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Enquadramento do turismo de negócios e Meetings Industry – Estratégia nacional

Capítulo III. O turismo de negócios e o segmento Meetings Industry

3.6. Enquadramento do turismo de negócios e Meetings Industry – Estratégia nacional

O turismo de negócios é um dos 10 produtos a desenvolver. Portugal, segundo dados da ICCA de 2014, em particular Lisboa, mantém uma posição de destaque nas reuniões internacionais de carácter associativo (15º destino mundial e 12º destino da Europa, respetivamente, como já referido). Portugal caiu no ano de 2014 para 36º lugar no ranking global de competitividade (WEF, 2014).

A estratégia de desenvolvimento deste produto tem por objeto os mercados externos e parte da necessidade de concentração de esforços, evitando a dispersão de ações de reduzido impacto, seja para os produtos já consolidados, seja para os que estão em desenvolvimento, para os complementares e para os emergentes (in Portugal Global, 2014).

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César Gonçalves, partner do setor do turismo da PWC Portugal afirma que o turismo, vem sendo referido pelos sucessivos governos como uma atividade e um setor estratégico para a economia nacional.

Segundo a PWC (2014), o turismo tem-se mostrado ao longo dos anos: a) estratégico para o emprego, não só por contribuir para empregar um conjunto significativo da população (8% do emprego), mas por, igualmente, permitir, pela natureza e diversidade das suas atividades, a reconversão e requalificação de profissionais migrantes de outros setores; b) Estratégico para a Economia, não só pela contribuição relevante em termos de PIB (cerca de 10%), mas também por se apresentar como um dos setores que mais contribui para as exportações (cerca de 14%) e para a BCP, sendo o maior exportador de serviços (cerca de 46% das exportações de serviços); c) Estratégico para o ambiente e para a sociedade, pois, se adequadamente regulado, poderá constituir-se como um elemento fulcral na proteção do meio ambiente e na valorização do património cultural e seu financiamento. Segundo um estudo de avaliação realizado pelo Intercampus (2013) sobre a satisfação dos turistas que visitam Portugal, concluiu-se que 92% dos turistas estão satisfeitos de uma forma global com as suas férias em Portugal, sendo que 42% referem que as férias ficaram acima das expetativas e 91% revela que de certeza voltará e/ou provavelmente voltará a Portugal nos próximos 3 anos. Os turistas provenientes do Brasil são os que registam níveis de satisfação mais elevados. São, no entanto, os turistas do Reino Unido a revelar uma maior probabilidade de regressar a Portugal. A Oferta Natural e Cultural volta a destacar-se como “ponto forte” de Portugal. De facto, as paisagens, as praias e a gastronomia e vinhos são os pontos de contato que registam os níveis de satisfação mais elevados. A Qualidade dos serviços é outra área a destacar (Intercampus, 2013).

Segundo o PENT (2012), Portugal tem muito potencial para consolidar o TN, pois além de dispor de condições favoráveis, dispõe de variadíssimos fatores e recursos distintos, potenciadores de desenvolvimento e crescimento futuro. É necessário dar continuidade à linha de desenvolvimento que Portugal traçou nos últimos anos e apostar em conquistar quotas relevantes nos mercados onde já capta um nível significativo de turistas, mas cuja quota nesses mercados poderá ainda ser melhorada.

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Sabemos que em Portugal não é possível ter 12 meses de época alta, no entanto, através de ofertas complementares, poder-se-á mitigar a sazonalidade, alongando os períodos de época média/alta. Para promover estas soluções complementares, as empresas do setor devem dotar-se de uma estratégia de inovação bem estruturada e planeada, de forma a estarem alinhadas com a estratégia de negócio – com recurso a boas práticas e modelos operacionais eficazes. Portugal necessita melhorar a eficácia do marketing e do targeting e as políticas de contratação e formação das equipas que recebem os turistas, pois é necessário melhorar a experiência do cliente, oferecendo produtos e serviços de forma mais inovadora. Desta forma, será inevitável disciplinar a gestão das redes sociais e de conteúdos online, tendo em conta que estas são ferramentas essenciais para o aumento da competitividade (PWC, 2014).

Desenvolver o TN qualificando infraestruturas e estruturas de suporte, no reforço da captação pró-ativa de eventos e no desenvolvimento criativo de ofertas que contribuam para proporcionar experiências memoráveis aos participantes.

Tendo em conta que a maior parte do turismo internacional é de proximidade, Portugal deverá apostar na atratividade do mercado europeu que, em média, dista 3 horas e que apresenta melhores perspetivas de crescimento para o futuro. Os principais mercados emissores de TN a nível europeu são, no mercado corporativo, o Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Benelux e Escandinávia, igualmente importantes para o desenvolvimento do produto em Portugal. Fora da Europa, o mercado dos EUA assume importância estratégica para o desenvolvimento do produto, a par do Brasil (PWC, 2014).

Sendo Praga, Amesterdão e Dublin algumas das cidades concorrentes de Lisboa, foram identificados os seguintes fatores de competitividade de Portugal para este produto:

 Clima ameno e hospitalidade;

 Segurança;

 Infraestruturas modernas e serviços de qualidade;

 Flexibilidade dos profissionais;

 Capacidade de organização de grandes eventos com reconhecimento muito favorável junto dos participantes e dos media internacionais;

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 Boa relação qualidade/preço;

 Boa localização do aeroporto da cidade;

 Diversidade e variedade de opções de visitação a curta distância;

 Reconhecimento e projeção internacional de Lisboa como destino de Turismo de Negócios (Associação de Turismo de Lisboa, 2010).

No entanto, tão atraente quanto os retornos financeiros são as reuniões de negócios, estas são muitas vezes superadas pela mais ampla comunidade e pelos benefícios do desenvolvimento económico. Reuniões e convenções existem essencialmente para fins de negócios, profissionais e para o desenvolvimento científico, bem como para a partilha de conhecimento e experiência – por isso, não é surpreendente que tanto os próprios acontecimentos e as pessoas que as frequentam tenham muito a oferecer para a comunidade de acolhimento.

De uma perspetiva de desenvolvimento económico, as reuniões e as convenções atraem pessoas que são muito mais propensas a ser aquelas que decidem os negócios - e isso pode gerar não só as perspetivas de negócios locais mas o comércio e algum potencial de investimento também. Os eventos, agem como mostra de produtos e serviços locais, porque irão começar a exposição durante o curso dos eventos e das atividades sociais, educacionais e de entretenimento relacionados com o que os envolve.

Mas há um benefício ainda maior para a comunidade de acolhimento. Os eventos em qualquer área - especialmente grandes eventos nacionais ou internacionais - muitas vezes atraem literalmente a melhor experiência do mundo, o que significa o acesso local a um alto nível de transferência de conhecimentos e exposição internacional para os profissionais locais. Em áreas como a Medicina, que podem ter enormes implicações com a forma como as competências locais se desenvolvem, pode gerar, por sua vez, grandes benefícios para a qualidade do serviço na comunidade.

Todos esses fatores se unem para criar um retorno muito forte e diversificado num investimento no setor de eventos de negócios - e isso é exatamente o que muitos governos procuram hoje, ou seja, construir uma economia local mais robusta em face dos persistentes desafios financeiros globais.

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