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Capítulo III Metodologia

3.2. Enquadramento metodológico

Este capítulo está intimamente ligado com todas as opções e escolhas realizadas,

desde a escolha do tema, à forma de desenvolvimento do projeto, até à apresentação dos

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resultados obtidos. Tentou selecionar-se um tema atual e interessante, onde fosse possível

obter resultados que pudessem contribuir positivamente para o objeto de estudo, neste caso

particular as estratégias de comunicação e promoção para a aldeia de Alte, no interior do

concelho de Loulé.

A presente dissertação encontra-se na área da pesquisa em ciências sociais, a qual

difere da pesquisa em ciências naturais porque estuda as pessoas e os seus

comportamentos, sendo muito difícil de voltar a reproduzir as mesmas pesquisas e obter os

mesmos resultados. De referir, igualmente, que embora se tenha utilizado a investigação

quantitativa para o tratamento de dados referentes à análise dos meios promocionais

recolhidos, deu-se um ênfase bastante superior à investigação qualitativa.

Começa-se por se tentar definir o que é uma investigação qualitativa. Segundo

Bogdan e Biklen (1999) a investigação qualitativa é o conjunto de estratégias de

investigação que agrupam os seguintes fatores: (i) os dados são qualitativos - ricos em

pormenores e complexo tratamento estatístico; (ii) as questões colocadas não estão

dependentes da operacionalização de variáveis mas sim com o objetivo de investigar os

fenómenos; (iii) o objetivo da sua aplicação não é responder a questões prévias ou a testar

hipóteses; (iv) privilegiam a compreensão de comportamentos a partir da perspetiva dos

entrevistados; e (v) normalmente não se recorre à utilização de questionários. Ainda de

acordo com os autores, existem outras designações para a investigação qualitativa, de

acordo com as diversas áreas onde é utilizada: «investigação de campo…investigação

naturalista…investigação etnográfica…interacionismo simbólico, perspetiva interior,

Escola de Chicago, fenomenologia, estudo de caso, etnometodologia, ecologia e

descritivo» (p. 17).

Relativamente às caraterísticas da investigação qualitativa, volta-se a destacar o

trabalho de Bogdan e Biklen (1999), que nos apontam as seguintes propriedades: (i) a fonte

direta de dados é o ambiente natural, em que o investigador é o instrumento principal - o

investigador vai para o local e é responsável pela recolha dos dados; (ii) é descritiva - onde

os dados poderão ser palavras ou imagens que depois são descritos de forma narrativa; (iii)

o interesse é sobretudo pelo processo; (iv) os dados são analisados de forma indutiva; e (v)

o significado é de importância vital na abordagem - os investigadores devem ter uma

perspetiva participante.

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De acordo com Veal (2011), estão à disposição do investigador os métodos de

recolha de dados qualitativos que se apresentam no quadro abaixo indicado (ver quadro

3.1):

Quadro 3.1 - Métodos de recolha de dados qualitativos

Fonte: Veal (2011, p. 126) - elaboração própria

No que diz respeito à diferença entre os métodos quantitativos e os métodos

qualitativos, refere Veal (2011) que a principal diferença entre os dois grupos de técnicas é

que os métodos quantitativos envolvem números - quantidades - enquanto os métodos

qualitativos apoiam-se em palavras, e às vezes imagens, como unidade de análise. As

técnicas qualitativas são, normalmente utilizadas quando: (i) a pesquisa é sobre

significados e atitudes; (ii) quando se utilizam teorias explicativas; (iii) quando os

conceitos devem ser definidos pelos próprios sujeitos; e (iv) quando há interesse na

interação no grupo.

Ainda segundo Veal (2011) o termo qualitativo é «usado para descrever os métodos

de pesquisa e técnicas que utilizam e dão origem a mais informação qualitativa do que a

informação quantitativa, ou seja informação em forma de palavras, imagens e sons em vez

de números» (p. 231).

Métodos de recolha de dados Nomes alternativos / variações Descrição Entrevistas detalhadas Entrevistas informais, semiestruturadas ou não estruturadas

Entrevistas pessoais com pequenos números de indivíduos, entrevistados em detalhe, possivelmente em mais do que uma ocasião, normalmente utilizando uma grelha de tópicos em vez de um questionário formal Focus groups Entrevistas em grupo Discussões com grupos de pessoas (normalmente 6-12)

liderada por um dinamizador

Observação Técnicas discretas O fenómeno de interesse é examinado a olho nu ou com a utilização de uma máquina fotográfica ou de filmar

Observação

participativa ---

O investigador passa a elemento participativo no fenómeno em estudo

Métodos biográficos

Auto-etnografia Os sujeitos em estudo são convidados a fornecer a sua própria visão dos eventos, por escrito ou em forma oral gravada Análise de textos Análise de conteúdos, hermenêutica

Análise e interpretação do conteúdo de textos publicados ou não. Poderá, igualmente, incluir materiais audiovisuais (imagens, TV, filmes, música, rádio)

Etnografia Pesquisa de campo (em Antropologia)

Estudo de grupos de pessoas, utilizando uma mistura dos métodos acima referidos

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A pesquisa qualitativa, segundo Veal (2011), é baseada em palavras, transmitidas

oralmente ou por escrito, ou por meio de imagens e sons. Acrescenta o autor que «os

métodos de pesquisa qualitativa tornam possível a recolha de uma larga quantidade de

informação sobre os assuntos pesquisados, os quais poderão ser indivíduos, lugares ou

organizações» (p. 35). O autor conclui que a utilização dos métodos qualitativos na

pesquisa na área do lazer e turismo aumentou significativamente.

Também Burgess (1997) destaca que o método qualitativo possui variadas

estratégias de investigação, como a observação participante ou as entrevistas em

profundidade, estruturadas ou semiestruturadas, permitindo uma maior proximidade com o

campo de análise.

No presente estudo, decidiu-se utilizar as entrevistas semiestruturadas e, tal como

Burgess (1997) defende, os entrevistados foram selecionados pelos conhecimentos que

detêm sobre um contexto particular, de modo a complementar os resultados da

investigação e/ou indicar outras investigações possíveis.

O objetivo dos métodos qualitativo e quantitativo é a recolha de dados. E que

definição poderemos nós indicar para dados? Segundo Bogdan e Biklen (1999) dados são

«materiais em bruto que os investigadores recolhem do mundo que se encontram a estudar;

são os elementos que formam a base da análise» (p. 149). Os materiais poderão ser

entrevistas, notas de campo, fotografias, artigos de jornal, entre outros. No caso das

entrevistas, as transcrições das mesmas são os dados em estudo.

3.2.1. Estudo de caso

De acordo com Bogdan e Biklen (1999) citando Merriam, o estudo de caso consiste

«na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, de uma única fonte de

documentos ou de um acontecimento específico» (p. 89). Começa-se pela recolha de

dados, pela sua exploração e posteriormente pela tomada de decisões acerca do estudo.

No mesmo sentido Bell (1997) diz-nos que o estudo de caso é mais do que «uma

história ou descrição de um acontecimento ou circunstância» e que «os dados são

recolhidos sistematicamente, a relação entre as variáveis é estudada e o estudo é planeado

metodicamente» (p. 23). Segundo as indicações de Veal (2011), um estudo de caso

«envolve o estudo de um exemplo individual - um caso - do fenómeno que está a ser

investigado» (p. 341).

Voltando a referir a opinião de Bell (1997), a grande vantagem na utilização deste

método «consiste no facto de permitir ao investigador a possibilidade de se concentrar num

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caso específico ou situação e de identificar, ou tentar identificar, os diversos processos

interativos em curso» (p. 23).

No caso concreto do presente projeto, a aplicação do estudo de caso pretende

analisar as estratégias de comunicação e promoção da responsabilidade das entidades

regionais, municipais e locais, para uma aldeia do interior do concelho de Loulé, mais

precisamente a aldeia de Alte.

3.3. Técnicas e procedimentos metodológicos