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em termos de apoio espiritual, como a senhora pode ajudar?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

E, em termos de apoio espiritual, como a senhora pode ajudar?

Porque lá no Vilmar, a gente não pode falar de Deus, porque o deus dele é diferente do meu. Você não pode compartilhar com ela alguns momentos, uma palavra?

A gente compartilha, a gente fala muito, o que a gente conversa mais lá é sobre Deus mesmo, sobre a Bíblia, sobre a morte.

Como é que ela está enfrentando este momento, ela está tendo força? Tá, a Suzi ela é uma pessoa especial mesmo.

Você acha que sofre mais do que ela?

Sofro. Mas ela tem o marido. O Vilmar é cheio de defeitos, mas é companheirão dela. Ele é muito otimista. Por exemplo, ele falou para ela assim, quando ela fez o segundo diagnóstico, ele falou: “Oh, visita ruim a gente trata mal para ela não voltar.” E ele falou pra mim: “Nada desse negócio de chororo lá”.

E se a senhora não tivesse, digamos, essa fé, essa sua relação com Deus, essas suas crenças, faria diferença? O que aconteceria se você não tivesse essa convicção que tem hoje? Essa forma de interpretar tudo que está acontecendo?

Eu estaria entupida de remédios. Bem, agora uma coisa é que o Vilmar não é muito de estar indo à Igreja, mas ele tem uma fé muito forte em Deus. Ele fala assim: “Nada acontece antes de Deus querer, todo mundo vai morrer um dia, não tem desculpa. Chegou a hora não adianta correr que vai morrer, seja do que for. Então, ele é assim, positivo.

No geral, em relação a tudo isso, como a senhora se sente em relação à Igreja, como instituição, a senhora está decepcionada, a senhora esperaria mais, o que ela poderia fazer mais pela senhora?

Ah, Igreja fazer por mim? Nada.

A senhora pediria alguma coisa para as pessoas, que estão ao redor de você, que tem a mesma fé? O que você pediria para elas?

Eu sempre peço para as pessoas, principalmente, que gostam de mim para orar por minha filha. Porque, a primeira coisa quando você vai orar por uma pessoa, você tem que amar essa pessoa. São pessoas que tiveram contato comigo, como a Regina, a Maura. Agora, o povo me fala, Nádia vai ter uma campanha lá na minha igreja, o pastor disse que é para levar a fronha para ungir. Eu falei, meu Deus! Essa campanha a quadrangular tá fazendo também. Aí eu nem falei nada para ela, porque Deus não precisa disso. A gente não precisa desse tipo de coisa para Deus agir na vida da gente. Nós temos que colocar na nossa cabeça que Deus é Deus e nós somos os filhos dEle e o que nós temos que fazer é glorificar a Deus com a nossa vida. Porque o que tem para acontecer vai acontecer. E se a gente tiver glorificando a Deus ele vai estar guardando porque a promessas dele são maravilhosas: “meus anjos acamparão ao seu redor”.

A senhora sente em algum momento alguma revolta no coração por conta disso?

Eu leio muito os livros da Joice Meyer e ela ensina a gente a viver a vida diariamente, então, tem uns versículos que ela tira, que dá força pra gente. É a gente ter coragem de colocar na mente no lugar do pensamento ruim. Quando vem um pensamento negativo, por exemplo, eu passo para a Suzi, o que eu já decorei. Quando eu estou assim com o pensamento vazio eu começo a falar em voz alta. São palavras que dão coragem e dão força para gente.

Tem um versículo que a senhora lembra?

“O amor de Deus está derramado em meu coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado”. “Com minha boca eu confesso que Jesus Cristo é o Senhor e em meu coração eu creio que Deus o ressuscitou dos mortos por isso estou salvo”. São todos versículos positivos que nos ajudam.

Vão curando a nossa alma?

E cura mesmo. Eu sempre lutei sozinha com tudo, para criar esses meninos. Nunca tive apoio, nem na minha família. Eu nunca pude levar nada para minha mãe do que eu passava. Eu tenho uma irmã que é muito bem de situação mas nunca pergunta se eu estou precisando de alguma coisa.

Mas a senhora sente, agora, a necessidade de abrir um pouco o coração com alguém, ter alguém para dividir esse fardo com a senhora e, ás vezes, a senhora não encontra?

Não.

Mas a senhora tem tido uma amiga, alguém com compartilha, chora? Não. Mas, uma pessoa que eu tenho é a Maura. A gente conversa muito.

ENTREVISTADA 02

Queria que a senhora contasse pra gente como foi a sua experiência de conversão religiosa, ou seja, como foi que a senhora passou para a igreja evangélica.

Eu estava com setenta anos e meu esposo ficou doente e eu fui pedir socorro numa igreja católica e o padre disse que vinha dar comunhão pra ele, mas eu fui três vezes, três dias seguidos e ele não veio. A minha filha chegou de viagem e falou: mamãe quer que eu chame um pastor? Eu falei: “Se ele vier eu quero”. E ele veio na mesma hora. No outro dia começaram a chegar as irmãzinhas da igreja dela. Porque ela era evangélica já há uns dez anos e nunca contou pra gente, porque ela tinha medo de fazer desarmonia em casa. Aí, quando eu vi que as irmãs todas deram assistência e continuaram um tempo, e meu esposo ficou bom, curado, graças a Deus, eu falei assim: “Ah eu sou de quem me quer, se essa igreja me aceitou assim eu vou pra lá”. Aí comecei frequentar, fui algumas vezes. Mas não ia sempre, porque não queria magoar meu esposo, pois ele não gostava de crente. Ele falava assim: “Esse pessoal aí não tá com nada não, eu vendi tantos remédios pra eles e nunca recebi”. Eu tive sempre que pagar o laboratório porque é, é difícil. Mas aí passou, e quando ela chamou o pastor, o pastor veio. Nós tivemos uma assistência muito grande durante o tempo da enfermidade dele. Ele sarou ficou bom e eu fiquei muito feliz. Aí eu falei: “Ah, então vou procurar essa igreja”. E foi o princípio da minha coversão. Mas ainda eu demorei mais de ano para me converter, porque o meu esposo, de vez em quando adoecia e eu não queria aborrecê-lo. Aí quando ele ficou mal, a minha irmã veio de Ribeirão Preto e falou: “Mauro, eu vim trazer um recado de Deus pra você”. Ele falou: “Então me dá”. Falou:” Um recado de Deus, sou merecedor de um recado de Deus?”, Então me dá. Aí ela falou: “Você vai deixar o espiritismo, deixar estas coisas todas, pois isto aí não vai te levar a nada, você tá doente e eu quero a sua salvação, quero que Deus te salve”. Ele falou assim: “Olha eu não vou prometer tudo isso pra você, mas eu sou uma pessoa muito de Deus”. Porque ele fazia oração, ele fazia milagres, ele era de uma fé viva. Aí ela mandou fazer uma reunião na casa da Regina, ela queria conversar com toda a família. Ela chamou o Maurinho de Brasília e chamaou a todos. Meu esposo veio aqui e falou: “Ó Joana D'arc você vai com a família para casa da Regina porque vamos fazer essa reunião”. Ela falou: “Eu não vou, porque o meu marido é espírita e eu não vou ofendê-lo”. Ele falou assim: “Se você quiser ir você vai, se você não quiser não precisa me esperar na sua casa que eu não volto”. Ela ficou apavorada, porque ela era o dengo dele. Aí, ela foi a primeira a chegar lá. (risos). Aí ela fez a reunião e, na hora da reunião, ela pediu que todos nós, a família toda fosse pedir perdão ao Mauro. Se alguém tivesse ofendido. Depois que nós fizemos isso, ele veio pedir perdão pra nós, se caso ele tivesse nos ofendido. Eu achei aquilo muito estranho, e fiquei com o coração doendo muito. Depois que acabou a reunião e que nós fomos pra casa, aí eu falei: “O que você está fazendo ? Parece uma despedida. Ela falou: “Não Valdericie, é despedida, só do espiritismo. Mas era dele mesmo. Aí ela foi embora e deixou a Bíblia pra ele. Ele pegou essa Bíblia e lia dia inteiro, porque ele quase não tava podendo trabalhar e os dias que ele não ia pra fazenda ele lia a Bíblia o dia todo. E ele deixou o espiritismo. Daí há uns quatro cinco meses ele se batizou. A gente ficou muito feliz e aí entramos todos para a igreja.

Ele batizou antes da senhora? Ele batizou antes de mim. Quanto tempo antes?

Uns seis meses. Porque ele batizou em Janeiro. Não. Um ano. Na igreja batista?

Não, não foi na igreja. O pastor é quem veio e eles fizeram o batismo em casa. Dentro das condições, por aspersão?

É. Com aspersão, só por aspersão. E eu também fui batizada só por aspersão. Daí seis meses ele faleceu. Mas, graças a Deus, ele estava batizado, convertido, feliz, muito alegre. Ele falou assim: “Eu vou mostrar pra vocês que a morte não é um fantasma, eu vou morrer rindo. Todo mundo que ia ver ele, falava: “Mas o sr. Mauro está rindo, o sr. Mauro não está morto ele está rindo”. Foi uma coisa assim extraordinária. Foi maravilhoso mesmo.

Da minha família só não entrou a Joana D"Arc, até hoje. Mas toda a minha família entrou. O meu filho, ele era tão entusiasmado com o espiritismo, que lá em Brasília ele ia até em terreiro. Não sei como era, mas ele ia. Ele tinha comprado uma estante de livros, gastou mais de mil reais, eu não sei quanto, foi uma fortuna que ele gastou. Aí ele despachou todos os livros. Encheu sacos de livros, pôs fogo em tudo. Ele também comprou muitas pedras preciosas, pedras grandes que ele fez nincho para os espíritos. Ele jogou tudo dentro do rio. Ele jogou tudo, ele limpou a casa dele. Ele falou: “Não vou ficar com mais nada”. Graças a Deus. Aí ele veio e converteu também com o pastor Marlúcio.

Antes desse período, a senhora tinha tido algum contato com a igreja evangélica, na infância, por exemplo? Ou a senhora, ou o sr. Mauro?

Sim. Eu tinha contato com o evangélicos. Porque eu tinha muita amizade, eu sempre fui uma pessoa de procurar amigos, procurar amizade.

Então, a senhora sempre olhava com certa simpatia os evangélicos? Sim. Sim, olhava.

A senhora não tinha nenhuma barreira? Não, não tinha barreira.

Também não frequentou nenhuma igreja evangélica na infância? Não. Não frequentei.

E o sr. Mauro também não? Também não.

Ele só não olhava com tanta simpatia?

Ele não tinha simpatia, porque ele teve muitas decepções. Não é a religião, é a pessoa né?

O quê que mudou a partir daí na vida da senhora, o que chamaria a atenção? Uma coisa que acha mais importante, por exemplo?

Uma coisa que eu acho mais importante é a confiança que eu tenho em Deus. Porque eu tenho uma confiança muito grande, eu tenho certeza que todas as promessas de Deus serão cumpridas, tanto que eu peço muito a Deus pra Ele me corrigir. O senhor vê em Janeiro eu quebrei a costela, em Fevereiro eu quebrei o dedo da mão, em Março eu tive aquele torcicolo que me torcia os braços tudo, passei mal. Tudo eu falava: “Senhor, obrigado pela correção”. O Senhor está me corrigindo. Porque eu peço todo dia: “Meu Deus e meu Pai, autor da minha vida ensina-me amar o teu amor, mas ser por ele corrigida”. Eu quero a correção. Tudo que me acontece eu agradeço porque se eu não me corrigir aqui depois não tem mais jeito.

E após a conversão, certas coisas, crenças, idéias que a senhora tinha, mudou?

Mudou, porque eu não esperava que Deus ia nos salvar de graça assim. Porque ele nos perdoa né? Porque eu ainda falava assim: “Confessar com o padre e não confessar é a mesma coisa, porque o pecado está em nós, o pecado não vai para o padre se eu confessar”. Mas aí eu fiquei na confiança de me confessar com Deus. Então eu faço confissão diária com Deus. Até os pecados que eu me lembro da minha infância, até hoje eu faço e falo: “Senhor, tenha misericórdia, eu fui muito ignorante, muito atrasada. Eu fiz muita coisa errada, eu te peço perdão”. O meu primeiro pecado que eu achei, que eu acho que foi (risos). Uma vez, eu dei um tapa numa prima minha, mas foi injusto. Porque a menina era boa.

Ela não merecia?

Ela não merecia ter ganhado um tapa, que eu dei nela. Mas eu me arrependi e depois de grande eu pedi perdão pra ela e ela riu. Ela brincou e falou: “Ah, larga de ser boba, voccê acha que eu vou me importar com essas coisas. Isso já foi”.

Mas, a senhora tinha aquilo ainda no coração?

Mas meu coração doía ainda quando eu me lembrava, porque foi injusta. Então, o comportamento da senhora mudou assim também?

Mudou, mudou muito.

Como a senhora se vê hoje em termos de comportamento?

Eu não acho que eu tenho um comportamento cem por cento. Não, eu não acho. Eu sou pecadora e peco muito. Infelizmente, eu vejo a pessoa e eu faço juízo dela, eu não posso fazer isto. Por isso, eu peço a Deus: “Me perdoa Pai”. Eu vejo as pessoas e, às vezes, penso: “Nossa, essa pessoa podia ser do outro jeito”. Mas, ela é do jeito que ela é.

A senhora tem mais facilidade de aceitar?

É. Temos que aceitar. Não é que eu não aceito. Eu aceito. E, procuro orar por ela. Mas tinha muita desconfiança. Hoje, eu não tenho não, graças a Deus. Hoje isso saiu. Eu vejo quem eu vejo e tá tudo certo. Sabe?

Nos relacionamentos, com os familiares e com os amigos melhorou, mudou ou não?

Com familiar continua o mesmo, porque a minha mãe nos ensinou a amar. Quando discutia um irmão com outro. Era muito difícil isso acontecer, mas quando acontecia, ela fazia a gente se abraçar, beijar, pedir perdão, desculpas e nunca mais fazer aquilo. Então, a gente tinha muita vergonha, porque a minha mãe era rígida e meu pai não demonstrava a autoridade dele, mas ele era muito autoritário. Quando a gente fazia uma coisa, ele levava a gente pra passear. “Ah, vamos dar uma volta? Vamos no canavial, vamos apanhar melancia, vamos aqui, aqui”. E a gente ia com ele, mas sabia que ia receber uma correção. Aí ele contava uma história que se encaixava com aquilo que eu fiz. Teve um dia que eu chorei e chorei. Meu pai perguntou: “Por que você está chorando?” O senhor está me contando isso, porque eu fiz isso. “Uai, não sabia. Eu não tava sabendo minha filha. Como que foi que aconteceu?” Aí eu contava e ele me dava uma lição. Meu pai era de uma inteligência! Se o senhor visse as crônicas as crônicas que ele escrevia. E ele foi à escola só uma semana. Ele não teve mais chance pra ir às aulas. Porque ele trabalhava na enxada, mesmo, pesado, dia inteiro. Era das quatro da manhã até às seis horas da tarde ou sete. Ele só chegava em casa quando escurecia.

Um homem sábio não é?

Homem sábio. Muito sábio. Muito inteligente. Tinha uma pessoa, o senhor Aristofane Correia, era um fazendeiro muito rico que era nosso vizinho. E ele gostava demais do meu pai. Ele arrumou lá nos Estados Unidos uma escola pro meu pai, e ele ia pagar tudo. Mas meus tios não deixaram, de inveja. Coitado né? É. Não deixaram. Meu pai chorou muito, porque ele queria ir, mas não foi.

Ficou a frustração?

É ele ficou frustrado. Mas ele era muito inteligente. Ele ajudou muita gente. O Aristófane quando ia fazer as vendas das coisas chamava ele. Eu aprendi matemática com o meu pai. Eu aprendi muito com o meu pai. Que vantagens a senhora vê em ter se tornado evangélica? O que a senhora poderia destacar?

Eu ganhei muita amizade, principalmente, na AMAI. A AMAI pra mim foi a melhor coisa que me aconteceu. Meu esposo tinha falecido há pouco tempo, foi aonde que eu deixei daquelas frustrações, daquelas tristezas, daquelas angústias todas. Me ajudou muito. Aprendi a amar muito mais na missão AMAI. Eu acho que se eu

pudesse eu ia ajudar até o fim, até o enquanto eu viver, porque foi a melhor coisa que me aconteceu e o pastor Marlucio também me ajudou muito. Quando o Mauro faleceu, ele veio na minha casa. Daí é que foi a minha conversão e que eu me batizei. Batizei no ano de dois mil.

Em termos de aprendizado, o fato da senhora ter passado para a igreja evangélica ajudou em alguma coisa?

Sim, ajudou muito. Nós fizemos o curso de gerontologia, uma coisa que não esqueço. Foi um curso maravilhoso que nós fizemos. E quanto nos ensinou sobre a Bíblia e nos ensina até hoje. Eu tenho um caderno todo escrito. Eu até emprestei esse caderno e a pessoa ficou admirada do que escrevi.