durabilidade do papel.2

221.16 Consumo e preço 221.161 CONSUMO

Em toda a França, o consumo de papel destinado a livros seria de 180 a 200 mil kg por dia, e o de papel de jornal seria de 60 mil kg.

Um terço do consumo total de papel seria do papel de impressão co- mum, enquanto que o papel de embalagem chegaria a dois terços.

Ultimamente, o consumo de madeira aumentou de forma imensa. A área do território com florestas é de 61% na Rússia e de 4% na Inglaterra. As florestas do Canadá e dos Estados Unidos foram dizimadas. Os Esta- dos Unidos consomem por ano 90 milhões de troncos de árvores. Prevê- -se uma grande falta de madeira nos Estados Unidos e no Canadá, dentro de quinze ou vinte anos.

Os Estados Unidos, em 1880, consumiam três libras de papel de jornal por habitante, por ano. Em 1920, consome 35. Nesse ano, o papel poderia formar uma bobina de 75 polegadas de largura e de uma extensão de 13 milhões de milhas. Os jornais têm uma circulação diária de 28 milhões de

1 Essais de fournitures de bureau pour l’administration des postes d’Allemagne. (L’Union Postale, Ber-

ne, novembre, 1927, n. 136.)

2 Paquet, T. Le papier et sa conservation. Bulletin Le Musée du Livre, 1925, 61.

* Briquet, C.M. Les filigranes: dictionnaire

historique des marques du papier. Paris: Alphonse

exemplares e, do Atlântico ao Pacífico, há mais de 100 jornais diários que imprimem mais de 100 mil exemplares.

É preciso assinalar os malefícios do papel no que tange ao desflores- tamento. São verdadeiras florestas, com efeito, que são necessárias para garantir a tiragem diária de 30 mil jornais, alguns dos quais se imprimem em número de vários milhões, e o dos 200 volumes [sic], cifra essa que representa a média de todos os que se publicam diariamente no mundo. Esses 30 mil jornais, dos quais se imprimem dez bilhões e 800 milhões