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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2. O ESTUDO DE EMPREENDEDORISMO NO ENSINO SUPERIOR: UMA ABORDAGEM TEÓRICA

1.2.2 A Formação de Administradores com Competências Empreendedoras

1.2.2.1 Formação de Empreendedores no Brasil: breve histórico

No Brasil, o primeiro curso de que se tem notícia na área de empreendedorismo surgiu em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, por iniciativa do Professor Ronald Degen, denominada de Novos Negócios, uma disciplina do Curso de Especialização em Administração para Graduados – CEAG (CHAGAS, 2000, p. 87).

Em 1987 a Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns – AESGA, mantenedora da Faculdade de Ciências da Administração de Garanhuns – FAGA, Garanhuns, Pernambuco, é autorizada pelo MEC (Parecer nº 361/87), em anexo, a focar o ensino na formação de empreendedores. Vale ressaltar que, de acordo com as pesquisas realizadas, foi constatada que não existe o registro da IES em documentos referentes à formação de empreendedores. Fato que muda o marco histórico da evolução do ensino do empreendedorismo uma vez que a FAGA, através da oferta do curso de administração com ênfase em empreendedorismo, passa a ser o segundo curso no Brasil.

Na década de 1990, o SEBRAE - Minas apoiou a criação do GEPE, Grupo de Estudos da Pequena Empresa, no Departamento de Engenharia de Produção da UFMG, com o objetivo de desenvolver estudos na área de empreendedorismo, destacando-se os workshops nos anos de 1992 e 1994, que se transformaram em núcleos de propaganda de seguidores na área (CHAGAS, 2000, p. 88).

Em 1992, a Universidade Federal de Santa Catarina criou a Escola de Novos Empreendedores, a ENE que, no decorrer do tempo veio a se constituir em um dos mais significativos projetos universitários de ensino de empreendedorismo no Brasil, com profunda inserção acadêmica e envolvimento tanto com projetos e órgãos internos a UFSC, bem como em outras universidades e organismos internacionais (CHAGAS, 2000, p. 88).

Em 1995, a Universidade de Brasília, Unb, cria a Escola de Empreendedores com o apoio do SEBRAE-DF, passando a ter uma atividade constante de sensibilização e ensino de empreendedorismo (CHAGAS, 2000, p. 89).

O marco na área de empreendedorismo no Brasil dá-se em 1996, com a implantação dos projetos Gênesis, na área de incubação universitária e Sofstart, na área de ensino de empreendedorismo, pelo Programa Softex, criado pelo CNPq em 1992, e gerido pela Sociedade Softex (CHAGAS, 2000, p.89).

Em 1995, a Universidade de Brasília, UnB, criou a Escola de Empreendedores com o apoio do SEBRAE-DF, passando a ter uma atividade fervilhante na área de sensibilização e ensino de empreendedorismo.

No ano de 1997 a PUC-Rio inaugurava o Instituto Gênesis para Inovação e Ação Empreendedora, com o objetivo de desenvolver atividades nas áreas de ensino de formação de empreendedores, de incubação de empresas de base tecnológica e também de pesquisas e assessoria técnica na área de empreendedorismo.

Em 1998 é criado em Minas Gerais o Programa REUNE, Rede de Ensino Universitário de Empreendedorismo, apoiado por um consórcio de instituições formado pelo SEBRAE - Minas, IEL-MG, FUMSOFT, Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Fundação João Pinheiro, com o objetivo de disseminar o ensino de empreendedorismo nas universidades do Estado.

Em 1999 é lançado pelo Governo Federal o Programa Brasil Empreendedor.

Atualmente, de acordo com o relatório executivo de 2009 do Global

Entrepreneurship Monitor (GEM, 2009) o Brasil continua com a Taxa de

Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) superior à média dos países observados pela pesquisa GEM, que foi de 10,48%. A TEA média brasileira de 2001 a 2008 é de 12,72% contra uma TEA média dos demais países GEM de apenas 7,25%. Isso

reforça que o Brasil é um país de alta capacidade empreendedora e que na média entre 2001 e 2008 o brasileiro é 75,58% mais empreendedor que os outros (GEM, 2009).

Apesar do empreendedorismo apresentar-se como destaque nos últimos anos no Brasil, sendo divulgado por organizações governamentais e principalmente não-governamentais, o ensino do mesmo no nível superior ainda “caminha devagar”. Poucas são as universidades que oferecem a disciplina de forma regular na grade curricular (UECKER, 2005).

No Brasil, de acordo com Filion (2000), apesar das grandes dificuldades de se desenvolver o empreendedorismo, o movimento para o ensino dessa disciplina, iniciado há alguns anos, é um passo a caminho da criação de uma cultura empreendedora que dará suporte ao processo de desenvolvimento econômico.

O Brasil é um país onde se encontra a maior riqueza do mundo em recursos natural, como: vegetação, hidrografia entre outras, e encontra-se no atual contexto a ascendência do empreendedorismo quando se observa que o grande potencial petroquímico tem elevado a patamares altíssimos o nível de desenvolvimento tecnológico na área. (LEITE, 2010) www.icesi.edu.co/ciela- acessado

No contexto desta nova sociedade, as instituições de ensino superior deverão propiciar a ampliação democrática do acesso ao conhecimento, como também à sua geração e difusão, de forma que as necessidades educacionais da população sejam devidamente ampliadas e que haja um maior equilíbrio entre a vocação tecnológica e a vocação humanística (GARCIA, 2008).

Um fator importante cujo tema vem sendo tratado em várias discussões no meio acadêmico, refere-se sobre a reflexão sobre se as instituições de ensino brasileiras estão preparando adequadamente os profissionais do futuro e para as rápidas transformações da sociedade. Parece existir um considerável hiato entre as escolas, as empresas e a sociedade. As instituições de ensino superior precisam estar em sintonia com tais transformações, visando adequar a qualificação de alto nível das pessoas e a preparação delas para o mundo do trabalho e dos negócios, em especial para a constituição de empresas voltadas para o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, capazes de desenvolver um ambiente propício a disseminar a cultura empreendedora, e, através do desenvolvimento

sustentável, possibilitar para o futuro uma sociedade a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada (GARCIA, 2008).

As diversas teorias que orientam os programas mais avançados de formação de empreendedores nas instituições de ensino superior no mundo moderno apregoam que o fundamental é preparar as pessoas para aprenderem a agir e a pensar por conta própria, com criatividade e utilizando a liderança e visão de futuro para inovarem e ocuparem o seu espaço no mercado. Também a partir das experiências internacionais bem-sucedidas, já se sabe que os principais atores para a realização dessa mudança cultural são as próprias instituições de ensino superior em geral. E a instituição de ensino superior, nesse processo, é considerada o ponto de partida, porque ela é, por excelência, uma fonte multiplicadora do saber e forte formadora de opinião (GARCIA, 2008).

CAPÍTULO II