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Capítulo IV Apresentação e discussão dos resultados

4.1. Análise dos resultados das entrevistas

4.1.5. Mudanças na imagem turística da aldeia

No bloco temático D do guião de entrevista aplicado, pretendia-se conhecer a

imagem de Alte, como resultado das estratégias de comunicação/promoção da aldeia.

Destacam-se os quadros resumo que serão apresentados de seguida. Relativamente à

avaliação da imagem da aldeia de Alte e, para uma melhor compreensão dos resultados

obtidos, sugere-se a observação do quadro abaixo indicado (ver quadro 4.14):

Quadro 4.14– Quadro de caraterização da avaliação da imagem de Alte

Indicadores de síntese Nº de unidades de sentido Nº de entrevistas

Tipicidade (1.1. e 1.2.) 26 6

Avaliação (1.3.) 12 3

Total 38

Fonte: elaboração própria

De acordo com a opinião dos entrevistados, a aldeia de Alte é uma aldeia típica,

com ruas estreitas e em socalcos parecendo um presépio, com casas e chaminés brancas de

cariz tradicional, com recursos naturais e culturais que merecem uma visita. É considerada

uma aldeia diferente, com uma atmosfera muito própria. Foram feitos investimentos

públicos para a preservação da aldeia mas foram, igualmente, criadas estruturas que não

são do agrado de todos, destacando-se as obras na Fonte Grande, o Polo de Cândido

Guerreiro e dos Condes de Alte e a infraestrutura de apoio à Queda do Vigário. Como

salientam os entrevistados:

Alte é uma aldeia típica, quanto a mim tradicional (…) realça-se a arquitetura tradicional e depois temos algum património natural. (e.1)

É chegar à noite, ver as luzes todas acesas e depois vê-se um presépio, um autêntico presépio (…) depois, gosto daquela linha de água (…) é único que uma ribeira atravesse e o ano inteiro com água, uma localidade. A arquitetura, as casas, algumas chaminés que são lindíssimas. (e.2)

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Eu acho que Alte tem muito potencial (…) está muito subaproveitada, muito mesmo, (…) só para vermos, a Queda do Vigário …, aquilo que lá está parece uma caixa de fósforos que não serve para nada, foi dinheiro deitado fora. (e.4)

Já no que diz respeito à avaliação da imagem da aldeia, não existe consenso entre

os entrevistados. Alguns afirmam categoricamente que a imagem de Alte é positiva, outros

consideram mesmo que, ainda que seja positiva, essa imagem está a mudar e já há

visitantes que podem estar a ficar desiludidos com o que veem.

É uma aldeia tradicional, a gente vende-a como tradicional, a imagem, julgo, está numa fase de transição, já foi positiva agora está ali a mudar, a começar a entrar na negativa. Se a pessoa começa a ir a Alte, começa a ficar descontente, que eu acredito que a imagem ainda seja positiva, ainda se consegue vender a aldeia típica, agora o que eu acho é que atualmente as pessoas que lá vão ficam desiludidas com o que veem (…) com o que não encontram porque aquilo é só a aldeia e as ruas típicas e isso só já não vende… e já não são muitas, tu queres uma chaminé típica ali já tens dúvidas em encontrá-la, as casas são restauradas, já não é obrigatório pintar de branco, as chaminés também já não é nada típico, as casas foi quase tudo restaurado já ninguém se preocupa se foi restaurado na traça original, ora o que é que tu vais vender da aldeia típica? (e.3)

Consideram, também, alguns dos entrevistados que a aldeia está a perder o seu

cunho tradicional e de aldeia cultural, onde se permite fazer obras sem as devidas regras de

recuperação e manutenção da traça original dos edifícios.

É uma aldeia pequenina, branquinha, velhinha com umas fontes muito bonitas, que se chama Alte aldeia cultural mas que de cultura está a perder muito. (e.4)

É uma aldeia com alguns traços caraterísticos e tradicionais e com algumas potencialidades no âmbito cultural e arquitetónico, arquitetura tradicional mas que está pouco cuidado e potenciado, mas eu não ia dizer isso. Mais parece, à direita à entrada, uma aldeia em ruínas e em frente um bairro da lata. (e.5)

Que talvez, ainda, fizesse falta uma entidade responsável e dinamizadora da oferta

integrada da aldeia.

Portanto, não tem existido o cuidado, da parte dos privados e também deste caso provavelmente do poder público de alguma forma disciplinar, de regular e reverter essa situação. Se formos as outras aldeias de interior do país e outras cidades, existe algum cuidado na recuperação e na criação de novas estruturas (…) no interior da aldeia quando as intervenções deviam ser de alguma forma, portanto orientadas para a preservação de uma determinada traça, a própria autarquia deixa fazer de qualquer forma. Se houvesse uma entidade que de alguma forma se preocupasse, um gabinete de pessoas preocupado, focado em explorar e potenciar todos esses recursos, todas essas

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especialidades, parece-me que poderia, poderia de alguma forma coordenar todo um conjunto de esforços para que a oferta se organizasse e criasse daí uma imagem condicente com aquilo que poderá ser Alte, aldeia cultural. (e.5)

Já no que diz respeito à capacidade da aldeia de Alte em atrair visitantes e, para

uma melhor compreensão dos dados obtidos, sugere-se a observação do quadro abaixo

indicado (ver quadro 4.15):

Quadro 4.15 – Quadro de caraterização da atração de Alte

Indicadores de síntese Nº de unidades de sentido Nº de entrevistas

Capacidade de atração (2.1.) 12 6

Constrangimentos (2.2. e 2.3.) 3 2

Total 15

Fonte: elaboração própria

Podemos afirmar que a aldeia de Alte ainda tem capacidade para atrair visitantes,

graças à sua imagem ainda positiva, que é gerada pelas suas particularidades em termos de

recursos. A aldeia, ainda é considerada um ponto turístico de interesse, divulgado pelos

postos de informação turística da ERTA e da câmara municipal. Apresenta-se o património

natural como o seu principal ponto de atração.

Eu acho que a imagem ainda não é negativa, ainda é positiva e tanto é que eu sei nos postos de turismo as pessoas e os hotéis continuam a indicar que a aldeia de Alte é uma coisa a visitar talvez seja por isso que eles continuam a ir individualmente. (e.3)

Apesar de todas essas dificuldades temos ruas e espaços muito giros (…) a Rua dos Pisadouros (…) as fontes continuam giríssimas, portanto aquela área da igreja… (e.5)

Destaca um dos entrevistados que a responsabilidade da imagem de Alte é de todas

as entidades, mas igualmente dos seus habitantes.

(…) a entidade, as câmaras, o governo central, a ERTA, todos eles têm a sua quota parte de responsabilidades (…) mas a população também tem. (e.4)

Relativamente aos constrangimentos destaca-se, sobretudo, a fraca qualidade e

capacidade dos restaurantes da aldeia, não havendo no momento nenhum restaurante que

se destaque pela positiva.

Ali um ponto, quanto a mim fraco que é a gastronomia, podia ter mais qualidade. Não há ali um restaurante que faça a diferença dos outros todos. (e.2)

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Por outro lado, é afirmado que os operadores e agentes já não direcionam os seus

grupos para Alte, embora se desconheçam ainda as razões para este facto.

O que eu acho que não está a acontecer é os operadores turísticos não estão a operar com Alte e então não levam lá os grupos, tinha de ser ver quais são as agências que estavam antigamente a trabalhar com o destino, por exemplo quem é que trabalha com esse tipo de produto, ver quem vai a Querença e ver o porquê de eles não irem a Alte. (e.3)

Por fim, outros dos constrangimentos apontados é a falta de jovens e de dinamismo

nesta aldeia envelhecida do interior algarvio.

População jovem, miragem. Porque não vou dizer que… oh pá que é uma aldeia morta, eu mostro sempre uma imagem positiva de Alte, digo sempre que é uma aldeia muito bonita e que é uma aldeia muito típica, que é uma aldeia muito acolhedora, com povo muito acolhedor, tem umas fontes maravilhosas. (e.4)

Outro dos objetivos na aplicação das entrevistas era também de saber quais as

estratégias mais importantes para adequar a imagem da aldeia. Assim e, para uma melhor

compreensão dos dados obtidos, sugere-se a observação do quadro abaixo indicado (ver

quadro 4.16):

Quadro 4.16– Quadro de caraterização da adequação da imagem de Alte

Indicadores de síntese Nº de unidades de sentido Nº de entrevistas

Estratégias (3.1. e 3.2.) 10 6

Total 10

Fonte: elaboração própria

Assim, é da opinião da maioria dos entrevistados que se deveria ter promovido mais

e melhor a imagem da aldeia de Alte, ao longo dos anos e que há, ainda, muito trabalho a

ser feito, se se quiser adequar a imagem da aldeia. O trabalho deveria ser feito com várias

entidades e com os operadores e trade responsáveis pela região. Destacam os entrevistados

que algo novo deveria ser criado para atrair os visitantes.

Se quisermos mudar a imagem teremos de trabalhar para esse fim. (e.4)

Tínhamos de arranjar algo que identificasse a aldeia, um contexto histórico e que se aproveitasse… tinha-se de criar ali um produto, atualmente só ser aldeia mais típica não chega… [Alte aldeia cultural – importância] Em termos turísticos não (…) Porquê que Alte é aldeia cultural, tem de ter lá oferta cultural e que esteja disponível… o que há ali cultural? Já não tens os azulejos, o Daniel

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também já não faz nada (…) Só a semana cultural, depois o rancho de Alte (….) …não está vocacionado para isso… para ser cultural tinha de ter atividades culturais que fossem vistas. (e.3)

Pretendia-se, igualmente saber quais seriam, na opinião dos entrevistados, as ações

mais relevantes para o reforço da imagem da aldeia.

Assim e, para uma melhor compreensão dos dados obtidos, sugere-se a observação

do quadro abaixo indicado, (ver quadro 4.17):

Quadro 4.17 – Quadro de caraterização das ações para reforço de imagem

Indicadores de síntese Nº de unidades de sentido Nº de entrevistas

Estratégias para entidades (4.1.) 4 2

Ações diferenciadas (4.2., 4.3. e 4.4.) 18 5

Total 22

Fonte: elaboração própria

Destacam-se as estratégias com ações específicas para operadores e membros do

trade, com a divulgação dos recursos.

Fazer ações por exemplo a nível de operadores turísticos, por exemplo a nível de jornalistas que trabalham na matéria. (e.1)

Sugere-se, igualmente, a criação de serviços, como as visitas guiadas, a criação de

percursos alternativos, a inclusão do esparto que detém uma grande importância histórica

para a aldeia, com a reestruturação do seu polo museológico.

Trabalhar com grupos que realmente nos interessem e depois criar mais serviços. Deveriam ser disponibilizadas visitas guiadas. (e.1)

(…) Estamos agora a tentar criar percursos em Alte. Poderia ser criar ali algo (…) esparto porque já é uma coisa inerente à aldeia que é diferenciado, seria algo cultural, talvez dinamizar aquela história do percurso que a gente tem do esparto, aproveitar, vender aquilo melhor, reinstalar o polo museológico, acho que era um pouco por aí. (e.3)

É proposta, também, a aposta no mercado inglês, não só porque continua a ter

grande importância para a região mas porque também tem grande apreço pelo turismo de

natureza e de interior.

Fazer ações mais direcionadas para tentar se calhar ver a nível do turismo inglês … fazer algumas ações pontuais nessas terras. (e.1)

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Uma das áreas que está a crescer é o turismo de natureza, as caminhadas é algo que na europa está a crescer e há muitos adeptos desse tipo de turismo e Alte é um dos locais, particularmente a Via Algarviana que é mesmo partida e chegada, portanto é por aí que teremos de ir, para esse tipo de nicho. (e.2)

Apontam-se, do mesmo modo, a necessidade de satisfazer os atuais turistas e de

conhecer as suas verdadeiras motivações; o aumento do dinamismo por parte dos

particulares, com criação de concurso temáticos sobre a aldeia e a continuação da atividade

da Escola Profissional de Alte como elemento motriz no desenvolvimento de variadas

atividades que promovem o nome da aldeia.

Começar pela satisfação dos turistas que nos visitam. Ver os fluxos de turistas que nos chegam (…) ver o que os motiva. (e.3)

É um trabalho que não depende só das câmaras, porque eu acho que a população tem uma intervenção fundamental nesse aspeto (…) é um trabalho que tem de vir de todos. Quando se faz o BTT, a aldeia muda de figura completamente, é uma iniciativa que a escola faz e tal como a escola faz essa iniciativa também outros poderiam fazer outras iniciativas. (e.4)

Como disciplinar, como regular a intervenção no território, no património, (…) identificar, por exemplo o prémio da Primavera, a rua mais florida, a casa mais florida, teria um prémio (…) prémio da melhor reconstrução com base em determinados critérios (…) assim valoriza-se o que as pessoas fazem e com dinâmicas deste género com pouco investimento leva-se as pessoas a responder e a melhorar as coisas. Não há nenhuma aldeia neste país que tenha uma escola destas, uma escola destas está na cidade ou numa vila (…) daí que pelas pessoas que traz, pelas iniciativas que promove e realiza, leva o nome da aldeia a sítios impensáveis portanto e a estratos sociais portanto faz, de outra forma não chegaria, este é um dos recursos mais valiosos desta terra. (e.5)

Por fim, questionou-se aos entrevistados quais deveriam ser os instrumentos

promocionais a privilegiar para o melhoramento/adequação da imagem da aldeia. Assim e,

para uma melhor compreensão dos dados obtidos, sugere-se a observação do quadro

abaixo indicado (ver quadro 4.18):

Quadro 4.18– Quadro de caraterização dos instrumentos a privilegiar

Indicadores de síntese Nº de unidades de sentido Nº de entrevistas

Instrumentos (5.1., 5.2., 5.3., 5.4. e 5.5.) 22 6

Total 22

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As primeiras propostas fornecidas pelos entrevistados seriam: a melhoria das

páginas web das várias entidades, com mais tecnologia e informação; o desenvolvimento

de motores de busca específicos com a possibilidade de apresentação do nome Loulé e Alte

nos resultados dessas pesquisas; a disponibilização de toda a informação contida nos sites

já existentes pelo menos em língua inglesa; tornar possível um maior número de visitas

virtuais. No caso dos videogramas, desenvolver mais videogramas promocionais da aldeia

e divulgá-los aos operadores e membros do trade. Propõem-se outras propostas como: que

a Câmara de Loulé possa desenvolver ações específicas para as aldeias do interior; a

divulgação de mais notícias em jornais e newsletters; basear a promoção dos destinos na

promoção dos produtos ou conteúdos que estes tenham; disseminar a existência de áudio-

guias nos museus e polos museológicos; aproveitar a existência da Escola Profissional de

Alte e das atividades que esta desenvolve, para continuar a promover a aldeia; apostar nos

contatos com a população e gerar maior dinamismo da sua parte; rever os canais de

distribuição e continuar a apostar nas publireportagens para o público interno.

Nos sites que já existem melhorar a qualidade e depois, portanto, divulgá-los no fundo e fazer ver, sentir e apresentar os serviços mais em concreto. Fazer um vídeo promocional ou um cd promocional de Alte e depois mostrá-lo aos operadores. Mas para estas terras como Alte, Querença necessitavam de um trabalho diferente e…A Câmara deveria direcionar de formas diferentes. (e.1)

Os canais de distribuição é que poderiam ser revistos, julgo que a internet é fundamental, nenhum turista que está em Inglaterra vai à página da câmara ou à junta fazer uma pesquisa vão mais depressa a uma de turismo e calhando aparece, a página do turismo do Algarve, temos de ver por aí. As publireportagens funcionam muito bem em termos de imagem, (…) isso é sempre para público interno. Eu por exemplo num concelho que é predominante turístico não consigo que a informação da página estivesse também em inglês. (e.3)

Eu defendo muito os conteúdos, não basta ter o destino Alte, tem de haver conteúdo, para poder vender e poder atrair as pessoas, as pessoas não chegaram lá e não ficarem defraudadas, aqui a questão da expectativa é importante criar a expectativa e a pessoa chegar lá e há de facto eu fico surpreendido, por exemplo vender Alte gastronomicamente é impensável. Vamos ter áudio-guias já ligado ao Polo museológico de Querença e provavelmente Alte futuramente irá ter também, porque é uma coisa que tem um circuito. Alte tem uma dinâmica boa que é a Escola Profissional. (e.2)

Contatos diretos com a população. (e.4)

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