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SITUANDO O ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL E O ENSINO DE SAÚDE EM CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO COLÉGIO MILITAR DE MANAUS

4.2 O Ensino de Saúde em Ciências no Brasil

Toma-se por marco inicial a década de 50, pois, desta forma pode-se perceber as principais mudanças nos diferentes objetivos da educação para a saúde e como esta evoluiu em função das transformações sociais, políticas e econômicas até hoje em dia.

Contudo, para se falar do que aconteceu no Brasil, tem-se que levar em consideração alguns fatos históricos mundiais que começaram com o reconhecimento de que a Ciência e Tecnologia eram importantes para o desenvolvimento econômico, social e, principalmente na área da saúde. Sendo assim, para embutir na sociedade que esse conceito era fundamental deveria haver uma reforma educacional que se pautasse no Ensino de Ciências em todos os níveis de ensino, na tentativa de formar uma sociedade mais desenvolvida nos diferentes campos, inclusive o da saúde.

Durante a Guerra Fria, no princípio da corrida espacial, os Estados Unidos da América fizeram um investimento maciço no desenvolvimento de tecnologia e, para isso, deveria investir em capital humano, principalmente no campo da Educação que gerariam essas tecnologias. Para isso, foram feitos projetos no Ensino de Física, Química, Biologia e Matemática para o Ensino Médio, tornando possível identificar jovens talentos nas carreiras científicas que garantissem a soberania no desenvolvimento nas áreas de Engenharia, Bioquímica e Medicina.

Nesse sentido, os Estados Unidos contaram com a participação do governo, de sociedades científicas, Universidades e cientistas renomados que formaram o que, hoje, na literatura é conhecido como “sopa alfabética” uma vez que os projetos são conhecidos pelas suas siglas: PSSC (Physical Science Study Commitee), BSCS (Biological Science Curriculum Study), CBA (Chemical Bond Approach) e SMSG (Science Mathematics Study Group).

Essa fase histórica marca o Ensino de Ciências, pois, até hoje, tendências curriculares de diversas disciplinas do Ensino Médio e Fundamental são influenciadas por esses projetos,

inclusive no Brasil que teve, ao longo da sua história, um currículo muito parecido com o modelo sugerido nessa época.

Nesta época, no Brasil, era necessário que se investisse na formação de pesquisadores para impulsionar a Ciência e Tecnologia Nacional para que houvesse maior desenvolvimento industrial. O Brasil passava por um recesso de matéria-prima e produtos industrializados e infra-estrutura de saúde durante a Segunda Guerra Mundial e no Pós-Guerra. Nesse sentido, a sociedade brasileira buscava uma maior independência das tecnologias internacionais e, para tal, deveria investir no Ensino de Ciências.

Nesta época, ocorreram as primeiras mudanças na constituição que visavam tornar o conhecimento mais acessível à população: A Lei 4.024 de 21 de dezembro de 1961 instituía as Diretrizes e Bases da Educação que passara a ampliar a abrangência das ciências no currículo escolar, que agora começava no primeiro ano do antigo ginásio, atual 6° ano do Ensino Fundamental. No colegial, atual Ensino Médio, houve um significativo aumento da carga horária das disciplinas Biologia, Física e Química que ampliaram também seus conteúdos relativos à saúde.

Nessas disciplinas o aluno passava a desenvolver mais seu senso crítico e praticar mais o método científico no intuito de interpretar melhor as informações e dados para desenvolver pesquisas nos diferentes ramos da ciência, inclusive o da saúde.

No Brasil, depois do golpe militar em 1964, ocorreram várias mudanças no campo educacional, mudando o foco para cursos profissionalizantes para o desenvolvimento econômico do país.

Entre as décadas de 50 e 60 surgiu o Movimento da Ciência Integrada, fomentado por órgãos internacionais como a UNESCO e que apoiavam a idéia das disciplinas tradicionais com uma segmentação dos conteúdos desde as séries iniciais. Assim, no Brasil, a ciência era considerada uma atividade neutra em que os pesquisadores não sofriam juízo de valores sobre suas pesquisas, pois, os experimentos eram tidos como necessários em um contexto mundial da “guerra fria”.

Contudo, devido a esse falta de critérios para a educação na área da saúde, surgiram diversos problemas sociais advindos da competitividade tecnológica da época, exigindo dos estudantes uma participação mais efetiva na sociedade científica.

No final da década de 60 houve um crescimento das crises ambientais devido à poluição e, na educação, ocorreram mudanças no sentido de transformar as propostas curriculares em todos os níveis de ensino para que houvesse uma melhoria na qualidade de vida e na saúde da população. Os alunos passariam a estudar assuntos mais relevantes à suas vidas para buscar soluções para os problemas de saúde pública que se apresentavam. Surgem vários projetos que tratam do problema do lixo, da utilização dos recursos naturais, da poluição, da saúde em geral e, no propósito de melhorar a qualidade de vida, começa-se a ver esses assuntos de forma interdisciplinar.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 5.692 de 1971 norteava essas mudanças e reformava também o Ensino de Saúde em Ciências, aumentando os cursos profissionalizantes da área. Essa nova legislação fez com que o Ensino de Saúde fosse visto com um caráter tecnológico onde se formariam profissionais de nível médio para atuarem diretamente no Sistema de Saúde, retirando, dos cursos profissionalizantes da época, muitas das disciplinas que existiam no currículo anterior que visava um estudante crítico e pesquisador que pensava criticamente e tomava decisões que promoviam saúde ao invés apenas de atender os casos clínicos ensinados no curso profissionalizante da época.

Uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação veio ser promulgada somente em 1996 com a lei nº 9.394 que sinaliza que “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” além dessa mudança, esta nova lei estabelece que “os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares especificados nessa Lei e em cada sistema de Ensino”. Ao Ensino Fundamental cabe a formação de “cidadãos conscientes de seu ambiente material e social, da tecnologia, do sistema político, das artes e dos valores em que se fundamentam a sociedade” Além disso, exige-se que o aluno tenha “pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”. Já para o Ensino Médio, espera-se a consolidação desses conhecimentos e a preparação para o trabalho e a cidadania e para o prosseguimento dos estudos.

Para o ensino de saúde, estas mudanças vieram a contribuir para a formação ética e para uma maior compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos que cercam a área. Desta forma espera-se que a escola forme o cidadão-trabalhador-estudante e aparece pela primeira vez em lei, a necessidade do poder público incentivar o Ensino a Distância para que a educação chegue para aqueles que não são atendidos pelos sistemas presenciais ou que não tem tempo para trabalhar e estudar e então o governo deve incentivar “o desenvolvimento e a

veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada” (BRASIL, 1996).

No Brasil criou-se diversos cursos a distância que permitiram uma mudança na maneira de se encarar as dificuldades de distância e de aperfeiçoamento de pessoal de saúde nas regiões mais distantes do país. Contudo, para garantir a qualidade desses cursos, foram implantados diversos instrumentos de avaliação curricular, onde o poder público visa melhorar os cursos voltados para todas as áreas, inclusive a da saúde, conceituando-os e fechando aqueles que não apresentam condições básicas de funcionamento.

As diversas modificações sobre os currículos, conteúdos, temáticas, modalidades didáticas, recursos e processos de avaliação fizeram do ensino de saúde em ciência um aliado da promoção de hábitos saudáveis e este cenário deve ser melhor estudado e melhorado para que haja uma otimização da educação para saúde no Brasil.

Sendo assim, uma análise mais profunda de como está acontecendo o ensino de saúde em ciências nos diferentes estados do Brasil é uma iniciativa muito importante para que se possam confeccionar planos nacionais, estaduais e municipais de educação voltados para a promoção de saúde, garantindo a participação da sociedade para produzir mudanças nos currículos de cada região e proporcionar melhorias nos campos da saúde e da educação, encontrando um meio adequado de aliar esses dois pilares da qualidade de vida de modo que a escola, a sociedade, o poder público e os cientistas possam trabalhar em parceria, provendo ações promotoras de hábitos saudáveis e que corroborem com ações interdisciplinares na educação para a saúde.