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O ENSINO DE HISTÓRIA E DE GEOGRAFIA

No documento BAIXA VISÃO E CEGUEIRA (páginas 144-148)

“O ensino de História possui objetivos específi cos, sendo um dos mais relevantes o que se relaciona à constituição da noção de identidade. Assim, é primordial que o ensino de História estabeleça relações entre identidades individuais, sociais e coletivas, entre as quais as que se constituem como nacionais.” (p. 32).

“Espera-se que, ao longo do ensino fundamental, os alunos gradativamente possam ler e compreender sua realidade, posicionar-se, fazer escolhas, e agir criteriosamente. Nesse sentido, os alunos deverão ser capazes de:

• Identifi car o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com outros tempos e espaços;

• Organizar alguns repertórios histórico-culturais, que lhes permitam localizar acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular explicações para algumas questões do presente e do passado;

• Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;

• Reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, presentes na sua realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes no tempo e no espaço;

• Questionar sua realidade, identifi cando alguns de seus problemas e refl etindo sobre algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas de atuação política institucionais e organizações coletivas da sociedade civil;

• Utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográfi cos, sonoros;

• Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento da democracia.”(p. 41).

Para o alcance de tais objetivos, foram sugeridos conteúdos “a partir da história do cotidiano da criança (o seu tempo e o seu espaço), integrada a um contexto mais amplo, que inclui os contextos históricos. Os conteúdos foram escolhidos a partir do tempo presente, no qual existem materialidades e mentalidades que denunciam a presença de outros tempos, outros modos de vida sobreviventes do passado, outros costumes e outras modalidades de organização social, que continuam, de alguma forma, presentes na vida das pessoas e da coletividade. Os conteúdos foram escolhidos, ainda, a partir da idéia de que conhecer as muitas histórias, de outros tempos, relacionadas ao espaço em que vivem, e de outros espaços, possibilita aos alunos compreenderem a si mesmos e a vida coletiva de que fazem parte.” (p. 43-44).

Já a Geografi a, “estuda as relações entre o processo histórico que regula a formação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza, por meio da leitura do espaço geográfi co e da paisagem.” (p. 109). Parte do pressuposto de que “o espaço geográfi co é historicamente produzido pelo homem enquanto organiza econômica e socialmente sua sociedade. A percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é também marcada por laços afetivos e referências socioculturais. Nessa perspectiva, a historicidade enfoca o homem como sujeito construtor do espaço geográfi co, um homem social e cultural, situado para além e através da perspectiva econômica e política, que imprime seus valores no processo de construção de seu espaço. Assim, o estudo de uma totalidade, isto é, da paisagem como síntese de múltiplos espaços e tempos deve considerar o espaço topológico – o espaço vivido e o percebido – e o espaço produzido economicamente como algumas das noções de espaço dentre as tantas que povoam o discurso da Geografi a.” (p. 109-110).

O ensino da História e da Geografi a, para o aluno cego, exige o uso de livros e materiais didáticos transcritos para o Sistema Braille, adaptados em relevo, com diferentes texturas, bem como a intensifi cação da comunicação oral.

O uso de maquetes, de representações materiais do sistema planetário, de acidentes geográfi cos, de cartografi a com distintos materiais, pode ser útil, mas sempre acompanhados de minuciosa descrição oral, e de discussão.

É importante que a cada item do conteúdo programático o professor estimule a pesquisa sobre informações, a análise crítica, a manifestação verbal de todos os alunos, inclusive dos que apresentam defi ciência visual. O professor também não deve se esquecer de explicitar oralmente tudo o que estiver escrevendo no quadro, bem como evitar atividades de leitura silenciosa, já que o conteúdo assim tratado mantém-se fora do âmbito perceptual desse aluno.

Ao aluno com baixa visão faz-se, por outro lado, importante o uso dos recursos ópticos que lhe favoreçam o acesso à comunicação escrita. O ensino da Geografi a, principalmente, implicará atividades complementares que poderão ser desenvolvidas em salas de recursos.

Serão apresentadas, abaixo, sugestões de atividades e de materiais especializados que podem favorecer a aprendizagem de História e de Geografi a dos alunos, de maneira geral, e dos que têm defi ciência visual, em particular. (Brasil, 1979).

a) Coleta de reálias

Jóias, ornamentos, dinheiro, bonecas típicas, roupas, utensílios, ferramentas, manuscritos (alunos com baixa visão), documentos, selos, gravações em fi ta, modelos de transportes e meio de comunicação, faqueiros, instrumentos musicais, objetos de arte, baixelas, amostras de produtos, relógios, armas, revistas, fórmulas de telegramas, contas de telefone, de luz, de gás, passagens de transportes, etc.

b) Coleta de plantas arquitetônicas da comunidade

Para alunos cegos e, se necessário, para os de baixa visão, utilizar plantas confeccionadas em alto relevo.

c) Organização de um fi chário de leituras informativas

Recomenda-se que nas fi chas de leitura informativa sejam observados certos cuidados, tais como:

• Trechos não muito extensos;

• Linguagem acessível à turma, devendo focalizar especialmente as palavras novas;

• Informações autênticas; • Organização lógica.

d) Seleção de lugares para excursões

A seleção dos lugares deve ser direcionada pelos conteúdos que estão sendo desenvolvidos em classe, e aos interesses demonstrados pelos alunos. Além disso, cada excursão exige um cuidadoso planejamento, pelo professor, apresentando:

• Objetivos determinados;

• Previsão de dia e hora para a excursão; • Previsão da duração da excursão; • Cálculo das despesas;

• Previsão de transporte e de alimentação;

• Solicitação de permissão da direção da unidade escolar e dos responsáveis pelo aluno;

• Previsão de acompanhantes, além do professor, para a descrição do local do passeio, para ajuda na locomoção e na alimentação de aluno cego;

• Explicitação de comportamentos exigidos.

Os alunos devem participar do planejamento, fazendo sugestões e tomando conhecimento prévio acerca do que se espera que observem, das informações que pretendem obter, do procedimento de coleta de dados.

É muito importante que, após a excursão, seja avaliada a atividade, tendo em vista os itens constantes de seu planejamento. É também interessante que as informações obtidas sejam utilizadas em outras situações de aprendizagem, tais como, discussões críticas, apresentação de relatórios orais ou escritos, dramatizações, etc.

Os alunos cegos que participarem das excursões ou de visitas devem ser informados minuciosamente pelo professor, colegas, ou acompanhantes, de todos os fatos, situações e ocorrências visuais.

e) Entrevistas

Considera-se valioso o acesso a pessoas-fonte, como meio de obter informações sobre a comunidade. A entrevista também requer um planejamento, para o qual se sugere os seguintes itens:

• Objetivos da entrevista;

• Relação de perguntas a serem feitas para o entrevistado, fundamentada nos objetivos previamente estipulados;

• A pessoa do entrevistado; • O convite;

• O local onde será realizada a entrevista: na escola, ou no local onde se encontra o entrevistado;

• A determinação do dia e da hora;

• A determinação de quais alunos farão as perguntas e quais os que gravarão a entrevista, ou que anotarão as respostas;

• O agradecimento à atenção do entrevistado.

Também no caso de entrevistas, recomenda-se que seja feita uma avaliação posterior, reportando-se aos itens constantes do planejamento. Da mesma

forma, as informações adquiridas devem ser utilizadas em outras atividades de aprendizagem.

f) Utilização dos meios de comunicação de massa

Os acontecimentos da atualidade, enfocados por jornais, revistas, rádio, televisão, podem ser lidos, ouvidos e comentados em classe.

As primeiras informações podem ser trazidas pelo professor ou pelos alunos. A partir disso, sugere-se que os alunos selecionem aquelas que serão discutidas em classe, servindo também como tema para pesquisas, debates, júris simulados, dramatizações, etc.

Os alunos cegos devem ser estimulados a solicitar a colaboração de familiares, colegas e amigos, para a leitura de impressos e para a descrição de imagens veiculadas pela TV ou cinema.

Sugestões de roteiro para Sistematização de Pesquisa sobre Fatos Sociais ligados à comunidade

• Fato social;

• Época em que o fato aconteceu; • Causas;

• Conseqüências;

• Acontecimentos relevantes ligados ao fato social;

• Locais relacionados (localização em mapas, plantas, etc.) OBS: Para alunos cegos, não se pode esquecer que é necessária a utilização de mapas e plantas, em alto relevo;

• Personagens principais e sua atuação nos acontecimentos; • Situação do município, do estado, do país, na época, quanto: • ao governo; • ao desenvolvimento cultural; • à agricultura; • à indústria; • ao comércio; • à população;

• aos meios de transporte e comunicação.

No documento BAIXA VISÃO E CEGUEIRA (páginas 144-148)