• Nenhum resultado encontrado

5. ÁREAS POTENCIAIS PARA APLICAÇÃO DE TECNOLOGIAS

5.1 Formas de Emprego das Tecnologias da Geoinformação

5.1.8 Em Gestão Territorial e Planejamento Urbano

Para ser utilizada como ferramenta de forte potencial no planejamento administração e desenvolvimento urbano, e se relacionar com elementos e fatores existentes na cidade como: clima, relevo, topografia, geologia, vegetação, tipo de solo; recursos hídricos; equipamentos urbanos; ambientes construídos; redes de energia, de transporte, de comunicações; recursos naturais de áreas verdes e parques; áreas industriais; dentre outros.

Num estudo de caso sobre uso de Geoinformação em administração urbana, Hussain et. al. (2005) aplicaram o SIG num distrito da região metropolitana de Lahore, Paquistão, para o planejamento e revitalização de áreas invadidas degradadas, utilizando plantas, questionários e outras informações para efetivação desse projeto. Os autores se referem à revitalização urbana como um processo necessário para áreas degradadas e que a capacidade de análise espacial do SIG deve ser usada para identificação de alto e médio stress das áreas que requerem atenção imediata, como é o caso daquelas onde os prédios oferecem perigo aos próprios moradores e aos vizinhos. Os autores destacam o potencial dessa tecnologia como uma utilidade que pode ser inserida no cotidiano das autoridades urbanas locais, na administração das suas obrigações como gestores públicos, como forma de diminuir a pressão causada pelas cobranças por parte dos cidadãos. Num trabalho desenvolvido em Mandya no estado de Karnataka (Índia), Hanjagi (2005) usou GPS para monitorar o crescimento dessa cidade ressaltando que ela exibe problemas comuns às outras áreas urbanas daquele país, em níveis variados, e que incluem: construções inadequadas, declínio econômico, pobreza, favelas, superpopulação, segregação social, congestionamento do tráfego, poluição ambiental, crescimento desordenado, etc. Conseqüentemente, há uma grande necessidade de dados detalhados para os planejadores sobre: a extensão e distribuição espacial dos usos do solo urbano, os padrões de crescimento da população, a disponibilidade da infra-estrutura, as utilidades e limites urbanos. O autor se refere à necessidade de se mapear e monitorar o crescimento das cidades com TGI para se detectar as mudanças que

ocorrerem dentro e em torno do espaço construído, como forma de preservar terras agriculturáveis e a qualidade ambiental.

Num trabalho sobre modelagem e armazenagem de dados para apoio ao planejamento urbano, Koshak e Flemming (2002) desenvolveram modelos de dados orientados a objeto para Meca na Arábia Saudita, voltados para diferentes aplicações, testando esses modelos num contexto de mundo real, de acordo com as características dessa grande cidade que precisa prover facilidades, utilidades e serviços a cerca de 3 milhões de visitantes por ano. Os autores ressaltam que em todo mundo as instituições governamentais têm armazenado dados urbanos sob diferentes formatos dentre os quais o Sistema Relacional de Gerenciamento de Bancos de Dados (DBMS) e arquivos de SIG e CAD, ou seja, dados em diferentes formatos que dificultam o uso de softwares para apoiar a tomada de decisão na área do planejamento urbano, que requer uso de mais de uma fonte de dados numa interface unificada de uso geral, preferencialmente no modelo orientado a objeto. Nesse trabalho os autores mostraram como os dados podem ter uma interface unificada e disponível para serem usados em apoio à tomada de decisão, mencionando duas técnicas: o sistema de Processamento Analítico On-line (On- line Analytical Processing) (OLAP), um ambiente avançado de análise de dados, que se constitui numa ferramenta de acesso a bancos de dados para prover analises multidimensionais como por exemplo, monitorar e analisar o crescimento urbano nas cidades; e o Sistemas de Busca de Dados (Data Mining Systems), um método computacional para analisar dados com a intenção de encontrar características, relacionamentos, dependências e tendências previamente desconhecidos dos dados que podem ser usados por exemplo, para investigar o relacionamento entre o crescimento urbano e o congestionamento do tráfego. Os autores concluem que a modelagem e a armazenagem de dados estabelecem um ambiente colaborativo entre os gestores públicos que querem desenvolver um projeto urbano e os planejadores envolvidos na tomada de decisão, podendo tornar o ambiente mais cooperativo para gerar outros dados para apoiar as atividades da administração municipal.

Utilizando dados multitemporais obtidos a partir dos satélites Landsat 3 MSS em 1979, Landsat 5 TM em 1989, Landsat ETM+ em 2001, Han (2006) analisou o padrão de transformações sobre o solo de Xangai (China) e de seus limites no período de 22 anos, ocasionadas pelo desenvolvimento repentino da cidade para avaliar como essas mudanças afetam a temperatura superficial. Os mapas gerados foram sobrepostos e os dados quantitativos analisados para obtenção do total de aumento em graus centígrados. O autor registra que o Sensoriamento Remoto e à análise espacial têm sido utilizados eficazmente para monitorar transformações superficiais relacionadas com o uso do solo urbano, através da coleta de dados multi-espectrais, multitemporais e multiresolução, fornecendo dados importantes. As mudanças ambientais ocasionaram um aumento de aproximadamente 5 graus centígrados em 12 anos no ambiente urbano construído e uma diferença de temperatura entre este e a área rural de 2, 1 graus em agosto de 1989 e 2,38 graus em julho de 2001. De acordo com o autor, o aumento da temperatura devido ao aquecimento global pode ser o fator responsável, mas as mudanças em determinados materiais como o concreto, o asfalto, e o aço existente nas estradas, edifícios e no complexo industrial, devido a expansão repentina da área urbana parece causar impactos maiores.

As pressões crescentes sobre o solo urbano e as políticas de administração às vezes inadequadas sobre as cidades têm afetado o potencial de uso dos territórios, ocasionando alterações ambientais, e expondo sua vulnerabilidade e fragilidade. A exploração de recursos naturais das áreas rurais adjacentes, na busca do desenvolvimento, particularmente nos países emergentes, relega ao segundo plano a preocupação com a preservação ambiental, com a qualidade de vida, com o ser humano, e a preservação das estruturas culturais e sociais, contribuindo para a instabilidade e o desequilíbrio sócio-econômico.

Documentos relacionados