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UNIDADE 4 – GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

4.2 Ensino Fundamental

A Constituição Federal de 1988 determinava, inicialmente, que, somente, o Ensino

Fundamental era obrigatório e gratuito. Esta definição constitucional foi modificada

com a redação dada ao Artigo 208, pela Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

[...]

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.

O Ensino Fundamental é o segundo patamar da Educação Básica e tem uma enorme importância para a democratização do acesso à educação.

A oferta do Ensino Fundamental, antes de ser um dever do Estado, é um direito do

ser humano, que não pode relegar ou renunciar a seu acesso. O Poder Público, como

autoridade constituída, tem o dever de impor a sua obrigatoriedade a todos, na forma da lei em vigor.

A Lei n° 11.114, de 16 de maio de 2005, altera o artigo 6º, da LDB/96, que passaq a ter a seguinte redação: “Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental.” A redação anterior determinava que a idade fosse a contar dos sete anos.

A Lei n° 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, altera os artigo 32 e 87, da LDB/96: Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove)

anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos de idade,

terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: [...]. Art. 87. [...]

I - matricular todos os educandos a partir dos 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental, [...]

Encontramos na LDB/96 que o Ensino Fundamental tem como objetivo principal "a formação do cidadão". Mas para, atingi-lo, estabelece quatro objetivos específicos prescritos no Art. 32 e seus incisos, a saber:

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. [...]

§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Acréscimo: Lei nº 11.525/2007.)

Portanto, o Ensino Fundamental deve ter uma duração mínima de nove anos, constituído de uma carga horária anual, de no mínimo, oitocentas horas, alocadas em, no mínimo, duzentos dias letivos, não podendo ser considerado o tempo destinado aos exames finais, quando estes existirem. Não existem impedimentos legais de aumento no número de anos para a realização do Ensino Fundamental.

Um dos avanços que pode ser destacado é a determinação de que a carga

horária diária de trabalho efetivo em sala de aula seja de quatro horas, bem como

acena para a possibilidade de tempo integral, que seria o ideal e o mais justo, quando se pensa na valorização da educação, como instrumento propulsor do desenvolvimento nacional.

Visando a aplicabilidade da LDB/96, no seu aspecto de organização do Ensino Fundamental, se comparada com as legislações anteriores, podemos afirmar que ocorreram avanços significativos, uma vez que ela possibilita diversas formatações, no sentido de estimular a criação de condições favoráveis ao processo ensino e aprendizagem.

A língua portuguesa é obrigatória no Ensino Fundamental, mas garante às comunidades indígenas a utilização das suas línguas maternas e aos processos próprios de aprendizagens.

Foi sancionada pelo Governo Federal, em 05 de agosto de 2005, a Lei nº 11.161, que dispõe sobre o ensino de Língua Espanhola, sendo facultativo a sua inclusão como componente curricular a partir da 5ª série do Ensino Fundamental. O que de certo modo vem colaborar com a determinação expressa no §5º do Art. 26 da LDB/96.

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua

estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade

escolar, dentro das possibilidades da instituição.

A LDB/96 também estabelece que na Educação Básica em especial no Ensino Fundamental e Médio a obrigatoriedade dos estudos da história e cultura afro-brasileira e indígena, conforme determinação encontrada no seu art. 26 A, a seguir transcrito:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino

médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (Inclusão do Art. 26–A, pela Lei nº

10.639/03, modificada a redação pela Lei nº 11.645/08.)

O último artigo da LDB/96 destinado a orientar os sistemas educacionais sobre o Ensino Fundamental trata de um assunto por demais importante para a valorização da educação, por determinar o tempo mínimo de permanência de quatro horas do educando na escola realizando atividades educativas. Como também criando a expectativa de ampliação para “tempo integral”, que seria de fato um enorme avanço objetivando uma educação de qualidade.

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.

A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação através da Resolução nº 2/98 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental, determinando os quesitos que devem ser observados na sua oferta. Este

documento foi aprovado em 07 de abril de 1998, destacam-se:

Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.

Essas diretrizes têm a finalidade de orientar as práticas educativas em todo o território nacional, como bem determina a LDB/96 no seu Art. 26 (base nacional comum + uma parte diversificada).

A Parte Diversificada compõe-se dos conteúdos complementares, mas integrados à Base Nacional Comum, que serão selecionados pelas escolas e o respectivo sistema de ensino. Esta seleção de conteúdos deverá considerar os aspectos regionais e locais da sociedade, do setor econômico, da cultura, da política e da clientela. A Proposta Pedagógica da Escola deverá refletir este entendimento de construção curricular.

Para aprofundar o conhecimento sobre a organização curricular do Ensino Fundamental estude, com atenção, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Fundamental, que se encontra disponível em

http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf