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§ 1. FILALETO — Uma vez que as sensações do corpo, assim como os pensamen-tos do espírito, são ou indiferentes ou seguidas de prazer ou de dor, não podemos descrever essas idéias, como não podemos também descrever todas as idéias sim-ples, nem dar nenhuma definição das palavras que utilizamos para designá-las.

TEóFILO — [Acredito não haver percepções que nos sejam completamente indife-rentes, mas basta que o seu efeito não seja notável para denominá-las assim, pois oprazer ou ador parece consistir em uma ajuda ou num impedimento

notá-vel. Reconheço que esta definição não é nominal, e que não é possível dar uma definição nominal no caso.]

§ 2. FILALETO —O bem é aquilo que é próprio para produzir e aumentar o prazer em nós, ou para diminuir ou abreviar alguma dor. Omalé próprio para produzir ou aumentar a dor em nós, ou para diminuir algum prazer.

TEÓFILO — [Também eu partilho desta opinião. Dividimos o bem em honesto, agradável e útil, mas no fundo creio que é necessário que ele seja ou agradável em si mesmo, ou servindo a algum outro que nos possa dar um sentimento agra-dável, isto é: o bem é agradável ou útil, e o honesto consiste em um prazer de espírito.]

§ 4, 5. FILALETO — Do prazer e da dor vêm as paixões: temos amor àquilo que pode produzir prazer, e o pensamento da tristeza ou da dor, que pode ser

produzi-do por uma causa presente ou ausente, é o ódio. Entretanto, o ódio ou o amor que se referem a seres capazes de felicidade ou de infelicidade são muitas vezes um desprazer ou um contentamento que sentimos ser produzido em nós pela

consideração da existência deles ou da felicidade que desfrutam.

TEóFILO — [Eu também dei mais ou menos esta definição do amor, ao explicar os princípios da justiça, no prefácio do meu Codex iuris gentium diplomaticus,29

a saber, que amar significa ser levado a ter prazer na perfeição, no bem ou na

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felicidade do objeto amado. Por esta razão não se considera e não se pede outro prazer próprio fora daquele que se encontra no bem ou prazer daquele que se ama; neste sentido, não amamos propriamente aquilo que é incapaz de prazer ou de felicidade, e desfrutamos das coisas desta natureza sem amá-las por isto, a não ser por uma prosopopéia, e como se imaginássemos que elas mesmas se regozijassem pela sua perfeição. Por conseguinte, não se trata propriamente de amor, quando dizemos que amamos um belo quadro pelo prazer que temos em sentir as suas perfeições. Todavia, é lícito ampliar o sentido dos termos, sendo que o uso varia. Os filósofos e os próprios teólogos distinguem duas espécies de amor, isto é, o amor que denominam de concupiscência — o qual não é outra coisa senão o desejo ou o sentimento que temos com relação àquilo que nos dá prazer, sem que nos interessemos se ele tem prazer — e o amor de

benevolên-cia, o qual consiste no sentimento que temos por aquele que pelo seu prazer

ou felicidade nos faz participar disso. O primeiro nos faz visar ao nosso prazer, o segundo nos faz visar ao prazer de outrem, mas como que fazendo ou consti-tuindo o nosso prazer, pois se o prazer do outro não se refletisse em nós de alguma forma, não poderíamos interessar-nos por ele visto ser impossível — di-ga-se o que se quiser — desapegar-se do próprio bem. É assim que se deve enten-der o amor desinteressado ou não mercenário, para bem compreenenten-der a sua no-breza, e para ao mesmo tempo não cair em quimeras.]

§6. FILALETO - A inquietação (uneasiness em inglês) que um homem ressente

em si mesmo pela ausência de uma coisa que lhe daria prazer se estivesse presen-te, denomina-se desejo. A inquietação é o principal, para não dizer o único estí-mulo que excita a iniciativa e a atividade dos homens; com efeito, qualquer que

seja o bem que se proponha ao homem, se a ausência de tal bem não acarretar nenhum desprazer nem de nenhuma dor, e se aquele que dele estiver privado estiver contente e à vontade não o possuindo, não lhe ocorre o desejá-lo, menos

ainda empenhar-se por consegui-lo. Sente apenas, em relação a esta espécie de bem, uma simples veleidade, termo que se tem empregado para significar o grau mais baixo do desejo, que mais se aproxima daquele estado em que se encontra a alma em relação a uma coisa que lhe é completamente indiferente, quando o desprazer causado pela ausência G um coisa é tão pouco considerável que leva apenas a desejá-lo fracamente, :.m auotar os meios para consegui-lo. O desejo é ainda extinguido ou mitigado pela idéia que se tem, de que o bem deseja-do não pode ser atingideseja-do à proporção que a inquietação da alma é curada ou diminuída por esta consideração.

[ Aliás, encontrei o que vos digo sobre a inquietação, neste célebre autor inglês do qual cito muitas vezes as opiniões. Tenho tido dificuldade quanto à significação exata do termo inglês uneasiness. Entretanto, o intérprete francês, cuja habilidade neste ponto não pode ser posta em dúvida, observa ao pé da página (capítulo 20, § 6) que por este termo o autor entende o estado de um homem que não está à vontade, a falta de bem-estar e tranqüilidade na alma, que neste ponto é puramente passiva; esclarece ele também que foi necessário

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traduzir esta palavra pelo termo inquietação, o qual não exprime precisamente a mesma idéia, mas que se lhe aproxima ao máximo. Esta opinião — acrescenta ele — é sobretudo necessária no capítulo seguinte (Sobre a poténcia) onde o autor raciocina muito sobre esta espécie de inquietação, pois se não atribuísse-mos a esta palavra a idéia que acabo de assinalar, não seria possível compreender exatamente os assuntos tratados neste capítulo, os quais são dos mais importan-tes e dos mais delicados de toda a obra.]

TE6FILO — [ O intérprete tem razão, e a leitura do seu excelente autor me mostrou que esta consideração da inquietação constitui um ponto capital, no qual o autor demonstrou de maneira particular o seu espírito penetrante e profundo. Eis por que examinei o assunto com alguma atenção, e após ter bem considerado a ques-tão, parece-me quase que a palavra inquietação, se não exprime suficientemente

a idéia do autor, convém bastante, todavia, à natureza da coisa e ao termo uneasi-ness; se assinalasse um desprazer, uma mágoa, um incômodo, em uma palavra, alguma dor efetiva, não conviria. Com efeito, preferiria dizer que no próprio desejo existe antes uma disposição e preparação à dor do que a própria dor. É verdade que esta percepção às vezes difere apenas por mais ou por menos da percepção que reside na própria dor, mas é que o grau pertence à essência da dor, visto ser uma percepção notável. Vê-se isso também pela diferença que existe entre o apetite e a fome, pois quando a irritação do estômago se torna excessivamente forte, causa-nos incômodo, de maneira que é necessário aplicar aqui a nossa doutrina sobre as percepções excessivamente pequenas para que sejam aperceptíveis, pois se o que se passa em nós quando temos apetite e desejo fosse aumentado suficientemente, nos causaria dor. Eis por que o Autor infinita-mente sábio do nosso ser o fez para o nosso bem, quando o fez de maneira tal que fiquemos muitas vezes na ignorância e em percepções confusas: é para agir mais prontamente por instinto, e para não sermos incomodados por sensa-çõesdemasiado distintas de uma série de objetos, que não nos voltam absolutamente. Quantos insetos engolimos sem dar-nos conta, quantas pessoas não vemos que, tendo o olfato muito apurado, sofrem incômodos por isto, e quantos objetos incô-modos veríamos, se a nossa vista fosse tão penetrante ! É também por esta razão que a natureza nos deu os estímulos do desejo, como rudimentos ou elementos da dor, ou, por assim dizer, da semidor, ou (se quiserdes falar abusivamente para exprimir-vos com mais força) pequenas dores inaperceptíveis, a fim de

des-frutarmos da vantagem do mal sem sermos afetados pelo seu incômodo: do

con-trário, se esta percepção fosse muito distinta, estaríamos sempre infelizes aguar-dando o bem, ao passo que esta contínua vitória sobre essas semidores, que senti-mos ao seguir o nosso desejo e ao satisfazer de alguma forma a este apetite ou a este "prurido", nos dá uma série de semiprazeres, cuja continuação e acúmu-lo (como na continuação da impulsão de um corpo pesado que desce e que adqui-re impetuosidade) se tornam finalmente um prazer completo e verdadeiro. No fundo, nessas semidores não haveria prazer, não haveria meio de dar-se conta que alguma coisa nos ajuda e nos alivia, eliminando alguns obstáculos que nos

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impedem de sentir-nos bem. É também nisso que se reconhece a afinidade do prazer e da dor, que Sócrates ressalta no Fédon de Platão,3° ao sentir coceira nos pés. Esta consideração sobre as pequenas ajudas e os pequenos alívios, dos quais ao final resulta um prazer notável, serve também para fornecer um conheci-mento mais distinto da idéia confusa que temos e devemos ter do prazer e da dor; da mesma forma, o sentimento do calor ou da luz resulta de uma série

de pequenos movimentos, que exprimem os movimentos dos objetos, conforme o que disse acima (capítulo 9, § 13) e diferem deles apenas na aparência e pelo fato de não nos apercebermos desta análise: ao passo que muitos crêem hoje em dia que as nossas idéias das qualidades sensíveis diferem toto genere31 dos movimentos e do que acontece nos objetos, e constituem algo de primitivo e de inexplicável, e até de arbitrário, como se Deus fizesse sentir à alma o que lhe aprouvesse, ao invés do que acontece no corpo. Isso está muito longe da análise verdadeira das nossas idéias. Entretanto, para voltarmos à inquietação,

ou seja, às pequenas solicitações imperceptíveis que nos mantêm sempre de pron-tidão: são elas determinações confusas, de maneira que muitas vezes não sabe-mos o que nos falta, ao passo que nas inclinações epaixões sabemos ao menos

o que estamos querendo, embora as percepções confusas entrem também na sua maneira de agir, e as mesmas paixões causam também esta inquietação ou "pruri-do". Esses impulsos são como outras tantas pequenas molas que procuram sol-tar-se e fazem a nossa máquina agir. Já observei acima que é por isso que nunca

somos indiferentes — mesmo quando mais parecemos sê-lo — por exemplo, a voltar-nos à direita de preferência à esquerda, ao final de uma rua. Com efeito, a opção que fazemos provém dessas determinações sensíveis, mescladas com as ações dos objetos e do interior do corpo, que nos faz sentir-nos melhor de uma maneira do que de outra. Em alemão denomina-se Unruhe — istoé, inquietação — o pêndulo de um relógio. Pode-se dizer que o mesmo acontece com o nosso

corpo, que jamais poderá estar perfeitamente à vontade: com efeito, mesmo que um dia o estivesse, uma nova impressão dos objetos, uma pequena mudança nos órgãos, nos vasos sangüíneos ou nas entranhas mudará logo a balança, o que produz um combate perpétuo que faz, por assim dizer, a inquietação do nosso

relógio, de maneira que esta denominação me agrada bastante.)

§ 6. FILALETO — Aalegria constitui um prazer que a alma sente quando considera

a posse de um bem presente ou futuro como seguro; estamos de posse de um bem quando ele está de tal modo em nosso poder, que podemos desfrutar dele quando quisermos.

TEÕFILO — [ Nas línguas faltam palavras adequadas para distinguir as noções próximas entre si. Talvez o latim gaudium se aproxime mais dessa definição da alegria, do que o termo laetitia, que também se traduz pela palavra alegria; mas

3° 60 b-c: acabam de retirar de Sócrates as cadeias que tinha nos pés.

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neste caso a palavra não me parece significar um estado em que o prazer predo-mina em nós, pois durante a mais profunda tristeza e em meio às mágoas mais profundas, podemos ter algum prazer como em beber ou em ouvir música, porém predomina o desprazer; assim também, em meio às dores mais agudas, o espírito pode estar na alegria, o que acontecia aos mártires.]

§ 8. FILALETO — A tristeza constitui uma inquietação da alma, quando esta pensa

em um bem perdido do qual poderia ter desfrutado por mais tempo, ou quando é atormentada por um mal atualmente presente.

TEÓFILO — [ Não somente a presença de um mal atual, mas também o temor de um mal futuro pode tornar-nos tristes, de maneira que — acredito eu — as definições da alegria e da tristeza que acabo de dar são as que melhor quadram com o uso. Quanto à inquietação, existe na dor e conseqüentemente na tristeza algo mais: a inquietação está até na alegria, pois torna o homem desperto, ativo, cheio de esperança para ir mais longe. A alegria já foi capaz de causar a morte por excesso de emoção, caso no qual havia mais do que inquietação.]

§ 9. FILALETO — A esperança é o consentimento da alma que pensa no prazer

que terá provavelmente em uma coisa apta a causar-lhe prazer. § 10. E o temor é uma inquietação da alma ao pensar em um mal futuro que pode ocorrer.

TEÓFILO — [Se a inquietação representa um desprazer, reconheço que ela acom-panha sempre o temor; todavia, considerando-a como esse aguilhão insensível que nos impulsiona, pode-se aplicá-la também à esperança. Os Estóicos conside-ravam as paixões como opiniões; assim, para eles a esperança constituía a opi-nião de um bem futuro, e o temor a opiopi-nião de um mal futuro. Prefiro dizer que as paixões não são nem contentamentos ou desprazeres, nem opiniões, mas tendências, ou melhor, modificações da tendência, que provêm da opinião ou do sentimento, e que são acompanhadas de prazer ou de desprazer.]

§ 11. FILALETO — O desespero constitui o pensamento de que um determinado

bem não pode ser atingido, o que pode causar aflição e por vezes o ócio.

TEÓFILO — [O desespero, considerado como paixão, será uma forma de tendência forte que se encontra completamente estacionada, o que produz um combate vio-lento e muito desprazer. Entretanto, quando o desespero é acompanhado de ócio e indolência, estamos mais diante de uma opinião do que de uma paixão.]

§ 12. FILALETO — A cólera é esta inquietação ou esta desordem que sentimos

após recebermos alguma injúria, e que é acompanhada de um desejo presente de vingar-nos.

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que também os animais são capazes dela, e no entanto não sofrem injúria. Existe na cólera um esforço violento que tende a vingar-se do mal. O desejo da vingança pode permanecer quando alguém é de sangue frio, e quando se tem mais ódio que cólera.]

§ 13. FILALETO — A inveja é a inquietação (o desprazer) da alma, inquietação

que provém da consideração de um bem que desejamos, mas que um outro pos-sui, e que acreditamos não deveria possuir de preferência a nós.

TEÓFILO — [Segundo esta noção, a inveja seria sempre uma paixão louvável e sempre fundada na justiça, pelo menos em nossa opinião. Entretanto, não sei se muitas vezes não temos inveja com relação a um mérito reconhecido. Temos até inveja de pessoas por causa de um bem que não nos importaria possuir. Esta-ríamos contentes em vê-las privadas deste bem, sem pensarmos em aproveitar e mesmo sem querer esperá-lo. Com efeito, existem bens que se assemelham a quadros pintados em afresco, que podemos destruir, mas de que não podemos

apropriar-nos.]

§ 17. FILALETO — A maior parte das paixões causam em muitas pessoas impres -sões no corpo, produzindo nele diversas alterações, embora estas não sejam sem-pre sensíveis: por exemplo, a vergonha — que consiste numa inquietação da alma que se sente quando se considera que se praticou algo de indecente ou que pode diminuir a estima que outros têm de nós — nem sempre vem acompa-nhada de rubor.

TEÕFILO — [Se os homens se empenhassem mais em observar os movimentos externos que acompanham as paixões, seria difícil dissimulá-los. Quanto à vergo-nha, é notável que pessoas modestas por vezes sentem alterações semelhantes às da vergonha, quando apenas testemunham uma ação indecente.]

CAPÍTULO XXI

A potência e a liberdade

§ 1. FILALETO — [ O espírito, observando como uma coisa deixa de ser, e como uma outra, que antes não existia, começa a existir, e concluindo que no futuro haverá coisas semelhantes, produzidas por agentes semelhantes, chega a conside-rar em uma coisa a possibilidade que existe, de que uma das suas idéias simples

seja mudada, e em uma outra a possibilidade de produzir tal mudança; com base nisso, o espírito se forma a idéia da potência.]

TEÓFILO — Se a potência corresponder ao latim potentia, ela é o oposto

do ato, e a passagem da potência ao ato constitui a mudança. É o que Aristóteles

entende pelo termo movimento, ao dizer que ele é o ato, ou talvez a atuação

do que está em potência.32 Pode-se, por conseguinte, dizer que apotência em

geral é a possibilidade da mudança. Ora, sendo que a mudança ou ato de uma possibilidade é ação em um sujeito e paixão em um outro, haverá também duas potências, uma passiva e outra ativa. A ativa poderá denominar-se faculdade,

e talvez a passiva poderia chamar-se capacidade ou receptividade. É verdade

que a potência ativa se toma às vezes em um sentido mais perfeito, quando, além da simples faculdade, existe tendência; é assim que eu a tomo nas minhas considerações dinâmicas. Poderíamos atribuir-lhe particularmente o termo força, sendo que a força seria ou enteléquia ou esforço; pois a enteléquia (embora Aris-tóteles a tome de forma tão geral que compreende toda ação e todo esforço) parece-me convir antes às forças agentes primitivas, e o de esforço às derivativas.

Existe ainda uma espécie de potência passiva mais particular e mais carregada de realidade: é a que está na matéria, onde não existe somente a mobilidade — que é a capacidade ou receptividade do movimento — mas ainda a resistên-cia, que compreende a impenetrabilidade e a inércia. As enteléquias, isto é, as

tendências primitivas ou substanciais, quando são acompanhadas de percepção, são as almas.]

§ 3. FILALETO — A idéia da potência exprime algo de relativo. Entretanto, que idéia temos, de qualquer espécie que seja, que não encerre alguma relação? As nossas idéias da extensão, da duração, do número, não contêm todas, porventura, 32Metafisica, K 9, 1065 b 16; Física,III1, 201 a 11.

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uma secreta relação de partes? A mesma coisa se nota de uma forma ainda mais visível na figura e no movimento. Que são as qualidades sensíveis senão potên-cias de diferentes corpos com respeito à nossa percepção? Não dependem elas em si mesmas da espessura, da figura, da contextura e do movimento das partes? Ora, isso coloca uma espécie de relação entre elas. Assim sendo, a nossa idéia da potência bem pode, a meu entender, ser classificada entre as outras idéias

simples.

TEOFILO — [ No fundo, as idéias que acabamos de enumerar são compostas: as das qualidades sensíveis só mantêm o seu lugar entre as idéias simples devido

à nossa ignorância, e as outras, que conhecemos distintamente, só conservam o seu lugar entre as idéias simples por uma indulgência, que seria aliás melhor não ter. É mais ou menos como em relação aos axiomas vulgares que poderiam e mereceriam ser demonstrados entre os teoremas, e que sem embargo se deixa passar como axiomas, como se fossem verdades primitivas. Esta indulgência é mais prejudicial do que se pensa. É verdade que nem sempre podemos passar sem elas.]

§ 4. FILALETO — Se prestarmos bem atenção, os corpos não nos fornecem através dos sentidos uma idéia tão clara e tão distinta da potência ativa como aquela que temos pelas reflexões que fazemos sobre as operações do nosso espírito. A meu ver, não existem senão duas espécies de ações das quais temos a idéia, a

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