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6. Justificação da cronologia

1.3. Finanças e Impostos

1.3.1. Estado da fazenda

(…) as questões de fazenda não se resolvem nem pelas impressões de momento, nem pelo excesso de zelo, nem mesmo pelos assomos de patriotismo; as questões de fazenda resolvem-se fria e serenamente, tratam-se com placidez e sem declamações352.

348 Idem, p. 354–345.

349 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 4 de maio de 1880, p. 1832. Disponível on-line em

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350 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 26 de março de 1884, p. 855. Disponível on-line em

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351 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 6 de fevereiro de 1886, p. 354–345. Disponível on-line em

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352 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 4 de maio de 1880, p. 1831. Disponível on-line em

Enquanto deputado governamental (1879), Hintze Ribeiro defendeu a gestão das finanças por parte do Partido Regenerador. Concluiu que o período entre 1869 e 1879353 tinha sido favorável para a fazenda e que a tendência tinha sido o crescimento das receitas e não das o das despesas. Apenas a crise de 1876 e as obras públicas no Algarve é que tinham feito regressar o défice, o que não significava uma diminuição das receitas, mas sim um aumento das despesas354.

Como deputado da oposição (1879–1881), a atitude de Hintze Ribeiro perante o estado da fazenda não se alterou significativamente. Continuou a julgar a forma como os progressistas lidavam com as finanças públicas. Criticou-os por fazerem promessas vãs, como por exemplo: enquanto os progressistas estiveram na oposição prometeram fazer muitas poupanças, depois quando chegaram ao poder essas poupanças ficaram aquém do prometido355.

Mas o principal visado por Hintze Ribeiro foi o próprio ministro da fazenda, Barros Gomes. A análise que fez do plano financeiro do ministro levou-o à conclusão de que de todas as propostas apenas o imposto de selo era a única que daria receita, e mesmo assim o défice ficava a descoberto em 3.000.000$000 réis356. Como Barros Gomes inspirou-se em bastante legislação estrangeira para novas propostas, Hintze Ribeiro achava que ia ser complicado arranjar novos expedientes para diminuir o défice. Mantendo-se este rumo, não acreditava que o défice estivesse extinto por volta de 1883357.

353 Governo do Partido Histórico (11 de agosto de 1869 a 19 de maio de 1870);

Ditadura de Saldanha (19 de maio a 29 de agosto de 1870);

Governo Interino (Históricos e Regeneradores) (29 de agosto de 1870 a 29 de outubro de 1870); Governo Reformista e “amigos de Ávila” (12 de outubro de 1870 a 13 de setembro de 1871); Governo do Partido Regenerador (13 de setembro de 1871 a 5 de março de 1877);

Governo do duque de Ávila (5 de março de 1877 a 29 de janeiro de 1878);

Governo do Partido Regenerador (29 de janeiro de 1878 a 1 de março de 1879): RAMOS, Rui (coordenação) — História de Portugal. 8.ª ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009. p. 836.

354 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 19 de abril de 1879, p. 1308. Disponível on-line em

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355 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 3 de maio de 1880, p. 1823. Disponível on-line em

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356 Idem, p. 1825. 357 Ibidem.

Hintze Ribeiro não concordou com o carácter “sombrio” com que Barros Gomes descreveu a situação da fazenda quando assumiu a pasta: desgraças financeiras; dívida flutuante enorme; défice terrível; e por fim, duras apreciações sobre os seus antecessores. Tendo em consideração a descrição de Barros Gomes, Hintze Ribeiro questionou o ministro que se a situação era assim tão má, como é que lhe tinha sido possível contrair dois empréstimos? Concluiu que a administração dos antecessores de Barros Gomes afinal não tinha sido assim tão má. Pelo contrário, os cálculos do ministro da fazenda eram uma ilusão358.

Para fazer face ao défice que tinha ficado aquém das previsões em 1.130.000$000 de réis359, o ministro da fazenda tinha proposto um aumento espontâneo da receita pública, algo que Hintze Ribeiro notou que Barros Gomes tinha criticado anteriormente360. Como o recurso ao crédito para 1881 não podia ser inferior a 4.500$000$000, Hintze Ribeiro argumentou que só havia duas soluções: impostos ou empréstimos. Como o ministro da fazenda estava relutante em usar um dos dois, Hintze Ribeiro devolveu um clamor usado pela oposição (ao governo regenerador) em 1879: “nem impostos nem empréstimos; 4.000.000$000 réis ou a bancarrota […] 4.000.000$000 réis ou a bancarrota, digo eu ao sr. ministro da fazenda.”361.

Quanto à dívida flutuante, que Hintze Ribeiro considerava uma questão preocupante, acusou o ministro da fazenda e a comissão da fazenda de quererem usar os mesmos meios que tinham negado a António de Serpa Pimentel362.

Por fim, a opinião de Hintze Ribeiro era que apesar da boa vontade e de todos os seus esforços, Barros Gomes não conseguiria resolver a questão da fazenda:

358 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 15 de março de 1881, p. 981. Disponível on-line em

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359 Ibidem. 360 Idem, p. 982. 361 Idem, p. 984. 362 Idem, p. 985.

Os resultados apurados são: um défice que não sabemos como se há de extinguir, e uma dívida flutuante que aumenta todos os dias, e sem que nos possamos opor ao seu constante incremento363.

Concluiu que quando se comparava o período de 1878–1879 (governo regenerador) com o de 1879–1881 (governo progressista), as despesas eram superiores, havia menos poupanças e os progressistas gastavam dinheiro no que não era produtivo nem nada podia produzir364.

Em outubro de 1883 Hintze Ribeiro foi nomeado ministro da fazenda, substituindo Fontes Pereira de Melo. Reconheceu que quando esteve nas cadeiras da oposição pôde ter tratado a questão da fazenda através de um ponto de vista político e até com alguma “violência”. Agora como era ministro da fazenda tinha mais responsabilidades e tinha que resolver a questão da fazenda com os meios que tivesse à disposição. Dever-se-ia discutir com “menos paixão e com melhor conhecimento dos factos”365. Para ele a questão da

fazenda era em qualquer altura e circunstância “a primeira e a principal”366. No relatório que apresentou às Cortes, exprimia claramente o seu pensamento sobre a questão da fazenda:

A questão de fazenda, de todas a mais complexa, é a base primordial do desenvolvimento económico de um país; é a pedra angular sobre que assentam as condições da sua prosperidade, as garantias da sua defesa e as esperanças da sua futura vitalidade. Não é uma questão exclusiva, que independente e alheia às demais se possa considerar; prende-se a todos os ramos de administração pública, influencia-se em todos os fatores da produção e do consumo, atua em todo o organismo de uma nação. Não se rege por princípios absolutos, nem se determina por verdades abstratas; é essencialmente prática, é em muito oportunista. Acompanhando o movimento civilizador de um povo, que indefinido e dominante como é, não para ante as dificuldades que encontra, tem de se

363 Ibidem. 364 Ibidem.

365 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 18 de março de 1884, p. 747. Disponível on-line em

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amoldar aos seus impulsos, tem de prover às suas exigências, tem de ponderar com justo critério as circunstâncias em que esse movimento se produz e dirige; só assim poderá sem o inutilizar nem entorpecer, coibir-lhe as demasias, e moderar-lhe os exageros, contrapondo às precipitações dos espíritos mais irrequietos o bom senso e a prudência com que é mister distinguir e extremar dentro os multíplices interesses públicos quais sejam numa dada ocasião os que convenha atender e servir.

É por isso que a questão de fazenda não pode ter solução definitiva; é uma questão em que nunca se diz a última palavra367.

Hintze Ribeiro considerava uma “ilusão” impedir o crescimento das despesas: o progresso tinha um preço e ficar de fora dele era “atrofiar os elementos da vida”. Portugal tinha contraído dívidas para as quais não tinha recursos imediatos para as liquidar, contudo tinha-se sempre mantido leal aos seus compromissos, compromissos que lhe levavam uma grande parte das receitas. Para continuar com os melhoramentos era necessário aumentar as receitas para que o país não ficasse sem os benefícios que precisava, nem o tesouro ficasse numa situação aflitiva368. Não se considerava um “pessimista”369: na sua opinião, o crédito do tesouro não estava mau e o estado da fazenda

pública tinha vindo a melhorar, todavia ainda estavam longe de a ver livre dos enormes encargos que suportava370. Argumentou que o crescimento das despesas era

“inevitável”371. Hintze Ribeiro concordou com Luciano de Castro em que adiar não

resolvia o problema da fazenda e a sua situação não se ia melhorar recorrendo apenas a impostos e a empréstimos372. A reforma das alfândegas era uma medida que podia

367 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 29 de fevereiro de 1884, p. 451. Disponível on-line em

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368 Idem, p. 451–452. 369 Idem, p. 453. 370 Idem, p. 457.

371 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 24 de abril de 1884, p. 402. Disponível on-line em

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372 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 18 de março de 1884, p. 749. Disponível on-line em

aumentar a receita sem ser preciso recorrer a outros impostos373. E era preciso acabar-se com os abusos que se davam na administração pública que prejudicavam o Tesouro374.

Hintze Ribeiro explicou que a sua expressão no relatório — “que a questão de fazenda não pode ter solução definitiva” — tinha que ser lida dentro do contexto. Esta expressão resultou das ponderações que tinha feito: o movimento económico imparável; as diversas necessidades da civilização; e o acompanhamento do movimento social por parte dos responsáveis pela fazenda. A questão da fazenda não podia ter solução definitiva porque o progresso era “indefinido”, da mesma maneira que os desejos dos povos também o eram375. A questão da fazenda também não se resolvia apenas com impostos: foi por essa razão que propôs reformas políticas. Com aquelas reformas, acreditava que entrariam num período de estabilidade económica e sem contratempos376. Mas Hintze Ribeiro não achou que poderia resolver a questão da fazenda melhor que os seus antecessores: fazia justiça aos esforços e serviços que tinham dedicado àquela questão377. Não pretendia ter a última palavra nem apresentar ideias que não fossem suscetíveis de alterações aconselhadas pela experiência378. Hintze Ribeiro não se opôs ao equilíbrio das contas, mas o equilíbrio não era relevante para a solução definitiva da questão da fazenda: os elementos da despesa variavam da mesma forma que os da receita. Para assegurar o equilíbrio era preciso analisar devidamente o desenvolvimento da receita e da despesa, para que o resultado não implicasse um encargo avultado para o país379. Era necessário que a receita e a despesa estivessem a par para se assegurar o equilíbrio necessário380.

373 Ibidem.

374 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de março de 1884, p. 786. Disponível on-line em

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375 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 24 de abril de 1884, p. 402. Disponível on-line em

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376 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 25 de abril de 1884, p. 410. Disponível on-line em

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377 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 1 de maio de 1884, p. 445–446. Disponível on-line em

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378 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 17 de maio de 1884, p. 638. Disponível on-line em

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379 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 24 de abril de 1884, p. 402. Disponível on-line em

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380 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 25 de abril de 1884, p. 409. Disponível on-line em

Mas a questão da fazenda não ficava resolvida por num ano haver equilíbrio381. O problema era esse equilíbrio ser conseguido e mantido: todos os anos era preciso apresentar medidas para gerar receita382. O ideal seria as receitas ordinárias chegarem para as despesas ordinárias e extraordinárias, não só seria ideal, como era uma “aspiração patriótica”383.

Na discussão do seu primeiro Orçamento de Estado enquanto ministro da fazenda (1884), Hintze Ribeiro concordou que não se deveriam votar muitos aumentos de despesa, nem se deveriam votar projetos que poderiam implicar encargos que pusessem em causa as finanças384. Não acreditou que se pudesse aplicar uma lei que limitasse a despesa com o objetivo de combater o défice. Na sua opinião, essa lei implicaria procurar novas fontes de receitas e a criação de novos impostos parecia-lhe impossível, já que era “improfícuo” e “inconveniente”385.

Defendeu que um governo para gerir bem o país tinha de pedir ao parlamento as leis de que necessitava e este devia votar-lhas386. Dessa forma, Hintze Ribeiro considerou que a oposição na Câmara dos Pares era “intransigente” e “veemente” a projetos que ele considerava úteis. Por essa razão afirmou que não era responsável pelo que acontecesse se a câmara alta não lhe votasse as suas medidas. Todavia, apelou ao voto dos pares e que estes refletissem as consequências do chumbo das suas medidas387.

A sua posição quanto à dívida era que um país com dívida consolidada não estava livre de perigo — para ele era algo que em boas finanças não se podia admitir388. Quando foi confrontado com o aumento da dívida em vez da sua consolidação, Hintze Ribeiro

381 Ibidem.

382 Idem, p. 409–410.

383 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 08 de junho de 1885, p. 508. Disponível on-line em

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384 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 21 de março de 1884, p. 788–789. Disponível on-line em

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385 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 1 de maio de 1884, p. 444. Disponível on-line em

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386 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 30 de abril de 1884, p. 439. Disponível on-line em

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387 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 3 de maio de 1884, p. 463–464. Disponível on-line em

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388 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 30 de janeiro de 1885, p. 321. Disponível on-line em

argumentou que se tinham feito melhoramentos materiais para impulsionar a economia, que por sua vez criariam receita pública. Mas os benefícios de investirem na economia não se ficavam por aqui. Além da conveniência de aplicarem os capitais disponíveis no país nas suas indústrias, o melhor seria investir na dívida pública os capitais particulares. Assim em situações complicadas não precisariam de recorrer ao estrangeiro389. Contudo,

o que importava era ter os meios para fazer face aos encargos390. Apesar da dívida ter

aumentado, Hintze Ribeiro notou que as receitas também o tinham391. Não contestou que

o passivo fosse grande, todavia considerou que as dificuldades que tinham eram de momento e que podiam ser ultrapassadas rapidamente. A verdade não prejudicava a dívida, mas sim os boatos infundados que lançavam a desconfiança nos mercados estrangeiros. Na sua opinião, era a dívida flutuante que provocava o desequilíbrio entre a receita e a despesa. Não julgava conveniente nem necessário recorrer a uma consolidação da dívida. O que era necessário era aumentar as receitas públicas e abster-se de despesas que não eram urgentes392.

No seu relatório sobre o estado da fazenda do início de 1885, Hintze Ribeiro acreditava que ela não inspirava receios. Criticou a “propaganda de terror” feita pelas oposições e que afetava a confiança dos mercados. Havia necessidade de manterem um bom crédito para poderem continuar com os melhoramentos materiais. Embora o crédito tivesse causado encargos ao Tesouro, certo era que as receitas também tinham aumentado, o que para ele significava que a situação económica estava a melhorar393. Defendeu que se deveria fazer reduções na despesa: ainda que não tivessem praticamente margem de manobra nos encargos mais pesados que provinham do crédito, os outros não eram menos avultados, como os das classes inativas, que através de um sistema de providências

389 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de março de 1885, p. 94. Disponível on-line em

http://debates.parlamento.pt. A94

390 Ibidem.

391 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 6 de março de 1885, p. 96. Disponível on-line em

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392 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 6 de fevereiro de 1886, p. 347–348. Disponível on-line em

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393 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 28 de fevereiro de 1885, p. 554. Disponível on-line em

poderiam ser diminuídos394. Hintze Ribeiro notou que foi julgado por pedir no seu relatório que se colocasse de lado as diferenças partidárias em prol de levantar o crédito do país. Disse que isso não devia ser entendido como um pedido de misericórdia parlamentar, mas sim como uma chamada de atenção ao Parlamento para um problema grave como era a questão da fazenda395. Orgulhou-se por ter dito a verdade ao país, por

não ter criado ilusões nem prometido miragens quanto ao défice e ao aumento de receitas396.

Argumentou que não chegava ver se as despesas que se faziam num país qualquer eram avultadas, o que era necessário era ver se elas se justificavam397. A situação financeira pareceu-lhe desafogada. Pelos dados que tinha apresentado e a análise que tinha feito sobre o problema financeiro, os recursos eram mais que suficientes para honrarem os compromissos398 e o défice não estava a aumentar399. Ao contrário do Conde de Castro400, que afirmou que a situação da fazenda era pior que alguns anos anteriores, Hintze Ribeiro disse que os dados contrariavam a opinião daquele par401. Quanto à descida da cotação dos fundos portugueses no estrangeiro atribuiu a culpa à especulação402. Notou que apesar dos erros dos diversos governos, ainda não tinha havido uma administração que fosse tão má que deixasse o país na bancarrota403. Insistiu que se deveria olhar a questão da fazenda com serenidade. Questionou se tinha faltado à verdade por ter feito as correções nas contas do Tesouro e ter mostrado que o desequilíbrio entre a receita e a despesa tinha baixado. Mas não reclamava este feito só para si: atribuía este

394 Idem, p. 558.

395 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 15 de maio de 1885, p. 1572. Disponível on-line em

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396 Idem, p. 1573.

397 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 24 de março de 1885, p. 193. Disponível on-line em

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398 Ibidem. 399 Idem, p. 195.

400 João António Gomes de Castro, 2.º Conde de Castro, (1834–1896). Formado em Direito pela

Universidade de Coimbra. Foi também deputado e par do Reino.

401 Idem, p. 193. 402 Idem, p. 194. 403 Ibidem.

resultado a todos os governos404. Na Câmara dos Pares disse que não fazia acordos para discutir a questão da fazenda, apenas dizia os factos tal como eles eram. Mais uma vez, apelou a todos para resolver a questão de fazenda405.

Em resposta a Barros Gomes num debate, Hintze Ribeiro referiu-se ao plano financeiro daquele que tinha sido ministro da fazenda no governo progressista. Salientou que das 20 propostas, apenas 6 ficaram nos arquivos parlamentares. O que para ele lhe mostrava que não bastava ter ideias, era preciso que elas fossem suportadas pelo país e aceites pelo Parlamento. Ao recordar as propostas que Barros Gomes tinha proposto e que não tinham resultado no aumento de receita previsto, Hintze Ribeiro justificou assim as suas próprias propostas que também não trouxeram o aumento de receita planeado406. Referiu que as propostas onde estava o pensamento financeiro de Barros Gomes não tinham trazido aumento de receita para o tesouro e que como o antigo responsável progressista já tinha sido ministro da fazenda, não podia vir fazer acusações políticas por causa de um projeto não render o que estava previsto407. Hintze Ribeiro achou que Barros Gomes tinha tido pouca consideração pelos seus esforços na gestão da fazenda. Não queria prémios nem elogios, a consciência de ter cumprido o seu dever bastavam-lhe. Reconheceu que era complicado passar as ideias da teoria à prática, e nisto, para ele, Barros Gomes tinha falhado408. Na opinião de Hintze Ribeiro, o pensamento financeiro tinha que se adequar ao país, tinha que ter em conta as suas características e as medidas que podia ou não aceitar. Hintze Ribeiro não pretendia lançar novos impostos, mas sim melhorar a administração e nada mais, dando como o exemplo o projeto da reorganização dos serviços aduaneiros409.

No relatório da fazenda que apresentou em 1886 reconheceu que podia não ser a pessoa mais competente para estar à altura daquela pasta, mas isso não o desmotivava, já

404 Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 10 de março de 1885, p. 696. Disponível on-line em

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405 Diário da Câmara dos Pares, sessão de 23 de março de 1885, p. 157. Disponível on-line em

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