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100 enquadram no que determinamos como marcadores principais, não sendo, portanto,

analisados nesta dissertação.”

Na construção do curso, foi necessário, segundo Brockington (2005, p.162) fazer desvios cronológicos, pois “nosso compromisso era com os marcadores. Os outros

saberes e atividades são inseridos de forma que possam fazer sentido dentro da nova estrutura gerada, mesmo que estes não estejam historicamente conectados na ordem por nós exposta.” No entanto o autor justifica que tais desvios podem ser úteis no ensino de

ciência desde que seja salientado no início que se trata de uma reconstrução.

3.3.3- Proposta: Nuclear

Souza (2005) elabora uma proposta de inserção da FMC no EM. Sua dissertação tem como objetivo fornecer elementos para a inserção da educação ambiental pautada na concepção de meio ambiente globalizante, utilizando como eixo temático a poluição

nuclear. Além de buscar uma abordagem interdisciplinar, propõe que "o tratamento da poluição nuclear ocorra de tal modo, que permita a análise dos seus desdobramentos científicos, tecnológicos, ambientais, econômicos e sóciopolíticos." Souza (2005, p.52).

Em relação à escolha do tema poluição nuclear o autor (2005, p.54) justifica que essa opção "...teve como base a possibilidade do mesmo favorecer situações que

contemplem uma aprendizagem mais ampla, ou seja, que contemple a discussão das dimensões científica, tecnológica e social."

Destaca, também, outros aspectos que contribuíram para a definição do tema como a relevância da temática nuclear no contexto geopolítico e geoeconômico mundial, suas aplicações pacíficas e bélicas, a necessidade de inclusão da temática nuclear na

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educação ambiental, tendo em vista os problemas decorrentes dos resíduos radioativos, a importância da discussão e aquisição pelos estudantes de uma postura crítica.

Segundo o autor, sua maior motivação na realização desse trabalho está em concordância com o que ressalta Lopes (1978):

[...] se cientistas e educadores não podem transformar sozinhos o mundo, podem pelo menos - principalmente no terceiro mundo contribuir para uma análise da situação existente em seus países e tentar entender a significação social do trabalho científico e de seu posicionamento político. (LOPES apud SOUZA, 1978, p.231).

Em relação à organização curricular, Souza (2005, p.205) organiza os "tópicos programáticos" em quatro "planos" com objetivos distintos. E ressalta "que a ordem dos

citados planos não implica na obrigatoriedade de um seqüênciamento linear de tais tópicos"

O primeiro plano busca a compreensão da estrutura da matéria, da estabilidade nuclear, dos decaimentos radioativos nos aspectos fenomenológico e cinético e apresenta dois tópicos:

1. ESTRUTURA DA MATÉRIA E ESTABILIDADE NUCLEAR: Aborda aspectos conceituais sobre as partículas atômicas, partículas subatômicas, forças nucleares, modelos nucleares, relação nêutrons/prótons e da medida da estabilidade nuclear.

2. DECAIMENTOS RADIOATIVOS E CINÉTICA DO DECAIMENTO RADIOATIVO: Aborda aspectos conceituais qualitativos e quantitativos sobre os decaimentos radioativos naturais e artificiais, fissão e fusão nuclear, equações integrada e exponencial da lei cinética do decaimento radioativo, constante radioativa, tempo de meia-vida, vida média e unidades de radioatividade.

No segundo plano busca-se o entendimento da interação da radiação com a matéria e os efeitos das radiações e inclui apenas um tópico:

3. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA E EFEITOS DA RADIAÇÃO: Aborda aspectos conceituais qualitativos e quantitativos sobre as interações alfa, beta, pósitron e gama, equações integrada e exponencial sobre a interação da radiação com a matéria, meia espessura e unidades de exposição e dose absorvida. E também aspectos

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qualitativos sobre os efeitos térmicos, luminosos, elétricos, químicos e biológicos nos aspectos somáticos e genéticos provocados por radiações.

O terceiro plano destinado à compreensão das aplicações das reações nucleares e modos de geração de resíduos radioativos, inclui dois tópicos:

4. APLICAÇÕES DAS REAÇÕES NUCLEARES: Aborda aspectos conceituais sobre as aplicações das reações nucleares na arqueologia, geologia, medicina, química, agricultura, indústria, geração de energia por fissão nuclear, e armas nucleares.

5. POLUIÇÃO NUCLEAR: abordando aspectos conceituais sobre as fontes de poluentes radioativos, os tipos de rejeitos radioativos, os efeitos ambientais associados a tais rejeitos, os procedimentos para descarte dos rejeitos radioativos em termos de tratamento e armazenagem.

E o quarto plano se destina às questões históricas e geográficas inerentes ao desenvolvimento, incluindo três tópicos:

6. ASPECTOS HISTÓRICOS, GEOPOLÍTICOS e AMBIENTAIS DAS ARMAS NUCLEARES: Aborda aspectos históricos e geopolíticos sobre a evolução histórica desde das primeiras descobertas sobre radioatividade até a realização da primeira reação em cadeia; da criação e evolução do projeto Manhatan; dos eventos de Hiroxima e Nagasaki; da corrida armamentista e a guerra fria; dos testes nucleares e a proliferação dos arsenais nucleares; da possibilidade da terceira guerra mundial e do inverno nuclear; dos tratado de redução e não proliferação de armas nucleares; dos riscos do terrorismo com armas de destruição em massa de natureza radioativa e nuclear; dos custos econômicos e conseqüências ambientais na desativação de armas nucleares; bem como das posturas da comunidade científica frente às armas nucleares.

7. ASPECTOS HISTÓRICOS, GEOPOLÍTICOS E AMBIENTAIS DO USO PACÍFICO DA ENERGIA NUCLEAR: Aborda aspectos históricos, geopolíticos e ambientais sobre a evolução do uso da energia nuclear; dos principais acidentes radioativos e nucleares; dos marcos históricos de Three Mile Island, Chernobyl e Goiânia; do atual panorama econômico e político para o uso da energia nuclear; dos custos econômicos e das conseqüências ambientais do tratamento e armazenamento de resíduos radioativos e na desativação de usinas nucleares.

8. ASPECTOS HISTÓRICOS, GEOPOLÍTICOS E AMBIENTAIS DO PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO (PNB): Aborda aspectos históricos, geopolíticos e ambientais sobre os primórdios do PNB (décadas de cinqüenta e sessenta); do acordo de Angra I; do acordo Brasil - Alemanha; do programa nuclear na década de noventa; do programa nuclear paralelo; da postura da comunidade científica nacional frente ao PNB; do atual panorama do PNB; dos custos econômicos e possíveis conseqüências ambientais da continuidade e expansão do PNB.

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