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6. Justificação da cronologia

3.1. Elogios

Logo na sua estreia no Parlamento em janeiro de 1879, Hintze Ribeiro foi considerado pelos seus colegas como um “moço de talento, estudioso, de palavra fácil, de argumentação vigorosa”581. A sua reputação favorável tinha-a adquirido através dos seus

conhecimentos em Direito e pelas “obras […] e provas públicas que tem dado do seu estudo e do seu saber”582. Luciano de Castro previra-lhe um “futuro brilhante”583.

Enquanto deputado da oposição, destacou-se pela forma como combateu o governo, com os seus colegas a destacarem-lhe novamente o seu “talento e vitalidade política”584, a sua “oratória brilhante”585 e “palavra eloquente”586. Admiraram o tratamento das

questões com “conhecimentos dos factos”, mas também com um “critério muito seguro”587. O seu colega Lopo Vaz, a propósito da demissão do ministro da guerra João

Crisóstomo por causa da questão dos coronéis, referiu que Hintze Ribeiro fez um “dos improvisos mais brilhantes que tenho ouvido no parlamento”588. Apenas no seu terceiro ano como deputado (1881), já era considerado um “distinto parlamentar”589.

Quando foi nomeado ministro das obras públicas em fevereiro de 1881, um deputado enalteceu a “inteligência e conhecimentos […] dos negócios públicos” que os novos

581 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 8 de janeiro de 1879, p. 30. Disponível on-line em

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582 Ibidem. 583 Idem, p.32.

584 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 25 de fevereiro de 1880, p. 606. Disponível on-line em

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585 Idem, p.608.

586 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 30 de março de 1880, p. 1148. Disponível on-line em

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587 Idem, p.1159.

588 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de janeiro de 1881, p. 202. Disponível on-line em

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589 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 1 de fevereiro de 1881, p. 335. Disponível on-line em

ministros (incluindo Hintze Ribeiro) possuíam590. O Visconde de S. Januário591 considerava que Hintze Ribeiro “apesar da sua mocidade, é já uma das mais altas capacidades e um dos mais preclaros talentos deste país”592. Mas os elogios não se ficaram por aqui: foi considerado um bom estratega político e “um escritor distintíssimo em jurisprudência”593. A sua seriedade também lhe dera boa reputação e tinha provado a sua

utilidade ao país ao “atender às reclamações que lhe são feitas”594.

Luciano de Castro voltou a enaltecer as qualidades de Hintze Ribeiro, classificando- o de “perfeito parlamentar” e que “não faltava aos deveres da cortesia, nem às suas obrigações de ministro” e que quando era chamado a prestar contas, “respondia pontualmente às arguições que lhe eram dirigidas”595. Destacaram-lhe a “lucidez,

franqueza e lealdade” nos seus discursos596. Possuía uma “grande facilidade da palavra,

e de uma admirável correção de frase” e estava sempre pronto a responder597: nunca

deixava nenhuma pergunta sem resposta598. Era tido como um “homem brioso” que não fugia aos debates e, quando confrontado pela oposição, “desembaraça-se sempre

590 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de fevereiro de 1881, p. 686. Disponível on-line em

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591Januário Correia de Almeida (1829–1901), Barão, depois Visconde e Conde de São Januário, nasceu em

e morreu em Paço de Arcos. Foi um militar, governador de Cabo Verde, da Índia e de Macau e Timor. Também governador civil do Funchal e posteriormente de Bragança. Foi diplomata na China, Japão, Sião e na América do Sul. Foi também par do Reino, ministro da Marinha e Ultramar e ministro da Guerra. Foi conselheiro de Estado e ajudante-de-campo de D. Luís.

592 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 7 de junho de 1882, p. 1089. Disponível on-line em

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593 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 15 de abril de 1882, p. 396. Disponível on-line em

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594 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 2 de março de 1883, p. 510. Disponível on-line em

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595 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 24 de abril de 1883, p. 1235. Disponível on-line em

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596 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 4 de abril de 1883, p. 213. Disponível on-line em

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597 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de abril de 1883, p. 219. Disponível on-line em

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598 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 19 de junho de 1885, p. 2437. Disponível on-line em

brilhantemente como homem de tribuna”599. Os seus discursos patenteavam a “elevada

demonstração da inteligência com que dirige os assuntos da repartição a seu cargo”600. A sua ação à frente do ministério das obras públicas fez com que fosse tido em conta como grande conhecedor dos interesses económicos do país, especialmente nos melhoramentos materiais601 onde foi aplaudido602 pelos “serviços importantíssimos” 603

que prestou. Contudo, foi a forma como tratou a questão do caminho-de-ferro para Salamanca que evidenciou as suas qualidades, onde Tomás Ribeiro declarou que Hintze Ribeiro, apesar das dificuldades e da “impopularidade” desta questão, tinha conseguido demonstrar os seus talentos604.

No final de outubro de 1883 Hintze Ribeiro assumiu a pasta da fazenda. Por esta altura a sua reputação era unânime: reconheciam-lhe “talento de homem de Estado e do seu alto critério na resolução dos negócios públicos”605; e era visto como um “homem de elevada

e esclarecida inteligência”606 e portador de um “vulto severo e correto”607. Reconheciam-

lhe a “muita coragem parlamentar”608 e que era sempre correto na sua palavra609, com

599 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 22 de dezembro de 1883, p. 1860. Disponível on-line em

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600 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 26 de maio de 1885, p. 1798. Disponível on-line em

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601 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 10 de março de 1883, p. 170. Disponível on-line em

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602 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 7 de maio de 1883, p. 1430. Disponível on-line em

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603 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 6 de maio de 1884, p. 1431. Disponível on-line em

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604 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 9 de março de 1885, p. 110. Disponível on-line em

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605 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 31 de março de 1884, p. 931. Disponível on-line em

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606 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 17 de maio de 1884, p. 636. Disponível on-line em

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607 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 22 de maio de 1885, p. 1727. Disponível on-line em

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608 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 16 de janeiro de 1886, p. 66. Disponível on-line em

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609 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 19 de janeiro de 1886, p. 124. Disponível on-line em

“maneiras corteses e urbanas”610. Um indivíduo “dedicado à causa pública”611. Foi visto

como um dos homens “mais considerados na política portuguesa, trabalhador dos mais tenazes e de uma seriedade perfeitamente germânica”612.

A forma como lidou com a questão da fazenda garantiu-lhe o reconhecimento de “ilustrado financeiro”613. O seu plano para a fazenda era de “alto relevo, trabalho difícil,

que revelava o imenso estudo e conhecimento, e sobretudo a sua competência”614.

Enquanto responsável pela fazenda, notaram que Hintze Ribeiro deu mais atenção aos problemas financeiros que à situação económica615. Reconheceram que teria sido mais

vantajoso para o país se Hintze Ribeiro entrasse no governo logo como ministro da fazenda616.

O seu projeto para a reforma das alfândegas mereceu-lhe diversos elogios, sendo reconhecido como um “bom administrador”617 e viu-lhe admirada a franqueza com que

tratou esta questão618. A sua oposição ao aumento de despesas por causa do estado do crédito — e que levou à polémica demissão do ministro das obras públicas em 1885 — foi vista como acertada619. Em relação a outros projetos, recebeu elogios por ter

610 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 26 de junho de 1885, p. 2650. Disponível on-line em

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611 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 19 de janeiro de 1886, p. 124. Disponível on-line em

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612 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 20 de março de 1885, p. 821. Disponível on-line em

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613 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 13 de março de 1885, p. 737. Disponível on-line em

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614 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 23 de fevereiro de 1886, p. 194. Disponível on-line em

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615 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 23 de fevereiro de 1886, p. 515. Disponível on-line em

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616 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 8 de abril de 1885, p. 268. Disponível on-line em

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617 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 14 de março de 1885, p. 751. Disponível on-line em

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618 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 26 de março de 1884, p. 860. Disponível on-line em

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619 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 13 de março de 1885, p. 134. Disponível on-line em

apresentado propostas em relação à Caixa Económica620, à Caixa de Aposentações621 e por ter criado um imposto para as loterias estrageiras622.

3.2. Críticas

A par dos elogios que recebeu enquanto deputado e ministro, Hintze Ribeiro também foi alvo de várias críticas, sobretudo quando esteve à frente dos ministérios das obras públicas e da fazenda.

Ainda nos bancos da oposição, Hintze Ribeiro foi acusado de querer transformar a discussão do projeto da Reforma Administrativa numa “discussão escolar” e de querer usar “perguntas de algibeira”. Emídio Navarro achou que aquela maneira de discutir não estava à altura dos talentos de Hintze Ribeiro623, que devia ser mais “reservado” e “justo” na oposição624.

Enquanto ministro, foi acusado de fugir às perguntas625 e de ter um discurso

completamente oposto ao que tinha tido enquanto deputado da oposição626: criticou certos

comportamentos e como ministro acabou por fazer a mesma coisa627. Acusaram-no de

desprezar o Parlamento628 e de ter adotado uma atitude algo “bismarckiana” 629. Mas não

620 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 31 de março de 1885, p. 228. Disponível on-line em

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621 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 12 de maio de 1885, p. 1538. Disponível on-line em

http://debates.parlamento.pt; Diário da Câmara dos Pares, sessão de 11 de julho de 1885, p. 799. Disponível on-line em http://debates.parlamento.pt

622 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 31 de março de 1885, p. 227. Disponível on-line em

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623 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de fevereiro de 1881, p. 686. Disponível on-line em

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624 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 22 de abril de 1882, p. 494. Disponível on-line em

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625 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 20 de maio de 1882, p. 639. Disponível on-line em

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626 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 10 de abril de 1882, p. 327. Disponível on-line em

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627 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 15 de abril de 1882, p. 395. Disponível on-line em

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628 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 10 de março de 1882, p. 672. Disponível on-line em

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629 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 20 de janeiro de 1886, p. 141. Disponível on-line em

só: também foi acusado de ter sido “severo” e “injusto” com o governo progressista e que agora “queixava-se de ser tratado da mesma maneira” 630. A sua relação com a imprensa

era vista com maus olhos: como Hintze Ribeiro afirmou que não dava importância ao que os jornais escreviam, criticaram-no por ignorar a imprensa e que ao não ler o que se passava lá, estava a faltar a um dos deveres informais de ser-se ministro631.

Foi censurado por ser um “hábil parlamentar” para “inventar uma teoria de que os ministros não eram responsáveis pelas obras feitas na sua gerência”632 e de inventar

“arguições” para poder argumentar, aproveitando-se da sua palavra eloquente633.

Achavam que devia dar “menos palavras e mais factos”634.

A sua ação como governante deu a Hintze Ribeiro o “título” de “ministro essencialmente político”, que enquanto responsável pelas obras públicas fez “constantemente política”635. Nesse aspeto, foi considerado o melhor “imitador” da forma

de governar de Fontes Pereira de Melo636 e também o seu “herdeiro presuntivo”, já que lhe estava a seguir os passos637. Nem mesmo as suas qualidades conseguiram inverter a opinião menos favorável que tinham sobre si: era visto como pouco modesto638 e de estar sempre a falar em ordem pública quando ele era a origem da desordem639. O par Pires de

630 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 22 de abril de 1882, p. 489. Disponível on-line em

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631 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 2 de maio de 1884, p. 458. Disponível on-line em

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632 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de junho de 1883, p. 465. Disponível on-line em

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633 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 15 de abril de 1885, p. 1578. Disponível on-line em

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634 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 20 de janeiro de 1886, p. 141. Disponível on-line em

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635 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 9 de março de 1885, p. 106. Disponível on-line em

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636 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 9 de março de 1885, p. 672. Disponível on-line em

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637 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 15 de fevereiro de 1886, p. 455. Disponível on-line em

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638 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 17 de maio de 1884, p. 696. Disponível on-line em

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639 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 18 de janeiro de 1886, p. 104. Disponível on-line em

Lima640 disse que apesar de admirar o talento de Hintze Ribeiro, tinha sido muito cedo para ele ter ido para o governo641.

Como ministro das obras públicas foi especialmente criticado pela forma como geriu as questões dos caminhos-de-ferro. A começar pela sua atuação em relação ao caminho- de-ferro de Torres Vedras, onde censuraram Hintze Ribeiro pelas severas críticas que fez ao governo progressista por não ter aberto concurso para depois ele também não o abrir642.

Mas a questão do caminho-de-ferro de Salamanca foi onde a sua ação foi mais seriamente criticada, já que na perspetiva dos seus adversários políticos, Hintze Ribeiro tinha cometido erros graves643. Não lhes bastaram as acusações de ter cometido ilegalidades644: argumentaram que ele não devia ter “organizado o sindicato”645 para a construção do

caminho-de-ferro e a forma como esta questão tinha sido tratada iria trazer “grandes prejuízos a Portugal”646. Aquela questão valeu-lhe a alcunha de “D. Quixote da Salamancada”647.

A sua gestão do ministério das obras públicas também foi criticada pelos seus adversários648: os melhoramentos materiais que propunha eram baseados “ou em subvenções, ou em empréstimos, ou em garantias de juro”649. Foi criticado por aumentar significativamente as despesas e de fazer obras de utilidade questionável que poderiam

640 Manuel Augusto de Sousa Pires de Lima, (1836–1884), nasceu em Coimbra e morreu em Lisboa.

Formado em Teologia pela Universidade de Coimbra, foi lente na mesma universidade. Foi também deputado e par do Reino.

641 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 27 de junho de 1882, p. 973. Disponível on-line em

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642 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 12 de abril de 1882, p. 343. Disponível on-line em

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643 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 5 de julho de 1882, p. 1048. Disponível on-line em

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644 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de julho de 1882, p. 1068. Disponível on-line em

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645 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 5 de julho de 1882, p. 1057. Disponível on-line em

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646 Ibidem.

647 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 5 de março de 1885, p. 609. Disponível on-line em

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648 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de junho de 1883, p. 465–467. Disponível on-line em

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649 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 13 de março de 1884, p. 740. Disponível on-line em

ter sido feitas noutra altura650. Opinião partilhada pelo antigo chefe de governo progressista, Anselmo de Braamcamp, quando acusou Hintze Ribeiro de fazer obras dispendiosas por todo o país com o único objetivo de ganhar votos651. Por fim, acharam que Hintze Ribeiro “não estudava com madureza e seriedade as condições dos negócios públicos em Portugal”652.

No final de outubro de 1883 Hintze Ribeiro assumiu a direção dos negócios da fazenda. A sua ação neste ministério igualmente foi alvo de críticas. Acusaram-no de “adiar a questão de fazenda” e de não propor nenhuma solução para combater as dificuldades653. E não bastassem essas dificuldades, criticaram-no por aprovar projetos dispendiosos que levariam a fazenda pública a uma situação perigosa654 e à sua própria queda655. Culpabilizaram-no pelo défice no Tesouro656 e de “fantasiar” quando assegurava que o estado da fazenda era “lisonjeiro”657. Aliás, a opinião que Hintze Ribeiro tinha do estado da fazenda pública mereceu a reprovação de Dias Ferreira658, quando lembrou que não era assim que procediam “os homens de Estado de países bem governados”659. Este deputado ainda o criticou por seguir os passos dos seus antecessores

que se traduziam na “redução da despesa” e aumento da receita660. A sua administração

650 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 9 de março de 1885, p. 681. Disponível on-line em

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651 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 4 de fevereiro de 1885, p. 362. Disponível on-line em

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652 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 19 de julho de 1882, p. 1308. Disponível on-line em

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653 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 18 de março de 1884, p. 745. Disponível on-line em

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654 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 17 de junho de 1885, p. 559. Disponível on-line em

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655 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 25 de janeiro de 1886, p. 184. Disponível on-line em

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656 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de março de 1884, p. 220. Disponível on-line em

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657 Idem, p. 218.

658José Dias Ferreira (1837–1909), nasceu em Pombeiro, Arganil da Beira e morreu em Vidago, Chaves. Foi formado em Direito e lente em Coimbra. Foi também deputado, ministro da Fazenda, ministro do Reino, ministro da Justiça e ministro das Instrução Pública e Belas Artes. Chefiou o governo entre 1892–1893. Por último, foi também par do Reino e conselheiro de Estado.

659 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 11 de abril de 1885, p. 1148. Disponível on-line em

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660 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 13 de abril de 1885, p. 1171. Disponível on-line em

do ministério da fazenda foi criticada por causa das irregularidades que se deram, que na opinião de um deputado, foram o resultado do desleixo de Hintze Ribeiro661.

O conde de Castro notou que Hintze Ribeiro enquanto deputado da oposição “entrava

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