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A INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE

6.3 Atividades que podem ser feitas em um Trabalho Interdisciplinar para Promover Saúde

6.3.6 Situação 6: Problemas de Saúde na Adolescência

“Ao ser constatado que existem muitas adolescentes grávidas na cidade, o secretário de saúde contratou você, que é um profissional da área de comunicação, para ser responsável por uma campanha publicitária onde terá que fazer um comercial de televisão para esclarecer a população de sua cidade sobre os riscos à saúde de uma gravidez na adolescência. Para essa campanha você deverá entrevistar (com no mínimo 5 perguntas que não podem ser

respondidas SIM ou NÃO) uma mulher que tenha engravidado na adolescência e que agora já tenha mais de 30 anos e outra mulher grávida que seja adolescente atualmente.

Quais perguntas você faria para a primeira mulher e para a segunda? Qual o intuito de cada uma dessas perguntas? Como você irá utilizar esse material coletado (respostas às entrevistas) na sua campanha publicitária?

Aborde assuntos também como Doenças Sexualmente Transmissíveis, aborto e cuidados pré-natais que devem ser levados em consideração caso exista uma situação em que a jovem precise de esclarecimentos e precise de cuidados ao começar uma vida sexual sem muita responsabilidade.

Conte-nos passo a passo com será esse anúncio explicando o porquê de cada escolha sua: planeje seu público alvo, horário de exibição na TV, tipo de estratégias publicitárias: histórias reais, ficção com cenas fortes, músicas, etc.

Feito esse anuncio, repasse-o para a comunidade escolar em algum encontro com pais, familiares de alunos e outros colegas seus de escola e de bairro.”

Quando o aluno vivenciar a experiência de elaborar um comercial de televisão para melhorar a qualidade de vida das adolescentes e informá-las sobre a precaução a se tomar contra gravidez indesejada, esse estará agindo de forma interdisciplinar para que todos os objetivos sejam alcançados.

Desta forma, será possível um maior esclarecimento sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e também da gravidez na adolescência e seus perigos para uma jovem não esclarecida. Poderão ser abordados assuntos sobre aborto e procedimentos de pré-natal e acompanhamento de gravidez mesmo quando esta ocorre na adolescência e os dilemas que vivencia uma jovem nessa situação.

A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento que se manifesta por marcantes transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais. Em um contexto mais psicológico, é a etapa na qual o indivíduo busca a identidade adulta, apoiando-se nas primeiras relações afetivas, já interiorizadas, que teve com seus familiares e verificando a realidade que a sua sociedade lhe oferece (BRÊTAS, 2009). Nesta fase as mudanças corporais

e a sexualidade são, sobretudo, elementos estruturadores da identidade do adolescente. Essa função estruturante é, em grande parte, realizada através da representação mental que o adolescente tem de seu corpo, ou seja, através de sua imagem corporal (BRÊTAS, 2009).

Acreditamos ser importante adotar conceitos fundamentais para nortear essas ações as seguintes premissas: 1) a oficina de orientação sexual é uma experiência de crescimento pessoal e aprendizagem; 2) o meio social e cultural molda a forma pela qual os indivíduos aprendem e expressam sua sexualidade; 3) a sexualidade é fundamental para a vida do ser humano, que a expressam de várias maneiras; 4) os cuidados com o próprio corpo requerem informações adequadas e atitudes preventivas específicas (Ibid, ibidem).

A família, dependendo da forma com que encara o desenvolvimento de seus filhos adolescentes, também se coloca, algumas vezes, como uma barreira na possibilidade de dar liberdade ao adolescente de tomar decisão sobre o momento e com quem deseja se relacionar sexualmente, impedindo que ocorra um diálogo essencial para a busca de informação por ambas as partes. E, o que é pior, muitas vezes impede que os profissionais de saúde e de educação prestem informações a seus filhos, tornando-os possíveis vítimas de uma prática desprotegida. Como os profissionais, geralmente, dependem da família para o financiamento de seus serviços, ao se sentirem desautorizados para informar no momento ideal, tornam-se esquivos, deixando passar oportunidades importantes de ajuda que poderiam refletir em condutas saudáveis para o resto da vida do paciente.

Muitas vezes o profissional de saúde participa de toda uma fase de indecisão por parte da adolescente, seu parceiro e das famílias em relação à continuidade ou interrupção da gravidez, ficando sujeito, inadvertidamente ou não, a expressar sua opinião baseada em valores e idéias próprias. É extremamente importante que o profissional se abstenha de dar informações tendenciosas, pois só agravará a situação como um todo. Qualquer que seja a decisão da adolescente e de sua família, o profissional tem que estar preparado para escutar, apoiar e ajudar, indicando, se necessário, outros serviços ou profissionais para ajudar nos cuidados necessários a serem prestados e mostrando-se disponível para a continuidade do atendimento independente da decisão tomada.

Com relação ao adolescente portador de alguma doença sexualmente transmissível (DST), nas duas últimas décadas problemas éticos relacionados com os cuidados de saúde tomaram maior dimensão, devido ao surgimento da AIDS e às situações envolvidas com sua

prevenção, diagnóstico e tratamento. As questões éticas ainda não estão muito bem definidas no manejo da AIDS no Brasil. Nos Estados Unidos sugere-se que os adolescentes que necessitam ser testados para AIDS somente o façam após receberem aconselhamento pré e pós-teste de forma apropriada, para o nível de compreensão de cada faixa etária e de acordo com suas características sociais e psicológicas.

Em que pese a falta de ampla cobertura e do atendimento especializado, é importante que o acesso de adolescentes portadores de DST, em especial da AIDS, seja garantido nos serviços, bem como o diagnóstico oportuno e tratamento. É também fundamental que os profissionais de saúde dêem suporte à família, e/ou outros adultos responsáveis, para que ela consiga dar apoio emocional ao adolescente, razão pela qual os profissionais devem assisti-la durante o período de acompanhamento do adolescente na unidade de saúde.

Desta forma, é justo que o adolescente e sua família recebam todas as informações a que têm direito, mas é importante também que não sejam alvo de um repasse de responsabilidades frente a condutas a serem seguidas. Portanto, a equipe de saúde deve sempre pesar os benefícios de informar a clientela frente a um procedimento ou tratamento impossível de ser executado dado às condições locais.