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4.1 A disciplina Prática de Ensino de Ciências Biológicas

4.2.5 Ensino de ciências: definições e perspectivas

Neste subitem, abordam-se os comentários dos entrevistados relativos às suas respostas para a questão “Como ensinar ciências da natureza?”, proposta pela professora no início do semestre. Também de acordo com esclarecimentos anteriores, era solicitado, durante a entrevista, que os licenciandos explicassem e comentassem os conteúdos de suas respostas a tal questão.

Nina havia respondido à questão da seguinte maneira:

Buscar, ao máximo, promover ações e atividades que estimulem a criatividade, a elaboração de hipóteses e resolução de problemas, promovendo a construção do conhecimento.

Ao comentar sua resposta, Nina confirmou a idéia de que o ensino de ciências tanto pode acontecer nos ambientes formais, como nos não formais. Ela declarou, ainda, que ensino e aprendizagem são processos interligados:

Acho que o de ensinar vai exatamente nesse processo, o professor, ou ele vai tá num ambiente formal, né, na escola, com essas diversas atividades [...] e o não formal vai ser também, mas a temática acho que vai variar, né, porque em ambientes não formais trabalha-se vários aspectos diferentes [...] mas eu acho que independente desse ambiente não formal, sempre busca-se estratégias diferentes, né, não é só transmissão [...] ensino e aprendizagem não tem muito como desconectar, né, o jeito de aprender tem que tá coerente com o jeito de ensinar, aliás, o jeito de ensinar tem que tá coerente com o jeito de aprender [...] (Nina)

Ao responder à pergunta, Beto havia escrito:

Acho que dependendo do assunto a ser abordado e dos objetivos a serem alcançados, uma determinada estratégia deve ser adotada, procurando mostrar ao aluno a importância e utilidade de se aprender aquela determinada matéria.

Sobre sua resposta, o licenciando relatou que o professor, a depender do assunto a ser abordado, pode escolher uma estratégia diferente de ensino:

É, acho que é mais ou menos aquilo que eu falei [...] dependendo do assunto, dá pra você, por exemplo, uma excursão, que é uma coisa mais legal assim, levar as pessoas num museu [...] então acho que dependendo do assunto você vai ter que tomar uma certa estratégia [...] mas tem coisa que não tem jeito, você vai ter que chegar lá no quadro e passar, não tem como tá sempre fazendo coisas novas [...] (Beto)

A resposta de Léo à questão havia sido:

Mostrando que aquele conhecimento transmitido faz parte da realidade individual e coletiva da pessoa e que de posse de tais informações ela se torna capaz de solucionar problemas.

Já em relação aos seus comentários sobre a resposta dada, o licenciando reforçou sua concepção, segundo a qual o professor deve falar sobre coisas simples do dia-a-dia do aluno, mesmo que não tenham importância imediata para a realidade dele:

Então aqui só falei, né, aquilo tá no cotidiano da pessoa, ela tá lidando com aquele conhecimento [...] e essa outra parte que fala [...] às vezes são coisas simples do dia- a-dia que você fala em sala de aula, e eles, nossa, olha, lá em casa aconteceu isso [...] pode até não fazer importância pra realidade da pessoa naquele momento, mas talvez a pessoa até esfriaria a curiosidade dela [...] (Léo)

Pedro havia respondido à pergunta tal como se segue:

Instigando a aprender a procurar respostas a uma certa questão, elaborando, testando e discutindo hipóteses; cabendo ao orientador direcionar o aprendiz em seu caminho, respondendo, se possível, suas perguntas.

Quando explicou sua resposta à questão, o entrevistado mencionou a relação entre o tutor e seu aprendiz, caracterizada pelo contato direto e próximo. Ensinar é instigar o outro a buscar respostas, não necessariamente no meio acadêmico. Ensinar é, ainda, despertar a curiosidade do aluno:

Acho que essa questão passa muito pelo conceito de o que é o melhor método de ensinar, porque eu gosto muito daquele método mais antigo que tinha, que era o tutor e o aprendiz [...] porque eu acho que é um contato mais próximo que você tem, eu acho que o contato do professor ali na frente e 40 mil pessoas unidas na mesma sala [...] perde um pouco daquele aprendizado legal que tinha, do tete a tete [...] e eu falei aqui instigando a aprender a buscar respostas, e isso eu volto a falar que não precisa ser no meio acadêmico, né [...] você tem que pegar na pessoa aquilo que desperta curiosidade nela, e a partir daí, você coloca a pulga atrás da orelha dela [...] sempre na base do porquê [...] (Pedro)

Por sua vez, Bia havia respondido à mesma questão, do seguinte modo:

"Acredito que, principalmente, partindo de um ponto inicial sendo este o conhecimento prévio do aluno, seus mitos e tabus em torno do assunto, a sabedoria popular...(mas quando descobrirem, me avisem, por favor!)”

Ao comentar sua resposta, Bia destacou o ensino como sendo a análise dos conceitos prévios do aluno:

Então, o que eu quis colocar aqui é mais um processo em etapas de como ensinar, partindo do que eu falei né, tentando partir do que o aluno sabe, porque eu acho super importante aquela questão de analisar os conceitos prévios do aluno [...] partindo do que o aluno sabe fica mais fácil saber como ensinar [...] mesmo sendo o conceito que o aluno tem parcialmente correto, você dá continuidade [...] (Bia)

Neste capítulo, apresentou-se, inicialmente, a disciplina Prática de Ensino de Ciências Biológicas, caracterizando-se elementos das aulas. Foram descritos, além disso, momentos específicos em que se abordaram o ensino e a aprendizagem. Em seguida, as entrevistas realizadas foram destacadas, pontuando-se as respostas dos licenciandos a cada questão.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, os resultados da pesquisa são analisados e discutidos. Ele também está dividido em duas partes: a primeira é dedicada à análise da disciplina investigada e a segunda, refere-se à análise do conteúdo das entrevistas conduzidas.

Primeiramente, destaca-se a importância do período de exploração inicial realizado em 2005 (ver item 3.4), antes da coleta propriamente dita dos dados desta pesquisa. Esse período inicial contribuiu notavelmente para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do repertório de observação e registro da pesquisadora. Patton (1990), nesta direção, elabora comentários interessantes sobre o treino de observação do pesquisador. Para o autor, é fundamental que este aprenda a fazer registros descritivos, sabendo distinguir os detalhes relevantes dos triviais e aprendendo a fazer anotações organizadas. No caso deste trabalho, pode-se constatar que a exploração prévia ao período de coleta de dados foi, de fato, importante para a formação desta pesquisadora.