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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2. O ESTUDO DE EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR: UMA ABORDAGEM TEÓRICA

1.2.1.2 Ensino do Empreendedorismo

Antes de tratar do método certo para o ensino do empreendedorismo nas escolas deveria ser tratado sobre a possibilidade de ensinar uma pessoa a ser empreendedora (UECKER, 2005).

Longen, citado por Hermenegildo (2002, p.75), apresenta algumas considerações sobre a formação e empreendedores, conforme seguem:

É possível modelar o comportamento humano através do conhecimento global das etapas do processo comportamental e as variáveis a ele associadas.

O modelo comportamental pode ser utilizado como um instrumento capaz de oferecer subsídios que possam auxiliar o desenvolvimento de programas de capacitação de empreendedores.

É possível a compreensão do comportamento do empreendedor, através de um modelo conceitual, elaborado a partir de estudos e pesquisas encontradas na literatura.

O modelo conceitual mostra-se uma alternativa viável para a identificação dos aspectos comportamentais associados ao êxito de empreendimentos.

Muitos questionamentos a respeito do ensino de empreendedorismo acontecem porque se trata de uma formação de adultos, que, segundo Schweizer (2003) já possuem suas experiências, conhecimentos e habilidades, além de crenças, valores e convicções. O autor se baseia em Pine e Horne, responsáveis pela elaboração de vários princípios e condições para o aprendizado na educação de adultos, para afirmar que estes são motivados e não ensinados a procurar novos conhecimentos, habilidades e comportamentos. Afirma que o adulto aprende aquilo que tem sentido pessoal e é relevante às suas necessidades. Conclui dizendo que seu aprendizado é um processo de cooperação e colaboração. Diante do exposto pode-se concluir que ensinar empreendedorismo e formar empreendedores é possível, porém torna-se necessário que a forma de ensino seja adequada para tal.

A crítica que se coloca à concepção tradicional da ideologia do empreendedorismo é que ela se baseia em uma imagem romântica e mitificada de um indivíduo portador de qualidades e habilidades excepcionais com papel de destaque no crescimento econômico. Essa perspectiva, além da ênfase exagerada em componentes psicológicos do perfil do empreendedor, menospreza a influência do contexto histórico, econômico e sócio – cultural no desenvolvimento sócio - econômico (Paiva Jr., 2004; Souza et.al., 2005).

Isto não impediu que a expectativa de resultados positivos estimulasse o surgimento de programas de formação de empreendedores voltados ao desenvolvimento de competências e capacidades específicas da cultura empreendedora. Dessas, fazem parte: a capacidade de inovação; de focalização nos resultados; de perceber as ameaças, tornando os riscos controláveis; de aproveitar e até criar oportunidades; o sentido de responsabilidade; a valorização do “fazer” e da resolução de problemas; a competência para organizar atividades e pessoas. Também são enfocados comportamentos, atitudes e valores reforçadores dessas competências, voltados à inovação, criatividade, mudança, autonomia, autoconfiança e liderança (SIQUEIRA & GUIMARÃES, 2007).

No Brasil, o SEBRAE desempenha importante papel na formação e na divulgação desse perfil de cultura empreendedora. Define cultura empreendedora como o “complexo de crenças, valores, conhecimentos, articulação de idéias e padrões de comportamento, condicionado por características pessoais, pela cultura e pelo ambiente, caracterizando a interferência criativa e realizadora do meio, em busca de ganhos econômicos e sociais” (SEBRAE, 2007).

Este enfoque associa o êxito das experiências empreendedoras também a indicadores sociais historicamente clássicos, como sexo (a maioria dos empreendedores são homens); idade (os jovens predominam); capital social (redes de relacionamento com base familiar, religiosa ou mesmo étnica) e capital cultural (nível de escolaridade e nível de vida familiar).

Em vários países já se percebe a presença do empreendedorismo nos currículos escolares, o que reflete a visão de que a educação é passo primordial para o desenvolvimento dos futuros empreendedores.

Com o crescimento do interesse a respeito das práticas empreendedoras e da criação de empresas, a pesquisa e o estudo do empreendedorismo e das PME (Pequenas e Médias Empresas) vem se desenvolvendo enormemente. Muitos Programas específicos e/ou Centros de Empreendedorismo ligados a instituições de ensino superior são criados, sendo crescente o número de experiências reportadas, que visam a propagar as práticas e compartilhar os resultados que aumentem a compreensão dos riscos e facilidades dos que pretendem trabalhar nesta via.

No Brasil, de acordo com Filion (2000), apesar das grandes dificuldades de se desenvolver o empreendedorismo, o movimento para o ensino dessa disciplina, iniciado há alguns anos, é um passo a caminho da criação de uma cultura empreendedora que dará suporte ao processo de desenvolvimento econômico.

Henrique e Cunha (2006) realizaram um estudo sobre o estado da arte das metodologias e práticas didático-pedagógicas utilizados no ensino de empreendedorismo nos cursos de graduação e pós-graduação nacionais e estrangeiros. Inicialmente, os autores desenvolveram um histórico do ensino de empreendedorismo nas IES e sua importância no desenvolvimento sócio-econômico dos países e na geração de inovações. Os principais resultados indicam que as IES estão implantando o ensino de empreendedorismo em suas grades curriculares em sinergia com as metodologias e práticas didático-pedagógicas mais eficazes para seu aprendizado, mas sem deixar de lado, em muitas ocasiões, os métodos tradicionais de ensino. Henrique e Cunha (2006) salientam que, por se tratar de uma pesquisa que analisa publicações em vários países, nota-se certa variedade nas práticas e metodologias utilizadas. Entretanto, há clara preferência por práticas pedagógicas que incitem a ação do aluno – como plano de negócios, simulação de negócios, jogos, desenvolvimento de empresas ou produtos virtuais ou reais, visitas a empresas e empreendedores e estudos de caso.

Flores (2006), ao analisar o ensino do empreendedorismo nos programas de pós graduação brasileiros revisou a literatura internacional e nacional sobre o tema. No período de 2001 a 2006, entre outros, mostra os doze trabalhos do

Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE). No Encontro Nacional realizado pela Associação Nacional de Pós- Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD), analisa as nove pesquisas. No Encontro Nacional dos Cursos de Graduação em Administração (ENANGRAD) revê os dez estudos apresentados. Há, portanto, um interesse pelo estudo do ensino do empreendedorismo que permeia os trabalhos apresentados nos principais eventos nacionais da área de administração.