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Capítulo 5 – RESULTADOS

5.2. Resultados das análises das amostras

5.2.3 Elementos-traço

Os resultados obtidos para os elementos traço determinados nas amostras encontram- se na Tabela 5.3. Parte destes resultados foram obtidos no Q-ICP-MS (amostras de agosto/2016 e outubro /2017) e as demais por SF-ICP-MS. As amostras Mn 1a e An1 foram analisadas somente pelo Q-ICP-MS e, neste trabalho apenas seus dados de ETR são apresentados (Tabela 5.4).

Para alguns pontos amostrados percebe-se que há diferenças nas concentrações dos elementos analisados conforme disposição espacial e temporal, contudo para determinados

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elementos não há variação significativa. Nos pontos Mn 1, Mn 2 e LC, os quais recebem a água da nascente da porção NE da área de estudo e representam o caminho que a água faz até o seu encontro com a drenagem que vem do ponto LB, observam-se as menores concentrações de Sc, V, Cu, Ga, As, Y, Sb e Cs, principalmente na amostra Mn 1-2. As comparações temporais nas coletas de janeiro e de maio de 2017, representadas pelos índices, 2 e 3 nos nomes das amostras, mostram aumento significativo, especialmente nas concentrações de Al, Si, Ti, Mn, Fe, Co e Pb. Destacam-se as concentrações de Al (amostras Mn 2-2 e Mn 2-3 = variação de 27,1 para 165,6 μg∙L-1 e amostras LC-2 e LC-3 = variação de 48,2 para 158,9 μg∙L-1) e de Si com aumento de 88%, 137% e de 78% entre os pares de amostras Mn 1-2 e Mn 1-3, Mn 2-2 e Mn 2-3, e LC- 2 e LC-3, respectivamente. Os valores de Th e U não tiveram alteração considerável em suas concentrações ao longo das campanhas amostrais e apresentam valor mediano de 0,006 μg∙L-1 no conjunto de amostras dos três pontos analisados acima e estão abaixo da média global para águas fluviais (Th = 0,041 μg∙L-1 e U = 0,372 μg∙L-1, Gaillardet et al. 2014) No ponto LB, apesar de sua localização mais à montante da área de estudo e de não apresentar influência antrópica significativa, percebe-se que os valores de quase todos os elementos analisados apresentam aumento com relação aos pontos Mn 1, Mn 2 e LC, exemplo são os valores de Al, Sc, Mn e Rb, os quais são 10 vezes maiores. As concentrações de V aumentaram em 2,5 vezes dentro da mesma campanha (0,023 (Mn 1-2) para 2,88 μg∙L-1 (LB-2)) e, em 3 vezes a média global (V = 0,71 μg∙L-1) nesta última amostra. Estes aumentos podem ser atribuídos à influência das áreas sobrejacentes ao lago amostrado.

Nos pontos RRA e AR, no geral, não há mudança expressiva nas concentrações da maioria dos elementos, exceto para Zn cujos valores entre janeiro e maio mostram diferença de 80% e de 188% entre as amostras RRA-2 e RRA-3, e AR-2 e AR-3, respectivamente.

Os pontos localizados no entorno da LCM mostram tendência crescente nos valores de concentração dos elementos Li, Si, Mo e Ba do ponto inicial (LS), passando pelo ponto LM até ao ponto LI. Isto é evidenciado, sobretudo pela mediana de concentração para Si (4,90; 10,6 e 12,9 mg∙L-1), respectivamente para os conjuntos amostrais do ponto LS, LM e LI. Contudo, o ponto LS mostra maiores concentrações relativas, principalmente de elementos metálicos como Al, Ti, Cr e Fe. O ponto LM se destaca pelos maiores valores de B, Mg, V, Mn, Co, Rb e Sr. Por representar a água que sai da LCM, o ponto RSL constitui uma mistura de todas as contribuições de águas superficiais, principalmente as pluviais, e os valores de concentração para alguns elementos analisados se equiparam aos do ponto inicial (LS) ou até mesmo dos pontos à montante da área de estudo. Numa análise temporal percebe-se que há relevante diferença principalmente entre as amostras coletadas em 25/09/2017 e 02/10/2017. Alguns

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elementos parecem ter suas concentrações diluídas enquanto outros apresentam aumento no intervalo analisado, considerando a precipitação acumulada. Como exemplos de efeito de diluição podem ser consideradas as amostras LM-5 e LM-6 especialmente nas concentrações de Li, e as amostras LI-5 e LI-6 para os elementos Li, Si e Sr. Apesar disso, as concentrações da maioria dos elementos determinados no conjunto amostral do ponto LM, a citar Al, Si, Ti, V, Cr, Mn, Fe e Cu, mostraram incremento de uma campanha para outra. Nas amostras LS-5 e LS-6 houve aumento considerável nas concentrações de Mn (de 11,7 para 32,4 μg∙L-1) e aumento menos pronunciado de Fe (de 683 para 754 μg∙L-1). Em relação à média global, as concentrações de Mn estão dentro do esperado para águas superficiais (média global = Mn = 34 μg∙L-1), enquanto que para Fe, as concentrações obtidas neste trabalho estão uma ordem de grandeza acima (média global = Fe = 44 μg∙L-1) (Gaillardet et al. 2014).

As concentrações dos elementos analisados nas águas subterrâneas tendem a crescer com direção SE-NW conforme disposição espacial dos poços tubulares amostrados. O poço IMECC é o que apresenta as menores concentrações dos elementos analisados comparativamente aos demais poços. Contudo, destacam-se os valores de Mg, Cr e Cs, com concentrações de 4,89 mg∙L-1, 0,21 e 0,47 μg∙L-1, respectivamente, os quais ultrapassam os valores obtidos nos demais poços. No poço IB os valores em destaque foram as de Al (1,8 μg∙L-1), Si (19,88 mg∙L-1), V (6,84 μg∙L-1) e Se (1,37 μg∙L-1). As menores concentrações, neste poço, foram as de Cs e Mo (0,19 e 0,69 μg∙L-1, respectivamente). A amostra do poço FEF apresentou as maiores concentrações de Li, B, Ti, Mn e Rb em relação aos demais poços. Sobretudo, destacam-se os valores de Sr, Mo e Ba (344; 9,31 e 57,4 μg∙L-1, respectivamente). O poço GM, desativado desde 2015, é o que apresentou os maiores valores para a maioria dos elementos metálicos analisados (Fe, Co, Ni, Cu, As) e sobressaem-se as concentrações de Zn (137 μg∙L-1) e Pb (1,69 μg∙L-1). O valor de Zn supera em quinze vezes o menor valor encontrado (poço FEF = 8,8 μg∙L- 1).

A Portaria Nº 2914/2011 do Ministério da Saúde estabelece valores de referência de padrão de potabilidade de água para consumo humano para os elementos-traço Al, As, Ba, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, Sb, Se, U e Zn. A comparação dos resultados desses elementos (Tabela 5.3) com os parâmetros da portaria indica que as águas analisadas atendem as normas exigidas, exceto o U na amostra do poço GM (74,0 μg∙L-1) que duas vezes e meia o valor máximo permitido (30 μg∙L-1) estabelecido pela portaria. Os resultados para U deste trabalho estão de acordo com os dados encontrados em Bulia (2014) e apresentam a mesma ordem de grandeza.

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