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Elementos relevantes para sanar a lesão

No documento O dano moral na Justiça do Trabalho (páginas 30-33)

1 O DANO MORAL E AÇÕES DISCRIMINATÓRIAS NAS RELAÇÕES DE

2.1 Elementos relevantes para sanar a lesão

A indenização pelo dano causado, como se trata de patrimônio imaterial, não possui mensuração econômica, portanto, caberá ao juiz, tendo em vista alguns requisitos, bem como casos que servem de paradigma, fixar o dano pelas lesões sofridas. A indenização sendo devida, seu pagamento ocorrerá através da pecúnia, a fim de tentar proporcionar a vítima do dano uma situação mais confortável.

A indenização tem a finalidade, se possível, restaurar o status quo ante, ou seja deixar o lesado na mesma situação antes da pratica do dano considerado como moral. Porém, isto se torna muito difícil, pois não se trata de um dano certo e liquido, pois afeta o psicológico, moral, honra, e estes nunca voltarão a ser os mesmos aos quais existiam antes.

Tendo esta primeira noção, é importante ressaltar o que prevê Gonçalves (2011, p. 429):

Indenizar significa reparar o dano causado à vítima, integralmente, se possível, restaurando o statu quo ante, isto é, devolvendo ao estado em que se encontrava antes da ocorrência do ato ilícito. Na reparação específica ocorre a entrega da própria coisa ou de objeto da mesma espécie em substituição àquele que se deteriorou ou pereceu, de modo a restaurar a situação alterada pelo dano.

A partir disto, conforme falado anteriormente, para a indenização por dano moral, muito difícil é a volta do estado anterior que a pessoa tinha, pois é um dano que não tem uma quantia fixada em lei para cada prática abusiva ou lesiva. Para a reparação deste dano, deve ser levado em consideração alguns requisitos que servirão de auxílio ao magistrado para que este fixe a quantia necessária a fim de propiciar um conforto melhor ao lesado, levando sempre em consideração o não enriquecimento ilícito deste, o que será abordado em tópico próprio.

Nesse sentido, o dano tem como função tentar amenizar a dor sofrida, e o seu caráter pecuniário é em função de que o dano causado não consegue abranger algo líquido, certo e determinável. Gonçalves (2011, p. 429), é claro ao afirmar que “No ressarcimento do dano moral, às vezes, ‘ante a impossibilidade da reparação natural’, isto é, da reconstituição natural, na restitutio in integrum procurar-se-á, ensina-nos De Cupis, atingir uma situação material correspondente”.

O que ilustra o autor é de que a indenização deve servir para amparar e colocar o trabalhador diante de uma situação mais confortável aquela em que se encontra. Ressalta-se que o dano moral na maioria das vezes não é postulado em juízo no momento de seu ato, mas sim após a rescisão de seu vínculo, seja por justa causa ou sem.

O trabalhador somente irá postular este dano, juntamente com as outras verbas trabalhistas. Desta forma, deverá comprovar que o dano sofrido é decorrente deste ato, seja

comissivo ou omissivo, proferido por seu empregador, sendo este legitimado para figurar no polo passivo de uma reclamatória que tenha como pedido o dano moral.

Desta forma, observamos o que Lobregat (2001, p. 115) ilustra sobre o tema: “[..] a obrigação de indenizar resulta da relação de causalidade entre o dano sofrido e a conduta (comissiva ou omissiva) que o ensejou, de tal forma que o primeiro não se verificaria ante a ausência da segunda, [...]”.

Desta forma, pode o trabalhador postular indenização, sendo o causador do dano obrigado a ressarci-lo. Ainda assim, a indenização a este título, não está ligada ao direito material. É de praxe nas reclamatórias trabalhistas quando do fim do vínculo empregatício, postular todas as verbas em uma reclamatória somente.

No entanto, poderá chegar ao fim do contrato de trabalho tendo o empregador pago todas as verbas contratuais e rescisórias, mas tendo conduta que caracteriza o dano moral. Desta forma poderá o empregado, ora lesado, postular indenização somente pelo dano moral sofrido.

Nesta senda, Melo (2012, p. 104) ressalta-se a importância da reparação do dano, mesmo com a tentativa de restaurar o dano in natura:

Veja-se que, mesmo nos casos de retratação pública ou de publicação de uma decisão judicial, os efeitos deletérios da difamação, da calúnia, injúria ou mesmo de uma inscrição indevida em órgãos de controle de crédito, só para citar algumas, já se terão propagado, de tal sorte que os prejuízos morais decorrentes desses fatos poderão perdurar e se refletir não só na atividade profissional do ofendido como também em sua vida privada. Além do mais, com a presença da internet na vida das pessoas, notícias veiculadas nesse meio digital ficam para sempre acessível a quem por ela procurar e muitas vezes sem o devido link de acesso ao desmentido. Dessa forma, o princípio da reparação in natura apresenta-se como insuficiente para ressarcir o dano moral pela impossibilidade de voltar-se ao passado e, passando-se uma borracha, eliminar todos os efeitos lesivos assacados contra o ofendido.

Dessa forma, mesmo que haja a tentativa por parte do causador do dano, ora empregador, propiciar ao empregador situação favorável a este, não tem como desvincular o caráter pecuniário desta obrigação, seja para complementar a pena ao causador do dano, buscando uma reparação integral pelo dano moral causado.

Ainda assim, Melo (2012, p. 106) ressalta a importância da indenização ter seu caráter pecuniário:

A reparação do dano moral é, em regra, pecuniária, ante a impossibilidade do exercício do jus vindicatae, visto que ele ofenderia os princípios da coexistência e da paz sociais. A reparação em dinheiro viria neutralizar os sentimentos negativos de mágoa, dor, tristeza, angústia, pela superveniência de sensações positivas, de alegria, satisfação, pois possibilitaria ao ofendido algum prazer, que, em certa medida, poderia atenuar seu sofrimento. Ter-se-ia, então, como já dissemos, uma reparação do dano moral, pela compensação da dor com a alegria. O dinheiro seria tãosomente um lenitivo, que facilitaria a aquisição de tudo aquilo que possa concorrer para trazer ao lesado uma compensação por seus sofrimentos.

O caráter pecuniário da obrigação indenizatória resta claro, e este deverá ter dois aspectos fundamentais, seja o punitivo, para evitar a reincidência, o que será abordado posteriormente. Por outro lado, deverá observar o caráter reparador do dano deve ser considerado, que este não vá além do dano causado, mas que possa ser uma compensação pelo dano que lhe causaram.

No documento O dano moral na Justiça do Trabalho (páginas 30-33)

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