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4. CONFIGURAÇÃO DE PODER NO BANCO DO BRASIL

4.1. A EMPRESA

O Banco do Brasil (BB) é definido em seu estatuto com sendo uma “pessoa jurídica de direito privado, sociedade anônima aberta, de economia mista, organiza- do sob a forma de banco múltiplo” (BANCO DO BRASIL, 2006c).

Fundado por D. João VI em 1808, o Banco do Brasil foi o primeiro banco a operar no país e passou, ao longo do tempo, por diversas modificações em sua es- trutura. Liquidado por lei em 1833, findo o prazo de sua duração estatutária, o Banco do Brasil surgiria novamente em 1851, como banco privado, de propriedade de Iri- neu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Em 1853, sob a liderança do Visconde de Itaboraí, o Banco do Brasil funde-se ao Banco Comercial do Rio de Janeiro e rea- liza, no ano seguinte, seu primeiro concurso público para provimento do cargo de escriturário (BANCO DO BRASIL, 2006a).

O Banco do Brasil funcionou como empresa privada até 1905 quando foi na- cionalizado pelo Governo Federal e ajudou a construir momentos marcantes da his- tória econômica do Brasil como a criação da Carteira de Crédito Agrícola e Industri- al, em 1936, que ajudou a consolidar as políticas de crédito agrícola e industrial do governo; a criação da SUMOC, Superintendência da Moeda e do Crédito, em 1945, embrião do que é hoje o Banco Central; e a criação da CACEX, Carteira de Comér- cio Exterior, em 1953, para estimular a exportação, dentre outras.10

Mesmo antes de sua nacionalização em 1905, o Banco do Brasil sempre atu- ou como braço financeiro do governo. Após a nacionalização, ele atuou, também, como Banco Central até a criação do BACEN - Banco Central do Brasil em 31.12.1964 e mesmo após a criação deste, o BB continuou exercendo o papel de autoridade monetária até a extinção, em 1986, da conta movimento, mantida pelo BACEN, e que assegurava ao BB “suprimento automático de recursos para as ope- rações permitidas aos demais intermediários financeiros” (BANCO DO BRASIL, 2006b).

10 Para maiores informações sobre os fatos mais marcantes da história do Banco do Brasil, veja a linha do tempo no anexo 1 ou acesse www.bb.com.br.

A perda da conta movimento foi uma das principais mudanças da história re- cente do Banco do Brasil. Ao mesmo tempo em que perdia a prerrogativa de suprir- se automaticamente de recursos ele perdia, também, seu assento no CMN – Conse- lho Monetário Nacional, isto é, perdia o status de autoridade monetária.

Em contrapartida, o Governo Federal o autorizou a atuar em todos os demais segmentos de mercado, antes explorados exclusivamente pelos bancos privados, não apenas como forma de compensar a grande perda de poder do banco mas, também, a fim de viabilizá-lo de forma autônoma.

Naquele mesmo ano, o banco criou sua primeira subsidiária integral, a BB- DTVM – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A., iniciando, assim a sua transformação num banco múltiplo.

Grandes desafios teriam que ser vencidos. Era preciso reposicionar a empre- sa no mercado e, para tanto, era preciso modernizá-la para torná-la lucrativa. A mo- dernização implicava na criação de novas subsidiárias que dariam suporte aos no- vos negócios da empresa; na revitalização de sua cesta de produtos e serviços; e no aporte de novas tecnologias nas agências.

Em 1987 o banco criou mais quatro subsidiárias integrais que se juntariam à BB-DTVM: BB Financeira S.A; BB Leasing S.A.; BB Corretora de Seguros e Admi- nistradora de Bens S.A. e BB Administradora de Cartões de Crédito S.A.; e ampliou a sua cesta de produtos com a inclusão de fundos de investimentos, caderneta de poupança, seguros de diversos ramos e cartões de crédito (BANCO DO BRASIL, 2006b). No ano seguinte, 1988, iniciou um tímido programa de informatização fa- zendo chegar os primeiros microcomputadores às agências, na proporção de um equipamento por agência.

Em 1994, com a implantação do Plano de Estabilização Econômica – e a con- seqüente perda das receitas decorrentes do floating – e a abertura do mercado ban- cário brasileiro aos bancos internacionais, o banco teve que implantar um forte pro- grama de ajustes a fim de se adequar à nova realidade do mercado.

O programa de ajustes foi fortemente focado em três pilares: agressivo aporte de novas tecnologias dentro e fora das agências; ajuste do quadro de pessoal; e ter- ceirização das atividades consideradas não bancárias.

Como resultado, o banco obteve impressionantes marcas no período 1995- 2006, a saber: crescimento de 1.442,63% na quantidade de terminais de auto- atendimento; crescimento de 11.230,00% na capacidade de processamento em ma-

inframe; crescimento de 16.525,00% na capacidade de armazenamento11; e redução

de 12,78% no quadro de pessoal12, 13 (BANCO DO BRASIL, 1998, 1999, 2006,

2007).

Atualmente o banco está estruturado com sete vice-presidências e vinte e du- as diretorias (Anexo 2) e conta com 82.672 funcionários. Sua rede de dependências no país é composta por 3.900 agências e um total de 15.113 pontos de atendimento. No exterior, a rede conta com 16 agências, 10 subagências, 10 unidades de negócio e escritórios de representação e 5 subsidiárias distribuídas em 22 países (BANCO DO BRASIL, 2007).

No mercado brasileiro o Banco do Brasil é líder na carteira de ativos, com R$ 296,35 bilhões; na carteira de crédito, com R$ 113,85 bilhões; na administração de recursos de terceiros, com 182,68 bilhões e um market share de 19,11%; no volume de depósitos totais, com R$ 158,84 bilhões; na base de clientes, com 24,37 milhões de correntistas; no número de terminais de auto-atendimento, com 39,661 máquinas; no mercado de câmbio destinado à exportação, com market share de 26,5%; e na quantidade de clientes habilitados a utilizar o internet banking e mobile banking, com 8,2 milhões de clientes habilitados (BANCO DO BRASIL, 2007).

11 Dados referentes a recursos tecnológicos disponíveis apenas a partir de 1995.

12 A maior redução no quadro de pessoal ocorreu no período de 1994-1999, quando o índice chegou a 41,88%, caindo de 119,4 mil funcionários em 1994 para apenas 69,4 mil funcionários em 1999. Considerando-se o período compreendido 1994-2006, verifica-se que a redução no quadro de pesso- al atingiu 36,8%. O crescimento de 19,02% verificado no quadro de funcionários do banco no período de 1999-2006 pode ser creditado à evolução dos negócios do banco no período: 124,50% de cresci- mento na base de clientes; 134,35% de crescimento nos ativos totais; 188,97% nas operações de crédito; 445,37% em fundos de investimentos; 111,22% na rede (agências + postos), etc. (BANCO DO BRASIL, 1999, 2006, 2007)

13 Embora o Banco tenha um forte programa de terceirização em andamento, seus dados ainda não foram divulgados. Sabe-se, por informações internas, que o programa abrange atividades de teleco- municações, assessoria jurídica, processamento de cartões, atividades de help desk, recebimentos diversos (água, luz, telefone, títulos e carnês), abastecimento de numerário nas máquinas de auto- atendimento, processamento de depósitos feitos no auto-atendimento e, mais recentemente, venda de produtos (convênio já firmado com alguns correspondentes bancários para venda de títulos de capitalização e estudos sendo desenvolvidos para abranger, também, produtos da área de segurida- de, previdência privada e crédito).

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