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O ENSINO DA ESCRITA NO 1.º ANO:

Antecipar para Prevenir

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Introdução

“Um olhar sobre o caminho percorrido durante os primeiros anos de vida pode ajudar a perceber as potencialidades do jovem adulto e as dificuldades que terá de superar nas aprendizagens escolares relativas à língua materna.” (Sim-Sim, 1997, p. 43). Um número significativo de crianças evidencia, desde a entrada no 1.º ciclo, dificuldades no domínio da linguagem oral, quer nos seus aspetos fonológicos quer na quantidade e variedade do léxico mental. Existem igualmente algumas crianças que, apesar de evidenciarem um nível de discurso francamente evoluído, fracassam na aprendizagem inicial da escrita e da escrita (Lopes, 2001). Esta constatação é preocupante, dada a importância da aquisição da escrita e da leitura e o seu papel inegável ao longo da escolaridade e na vida quotidiana dos alunos. A automatização destas competências é necessária para que os alunos as utilizem como ferramenta para a aprendizagem. Contudo, esta automatização só será possível se os alunos forem capazes de, nos dois primeiros anos de escolaridade, acederem com mestria ao reconhecimento de palavras.

É importante salientar que a maioria das crianças entra na escola com expectativas verdadeiramente positivas, pelo que o fracasso inicial pode ser avassalador para o trajeto futuro do aluno, principalmente quando não são desenvolvidas estratégias compensatórias para evitar o acumular do problema. A ideia de que se deve “dar tempo ao tempo” e esperar pelo 2.º ano para então intervir, contraria tudo o que se sabe sobre o trajeto de desenvolvimento dos problemas de aprendizagem da escrita e da leitura (Lopes, 2000). Diversos autores (e.g., Outón, 2004; Thomson, 1992) salientam a importância da intervenção precoce assim que são detetadas as primeiras dificuldades da criança. Estes autores reconhecem que, por um lado, a aprendizagem dos conhecimentos escolares depende em grande medida do domínio da escrita e da leitura e, por outro, quanto mais tarde for realizada a intervenção nestes problemas, menor será a probabilidade da sua resolução, aumentando consideravelmente as implicações negativas a nível escolar, comportamental e emocional.

Os problemas de aprendizagem da escrita (e da leitura) são uma das principais razões do encaminhamento para os Serviços de Psicologia e Orientação das escolas verificando-se que eles se arrastam desde os primeiros anos do 1.º ciclo, com repercussões ao nível do seu desenvolvimento. Muitos alunos parecem apresentar

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dificuldades nestas áreas devido a uma deficiente aprendizagem das regras de correspondência grafema-fonema (RCGF). Face ao panorama de dificuldades com que muitos alunos se deparam e as suas implicações pessoais, escolares e sociais, surge a necessidade de desenvolver estratégias de intervenção eficazes no combate a essas mesmas dificuldades.

Intervir para prevenir - descrição detalhada

O plano de intervenção foi estruturado para 23 sessões com a duração de 90 minutos cada. Na planificação das atividades procurou-se que as mesmas fossem lúdicas e se de marcassem das tarefas tipicamente escolares, para garantir uma maior motivação por parte dos alunos. No entanto, não foi possível planear todas as atividades de forma diferente, uma vez que toda a turma participou nas atividades. Outón (2004), é realçada a importância de os programas de treino desenvolverem atividades distintas das que anteriormente falharam, para aumentar a motivação dos alunos e o seu envolvimento nas tarefas.

Todas as sessões do plano de intervenção, com exceção da primeira, foram dedicadas ao treino de competências de escrita. Estas sessões foram planeadas de acordo com a avaliação inicial das competências dos alunos nesta área. A avaliação inicial revela-se fundamental para determinar o nível de ensino que irá ser utilizado e adaptar os objetivos do plano às necessidades dos alunos (Thomson, 1992). Decidimos começar por trabalhar o reconhecimento e escrita de letras isoladas, uma vez que estas competências ainda não tinham sido adquiridas por todos os alunos. De seguida selecionaram-se os ditongos em que os alunos apresentavam um maior nível de insucesso.

O quadro que se segue resume a sequência de atividades planeadas para cada uma das sessões do plano de intervenção. Posteriormente apresenta-se uma descrição mais detalhada dos procedimentos a adotar para cada uma das atividades propostas.

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Tabela 8 – Descrição detalhada do plano de intervenção. N.º da

sessão

Tema Atividades

1ª O Ensino da Escrita

1. Diálogo com os alunos sobre o que irá ser trabalhado, com a finalidade de lhes fazer perceber que escrever bem, exige esforço, treino e vontade de aprender.

2ª Introdução ao grafema [t]. Sílabas ta, te, ti, to, tu.

1. Leitura da história: “Tó e o tatu”, do manual de Língua Portuguesa – Pasta Mágica, p. 36.

a) Ativação dos conhecimentos prévios; b) Leitura em voz alta por parte da estagiária; c) Exploração da história ao longo da leitura; d) Exploração final da história;

e) Jogo: “Caça às sílabas”.

3ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Reconto da história ouvida na aula anterior. 3. Descoberta de palavras onde se ouve o fonema [t]. 4. Escrita dessas palavras no quadro, pela estagiária. 5. Rodeio das sílabas ta, te, ti, to, tu.

6. Leitura das palavras pelos alunos. 7. Jogo: “Caça às sílabas”.

8. Escrita cursiva do grafema e das sílabas.

4ª Consolidação de conhecimentos

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Exercício ortográfico, com recurso a algumas palavras trabalhadas nas sessões anteriores.

3. Construção do quadro silábico.

Introdução ao grafema [c]. Sílabas ca, que, qui, co, cu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Leitura da história: “O Macaco do Rabo Cortado”, de António Torrado, Civilização Editora.

3. Procura de palavras onde se ouve o fonema “K”.

4. Escrita das palavras encontradas no quadro, pela estagiária.

5. Rodeio do grafema e das sílabas aprendidas. 6. Leitura das palavras pelos alunos.

7. “Cartões de Imagens”.

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6ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Reconto da história ouvida na sessão anterior.

3. Recordar as palavras lidas onde se ouve o fonema “K”. 4. Jogo: “Caça às sílabas”.

5. Escrita cursiva do grafema e das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

6. Ditado de palavras regulares. 7. Atualização do quadro silábico.

Introdução ao grafema [v]. Sílabas va, ve, vi, vo, vu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Apresentação do grafema [v].

3. Leitura de uma pequena história: “O Menino Vitó”, inventada pela estagiária em colaboração com a professora cooperante.

4. Nomeação de palavras e nomes iniciados pelo grafema [v].

5. Escrita dos mesmos no quadro pela estagiária. 6. Leitura das palavras e nomes pelos alunos. 7. Rodeio das sílabas novas.

8ª Consolidação de conhecimentos

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Reconto da história ouvida na sessão anterior. 3. Escrita do reconto no quadro, pela estagiária. 4. Ditado de frases alusivas ao reconto.

5. Exercício ortográfico com recurso aos últimos grafemas aprendidos.

9ª Introdução ao grafema [r]. Sílabas ra, re, ri, ro, ru.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Trava-língua: “O rato roeu a rolha do rei da Rússia”. 3. Jogo: “Caça às sílabas”.

4. Nomeação das palavras onde se ouve o fonema [r] e de novas palavras.

5. Escrita dessas palavras/nomes no quadro, pela estagiária.

6. Leitura das palavras e nomes pelos alunos. 7. Rodeio das sílabas ra, re, ri, ro, ru.

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10ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Construção de frases, com base no trava-língua explorado na sessão anterior.

3. Construção de frases com 5 palavras.

4. Leitura e exercício caligráfico (cópia) individual das frases construídas.

11ª Consolidação de conhecimentos

1. Vamos recordar o que aprendemos!

2. Listagem de palavras com os últimos grafemas estudados.

3. Leitura individual das (os) mesmas (os). 4. Batimento silábico das (os) palavras. 5. Atualização do quadro silábico. 6. Ditado.

12ª

Introdução ao grafema [n]. Sílabas na, ne, ni, no, nu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Apresentação do grafema [n].

3. Identificação visual e sonora das sílabas na, ne, ni, no, nu.

4. Nomeação de palavras e nomes que si iniciem pelo grafema [n].

5. Observação de imagens.

6. Escrita no quadro, pela estagiária, das palavras e nomes e nomes ditos pelos alunos.

7. Leitura coletiva, pelos alunos. 8. Rodeio das sílabas novas.

9. Escrita cursiva do grafema e das sílabas.

13ª Introdução ao grafema [g]. Sílabas ga, go, gu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Descoberta de palavras e nomes que comecem pela letra [g].

3. Escrita dessas palavras e nomes no quadro, pela estagiária.

4. Rodeio das sílabas ga, go, gu.

5. Leitura das palavras e nomes, pelos alunos.

6. Escrita cursiva do grafema [g] e das sílabas novas.

14ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Construção de palavras novas, com recurso ao relógio silábico (preparado previamente pela estagiária).

3. Registo dessas palavras no quadro, pelos alunos. 4. Construção de pequenas frases.

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15ª Consolidação de conhecimentos

1. Vamos recordar o que aprendemos!

2. Listagem de palavras/nomes com os últimos grafemas estudados.

3. Leitura individual das (os) mesmas (os). 4. Batimento silábico das (os) palavras/nomes. 5. Atualização do quadro silábico.

6. Ditado.

16ª Introdução ao grafema [b]. Sílabas ba, be, bi, bo, bu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Apresentação do grafema [b].

3. Nomeação de nomes próprios, animais e objetos iniciados pelo grafema novo.

4. Escrita das palavras e nomes no quadro, pela estagiária. 5. Jogo: “Caça às sílabas”.

6. Leitura coletiva, pelos alunos.

7. Escrita cursiva do grafema e das sílabas.

17ª Introdução ao grafema [j]. Sílabas já, je, ji, jo, ju.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Leitura, por parte da estagiária, de um texto do manual de Língua Portuguesa – Pasta Mágica, p. 77.

3. Descoberta das palavras onde se ouve o fonema [j]. 4. Escrita dessas palavras no quadro, pela estagiária. 5. Rodeio das sílabas já, je, ji, jo, ju.

6. Leitura das palavras e nomes, pelos alunos. 7. Escrita cursiva do grafema [j] e das sílabas novas.

18ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Construção de palavras novas, com recurso ao relógio silábico.

3. Registo dessas palavras no quadro, pelos alunos. 4. Construção de pequenas frases.

5. Exercício caligráfico (cópia).

19ª Consolidação de conhecimentos

1. Vamos recordar o que aprendemos!

2. Listagem de palavras/nomes com os últimos grafemas estudados.

3. Leitura individual das (os) mesmas (os). 4. Batimento silábico das (os) palavras/nomes. 5. Atualização do quadro silábico.

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20ª

Introdução ao grafema [f]. Sílabas fa, fe, fi, fo, fu.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Leitura de uma história: “A Bruxa Frunfrunfrelha”, de Luísa Mendes e Manuela Guedes, Texto Editora.

3. Descoberta de palavras onde se ouve o fonema [f]. 4. Escrita dessas palavras no quadro, pela estagiária. 5. Rodeio das sílabas fa, fe, fi, fo, fu.

6. Leitura das palavras, pelos alunos. 7. Escrita cursiva do grafema e das sílabas.

21ª Introdução ao grafema [s]. Sílabas sa, se, si, so, su.

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Apresentação do grafema [s].

3. Leitura e exploração da história: “A Princesa e o Sapo”, Disney, Dom Quixote.

4. Descoberta de palavras onde se ouve o fonema [s]. 5. Escrita dessas palavras no quadro, pela estagiária. 6. Jogo: “Caça às sílabas”.

7. Leitura das palavras, pelos alunos. 8. Escrita cursiva do grafema e das sílabas.

22ª Treino

1. Revisão da escrita e leitura das sílabas trabalhadas na sessão anterior.

2. Construção de palavras novas, com recurso ao relógio silábico.

3. Registo dessas palavras no quadro, pelos alunos. 4. Construção de pequenas frases.

5. Exercício caligráfico (cópia).

23ª Consolidação de conhecimentos

1. Vamos recordar o que aprendemos!

2. Listagem de palavras/nomes com os últimos grafemas estudados.

3. Leitura individual das (os) mesmas (os). 4. Batimento silábico das (os) palavras/nomes. 5. Atualização do quadro silábico.

6. Ditado.

É possível verificar que as sessões apresentam atividades em comum. Todas as sessões foram iniciadas por uma revisão da escrita e leitura do que fora trabalhado nas sessões anteriores, em virtude de alguns autores (e.g., Outón, 2004; Thomson, 1992) realçarem a necessidade de consolidar os conhecimentos anteriormente adquiridos. Nas sessões de introdução dos grafemas e das sílabas realizou-se o treino da escrita e da leitura e a respetiva consolidação. A atividade “Vamos escutar a música” esteve prevista para as sílabas em que se encontrava disponível uma música com referência às sílabas

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que iriam ser trabalhadas durante a sessão. De forma a permitir observar a evolução dos alunos, foi mantido um registo de desempenho de cada aluno ao longo das sessões.

De seguida, apresenta-se uma descrição mais pormenorizada de cada uma das atividades referidas na tabela 8. A estrutura da descrição não se encontra na mesma sequência utilizada no quadro anterior, uma vez que as atividades foram agrupadas de acordo com os objetivos para as quais foram programadas, de modo a facilitar a apresentação das mesmas.

Motivação, envolvimento e regras de funcionamento

A primeira sessão do plano de intervenção foi estruturada de forma distinta das restantes, pois serviu de introdução para o mesmo. Os principais objetivos subjacentes a esta sessão foram: a) estabelecer uma relação empática com o grupo de alunos; b) explorar as percepções pessoais no desempenho individual na escrita; c) explorar as expectativas dos alunos relativamente ao programa; d) estabelecer as regras de funcionamento das sessões; e) explorar as percepções acerca dos objetivos e importância da escrita; f) motivar os alunos para o envolvimento ativo nas tarefas. Para cumprir estes objetivos foi necessário criar situações em que se escreva e leia para as crianças, procurando assim que elas compreendam o que é escrever, para que serve e como se pode melhorar o desempenho na escrita. Como tal, foram programadas diferentes atividades.

O estabelecimento e análise das regras de funcionamento do grupo revelam-se fundamentais para assegurar que as sessões decorrem de forma adequada. Assim, foram definidas como regras básicas falar cada um na sua vez, participar ativamente, estar atento a todas as tarefas propostas, respeitar a opinião dos colegas e manter-se no lugar até ao final da sessão.

Leitura de histórias

A leitura frequente de histórias contribui para estimular o desenvolvimento de competências literárias nas crianças. Ler em voz alta para as crianças é uma das atividades que mais contribui para a construção das competências sintático-semânticas, que são básicas para a aquisição do conhecimento (Santos & Navas, 2002). Esta atividade proporciona modelos para um discurso organizado, ao fornecer exemplos de

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frases mais complexas, ao permitir o alargamento do vocabulário da criança e a construção de novos significados. Contribui ainda para aumentar os conhecimentos da criança em todos os aspetos da língua. Este desenvolvimento linguístico influencia, por sua vez, o desenvolvimento das capacidades de escrita e de leitura (Villas-Boas, 2002).

Como o programa foi concebido para uma turma do 1.º ano, em que o processo de ensino-aprendizagem ainda se estava a iniciar, revelou-se positivo utilizar textos e histórias em que a sua complexidade não fosse uma condicionante para o envolvimento e motivação dos alunos.

A leitura de cada história seguia uma sequência específica que se descreve em seguida.

Ativação dos conhecimentos prévios

A ativação dos conhecimentos prévios tem como principal objetivo motivar e encorajar a participação dos alunos na leitura, relacionando o tema que vai ser lido com o conhecimento prévio que os alunos já possuem (Santos & Navas, 2002). Como a leitura é um processo contínuo de formulação e verificação de hipóteses e predições sobre o que sucede no texto, é possível fazer previsões sobre o texto antes da sua leitura. Para fazer estas previsões o aluno pode basear-se nas ilustrações do livro, no título e na sua própria experiência acerca do que estes indícios antevêem do conteúdo do texto (Borges, 1998).

Uma estratégia importante para promover a compreensão é fazer perguntas antes de ler o texto, no sentido de estruturar o conhecimento prévio e o próprio texto. Estas perguntas permitem manter uma atitude de antecipação e procura, ao longo da leitura. Estes objetivos são concretizados na formulação de um conjunto de questões, tendo por base a informação prévia disponível. Deste modo, foi elaborado um conjunto de questões a serem colocadas depois da leitura do título, tais como: “Quem conhece a história?”; “O que sabem sobre a história?”; “A história falará sobre o quê?”; “O que acham que vai acontecer?”; “O que gostavam de saber sobre a história?”.

Segundo Solé (1992) é importante os próprios alunos colocarem questões e levantarem hipóteses acerca da história. Este questionamento permite que os alunos, ao longo da leitura, confrontem as suas hipóteses com a continuação da história proposta

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pelo próprio autor. Esta tarefa contribui para manter o envolvimento e atenção dos alunos e para melhorar a sua compreensão (Solé, 1992). Como tal, os alunos serão incentivados a elaborar uma questão prévia acerca do texto que gostassem que fosse respondida na história.

Paralelamente, o vocabulário em que os alunos poderão revelar maiores dificuldades de compreensão é explorado e analisado. Esta análise permite que os alunos, durante a leitura do texto, quando confrontados com estas palavras, sejam capazes de convocar o seu significado.

Leitura em voz alta e exploração da história

A leitura em voz alta é realizada pela estagiária, uma vez que as competências de leitura do grupo ainda não lhes permitem efetuar uma leitura autónoma. Durante a leitura é importante mostrar aos alunos a ilustração presente em cada página.

Exploração da história ao longo da leitura

O processo de elaboração de perguntas sobre a história revela-se essencial para que os alunos aprendam a formular as suas próprias questões. Deste modo, foram elaboradas questões para serem efetuadas durante a leitura, com o propósito de garantir a compreensão do material escrito e, consequentemente, manter o envolvimento e motivação dos alunos.

Exploração final da história

Nesta fase, os alunos são confrontados com as hipóteses formuladas anteriormente, respondem às questões que tinham efetuado inicialmente sobre a história e analisam-se as palavras que não conhecem e aquelas em que se registam dúvidas sobre o seu significado.

Caça às sílabas

Nesta atividade os alunos têm a tarefa de discriminar auditivamente as sílabas incluídas em palavras da história lida anteriormente. A estagiária lê algumas partes do texto e pede aos alunos que bateram palmas sempre que ouvirem alguma sílaba que foi

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trabalhada durante a sessão. Quando os alunos não conseguem identificar a sílaba, a palavra é relida, realçando-se a sílaba a ser identificada.

Atividades de estimulação auditiva

Vários autores (Bryant & Bradley, 1987; Santos & Navas, 2002) salientaram a importância dos programas de treino da escrita e da leitura contemplarem um trabalho ao nível dos sons, de forma a aumentar a consciência do aluno em relação aos sons nas palavras. Segundo Santos & Navas (2002) esta estratégia revela-se essencial, pois exige uma atenção seletiva por parte dos alunos para com os sons e constituintes das palavras e estimula o processamento auditivo, fundamental para a aprendizagem da escrita e da leitura. A este propósito, os autores salientam a natureza interdependente das capacidades de ouvir, falar, escrever e ler. Com o intuito de trabalhar a consciência dos alunos relativamente às sílabas que foram alvo do programa, foram programadas diferentes atividades para serem implementadas em momentos distintos da sessão.

A atividade “Caça às sílabas” visa essencialmente levar os alunos a escutar e reconhecer os sons das sílabas nas palavras, como forma de os memorizarem mais facilmente. Inicia-se com a leitura, por parte da estagiária, de algumas palavras e frases constituídas pelas sílabas que estão a ser trabalhadas na sessão. Cada palavra ou frase é acompanhada de uma imagem alusiva à mesma. A tarefa dos alunos consiste em identificar a sílaba presente. No final, cada aluno nomeia uma palavra com uma das sílabas trabalhadas e a estagiária escreve-a no quadro, salientando a cor diferente a respetiva sílaba.

Treino da escrita

Para o treino da escrita recorreu-se ao método multissensorial, uma vez que os estudos apontam a sua eficácia na intervenção com problemas de aprendizagem da escrita e da leitura (Thomson, 1992). Esta estratégia assenta no pressuposto de que a integração dos diferentes sentidos facilita a aprendizagem da escrita (Bryant & Bradley, 1987).

O procedimento engloba diferentes passos. Em primeiro lugar, a estagiária escreve a sílaba no quadro, salientando por exemplo que a sílaba /ta/ tem duas letras. Refere que tem que se escrever primeiro o /t/ e discute a sua orientação, ponto de início

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