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Quanto à origem das idéias, acredito, com este autor e muitos outros pensa-dores versados, que não existem idéias inatas, como não há princípios inatos. Para refutar os erros dos que admitem tais idéias e princípios inatos, seria sufi-ciente mostrar, conforme aparecerá a seguir, que não temos necessidade disto, e que os homens podem adquirir todos os seus conhecimentos sem o auxilio de qualquer impressão inata.]

TEÓFILO — [Sabeis, Filaleto, que desde muito tempo defendo opinião contrária;

que sempre fui, como ainda sou, pela idéia inata de Deus, idéia que Descartes defendeu; conseqüentemente defendo outras idéias inatas que não nos podem vir dos sentidos. Agora vou ainda mais longe, em conformidade com o novo sistema. Acredito mesmo que todos os pensamentos e ações da nossa alma procedem do seu próprio fundo, sem que possam ser fornecidos à alma pelos sentidos, como vereis a seguir. Todavia, no momento deixarei de lado esta pesquisa e, adaptan-do-me às expressões usuais (já que, de fato, elas são boas e defensáveis,

podendo-sedizer até certo ponto que os sentidos externos constituem em parte a causa dos nossos pensamentos), examinarei como se deve dizer, no meu entender — perma-necendo no sistema usual (falando da ação dos corpos sobre a alma, como os Copernicanos falam com os outros homens do movimento do sol, e com funda-mento) —, que existem idéias e princípios que não nos vêm dos sentidos, e que encontramos em nós sem formá-los nós mesmos, embora sejam os sentidos que nos dão ocasião para percebê-los. Imagino que o vosso inteligente autor notou que sob o nome de princípios inatos muitas vezes defendemos os nossos precon-ceitos e queremos isentar-nos do trabalho das discussões, e que este abuso terá reforçado o seu zelo contra esta suposição. Ele terá querido combater a preguiça e a maneira de pensar superficial daqueles que, sob o pretexto hábil de idéias ina-tas e de verdades gravadas naturalmente no espírito (às quais damos facilmente o nosso consentimento), não se preocupam em pesquisar e examinar as fontes, as conexões e a certeza desses conhecimentos. Neste ponto estou inteiramente com ele e vou até além.

Gostaria que não limitássemos as nossas análises, que déssemos as defini-ções de todos os termos, enquanto possível, e que demonstrássemos, ou déssemos os meios para demonstrar, todos os axiomas que não são primitivos, sem distin-guir a opinião que os homens têm, e sem preocupar-nos se os homens estão de acordo ou não. Isto seria mais útil do que se pensa.

Todavia, parece que o autor foi levado longe demais também sob um outro aspecto, devido ao seu zelo, aliás muito elogiâvel. A meu ver, ele não distinguiu suficientemente entre a origem das verdades necessárias — cuja fonte é o entendi-mento — e a origem das verdades de fato, que haurimos das experiências dos sen-tidos, e até das percepções confusas que estao em nós. Vedes, portanto, que não aceito o que afirmais, isto é, que possamos adquirir todos os nossos conheci-mentos sem necessitarmos de impressões inatas. A seqüência das nossas discus-sões mostrará quem de nós tem razão.]

§ 2. FILALETO — Ë o que de fato veremos. Confesso-vos, meu caro Teófilo, que

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certos princípios da verdade sobre os quais os homens concordam unanime-mente; razão pela qual se denominam Noções comuns, koinaì énnoiai. Daqui segue que tais princípios constituem elementos que recebemos com a nossa pró-pria existência.

§ 3. Todavia, mesmo que fosse certo o fato de que existem princípios com os quais todo o gênero humano concorda, este consentimento universal não demons-traria que são inatos, se conseguirmos mostrar, como acredito, uma outra via pela qual os homens podem ter chegado a esta unanimidade de pensamento.

§ 4. Entretanto, o que é pior, esta unanimidade universal não existe, nem mesmo com respeito a estes dois célebres princípios especulativos (mais adiante falaremos dos princípios práticos), isto é: tudo o que é, é; e que é impossível que

uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo. Com efeito, para uma grande parte

do gênero humano estas duas proposições — que para vós constituem verdades

necessárias e axiomas

nem sequer são conhecidas.

---TEóFILo [Eu não fundamento a certeza dos princípios inatos sobre o consenti-mento universal. Com efeito, já vos disse, Filaleto, que na minha opinião se deve procurar demonstrar todos os axiomas que não são primitivos. Concedo também que um consentimento muito geral, que não seja universal, pode provir de uma tradição difundida através de todo o gênero humano, assim como o uso de fumar tabaco foi adotado por quase todos os povos em menos de um século, embora se tenham encontrado alguns insulares que, não conhecendo sequer o fogo, não ti-nham o uso de fumar. Assim é que algumas pessoas versadas, mesmo entre os teólogos, mas do partido de Arminius 3a acreditaram que o conhecimento da Divindade provinha de uma tradiçào muito antiga e muito generalizada; de fato, acredito que o ensinamento confirmou e retificou este conhecimento. Parece-me, entretanto, que a própria natureza contribuiu para levar a isto sem o ensina-mento; as maravilhas do universo fizeram automaticamente pensar em um Poder superior. Viu-se uma criança, nascida surda e muda, mostrar veneração à lua cheia; conhecemos outrossim nações, que não tinham aprendido nada de outros povos, temerem poderes invisíveis. Reconheço, estimado Filaleto, que não é ainda a idéia de Deus, tal qual a temos e exigimos; todavia, esta idéia não deixa de resi-dir no fundo das nossas almas, sem ter sido colocada por homens, como veremos. As leis eternas de Deus, ao menos em parte, estão gravadas na alma humana de um modo ainda mais legível, por uma espécie de instinto. Entretanto, são princí-pios práticos, sobre os quais teremos ocasião de falar. Deve-se reconhecer, toda-via, que a inclinação que temos a reconhecer a idéia de Deus está na natureza humana. Mesmo que atribuíssemos o primeiro ensinamento à Revelação, perma-nece de pé que a facilidade que os homens sempre demonstraram em receber esta doutrina vem da própria natureza das suas almas. Veremos a seguir que, na reali-dade, o ensinamento externo não faz outra coisa senão excitar ou despertar em nós o que já estava em nós. Concluo que o consentimento bastante geral entre os

a° Arminius (1560-1609), teólogo holandês, cujas doutrinas, dirigidas contra a teoria calvinista da predesti-nação, levantaram longas controvérsias entre os arminianos e os seus adversários gomaristas. Entre as

"pes-soas versadas" que sustentavam a tese aqui mencionada — tese que, aliás, não é especificamente arminiana — cita-se o teólogo holandês Episcopius.

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homens constitui um indício, e não uma demonstração de um princípio inato; a prova exata e decisiva desses princípios consiste em mostrar que a sua certeza só provém do que está em nós. Para responder ainda àquilo que dizeis contra a apro-vação geral que se dispensa aos dois grandes princípios especulativos, que figu-ram entre os mais admitidos, posso dizer-vos que, mesmo que não fossem conhe-cidos, não deixariam de ser inatos, visto que os reconhecemos desde o momento em que os ouvimos: todavia, acrescentarei ainda que, no fundo, todos os conhe-cem, e que nos servimos a cada momento do princípio de contradição (para dar um exemplo) sem considerá-lo distintamente; não existe nenhum bárbaro que, em se tratando de um assunto sério, não se choque com a conduta de um mentiroso que se contradiz. Portanto, empregamos essas máximas sem mesmo analisá-las expressamente. Acontece coisa semelhante ao fato de termos virtualmente no espírito as proposições suprimidas nos entimemas," que emitimos não somente na expressão, mas também em nosso pensamento.]

§ 5. FILALETO — [O que acabais de dizer acerca desses conhecimentos virtuais e dessas supressões internas me surpreende,] pois parece-me uma verdadeira contradição dizer que existem verdades impressas na alma, e ao mesmo tempo que esta não percebe tais verdades.

TEOFILO — [Se tendes este preconceito, não me admiro de que rejeiteis os conhe-cimentos inatos. Todavia, admiro-me ante o fato de não vos ter vindo à idéia que temos uma infinidade de conhecimentos que nem sempre percebemos, nem sequer quando temos necessidade deles. Compete à memória conservá-los e à reminis-cência colocá-los diante de nós, como o faz freqüentemente quando necessário, mas não sempre. Isto se denomina muito justamente lembrança (souvenir — de subvenire, socorrer), pois a reminiscência pede um auxílio. É indispensável que,

ernmeio a esta multidão dos nossos conhecimentos, sejamos determinados por al-guma coisa a ser renovada, mais do que por outra, visto ser impossível pensarmos distintamente, e ao mesmo tempo, em tudo o que sabemos.]

FILALETO — Nisto acredito terdes razão: a afirmação, demasiado genérica, de que nos damos conta sempre de todas as verdades que estão em nossa alma, esca-pou-me por não ter prestado suficiente atenção. Contudo, ser-os-á mais difícil responder ao que vou objetar-vos: se podemos dizer de alguma proposição em particular que é inata, pela mesma razão se poderá defender que todas as proposi-ções que são razoáveis, e que o espírito puder um dia considerar como tais, estão já impressas na alma.

TEOFILO — Concordo quanto às idéias puras, que oponho às fantasias dos senti-dos; concordo também com respeito às verdades necessárias ou de razão, que oponho às verdades de fato. Neste sentido deve-se dizer que toda a aritmética e toda a geometria são inatas, estando em nós de maneira virtual, de maneira que podemos encontrá-las em nós considerando atentamente e ordenando o que já temos no espírito, sem utilizar qualquer verdade aprendida por experiência ou

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pela tradição de outros, como demonstrou Platão em um diálogo,3 6 no qual introduz Sócrates conduzindo uma criança a verdades estranhas simplesmente através das perguntas, sem ensinar-lhe nada. Podemos, por conseguinte, construir essas ciências em nosso gabinete e até com os olhos fechados, sem apreendermos pela vista ou pelo tato as verdades de que temos necessidade, embora permaneça verdade que jamais chegaríamos à consideração das idéias em questão, se não tivéssemos jamais visto e tocado nada. Com efeito, em virtude de uma admirável lei da natureza, nao podemos ter pensamentos abstratos que não necessitem de al-guma coisa sensível, a nao ser que se trate de caracteres como as figuras das le-tras e os sons, embora nao haja nenhuma conexão necessária entre tais caracteres arbitrários e tais pensamentos. E, se os traços sensíveis não fossem necessários, não existiria a harmonia preestabelecida entre a alma e o corpo, sobre a qual terei ocasião de falar-vos mais detidamente.

Isto, porém, não impede que o espírito haura as verdades necessárias de si mesmo. Vê-se também quão longe se pode ir sem qualquer auxílio alheio, por uma lógica e aritmética puramente naturais, como aquele menino sueco que, com a sua lógica e a sua aritmética, chega a fazer grandes cálculos de cabeça, sem ter aprendido a maneira comum de contar, nem mesmo a ler e a escrever, se bem recordo de quanto me contaram. E verdade que ele não consegue resolver proble-mas como os que exigem extrações de raízes. Isto nao impede que possa conse-guir também isto, haurindo do fundo do seu espírito mediante algum artificio. Isto demonstra apenas que existem graus na dificuldade que temos de perceber o que está em nós. Existem princípios inatos que são comuns e muito fáceis a todos,

existem teoremas que se descobrem com a mesma imediatez, e que compõem ciências naturais, que são mais compreendidos por uns do que por outros. Enfim, em um sentido mais vasto, que é bom empregar para ter noções mais compreen-sivas e mais determinadas, todas as verdades que podemos haurir dos conheci-mentos inatos primitivos podem denominar-se ainda inatas, pelo fato de o espírito poder hauri-las de seu fundo, embora isto por vezes não seja fácil. Todavia, se alguém atribui um sentido diferente às palavras, nao quero discutir sobre os termos.

FILALETO [Concordei convosco em que podemos ter na alma aquilo que não percebemos nela, pois não nos recordamos sempre, num dado momento, de tudo aquilo que sabemos; entretanto, é necessário sempre que o tenhamos aprendido. e que uma vez o tenhamos conhecido expressamente. Assim,] se podemos dizer que uma coisa está na alma, embora a alma não a tenha ainda conhecido, só pode ser porque a alma tem a capacidade ou faculdade de conhecê-la.

TEÓFILO -- [Por que razão isto não poderia ser devido a uma outra causa, como, por exemplo, que a alma pode ter em si mesma esta coisa, sem dar-se conta? Com efeito, já que um conhecimento adquirido pode estar oculto pela memória — como vós mesmo reconheceis —, por que razão a própria natureza não poderia ter escondido na alma algum conhecimento original? É porventura indispensável

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que tudo o que é natural a uma substância que se conhece se conheça primeiro imediatamente? Esta substância, tal como a nossa alma, não pode e não deve porventura ter tantas propriedades, que seja impossível considerá-las todas imediatamente e ao mesmo tempo? Os Platônicos acreditavam que todos os nos-sos conhecimentos eram reminiscências, e assim as verdades que a alma trouxe com-0-conhecimento do homem, e que se denominam inatas, devem ser restos de um conhecimento expresso anterior. Esta opinião não tem fundamento algum. É fácil pensar que a alma devia já possuir conhecimentos inatos no estado prece-dente (se houvesse preexistência), por mais recuado no tempo que pudesse ser tal estado, como da seguinte forma: os conhecimentos deveriam, portanto, vir tam-bém de um outro estado precedente, no qual seriam enfim inatos ou pelo menos co-criados, ou então seria necessário ir até ao infinito e supor almas eternas, caso em que os conhecimentos seriam inatos mesmo, pois que jamais teriam tido início na alma; e se alguém pretendesse que cada estado anterior teve alguma coisa de um outro estado mais anterior, que não deixou aos seguintes, responder-se-lhe-á que é evidente que certas verdades manifestas deveriam ter caracterizado todos esses estados. De qualquer maneira que se considere, é sempre claro em todos os estados da alma que as verdades necessárias são inatas e se demonstram por aquilo que é interno, não podendo ser demonstradas pelas experiências, como se demonstram ás verdades de fato. Por que razão seria necessário afirmar que não podemos ter algo na alma, algo que nunca utilizamos? Porventura ter uma coisa sem utilizá-la equivale a ter apenas a faculdade de adquiri-la? Se assim fosse, não possuiríamos jamais a não ser coisas de que desfrutamos, quando na realidade sabemos que, além da faculdade e do objeto, é necessária muitas vezes alguma disposição na faculdade ou no objeto e em ambos, para que a faculdade se exerça sobre o objeto.]

FILALETO — Considerando as coisas assim, poder-se-á dizer que existem verda des gravadas na alma, que entretanto a alma jamais conheceu nem jamais conhe-cerá. Isto me parece estranho.

TEÓFILO — [Não vejo nisso absurdo algum, embora tampouco possamos ter cer-teza de que existam tais verdades. Com efeito, é possível que se desenvolvam um dia em nossas almas, quando estas estiverem num outro estado, coisas mais ele-vadas do que aquelas que podemos conhecer no presente estado de vida.]

FILALETO — Supondo-se, porém, que existam verdades que possam ser impressas no entendimento sem que este as perceba, náo vejo como, em relação à origem. elas possam diferir das verdades que o entendimento é apenas capaz de conhecer.

TEÓFILO — O espírito não é somente capaz de conhecê-las, mas também de descobri-las em si mesmo; se o espírito tivesse apenas a capacidade de receber os conhecimentos ou a potência passiva para isto — capacidade tão indeterminada quanto a que possui a cera de receber figuras, e a lousa vazia de receber letras —, nào seria a fonte das verdades necessárias, como acabo de demonstrar que na rea-lidade é. Pois é incontestável que os sentidos não bastam para demonstrar a sua

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necessidade, e que portanto o espírito tem uma disposição (tanto ativa quanto passiva) para hauri-los por si mesmo do seu fundo; embora os sentidos sejam necessários para dar-lhe ocasião e atenção para isto, e para conduzi-lo preferivel-mente a uns do que a outros.

Como podeis ver, essas pessoas, muito versadas aliás, que têm outra opi-nião, parecem não ter meditado suficientemente sobre as conseqüências da dife-rença existente entre as verdades necessárias ou eternas, e entre as verdades de experiência, como já observei, e como demonstra toda a nossa contestação. A demonstração originária das verdades necessárias vem exclusivamente do enten-dimento, ao passo que as demais verdades procedem das experiências ou das observações dos sentidos. O nosso espírito é capaz de conhecer umas e outras; mas é a fonte das primeiras; e qualquer que seja o número de experiências parti-culares que possamos ter de uma verdade universal, não podemos ter certeza dela pela indução, sem conhecer pela razão a sua necessidade.

FILALETO — Entretanto, não é porventura verdade que, se estas palavras — estar

no entendimento — encerram algo de positivo, significam ser percebido e

compreendido pelo entendimento?

TEÓFILO — As mencionadas palavras nos indicam uma coisa completamente diversa: basta que aquilo que está no entendimento possa ser encontrado ali, e que as fontes ou provas originárias das verdades em questão estejam apenas no entendimento: os sentidos podem insinuar, justificar e confirmar essas verdades, mas não demonstrar a certeza irreversível e perpétua delas.

§ I I.FILALETO — Entretanto, todos aqueles que quiserem dar-se ao trabalho de refletir com um pouco de atenção sobre as operações do entendimento acharão que este consentimento que o espírito dá sem esforço a certas verdades depende da faculdade do espírito humano.

TEÓFILO — Muito bem. Todavia, é esta relação particular do espírito humano com estas verdades que torna o exercício da faculdade fácil e natural com res-peito a elas, e que faz com que as denominemos inatas. Por conseguinte, não é uma faculdade nua, que consistiria na pura possibilidade de compreender as ver-dades: é uma disposição, uma aptidão, uma pré-formação, que determina a nossa alma e que faz com que as verdades possam ser hauridas dela. Assim como existe diferença entre as figuras que imprimimos na pedra ou no mármore indiferente-mente, e entre aquelas já indicadas pelos seus veios, ou que os veios estão dispos-tos a indicar, se o artífice souber aproveitar.

FILALETO — Porventura as verdades não são posteriores às idéias das quais se originam? Ora, as idéias procedem dos sentidos.

TEOFILO — As idéias intelectuais, que constituem a fonte das verdades necessá-rias, não procedem dos sentidos: vós mesmo reconheceis que existem verdades que são devidas à reflexão do espírito, quando este reflete sobre si mesmo. De resto, é verdade que o conhecimento expresso das verdades é posterior (tempore

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vel natura3 7) ao conhecimento expresso das idéias, como a natureza das verdades

depende da natureza das idéias, antes de formarmos expressamente umas e outras; e as verdades em que entram as idéias provenientes dos sentidos depen-dem dos sentidos, pelo menos em parte. Contudo, as idéias que provêm dos senti-dos são confusas, sendo-o também as verdades que deles dependem, ao menos em parte; ao passo que as idéias intelectuais e as verdades que delas dependem são distintas, sendo que nem as idéias nem as verdades têm a sua origem dos sentidos, embora permaneça verdade que não seríamos jamais capazes de pensar sem os sentidos.

FILALETO — Segundo a vossa opinião, os números são idéias intelectuais, e toda-via a dificuldade ali depende da formação expressa das idéias: por exemplo, uma pessoa sabe que 18 mais 19 fazem 37, com a mesma evidência que sabe que 1

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