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“Toda investigação coincide com uma operação. No terreno das ciências sociais não há indagação que não promova mudança”.

Enrique Pichon-Rivière

Seguindo as orientações de uma pesquisa qualitativa, este estudo partiu de uma revisão bibliográfica e um estudo de campo envolvendo observações e entrevistas. Nosso processo de busca bibliográfica procedeu do acesso às bases de dados Scielo38, Scopus, Pubmed e ao Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBI/USP)39, cujos itens descritores utilizados foram: Futebol, grupo, Psicologia Social e Pichon-Rivière. Para elaboração de alguns capítulos específicos desta tese foram realizadas também buscas em mídias jornalísticas esportivas, em acervo virtual, sobretudo por corroborarmos a compreensão de Toledo (2000, p.11) de que “a mídia constrói e formata um discurso sobre o futebol assentado nas falas dos seus outros atores, profissionais e torcedores, e o faz utilizando-se de estratégias técnicas e ideológicas desse discurso”.

Tais procedimentos metodológicos foram orientados, como discutido no capítulo anterior, por referenciais teóricos da Psicologia Social, especificamente sob o viés de uma leitura pichoniana (PICHON-RIVIÈRE, 1982; 2000; 2005) e de José Bleger (1988). Nesta perspectiva, buscamos associar a investigação psicanalítica à social por meio da análise psicossocial, sociodinâmica e institucional dos grupos investigados.

As entrevistas, principal técnica de investigação científica em Psicologia (BLEGER, 1980), realizadas sob referencial da técnica operativa inspirada por Pichon-Rivière (SCARCELLI, 1998), foram abertas40 e organizadas a partir de uma questão que melhor traduzisse o objetivo da pesquisa, capaz de representar a tarefa explícita do par aqui considerado grupo e que foi elaborada no processo de observação das equipes. Diariamente ao longo de nossas observações portávamos um caderno, de

38 Fonte: <www.scielo.org.br>. Foi utilizado o método de busca integrada que contempla também outra importante base

de dados, Google Acadêmico.

39 Fonte: <www.sibi.usp.br>

40 Segundo Bleger (1980), a entrevista aberta se caracteriza por uma flexibilidade que permite, na medida do possível,

“que o entrevistado configure o campo de entrevista segundo sua estrutura psicológica particular”, ou seja, que as variáveis dependentes da personalidade do indivíduo entrevistado configurem o campo da entrevista. Permite assim, “uma investigação mais ampla e profunda da personalidade do entrevistado” (BLEGER, 1980, pág. 10).

fato, um diário de campo, no qual fazíamos anotações aobre o que era observado e elaborado por nós. Por meio dessas observações, foi constituído também um conjunto de perguntas relevantes ao objetivo da pesquisa, que se apresentaram como pano de fundo para o entendimento do que ocorre no campo que se configura no decorrer da entrevista, já que, segundo Bleger (1980), o campo da relação interpessoal é estabelecido e configurado predominantemente pelo entrevistado.

Sua realização se deu individualmente41 com alguns dos sujeitos mais significativos no processo de formação/constituição do grupo, ou seja, dirigentes esportivos responsáveis pela contratação e venda/dispensa de atletas (diretor, coordenador e superintendente de futebol, todos identificados pela letra “D”, seguida de numeração), membros da comissão técnica das categorias de base e da equipe profissional (treinador, auxiliar técnico, preparador físico, fisiologista e funcionários do departamento médico tais quais o fisioterapeuta e psicólogo, identificados pelas letras “CT”, seguidas de numeração), jogadores profissionais, alguns deles recém-contratados e atletas formados na categoria de base que já integram o grupo profissional (identificados com a letra “J”, seguida de numeração). Em um dos clubes, vimos a necessidade de entrevistar também um dos funcionários, o qual foi identificado pela letra “F”. Ao todo, considerando os três clubes investigados, foram entrevistados, além deste funcionário, seis dirigentes, doze integrantes de comissão técnica e vinte e cinco atletas.

A identificação dos atletas e membros da equipe técnica que foram entrevistados realizou-se durante o período em que pudemos observar as atividades realizadas nos clubes, sobretudo a partir de conteúdos emergentes que pudemos identificar durante esse período. Entendemos, a partir desse processo, que os entrevistados podem ser considerados porta-voz, porque falam por si, mas também por todo o grupo. Vale destacar que não se determina um “porta-voz” a priori, mas a partir da emergência de qualidades novas, em uma situação grupal, se pode identificar sujeitos a serem entrevistados. Se por um lado a mobilidade de papéis em um grupo expressa a sua operatividade, ou seja, manifesta a possibilidade de estar em tarefa ou, em outros termos, a probabilidade de elaboração de um esquema conceitual referencial operativo do grupo (ECRO grupal), por outro, a identificação de sujeitos no papel de bode expiatório ou sabotador, por exemplo, nos permite levantar hipóteses acerca de ansiedades básicas que se expressam em momentos de fragmentação do grupo,

41 Apesar de se configurar uma entrevista individual por contar somente com um sujeito participante, toda entrevista,

compreendida como uma relação humana entre duas ou mais pessoas, pode ser entendida como um fenômeno grupal, visto que “mesmo com a participação de um só entrevistado, sua relação com o entrevistador deve ser considerada em função da psicologia e da dinâmica de grupo” (BLEGER, 1980, p.11).

de não operatividade, de pré-tarefa. Um bode expiatório fala por ele e por todo o grupo e nesse sentido é um porta-voz do grupo. O sujeito porta-voz expressa um conflito vivido como seu, mas que por sua vez denuncia o conflito da situação interativa e da relação com a tarefa. Ele é veículo de uma qualidade emergente que afeta toda a estrutura grupal. E desse modo, os papéis em interação diferenciam-se do que será chamado porta-voz.

As entrevistas, que somadas tiveram aproximadamente 11 horas de duração, foram transcritas42 a fim de facilitar sua posterior análise realizada sob o prisma da Psicologia Social pichoniana, com a perspectiva de “desvelar ambiguidades e contradições”, seja entre os grupos, indivíduos e instituições (SCARCELLI, 1998, p.75). Vale ressaltar que foi construído e apresentado a todos participantes deste estudo um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), no qual se ratificou a garantia de conhecimento dos nossos objetivos, o respeito ao anonimato, a possibilidade de interrupção da entrevista a qualquer momento ou a liberdade para responder, ou não, qualquer questão se assim o participante desejasse o acesso às demais informações referentes à pesquisa. Foi também providenciada autorização/aval de responsáveis legais para os casos em que o atleta entrevistado fosse menor de idade. Aos dirigentes dos clubes que manifestaram ciência e concordância para realização do estudo, bem como à explicitação/divulgação do nome da instituição em nossas publicações, foi apresentado um documento contendo nossos objetivos e metodologia. Ao cumprir tais exigências éticas para estudos que envolvam seres humanos, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número de parecer 979.958.

Ao elaborarmos os objetivos e estratégias de nossas observações, partimos do entendimento também explicitado por Lewin (1948) de que para produzirmos um registro satisfatório da vida de um grupo, tanto de fatos simples como sua organização, seus subgrupos, a relação do líder com os demais membros, quanto de fatos mais significativos como a atmosfera geral, precisamos que ele esteja pautado nas características do grupo enquanto tal e não no perfil dos indivíduos que o compõe. As observações foram realizadas a partir do ponto de vista fenomenológico explicitado por Bleger (1980), ainda que nos utilizando, por vezes, de uma linguagem de cunho naturalista. Dessa forma, “o entendimento de grupo como um conjunto de indivíduos que interatuam com papéis, status etc. é uma descrição tipicamente naturalista” (BLEGER, 1980, p.105). O ponto de vista fenomenológico se realiza a partir do interior do próprio fenômeno, ou seja, busca retratar a forma

como são percebidos, vivenciados ou organizados determinados acontecimentos pelos próprios participantes.

Apesar de não solicitarmos aos clubes, nos momentos de negociação para realização da pesquisa, um contato próximo e uma interação com o grupo de jogadores e comissão técnica no decorrer das observações (por entendermos não ser uma condição obrigatória, ainda que importante, para validade de nossas observações e pela ciência das limitações impostas costumeiramente pelos clubes), a observação foi tratada como participante. Justifica-se essa opção por compartilharmos com André (1995) a ideia de que o observador afeta e é afetado pela situação estudada, e por também entendermos, assim como Pichon-Rivière (2000), que ao criar uma situação de interação e estabelecer uma relação dialética entre o sujeito e o objeto, o observador modifica o campo de observação. Tanto nas observações, como nas entrevistas e no convívio com funcionários do clube e integrantes do grupo investigado, o pesquisador se coloca na condição de parte do campo, já que condiciona de certo modo os fenômenos que ele mesmo se pretende a registrar.

Dessa forma, concordamos com Bleger (1980, p.19), ao entendermos que “a objetividade na investigação só pode ser alcançada quando se incorpora o sujeito observador como uma das variáveis do campo”. Ou, retomando a epígrafe deste capítulo, também com Pichon-Rivière (2005), quando consideramos que nossa investigação, toda ela, coincidiu com uma operação, ou seja, nossa simples indagação já é capaz de promover uma modificação na nossa relação com o grupo. Ao afirmar que a relação estabelecida é modificadora, concordamos também com o que foi dito anteriormente por Freud e depois reforçado por Kurt Lewin (LEMA, 2004).

Conforme Quiroga (1987), para fazermos Psicologia Social numa perspectiva pichoniana devemos nos atentar para uma série de conhecimentos muito complexos e buscarmos conhecer as relações sociais, as instituições e as relações que elas expressam, as ideologias, também relacionadas a essas relações, as normas e as formas que os sujeitos se organizam em determinada ordem social concreta.

Assim, permanecemos em contato diário (com exceção dos dias em que os atletas estavam de folga ou em viagens para disputa de partidas realizadas fora da cidade de origem do clube) com o grupo de jogadores e comissão técnica nas diversas situações em que os processos de formação e adaptação de grupo são manifestados mais evidentemente. Portanto, foram observadas, na medida do possível, situações de jogo, treino, concentração e refeições dos atletas, permitindo uma aprofundada

leitura e análise dos processos grupais em questão. Apesar de acompanharmos o grupo nestas diversas situações, nossa presença se deu mais constantemente nos centros de treinamento43 (CT´s), local em que os atletas e comissão técnica passam a maior parte do tempo durante sua atividade profissional, e espaço que possuíamos um acesso e trânsito maior ao longo da pesquisa de campo.

Ao observarmos os atletas, dirigentes e membros da comissão técnica “imersos em suas relações sociais, em suas condições concretas de existência44” (SCARCELLI, 2016, p.54), atendemos à outra característica importante da Psicologia Social proposta por Pichon-Rivière (2000) que passa por inscrevê-la numa crítica da vida cotidiana, neste caso, daqueles que fazem parte do contexto do futebol profissional. Realizar essa crítica significa analisar as leis que regem, em cada formação social concreta, como as necessidades dos seres humanos emergem e se decodificam, como se organizam e configuram as distintas respostas sociais e como se vinculam essas necessidades com cada estrutura interacional (SCARCELLI, 2016).

Com a pretensão de atingir os objetivos propostos, três clubes do futebol profissional (séries A, B e C do Campeonato Brasileiro) foram selecionados para a realização de análise mais profunda e criteriosa. Além de serem referências no processo de formação e/ou revelação de atletas, possuindo no grupo profissional atletas formados na categoria de base, ou revelarem atletas para as grandes equipes em âmbito nacional e internacional, deveriam contar no grupo atual com jogadores contratados há pouco tempo e possuírem exemplos de dispensas em um passado recente.

Mourelle (2012), ao explicitar os motivos de escolha do clube que investigou, evidenciou uma realidade a qual este estudo buscou confrontar: o clube “pequeno”, em virtude da ausência de interesse da imprensa esportiva em acompanhar o cotidiano e os ‘bastidores” da equipe - já que pelo reduzido número de torcedores não haveria audiência interessada em conhecê-los, torna-se mais acessível ao pesquisador acadêmico. Diferentemente, em um clube “grande” há um temor muito maior de que as questões internas do clube sejam divulgadas pela imprensa, aumentando significativamente a pressão pública dos torcedores (em número muito maior) e da própria mídia

43 Corroboramos a compreensão de Toledo (2000, p. 146) de que atualmente, para além de sua utilidade como espaço de

treinamento, os centros de treinamentos se configuram como “laboratórios de novos projetos que atendem a uma escala mais ampliada de formação, preparação, competitividade e negociação de atletas, preferencialmente para o exterior, contemplando uma demanda internacionalizada de circulação no mercado de jogadores”. Ainda assim, “os CTs disciplinam, pela capacidade que possuem em confinar numa estrutura voltada para este fim, a rotina dos jogadores, apartando-os de outros estímulos e contatos com o mundo extrafutebol”.

44 Ao nos referirmos às condições concretas de existência, queremos dizer, conforme Scarcelli (2016, p.55), que “os

modos como a existência material se produz e se reproduz, como se dá a inserção dos sujeitos no processo produtivo, a distribuição do que se produz e a relação entre o produzido e sua distribuição de acordo com as necessidades dos sujeitos que constituem uma organização social. Todos esses fatores são determinantes da cotidianidade. ”

esportiva sobre os dirigentes e jogadores. Entretanto, tendemos a concordar que tanto num clube “pequeno”, quanto num clube de maior expressão, o grande receio se dá

[...] em relação ao vazamento interno de informações, à possibilidade de que certas informações e arranjos pudessem chegar ao conhecimento de outras pessoas no clube, gerando desentendimentos e ameaçando a harmonia do departamento de futebol, o que poderia custar o cargo a alguém (MOURELLE, 2012, p.123).

Dois pontos valem ser ressaltados a esse respeito: o tema de pesquisa aqui proposto e a repercussão sobre tudo o que envolve um clube “grande”. Estudar os processos grupais, sobretudo a partir da ótica da psicologia, significa “invadir” a intimidade grupal e desvelar possíveis contradições que se manifestam nele, consciente e inconscientemente. Tal tarefa toma proporções diferentes quando o grupo em questão sofre cotidianamente muita pressão por parte da imprensa esportiva e dos inúmeros torcedores. Nestes clubes, além da quantidade de pessoas que o acompanham ser extremamente grande e das mais diversas localidades, inclusive do exterior, o dinheiro movimentado por estas instituições, sobretudo com contratações de jogadores e pagamento de salários, é exorbitante. Em nível de comparação, toda a folha salarial dos empregados relacionados ao futebol do clube investigado por Mourelle (2012) equivale a 1% do salário (divulgado) de um jogador específico que atua em uma das quatro grandes equipes do Estado de São Paulo. Portanto,

A falta de informações “de bastidores” a respeito dos clubes de maior expressão parece refletir o fato de que os problemas destas agremiações tomem sempre uma repercussão muito acentuada, não sendo normalmente revelados por aqueles que os costumam vivenciar. Com efeito, trata-se de clubes com jogadores famosos e grande contingente de seguidores, exercendo forte atração sobre as atenções da imprensa esportiva (MOURELLE, 2012, p.9).

A realidade acima problematizada pôde ser constatada neste estudo, pois por mais que tenhamos dedicado tempo relativamente grande às negociações para autorização de pesquisa e, principalmente, tivéssemos contado com alguns contatos de significativa influência no âmbito do futebol profissional (políticos, gestores, treinadores, preparadores físicos e demais membros de comissão técnica), enfrentamos inúmeras dificuldades em obter aval para realização de nosso estudo de campo com equipes profissionais de futebol. Ao menos sete clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro disseram não poder contribuir com nosso estudo ou simplesmente não responderam aos contatos (telefônicos e por email) realizados por nós. Tivemos reuniões presenciais com representantes de outros três clubes, os quais também declinaram abrir as portas para realização do estudo.

Diante dos inúmeros obstáculos encontrados, vimos a necessidade de ampliar nossa gama de possibilidades e passamos também a estabelecer parcerias com clubes de menor expressão, ainda que pertencentes à primeira divisão do Campeonato Brasileiro ou Campeonato Paulista. Dos dois clubes que realizamos contato (também a partir de contatos com profissionais pertencentes ao quadro de funcionários destes), ambos também negaram nossa entrada no clube. Em um deles, após a autorização do fisiologista e do diretor de futebol, coube ao treinador a negativa de nossa presença. Segundo tal treinador, o “vestiário é dele”, ou seja, somente ele, seus atletas e comissão técnica podem ter acesso.

Como constatado no decorrer da elaboração desta pesquisa e também destacado por Mourelle (2012), há uma pequena quantidade de bibliografia que aborda questões – de cunho político, financeiro e/ou psicológico - do cotidiano dos clubes de futebol profissional, sobretudo se levarmos em consideração práticas não divulgadas pela imprensa esportiva e processos inerentes à intimidade grupal.

No que diz respeito aos times “grandes”, as publicações disponíveis são totalmente dedicadas à história dos clubes dentro do campo de jogo, relatando os placares de jogos, as escalações dos times, as circunstâncias que cercavam os jogos decisivos e as glórias conquistadas pelas equipes. Parece que o grande número de jogadores notáveis e de campeonatos conquistados pelos times “grandes” ofuscam qualquer espaço que pudesse ser dedicado a questões, digamos, “menos nobres” como conflitos internos na administração dos clubes ou as dificuldades financeiras com que muitos deles convivem ou conviveram nos tempos mais recentes (MOURELLE, 2012, p. 124-125).

Assim, quando sinalizamos que “confrontamos” essa realidade, estávamos cientes das dificuldades que enfrentaríamos para ter acesso aos clubes, principalmente aqueles de maior expressão e nomeadamente com equipes profissionais, bem como das limitações para atender a todas necessidades metodológicas propostas a partir do nosso referencial teórico.

Ainda que, conforme nos adverte Bleger (1988), cada instituição tenha seus próprios objetivos (implícitos e explícitos) e seu modo particular de organização, que procuramos investigar neste estudo a partir da análise dos três clubes selecionados, buscamos, ao considerá-los em sua dimensão institucional, refletir sobre a instituição futebol para além de grupos/equipes específicos.

Como proposta inicial, pretendíamos que o período da pesquisa de campo compreendesse preferencialmente a pré-temporada45 das equipes, pois é nesse momento em que estas começam a ser constituídas e os grupos formados. Para além da pré-temporada, a pesquisa de campo se estenderia ainda por mais 15 dias proporcionando também o acompanhamento da equipe em situações de jogo e competição permitindo a observação e compreensão dos efeitos da pertença neste contexto. Desejávamos, portanto, passar ao menos trinta dias de pesquisa de campo em cada clube, prorrogando esse período caso houvesse necessidade.

Entretanto, ao longo do processo de elaboração deste estudo, algumas adaptações tiveram que ser realizadas flexibilizando o processo e o próprio enquadre metodológico, tal como inicialmente previsto. Diante de uma situação atípica criada no calendário do futebol brasileiro por conta da realização da Copa do Mundo de Futebol Fifa, realizada em 2014 no Brasil, os campeonatos nacionais de futebol profissional foram paralisados46 ao longo desta competição. Assim, optamos por realizar a pesquisa de campo no primeiro clube não mais na pré-temporada, mas sim na intertemporada, realizada entre os meses de junho e julho. Por sua vez, devido a problemas financeiros e organizacionais, o primeiro clube observado cancelou a intertemporada que seria realizada outro Estado e assim retardamos o início da nossa pesquisa de campo. Dessa forma, estivemos neste clube durante a fase final da intertemporada (nos últimos cinco dias) e por mais 62 dias de reinício da competição, ou seja, do dia 15/07/14 à 20/09/2014. Foram vinte e um dias em pesquisa de campo, exceto pelos dias de negociação da realização da pesquisa e dias em que os atletas estavam de folga ou em viagens para partidas fora da cidade onde localiza-se a sede do clube, nos quais estivemos em contato com membros da diretoria, comissão técnica e atletas nas dependências do clube, centro de treinamento e regime de concentração.

Por sua vez, nossa proposta de investigar um clube no decorrer de sua pré-temporada pode ser contemplada no segundo clube selecionado, no qual permanecemos em pesquisa de campo ao longo de 28 dias (de 18/01/2016 a 14/02/2016), dos quais, à exceção dos dias em que os atletas e comissão

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