• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III- O Percurso Curricular em Portugal

3.5. Enquadramento Legislativo

O currículo surge como um plano de ação que passa pela definição do quadro geral de desenvolvimento dos projetos de âmbito educativo, na medida em que se encontra inscrito numa dimensão pedagógica que, por sua vez, tem por base alguns dos princípios enunciados na Lei de Bases do Sistema Educativo (Decreto-Lei nº 46/86, de 14 de outubro).

Segundo Alves (2004), esta teve origem na década de oitenta, com a reforma do Sistema Educativo através da aprovação do Decreto-Lei nº 46/86, de 14 de outubro- Lei de

Bases do Sistema Educativo- fixando um quadro de mudanças significativas ao nível do sistema de ensino em Portugal e, ainda o início da expansão dos estudos curriculares, nomeadamente, a obrigatoriedade, gratuitidade e universalidade do ensino básico com a duração de nove anos, delineando o grupo etário abrangido, os objetivos e a sua organização.

Deste modo, o currículo nacional assume-se como um aglomerado de aprendizagens e competências que, por sua vez, integram os conhecimentos e capacidades, as atitudes e os valores, a serem desenvolvidos por parte dos alunos ao longo do seu percurso, particularmente no Ensino Básico, sempre em concordância com os objetivos consagrados na Lei supracitada.

Partindo deste pressuposto, surgiu ao longo dos anos algumas legislações relevantes no que concerne à (re)definição do currículo em Portugal.

Deste modo, para dar resposta às dificuldades existentes no Sistema Educativo, assim como na organização curricular correspondente, surgiu o Decreto-lei nº 286/89, de 29 de agosto, como uma tentativa de harmonizar o currículo respetivo ao Ensino Básico previsto na alínea e) do nº1 do artigo 59º da Lei de Bases do Sistema Educativo. Neste sentido, surgiu o Despacho 22/SEEI/96, de 19 de junho que definiu o enquadramento legal para os currículos alternativos, por forma a combater o insucesso escolar e a exclusão social.

Posteriormente, como medida de promoção de mudanças graduais ao nível das práticas de gestão curricular com vista a proporcionar melhorias ao nível da eficácia da resposta educativa face aos problemas apresentados pelos diversos contextos escolares surgiu o projeto

de gestão flexível do currículo. Este projeto foi regulamentado pelo Despacho nº 4848/97 (2ª série), de 30 de julho e enquadrado no âmbito do regime da autonomia, administração e gestão das escolas aprovado, por sua vez, pelo Decreto-Lei nº 115-A /98, de 4 de maio.

Nesta perspetiva e até à atualidade a reestruturação mais relevante ao nível do currículo diz respeito ao Decreto-lei nº 6/2001, de 18 de janeiro, na medida em que expressa a necessidade de se edificar e operacionalizar o projeto educativo, salienta a importância deste último tanto na organização como na gestão do próprio currículo no que se refere ao Ensino Básico e, ainda em todo o processo referente ao desenvolvimento do currículo nacional.

Este decreto foi adaptado à Região Autónoma da Madeira, de acordo com as suas especificações particulares, através do Decreto Legislativo Regional nº 26/2001/M, de 25 de agosto e tem por base alguns princípios, nomeadamente, uma conceção mais flexível de currículo e das práticas de gestão curricular, um currículo de âmbito nacional assente em

competências e experiências educativas, um modelo integrado de currículo e avaliação, um papel fulcral da escola e professores na gestão do currículo e um currículo particularizado de acordo com a natureza das atividades de aprendizagem. Estes princípios surgem numa tentativa de se assegurar uma educação base para todos, sem exceção, entendida como o princípio de todo um processo de educação e formação ao longo da vida.

Todavia, o Decreto supramencionado sofreu ao longo dos tempos alterações vigentes em outros Decretos e Despachos, de entre os quais se destaca um dos mais recentes, o Decreto-lei nº 94/2011, de 3 de agosto, estabelecendo assim novos princípios orientadores da organização e da gestão curricular do Ensino Básico, bem como da avaliação das aprendizagens e do processo de desenvolvimento do currículo nacional, reajustando a organização curricular do 2º e 3º Ciclos.

Com base na informação acima referida, no que respeita ao currículo, à definição e clarificação das competências a atingir no final da educação básica que têm por referência os pressupostos da Lei de Bases do Sistema Educativo. Assim, o seu desenvolvimento passa a ser encarado como um processo flexível adaptado a cada contexto tendo em consideração a disponibilidade de recursos e procurando dar resposta às necessidades e especificidades de cada aluno, escola ou contexto.

3.6. Síntese

Ao longo deste capítulo constatou-se que o conceito de currículo escolar agrega um conjunto de práticas educativas que impulsionam e regem todos os processos educativos na escola (Santos, 2011).

Tornou-se possível averiguar que o currículo significa uma construção social visando responder à diversidade cultural existente atualmente bem como visa a transmissão de um conjunto de valores, normas, saberes e aprendizagens inserido num contexto sociocultural específico (Roldão, 1999; 2000).

Verifica-se a existência de várias teorias explicativas do currículo assim como diferentes formas de currículo que foram evoluindo ao longo do tempo (Pacheco, 2009).

A construção de um currículo escolar insere-se na área do desenvolvimento curricular através do qual o currículo é alvo de construção mediante uma justificação teórica,

operacionalização e está sujeito a procedimentos avaliativos sendo um processo construído na e pela sociedade (Pacheco, 1996; Roldão, 2003).

A legislação neste domínio tem sofrido algumas alterações ao longo do tempo garantindo cada vez mais aos educandos um conjunto de experiências e competências pessoais e sociais programadas de acordo com a faixa do desenvolvimento, necessidades e capacidades intelectuais dos alunos (Costa & Faria, 2013).