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O elevado volume de horas de treino (horas por semana) explicam 42% do sucesso em competição.

CONFLIT OF INTEREST

2. Em relação aos elementos de técnica de aparelho (manipulação, lançamentos e receções), elementos técnicos específicos de conjuntos

2.4. O elevado volume de horas de treino (horas por semana) explicam 42% do sucesso em competição.

3ª fase: Definição de estratégias, princípios metodologicos e meios que levem as ginastas a atingir excelentes performances

Apesar de não nos parecerem substancialmente relevantes as diferenças encontradas no que respeita às características antropométricas e da composição corporal entre as ginastas de Elite de conjuntos de GR, parece-nos relevante considerar que as ginastas de conjuntos de elevado nível apresentam hoje em dia, características semelhantes que podem contribuir para a caracterização das ginastas na especialidade de conjuntos por um lado e de referência para quem tem a ambição de poder fazer parte deste grupo de Elite por outro. Falta no entanto perceber o porquê destas “semelhantes diferenças” e identificar quem as exige ou promove (treinadoras?, ginastas? ou especificidades da própria modalidade?) e em função de quê? (da subjetiva avaliação artística do movimento?, da uniformização das características das ginastas de um mesmo conjunto?, da possível vantagem na eficácia da execução?, entre outros…).

O volume de horas de treino por semana revelou-se o mais importante fator explicativo de sucesso entre as ginastas de Elite de conjuntos de GR de superior desempenho em competição. Um volume de horas de treino de cerca de 42 horas semanais deverá ser tido em consideração já que explicou cerca

de 42% do sucesso em competição. Uma iniciação precoce (aos 6 anos de idade) e por consequência um elevado número de anos de prática em GR parecem ser de substancial relevância quando se procura atingir o patamar de excelência em conjuntos de GR.

Na implementação de estratégias, princíos metodologicos e meios que levem as ginastas a atingir excelentes performances, devem estar presentes preocupações ao nível do processo de maturação biológica (momento e progresso) das ginastas. A tentativa de reprodução de metodologias e estratégias quer de características das ginastas de Elite, quer de características do treino ou da competição das ginastas experts, deve ser realizado de forma ajustada e adaptada às características e condicionantes do contexto e das ginastas a que se reporta. A idade da menarca pode ser um dos indicadores do processo de maturação biológica (momento) das ginastas, onde a amenorreia não deve ser considerada como uma resposta normal ao exercício (Anderson et al., 2000). No entanto, a menarca tardia que caracteriza as ginastas (15-17 anos de idade), pode não ter contornos contraproducentes (Blanco-Garcia, Evain-Brion, Toublanc, & Job, 1984) em algumas ginastas. Para se perceber a real e individual situação da ginasta é fundamental um acompanhamento médico que abranja efetivamente o processo de maturação, ou seja, quer o momento em que os diferentes eventos ocorrem (ex. idade da menarca, idade de início do desenvolvimento da mama, ou do aparecimento dos pelos púbicos) e o progresso (ou seja, quão rápido ou lento um individuo passa de um estado inicial de maturação sexual para o estado maturo) (Baxter- Jones, Eisenmann, & Sherar, 2005).

A análise metódica dos exercícios de competição em GR em função do rendimento desportivo revela-se vantajosa na medida em que disponibiliza informações que permitem: prenunciar as tendências evolutivas da modalidade, informar e/ou orientar as escolhas e decisões das treinadoras, configurar modelos de contribuição para o desempenho desportivo, potenciando a construção de estratégias de trabalho. Nesta perspetiva e pela análise

realizada aos exercícios de competição dos conjuntos de Elite de GR, permitiu- nos considerar como consistente o padrão das composições dos exercícios de competição de elevado nível de desempenho desportivo.

Genericamente, a composição dos exercícios de conjuntos de melhor desempenho em competição recorrem a:

1. Maior número e maior complexidade na utilização de dificuldades em troca quer ao nível da inclusão de elementos corporais com deslocamento (saltos) ou com rotação, quer pela inclusão de critérios de maior distância (6 metros) entre as ginastas e/ou receção dos aparelhos no solo.

2. Dificuldades em equilíbrio executadas na sua maioria com uma elevada amplitude (equilíbrio com perna livre elevada) e executadas com diferentes apoios de forma dinâmica (equilíbrio dinâmico em diferentes partes do corpo).

3. Dificuldades em salto maioritariamente executadas com rotação na preparação ou/e durante o salto (Jeté with turn), com adição de critérios de dificuldade como flexão da perna (Jeté with turn com flexão da perna) ou do tronco (Jeté with turn com flexão do tronco).

4. Dificuldades em rotação executadas na sua maioria com elevada complexidade técnica (fouetté).

5. Exercícios de arco onde as rotações do aparelho e os manejos do arco sem mãos e em posições no solo apresentam-se como as categorias técnicas mais utilizadas.

6. Exercícios de corda com passagens por dentro da corda e escapadas como as categorias técnicas específicas mais utilizadas neste aparelho.

7. Exercícios de fita com elevado número de elementos executados com espirais e serpentinas.

8. Exercícios de maças com moinhos como categoria de elementos técnicos específicos deste aparelho com maior utilização.

9. Maior utilização de critérios associados aos lançamentos em detrimento de critérios associados às receções, onde 6% do sucesso em competição é explicado pelo elevado número de critérios em lançamentos na composição dos exercícios.

10. Lançamentos durante um elemento de salto como critério adicional mais utilizado nos exercícios de competição de todos os conjuntos independentemente da sua posição no ranking.

11. Receções durante um elemento de rotação como critério adicional mais utilizado nos exercícios de competição com aparelhos deformáveis como a fita e a corda e as receções sem mãos como critério adicional mais utilizado nos exercícios de competição com arco.

12. Maior utilização de colaborações com risco (com perda de contacto visual com o aparelho durante o voo) onde 16,5% do sucesso em competição é explicado pelo elevado número deste tipo de elementos específicos na composição dos exercícios de competição de conjuntos de alto rendimento desportivo.

Referências Bibliográficas

Anderson, S. J., Griesemer, B. A., Johnson, M. D., Martin, T. J., McLain, L. G., Rowland, T. W., . . . Newland, H. (2000). Medical concerns in the female athlete. Pediatrics, 106(3), 610-613.

Baxter-Jones, A. D. G., Eisenmann, J. C., & Sherar, L. B. (2005). Controlling for Maturation in Pediatric Exercise Science. Pediatric Exercise Science, 17(1), 18.

Blanco-Garcia, M., Evain-Brion, D., Toublanc, J. E., & Job, J. C. (1984). Primary amenorrhea in adolescent girls. Incidence of isolated delayed menarche. Archives Françaises De Pédiatrie, 41(6), 377-380.

Ericsson, K. A., & Smith, J. (1991). Toward a General Theory of Expertise – Prospects and Limits. Cambridge: Cambridge University Press.

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