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Empresas públicas

No documento O patrocínio da CEF a clubes de futebol (páginas 41-44)

3 NOÇÕES GERAIS SOBRE A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

3.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

3.2.4 Empresas públicas

As empresas públicas, como dantes mencionado, são entes da administração indireta e pertencentes ao gênero das empresas estatais. Definem-se, na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello (2007, p. 179, grifo do autor), como:

[...] a pessoa jurídica criada por força de autorização legal como instrumento de ação do Estado, dotada de personalidade de Direito Privado, mas submetida a certas regras especiais decorrentes de ser coadjuvante da ação governamental, constituída sob quaisquer das formas admitidas em Direito e cujo capital seja formado unicamente por recursos de pessoas de

Direito Público interno ou de pessoas de suas Administrações indiretas, com predominância acionária residente na esfera federal.

Como articulado no conceito acima, a criação da empresa pública exige lei específica autorizadora. Ao contrário da autarquia, criada diretamente pela lei, as empresas estatais e suas subsidiárias têm somente sua autorização dada por lei, ficando ao encargo Executivo tomar as providências necessárias para a instituição, quais sejam, a inscrição no competente Registro Público de Pessoas Jurídicas. (MEIRELLES, 2012). Contudo, a lei autorizadora nem sempre é a gênese das empresas estatais, conforme alerta Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2012, p. 504):

Nem sempre a entidade surge, originariamente, da lei, podendo resultar da transformação de órgãos públicos ou de autarquias em empresas, ou da desapropriação de ações de sociedade privada, ou ainda da subscrição de ações de uma sociedade anônima já constituída por capital particular. O importante é que da lei resulte a clara intenção do Estado de fazer da entidade instrumento de sua ação.

Exemplo circunstancial do disposto acima é a Caixa Econômica Federal, criada como autarquia federal, hoje se transformou em empresa pública. (GASPARINI, 2012).

Diferentemente da sociedade de economia mista, que por força de lei deve ser instituída na forma de sociedade anônima, à empresa pública é facultado o benefício de constituir-se sob qualquer das formas admitidas em direito. (DI PIETRO, 2012).

Todavia, a característica definidora da empresa pública, e que a diferencia inarredavelmente da sociedade de economia mista é seu capital, constituído exclusivamente por recursos públicos, de uma ou de várias entidades. Sendo empresa estatal, sua personalidade é de Direito Privado e suas atividades se norteiam pelos preceitos comerciais. Subdividem-se em dois grupos, as prestadoras de serviço e as exploradoras de atividade econômica, estando a criação da última legitimada somente em caso imperativo de segurança nacional ou de relevante interesse coletivo, na forma do artigo 173, § 1º, da Constituição Federal. (MEIRELLES, 2012). No entanto, adverte-se que o regime de Direito Privado reservado às empresas estatais não possui caráter absoluto, como explana Celso Antônio Bandeira de Mello (2007, p. 186, grifo do autor):

Empresas públicas e sociedades de economia mista são, fundamentalmente e acima de tudo, instrumentos de ação do Estado. O traço essencial caracterizador destas pessoas é o de se constituírem em

auxiliares do Poder Público; logo, são entidades voltadas, por definição, à

busca de interesses transcendentes aos meramente privados.

Mello (2007) vai ainda mais longe ao asseverar que a própria definição de empresa pública “exploradora de atividade econômica” é errônea, vez que até estas se valem da atividade privada para a consecução de um desiderato de relevância para a coletividade. Di Pietro (2012, p. 506) afirma que “embora elas tenham personalidade dessa natureza, o regime jurídico é híbrido, porque o direito privado é parcialmente derrogado pelo direito público.”

Diante disso, a empresa pública coloca-se na área de transição entre as ferramentas de ação administrativa do Poder Público e as entidades privadas de fins industriais ou comerciais. Submete-se ao controle exercido pelo Estado, tanto administrativa quanto politicamente, uma vez que seu patrimônio, sua direção e sua

finalidade são estatais. As atividades e prerrogativas da iniciativa privada são apenas um meio para atingir seus fins de interesse coletivo. (MEIRELLES, 2012).

O controle sobre a atuação das empresas públicas se realiza no campo administrativo, pelo Ministério ao qual se vinculam, e financeiro, pelo competente Tribunal de Contas, conforme preconizado no artigo 26 do Decreto-Lei 200/67. (GASPARINI, 2012). Esta supervisão não tem como objetivo engessar a atividade das empresas públicas, mas tão somente: “assegurar a realização dos objetivos básicos em vista dos quais foi constituída a entidade, promover a harmonização de seu comportamento com a política e a programação do Governo no setor em que atua, promover a eficiência administrativa e garantir sua autonomia administrativa, financeira e operacional.” (MELLO, 2012, p. 200).

Conforme já mencionado, as empresas estatais regem-se pelo regime de Direito Privado, na forma do artigo 173, § 1º, II da Constituição Federal. Disso decorre que o regime de pessoal adotado deve ser o celetista, com entrada nos quadros profissionais por meio de concurso público de provas e títulos, no entanto, a necessidade de concurso público não gera nenhum benefício além dos estabelecidos na Consolidação das Leis do Trabalho, conforme ensina Diogenes Gasparini (2012, p. 497-498):

Observe-se que o concurso, não obstante sua necessidade para legitimar o ingresso do servidor nessas carreiras, em princípio, não atribui ao admitido direito algum que não esteja previsto no regime celetista. De sorte que, ainda que, permaneçam vinculados à empresa por muito tempo, não adquirem estabilidade, assim como não adquirem efetividade mesmo que ocupantes de cargo, emprego ou função integrante de plano de carreira.

Por fim, anote-se que, em virtude do regime jurídico ao qual se submete a empresa pública teria, sob crua intelecção, a liberdade de alienar, onerar ou penhorar seus bens conforme suas necessidades. No entanto, dadas as características singulares já elencadas, o princípio da continuidade veda a alienação e oneração dos bens necessários à realização do serviço público que serve de finalidade à empresa pública, bem como os torna impenhoráveis. (MEIRELLES, 2012).

Frente ao fechamento da explanação sobre organização administrativa, realiza-se, arvorado nos preceitos ora estudados, análise sobre a instituição objeto deste trabalho.

No documento O patrocínio da CEF a clubes de futebol (páginas 41-44)

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