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2. EMPREENDEDORISMO EM SERVIÇOS

2.1 Empreendedorismo

Nesse capítulo, serão abordados conceitos acerca dos temas: empreendedorismo e serviços. O primeiro subitem tratará o assunto empreendedorismo como conceito acadêmico. Posteriormente, por meio de exposição de dados estatísticos, busca-se compreender quem são os empreendedores brasileiros e quais são suas motivações. Também serão abordados dados referentes à região sudeste, como material de apoio, para o desenvolvimento do estudo de casos que será realizado no capítulo 3.

O segundo subitem tratará de serviços como atividade econômica. Serão explorados os conceitos do que são os serviços e suas características básicas. Também será discutido de que forma ocorre a percepção da qualidade dos serviços pela

perspectiva do cliente. Posteriormente serão expostos dados acerca da

representatividade do setor na economia brasileira e por fim, serão discutidos os dados sobre o empreendedorismo no setor de serviços no Brasil.

2.1 Empreendedorismo

O interesse pelo empreendedorismo aumentou em diversos campos da sociedade nos últimos anos. O conceito de empreendedorismo, bem como seus desdobramentos teóricos e práticos, vem sendo valorizado por governos, entidades de classe e organizações, como a principal base para o crescimento econômico e para geração de emprego e renda na atualidade (COSTA; BARROS; CARVALHO, 2011).

O empreendedorismo é um termo cujo significado foi adaptado ao longo dos anos de acordo com a realidade econômica e social da época. Porém, sempre foi considerado sinônimo de inovação. A capacidade do ser humano de inovar pode ser observada durante sua história, desde os egípcios que construíram as pirâmides com pedras que pesavam toneladas, a era das navegações, passando pelo envio do homem à lua até o surgimento da internet. Com o avanço da tecnologia e ferramentas disponíveis na época, a capacidade de inovar variou, porém sempre esteve presente na história do ser humano. Portanto, para a compreensão do empreendedorismo atual, é importante o conhecimento de sua evolução e importância na história (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009).

Na Idade Média9, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava projetos de produção, utilizando recursos provenientes do governo e que não corria riscos físicos, emocionais ou financeiros. Dornelas (2008) expõe que em meados do século XVII, o economista franco-irlandês Richard Cantillon, considerado por estudiosos da área como sendo o criador do termo empreendedorismo como atualmente conhecemos, diferenciou a função do empreendedor e do capitalista. Cantillon afirmava que o empreendedor é o agente que assume riscos financeiros na expectativa de obter lucro enquanto o capitalista é o agente que fornece o capital assumindo os riscos financeiros de forma passiva. Essa diferenciação ficou mais clara durante o século XVIII durante o processo de industrialização. O empreendedorismo nesta época foi estudado por Jean-Baptiste Say em 1803 que consolidou o conceito de diferenciação do lucro do capitalista e a remuneração do empreendedor (DORNELAS, 2008).

Para definir o empreendedorismo durante a revolução industrial, Mariano e Mayer (2014) parafraseiam Jean Baptiste Say:

O empreendedor é o intermediário entre todas as classes de produtores e entre estes e os consumidores. Administra a tarefa de produção e constitui o centro de várias relações. Aproveita-se como do que os outros sabem e do que ignoram, bem como de todas as vantagens acidentais da produção. Por isso, é nessa categoria de produtores, quando os acontecimentos favorecem suas habilidades, que se adquirem quase todas as grandes fortunas (MARIANO; MAYER, 2014, p. 20).

As autoras Mariano e Mayer (2014) citam que um outro momento da História importante para o estudo do empreendedorismo foi o final do século XIX e início do século XX que foi marcado pelo desenvolvimento do conceito de linha de produção. Henry Ford, empreendedor que criou a Ford Motors, foi o responsável pelo grande impulso da produção em massa. Neste período, o empreendedor adquiriu uma conotação do agente associado à inovação e a percepção de oportunidades que resultam no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Com isso, o empreendedor assume o papel de agente que “destrói processos, padrões de produção, fontes de mercadoria até então existentes e mesmo industrias antigas, e os substitui por outros de maior eficácia e

produtividade” (MARIANO; MAYER, 2014, p. 21).

9 A idade média é considerada o período após a queda do império romano no início do século V

Em relação ao atual momento em que vivemos, Leite (2012) afirma que passamos por uma revolução tecnológica que podemos chamar de era da informação. A quantidade de informação e conhecimento científico que foi acumulado nos últimos 50 anos ultrapassam todas as descobertas anteriores na história da humanidade e tal fenômeno só foi possível devido a criação e popularização da internet. Mariano e Mayer (2014) complementam e afirmam que devido à característica dos avanços das últimas décadas, figuras como Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, são sinônimos de empreendedores. Porém, inovações tecnológicas ou revolução em processos produtivos não são as únicas características de indivíduos empreendedores.

Em se tratando da definição de empreendedorismo, não existe atualmente um consenso e uma definição padrão do fenômeno como uma área de estudo (BARON; SHANE, 2007), porém, diferentes autores referenciam à obra de Schumpeter como o inicio do estudo acadêmico acerca do tema. O economista Joseph A. Schumpeter em sua obra “A teoria do desenvolvimento econômico”, publicada em 1964, apesar de não tratar o empreendedorismo como reflexão principal, associa o processo à inovação. “Chamamos empreendimento a realização de combinações novas; chamamos de empresários aos indivíduos cuja função é realiza-las” (SCHUMPETER, 1982, p. 54).

Em sua obra, o autor estabeleceu relação entre o empreendedor10 e a inovação

por meio da realização de novas combinações de recursos (podendo ser tanto recursos financeiros, matéria prima ou processos) para fazer coisas novas ou de formas diferentes. Schumpeter (1982) dividiu a combinação de recursos em: introdução de novos produtos; criação de novos métodos de produção; abertura de novos mercados; identificação de novas fontes de suprimento, criação de novas organizações; conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou bens semimanufaturados e a constituição ou fragmentação de posição de monopólio.

A respeito do indivíduo empreendedor, o autor destaca dois pontos principais de reflexão. O primeiro é que o empreendedor não pertence a uma classe social específica, e sua posição deve ser conquistada e não herdada, por exemplo. Em segundo lugar, o empreendedor pode ser aquele indivíduo dentro de uma empresa que possui função de direção, mas sem que necessariamente seja dono ou fundador da empresa. "Chamamos

10 Na obra “A teoria do Desenvolvimento Econômico” publicada em 1982, o termo

de empresários (empreendedores – adicionado pela autora) não apenas o homem de negócios independente em sua economia de trocas, mas todos os que de fato preenchem a função pela qual definimos o conceito, mesmo que sejam funcionários dependentes" (SCHUMPETER, 1985, p. 54). A segunda reflexão refere-se ao atual conceito de intraempreendedores, que será explorado a seguir. O conceito exclui proprietários e diretores de empresas que simplesmente "operam" o negócio já estabelecido, pois nem o capitalista nem o acionista, são necessariamente empreendedores, "ainda que corram riscos e tenham o controle da propriedade" (SCHUMPETER, 1985, p. 54).

Conforme citado anteriormente, o empreendedorismo como campo de conhecimento começou apenas a receber contribuições significativas em meados da década de 80, quando o tema se fortaleceu como área de interesse, principalmente em temas ligados a administração (GIMENEZ; FERREIRA; RAMOS, 2008).

Hisrich, Peters e Shepherd (2009) definem o empreendedorismo como um “processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal” (HISRICH, PETERS, SHEPHERD; 2009; P30). Já Mariano e Mayer (2014) se opõem à relação do empreendedorismo exclusivo com inovação e definem o empreendedor como um agente com boas ideias que se propõe a resolver problemas antigos ou até mesmo de uma forma diferente. Com isso, as autoras propõem três tipos principais de empreendedores, sendo eles:

 Empreendedores empresariais: Aqueles que dão início às atividades de sua própria

empresa, seja ela formal ou não.

 Empreendedores sociais: São os indivíduos que desenvolvem atividades e

organizações sociais que buscam transformar a sociedade onde o mesmo encontra-se inserido. O fim lucrativo desta categoria de empreendedorismo não é motivação para que o mesmo ocorra e se difere das empresas privadas pelos parâmetros cujo desempenho é medido. Nas empresas o lucro é um indicador de resultado, enquanto em tais iniciativas os resultados são medidos pelos benefícios causados à sociedade onde a mesma encontra-se inserida.

 Empreendedor corporativo ou intraempreendedor: Conforme conceito exposto por

esta podendo ser pública ou privada, que possuem atitudes empreendedoras dentro de empresas já estabelecidas.

Os autores Hisrich, Peters e Shepherd (2009) definem o intraempreendedorismo como um meio de estimular e, posteriormente, de aproveitar os indivíduos em uma organização que acham que algo pode ser feito de um modo diferente e melhor. Apesar do foco principal desta pesquisa ser o empreendedorismo empresarial, é importante apresentar os diversos tipos de empreendedorismo, pois esses abrangem o mesmo processo: (1) tomar iniciativa, (2) organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e situações para proveito prático e (3) aceitar o risco ou o fracasso (MARIANO; MAYER, 2014). As três categorias de empreendedores listadas acima, apesar de atuarem em áreas distintas da sociedade e possuírem motivações diferentes, o processo do ato de empreender e a ação empreendedora são semelhantes como mostra a figura abaixo.

Figura 8: O processo empreendedor

Fonte: Adaptado do modelo de Carol Moore, apresentado no artigo “Understanding Entrepreneurial Behavior”, Academy os Management Best Papers Proceeding, Chicago, 1986.

(Apud Mariano e Mayer, 2014, p. 59).

O conceito de processo empreendedor também apresentado por Hisrich, Peters, Sheperd (2009) significa a sucessão de passos para se buscar um novo empreendimento, seja introduzir novos produtos/serviços em mercados existentes, produtos/serviços

existentes em novos mercados e/ou a criação de uma nova organização. Embora as fases expostas na figura 8 “O processo empreendedor” acontece de forma progressiva, nenhuma deve ser tratada de forma isolada, pois uma não obrigatoriamente estará concluída quando a próxima se der início.

A intensificação do empreendedorismo na sociedade atual é um tema discutido por Dornelas (2008) que afirma que não se trata de modismo. O autor relata que o aumento das práticas empreendedoras surgiu como consequência das mudanças tecnológicas das últimas décadas, forçando os empresários a adotarem diferentes paradigmas dos atuais. O autor ainda afirma que estamos passando pela era do empreendedorismo já que os “empreendedores estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distancias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade” (DORNELAS, 2008, p. 6). Complementando esta afirmação Costa, Barros e Carvalho (2011) acreditam que:

Considerando a iniciativa empreendedora como veículo ideal para inovar, aumentar a produtividade e melhorar modelos de negócio, alguns autores arriscam-se a afirmar que estamos vivendo a era do

empreendedorismo, a substituição do homo economicus11 pelo homo

enteprenaurus12 ou testemunhando o alvorecer de um capitalismo empreendedor (p. 182).

Em relação ao empreendedorismo no setor de hospitalidade, Ross e Lashley (2009) relatam que mesmo em economias desenvolvidas em hotéis, bares e restaurantes em sua maioria são pequenas empresas. The nature of hospitality, its cultural meanings

and links to domestic experiences suggest for many would be entrepreneurs that they have the skills needd to offer hospitality. (ROSS, LASHLEY, 2009, p. 169). Os autores

ainda relatam que muitos empreendedores por aceitarem que possuem as habilidades necessárias devido a experiências prévias resolvem empreender em serviços relacionados a hospitalidade.

Após os conceitos acadêmicos terem sido explorados, assim como a importância do empreendedorismo nas sociedades atuais, serão apresentados dados que auxiliam a compreensão do grau de desenvolvimento da atividade empreendedora no Brasil.

11 Pessoa com emprego assalariado (UUSITALO, 1999)

2.1.1 O estudo e monitoramento da atividade empreendedora no Brasil

Para monitoramento da atividade empreendedora e de desenvolvimento das micro e pequenas empresas (MPE), o Brasil conta com o SEBRAE. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) foi criado em 1972 com a missão de promover a competitividade e o desenvolvimento das MPE e estimular o empreendedorismo no país. É uma entidade sem fins lucrativos e parte integrante

do Sistema S13. Sua atuação é com foco no processo de formalização da economia por

meio de parcerias com os setores público e privado, programas de capacitação, feiras e rodadas de negócios, além das atividades de consultoria. O SEBRAE desenvolve um

trabalho de consultoria aos empresários em questões como abertura de empresas,

formação de preços, administração financeira, recursos humanos, entre outros. As soluções desenvolvidas pelo SEBRAE atendem desde o empreendedor que pretende abrir seu negócio até pequenas empresas que já estão consolidadas e buscam um novo posicionamento no mercado (SEBRAE, 2016).

O SEBRAE auxiliou a desenvolver e implantar a Lei Geral das micro e pequenas empresas (lei n 123/2006). Esta foi instituída em 2006 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento e a competitividade das microempresas e empresas de pequeno porte e a redução da informalidade. A lei 123/2006 prevê um regime tributário específico com redução da carga de impostos e simplificação dos processos de cálculo e recolhimento chamado de Simples Nacional. A lei também uniformizou o conceito de micro e pequena empresa ao enquadrá-las com base em sua receita bruta anual além da categoria do microempreendedor individual (MEI).

Microempresa: Sociedade empresária, sociedade simples, a empresa individual de

responsabilidade limitada e o empresário, devidamente registrados nos órgãos competentes que aufira em cada ano calendário, a receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00.

13 Sistema S é o nome pelo qual ficou convencionado de se chamar ao conjunto de onze

instituições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas pela Constituição brasileira . É formado por organizações e instituições referentes ao setor produtivo como indústrias, comércio, agricultura, transporte e cooperativas. As empresas do Sistema S não são públicas,

mas recebem subsídios do governo. Disponível em: <http://

 Empresa de pequeno porte: Sociedade empresária, sociedade simples, empresa individual de responsabilidade limitada, devidamente registrados nos órgãos competentes que aufira em cada ano calendário, a receita bruta anual igual ou superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior é R$ 3.600.000,00

 Microempreendedor individual: Pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza

como pequeno empresário optante pelo Simples Nacional. O microempreendedor pode possuir um único empregado e não pode ser sócio ou titular de outra empresa com faturamento anual igual ou inferior à R$60.000,00.

O estudo e monitoramento do empreendedorismo no Brasil, além do SEBRAE, conta com o GEM (Global Entrepreneurship Monitor). O projeto GEM é uma iniciativa que foi criada no ano de 1999, fruto de uma parceria entre a London Business School localizada no Reino Unido e pela Babson College, situada nos Estados Unidos.

Atualmente, o projeto está presente em mais de 100 países do mundo, e monitora 75% da população mundial e 90% do PIB global (GEM, 2014).

Medir diferenças no nível de atividade empreendedora entre países, identificando os diferentes tipos e fases do empreendedorismo; Descobrir os fatores que determinam em cada país seu nível de atividade empreendedora;

Identificar as políticas públicas que podem favorecer a atividade empreendedora local. (MARIANO; MAYER, 2014, p. 23)

Anualmente, são divulgados estudos com o objetivo de compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico dos países. Por esse motivo, são estudadas tanto as microempresas, podendo estas serem ou não formais, quanto as de alto valor agregado. Importante destacar que o foco do estudo realizado pelo GEM é o papel do indivíduo empreendedor, mais do que o estudo do empreendedorismo em si (GEM, 2014; GEM-Brasil, 2014).

Complementando as definições sobre o termo empreendedorismo já exploradas anteriormente, o GEM define o empreendedorismo como:

“Any attempt at a new business or new venture creation, such as self

-employment, a new business organization, or expansion of an existing business, by an individual, a team of individuals, or an established business14” (GEM, 2014).

14 Tradução da autora: Qualquer tentativa de um novo negócio ou criação de novas empresas,

tais como o empreendedor individual, uma nova organização empresarial, ou a expansão de uma empresa já existente, por um indivíduo, uma equipe de pessoas, ou um negócio estabelecido.

O conceito de empreendedorismo apresentado pelo GEM (2014) foi o adotado para condução desta pesquisa.

2.1.2 Dados sobre o empreendedorismo no Brasil e na região Sudeste

Na década de 90, houve um grande avanço das práticas empreendedoras tanto no Brasil quanto no mundo. Com o avanço e popularização da internet e consequentemente o surgimento de oportunidades de negócios nesta área, houve o despertar do interesse em empreender em tal campo. No caso brasileiro, além da tendência mundial da internet, as empresas mudaram suas políticas de salários e benefícios fazendo com que ser empregado neste modelo já não se mostrava atrativo. Com isso, estudantes e profissionais descontentes começaram a enxergar o empreendedorismo como uma opção real de carreira (ANDREASSI, 2009).

No Brasil, a pesquisa sobre a atividade empreendedora desenvolvida pelo GEM, é conduzida desde 2000 pelo IBPQ (Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade), com apoio financeiro do SEBRAE e apoio acadêmico da FGV (Fundação Getúlio Vargas) (GEM-Brasil, 2014).

Para a análise do empreendedorismo no Brasil e regiões, os dados utilizados são

os divulgados pelo GEM e publicados no Relatório Executivo sobre o

Empreendedorismo no Brasil 2014, disponível em www.sebrae.com.br. A metodologia utilizada consiste em:

 Levantamento domiciliar conduzido junto a uma amostra representativa de

indivíduos da população de 18 a 64 anos do país.

 O período de referência da pesquisa é o ano anterior à coleta de dados. No caso do

GEM 2014, como a pesquisa foi aplicada entre abril e julho de 2014, o período considerado é de maio de 2013 a junho de 2014.

 Em 2014, foram entrevistados 10.000 indivíduos adultos (de 18 a 64 anos),

residentes nas cinco regiões do país (2000 entrevistados em cada uma das regiões), a respeito de suas atitudes, atividades e aspirações individuais. A amostra é representativa da população e seus resultados possuem 95% de confiança, com margem de erro de 1,4% para o país e 2,2% para as regiões (GEM-Brasil, 2014, p. 8).

O relatório divide seus resultados em dois tipos de empreendedores: iniciais (nascentes ou novos) e estabelecidos. Os nascentes são os que se encontram em estágio de estruturação do negócio e ainda não pagaram salários ou pró-labores. Já os novos são os que já obtiveram algum tipo de remuneração por mais de três e menos de quarenta e dois meses. Por fim, os empreendedores estabelecidos são aqueles que já possuem um negócio maduro, ou seja, são aqueles que já efetuaram pagamento de salários, pró-labores ou retirada de lucros por mais de 42 meses.

Segundo o relatório (GEM-Brasil, 2014), o país possui aproximadamente 45 milhões de empreendedores, sendo estes divididos em: 22,9 milhões já estabelecidos, 4,8 milhões nascentes e 18 milhões novos.

Gráfico 1 - Evolução da atividade empreendedora segundo estágio de empreendimento no Brasil 2002:2014

Fonte: GEM Brasil, 2015; p. 9.

Pode-se observar, segundo o gráfico 1 - Evolução da atividade empreendedora segundo estágio de empreendimento no Brasil 2002:2004 - um crescimento de aproximadamente 65% em número de empreendedores totais em 2014 com relação a 2002, o que se faz notar a alteração postural do ambiente empresarial no Brasil. Na região Sudeste, estão localizados 42% do total de empreendedores ou aproximadamente 19 milhões de pessoas. Destas, 10 milhões encontram-se em estágio inicial e 9 milhões já estabelecidos o que mostra que a atividade empreendedora inicial se mantém constante.

Em relação ao gênero, é possível identificar que entre os empreendedores estabelecidos 55% são homens e 45% mulheres. Apesar de haverem mais homens entre os empreendedores estabelecidos, dentre os iniciais, 51% são do sexo feminino e 49% do sexo masculino. O panorama de mais mulheres empreendedoras inicias do que

homens não é acompanhado na região Sudeste, já que 52,6% são homens e 47,4% mulheres. O aumento do número de mulheres empreendedoras em estágio inicial, reflete o movimento da saída da mulher do lar e inserção no mercado de trabalho (GEM, 2014).

De acordo com a tabela 1, - Distribuição (em %) dos empreendedores segundo

características sócio-demográficas no Brasil – 2014, é possível identificar que no Brasil,

34% dos empreendedores iniciais estão na faixa etária de 25-34 anos, enquanto a idade do grupo já estabelecido varia de 30 a 44 anos. Este dado mostra que atualmente o jovem é que demonstra maior interesse em empreender. Uma observação importante é que em média 58% dos integrantes dos dois grupos estudados (empreendedores iniciais e estabelecidos), a faixa de renda dos empreendedores é de até 3 salários mínimos. Tal fenômeno pode ser explicado devido ao fato do “crescimento recente da economia brasileira, com o aumento do poder aquisitivo das populações de menor renda ampliando o mercado e gerando novas oportunidades” (GEM-SUDESTEBR, 2015, p. 24). Conforme já mencionado anteriormente, o surgimento da nova classe média brasileira foi um dos fatores que impulsionaram o empreendedorismo durante os anos 2000.

Tabela 1 - Distribuição (em %) dos empreendedores segundo características

sócio-demográficas no Brasil - 201411

Fonte: GEM Brasil, 2014, p. 12

Sobre as características dos empreendimentos, nota-se que apesar do aumento do

No documento UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CINDY SINIGOI (páginas 35-49)

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