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1 INTRODUÇÃO

2.1 EMPRESAS USUÁRIAS E FORNECEDORAS DE CONHECIMENTO

2.1.2 Empresas KIBS

A sofisticação e a especialização dos processos dentro das empresas criam demandas por serviços de suporte em diversas áreas de conhecimento, uma vez que as empresas, em geral, tendem a desenvolver competências específicas e percorrem a contratar serviços especializados na parte das atividades que não pertencem ao seu core business. Isso faz referência ao processo de tomada de decisão de “fazer em casa” ou “comprar fora”. Desta maneira, a procura espontânea por serviços baseados em conhecimento cria uma oportunidade para empresas fornecedoras de serviços, onde o leque de possibilidades de oferta de serviços é muito grande.

Dentro desse grupo de empresas prestadoras de serviços, está posicionado o segmento das KIBS. Na definição de Toivonen (2004):

“Knowledge-Intensive Based Services (KIBS) são empresas especializadas que prestam serviços a outras empresas e organizações. Serviços de TI, serviços de P&D, consultoria técnica, consultoria jurídica, consultoria financeira, consultoria gerencial e marketing são típicas indústrias KIBS.” Outra definição indica que são “[...] empresas intermediárias especializadas na seleção, apreciação e avaliação de conhecimento, e comercialização de serviços de consultoria profissional.” (CONSOLI; ELCHE-HORTELANO, 2010). Em ambos os casos, do mesmo modo que no caso das KIF, a ênfase dessas empresas se encontra nas pessoas e nas habilidades e competências que elas podem utilizar e desenvolver por meio dos processos de trabalho e retrabalho.

A importância das KIBS está no esquema de inovação que elas fornecem para as empresas clientes (MILES, KASTRINOS; 1995), uma vez que se integram ativamente no Sistema Nacional de Inovação9 (Figura 2.2) (OECD, 2006). Ou seja, as KIBS têm o papel de “integradoras”, por meio da interação com entidades privadas e públicas (incluindo universidades), e produzem conhecimento que ajuda a inovar processos e produtos. Segundo (MILES, 2003), o papel das KIBS nessa integração possui três faces: a) facilitador da inovação dando suporte à organização durante o processo que antecede a geração de uma inovação; b) transportador de inovação, transferindo conhecimento existente e inovações entre organizações, indústrias e redes, ou dentro da organização – de maneira que, esse conhecimento, possa ser aplicado em um novo contexto e c) fonte de inovação, desempenhando o papel principal em iniciar e desenvolver inovação dentro das organizações clientes. Um caso particular de KIBS é ilustrado na Figura 2.2: as Organizações de Pesquisa Tecnológica10 (OPT).

As OPT são um tipo de organização que vincula investimentos públicos e privados para solucionar problemas de origem tecnológica, provenientes dos setores público e privado. As OPT surgiram a partir do impulso de políticas econômicas de incentivo à inovação em países mais industrializados, no intuito de gerar transferência de conhecimento e tecnologia a partir dos centros tecnológicos vinculados ao governo. No ensaio de Hales (2001), conclui-se que as OPT se diferenciam organizacionalmente das KIBS, principalmente porque não possuem fins meramente comerciais, mas procuram, adicionalmente, gerar publicações científicas. Entretanto, excetuando-se este aspecto, as OPT poderiam ser compreendidas como KIBS. As KIBS aparecem em muitas áreas do desenvolvimento empresarial e servem como eixos de captação de experiência e reciclagem de conhecimento, assim como ajudam – direta e indiretamente — no desenvolvimento de novos processos e produtos. Nesse sentido, as KIBS podem ser consideradas como “solucionadoras de

9 Sistema Nacional de Inovação (SNI) faz referência a integração do governo, universidade e

empresa ou hélice tripla, tendo como objetivo gerar inovação.

10 Ou simplesmente OPT ou RTO, por suas siglas em inglês (Research and Technology Organizations). Para um aprofundamento maior sobre esse conceito confira o reporte de Mike Hales

problemas” (MILES, 2003) que as próprias empresas criaram e que não conseguem resolver por meio de mecanismos tradicionais ou pelo uso de conhecimento e experiência existentes em seu âmbito empresarial.

Figura 2.2 – KIBS dentro do Sistema Nacional de Inovação Fonte: (OECD, 2006 p. 33)

AS KIBS, no trabalho pioneiro de Miles et al. (1995) – que atuam como solucionadoras de problemas – começam a ser diferenciadas entre P-KIBS e T-KIBS (Cf. ANEXO A) de acordo com a expertise necessária para resolvê-los. O primeiro grupo (P-KIBS) pertence aos serviços profissionais tradicionais – quando propensos a utilizar ou gerar tecnologias novas — visando a atender sistemas complexos tradicionais. As T-KIBS são um grupo de empresas que fornecem serviços baseados

Intra-firma Estoques Fluxos Sistema Nacional de Inovação Instituições de Educação Superior KIBS KIBS KIBS Organizações de Pesquisa e Tecnologia KIBS KIBS Intra-firma Instituições de transição Políticas Inter-firma KIBS KIBS Base de conhecimento científico internacional e nacional Capacidade de transferência Capacidade Absortiva Base de conhecimento tecnológico das empresas Competitividade das empresas Inovação em produto e processo, maior valor agregado, eficiência incrementada

em paradigmas nascidos das demandas modernas; produto do avanço da tecnologia e da rapidez das mudanças no ambiente.

Assim, as KIBS, especialmente as T-KIBS, são reconhecidas pelas seguintes características (MILES; et al., 1995):

 Dependem fortemente do conhecimento profissional. Assim, as suas estruturas de emprego são fortemente ponderadas para cientistas, engenheiros e especialistas de todos os tipos. Muitos são os profissionais de tecnologia e mudança técnica, independentemente de sua especialização tecnológica ou profissional, que também tende a ser o principal usuário da TI para apoiar suas atividades;

 Fornecem produtos que são, por si próprios, principais fontes de informação e conhecimento para seus usuários (ex.: medições, relatórios, treinamento, consultoria);

 Usam seu conhecimento para produzir serviços que são insumos intermediários para que seus clientes gerem seus próprios conhecimentos e atividades de processamento de informação (ex.: comunicação e serviços de informática). Logo, essas atividades podem servir para uso interno ou para objetivar usuários externos;

 Possuem outras empresas como seus principais clientes, incluindo serviços públicos e trabalhadores independentes.