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ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO BRASIL E A ATUAÇÃO

DO PROFESSOR TUTOR

2.1. EAD e atuação do professor tutor no Brasil

Neste capítulo, o objetivo é compreender os contornos da atuação do professor tutor no Brasil, por meio do que dizem os sindicatos e associações, o MEC – Ministério da Educação e Cultura e a UAB – Universidade Aberta do Brasil.

Para compreender o ensino superior a distância brasileiro será preciso caracterizá-lo e considerar se há modelos de ensino superior na modalidade a distância no Brasil. Ao conseguir ampliar a compreensão acerca desse contexto em que se insere o professor tutor será possível entender melhor o!que!se!poderia!chamar!de!“docência!virtual”!e! a articulação entre formação e identidade do professor tutor.

Para pensar sobre esse contexto no Brasil há que se considerar alguns números em relação às matrículas em cursos presenciais e a distancia no ensino superior, a exemplo dos que seguem na reportagem mencionada a seguir:

(...) Enquanto as matrículas em cursos presenciais para formação de professores para educação básica estão quase estagnadas, a modalidade a distância vive uma explosão: em cinco anos, foram 270% de aumento. No mesmo período, as matrículas presenciais (em Licenciaturas, Normal Superior e Pedagogia) cresceram apenas 17%. (TAKAHASHI, Fábio. Folha de São Paulo, 04/11/2008).

Segundo os estudiosos entrevistados pelo jornal para a elaboração dessa notícia, essa modalidade de ensino superior “(...)!em que os alunos não vão todos os dias às faculdades” tem!sido!“(...)!uma!opção!para!combater!o!déficit!de!professores!na!educação!básica!do!país”.!

De acordo com a mesma reportagem, segundo o Ministério da Educação estavam faltando em 2008 no Brasil, cerca de 246 mil docentes, levando-se em conta ainda que, entre os que estão em exercício, 300 mil não são formados na área de atuação. A esse respeito acrescenta a mesma reportagem:

Especificamente em Pedagogia (que forma educadores para o ensino infantil e primeira fase do ensino fundamental) houve até um recuo de matrículas no sistema presencial de 4%, enquanto os cursos a distância cresceram 183%. Assim, para cada três matrículas presenciais nessa área, já há uma a distância. (TAKAHASHI, Fabio. Folha de São Paulo, 04/11/2008).

Além disso, vale destacar aqui que cerca de 80% das vagas se concentram nas instituições de ensino superior particulares, muito embora as universidades públicas também venham investindo mais nessa área.

Os dados apresentados nessa reportagem foram tabulados com base no Censo da Educação Superior de 2006, por Jaime Giolo, ex-diretor do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC) e docente da Universidade de Passo Fundo (RS).

Esses dados revelam que a educação superior na modalidade a distância é uma realidade que, dia a dia, tem ampliado, no Brasil, possibilidades de acesso a esse nível de ensino, a um número cada vez maior de estudantes.

Para levar avante tal empreitada, a figura central desse processo, recorrentemente posta em destaque, seja nos textos oficiais, seja na produção dos estudos acadêmicos, é a do professor tutor.

No entanto, sem uma identidade definida e propostas de formação e atuação claras para esse profissional coloca-se em xeque a qualidade dos processos educacionais que se desenvolvem nesta modalidade de educação a distância.

Por exemplo, na página da UAB – Universidade Aberta do Brasil – programa do Ministério da Educação, criado em 2005, vinculada também a CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – está publicada a seguinte definição desse profissional – o tutor:

Tutor é o profissional selecionado pela IES vinculada ao Sistema UAB para o

exercício das atividades descritas a seguir. No entanto, cabe às instituições de ensino determinar, nos processos seletivos de tutores, as atividades a serem desenvolvidas para a execução dos Projetos Pedagógicos, de acordo com as especificidades das áreas e dos cursos. (BRASIL, UAB-CAPES, 2012). Disponível em:

http://uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=50%3Atu tor&catid=11%3Aconteudo&Itemid=29 Acesso em 19/03/2012 às 14h25)

Pelo que se pode perceber não há uma definição de quem é o tutor, ou melhor, o professor tutor. Mas, na mesma página são indicadas as suas atribuições:

· Mediar à comunicação de conteúdos entre o professor e os estudantes; · Acompanhar as atividades discentes, conforme o cronograma do curso; · Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes; · Manter regularidade de acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA e

responder às solicitações dos alunos no prazo máximo de 24 horas;

· Estabelecer contato permanente com os alunos e mediar às atividades discentes; · Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes;

· Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela instituição de ensino;

· Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coordenação de tutoria;

· Participar do processo de avaliação da disciplina sob orientação do professor responsável;

· Apoiar operacionalmente a coordenação do curso nas atividades presenciais nos polos, em especial na aplicação de avaliações.

(BRASIL, UAB-CAPES, 2012). (Disponível em:

http://uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=50%3 Atutor&catid=11%3Aconteudo&Itemid=29 Acesso em 19/03/2012 às 14h29)

Já nos itens iniciais das Atribuições do Tutor – no primeiro: Mediar à comunicação de conteúdos entre o professor e os estudantes e no segundo: Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes –abre-se, no mínimo um questionamento: como esse profissional poderá mediar à comunicação de conteúdos e apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes, se de acordo com a definição proposta ele não é um professor e uma vez que as perspectivas de mediar e de estabelecer relação professor-aluno constituem ambas tarefas e elementos específicos pertencentes à natureza do trabalho docente?

Quanto às exigências para contratação desse profissional – tutor, ainda na página da UAB – Universidade Aberta do Brasil, considera-se a possibilidade de substituir a experiência pela vinculação a programas de pós-graduação. Isso, no mínimo, coloca em xeque a qualidade dessa modalidade de ensino:

O Tutor deve possuir formação de nível superior e experiência mínima de um ano no magistério do ensino básico ou superior. Caso não comprove essa experiência, deve comprovar formação pós-graduada ou vinculação a programa de pós-graduação para poder exercer a função e fazer jus à bolsa mensal no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais). (BRASIL, UAB-CAPES, 2012) Disponível em: http://uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=50%3Atu tor&catid=11%3Aconteudo&Itemid=29 Acesso em 19/03/2012 às 14h29)4

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Vale lembrar que esse valor da bolsa mensal destinada ao Tutor configurava, à época (março/ 2012), menos que o salário mínimo então vigente no país: R$ 622,00 (conforme Decreto Presidencial publicado no Diário Oficial da União de 26/12/2011).

A formação específica na área de atuação e um ano de experiência no magistério não garantem, por si só, o atendimento ao processo de mediação que este profissional precisa dominar e realizar.

O Decreto MEC nº 5622, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta a modalidade de educação à distância no país. Sua principal contribuição diz respeito ao reconhecimento da mediação didático-pedagógica, que se dará por meio do uso das tecnologias de informação e comunicação, indicando estudantes e professores como figuras principais desse processo de ensino e aprendizagem. Ao longo do Decreto não aparecem o nome ou a figura do tutor, que vai ser citado somente no último capítulo – Capítulo VI – Das Disposições Finais – Art. 26 Item!IV!letra!“b”!– que diz: “seleção e capacitação dos professore e tutores”. (Ver Anexo 1)

Também é possível verificar em um artigo publicado sobre a regulamentação que trata o decreto em questão (NOVAIS et al, 2007), discussão e questionamento acerca do funcionamento e gerenciamento dos cursos nesta modalidade de ensino, que não incluem a discussão da figura do tutor, mas concentram as discussões na figura central do professor. Há que se considerar aqui, que a distinção entre um e outro se justifica, na maioria das vezes, pela questão salarial, pela carreira e status da profissão, pois no que diz respeito à atuação, ao processo de ensino e aprendizagem, o tutor muitas vezes é quem realmente atua como professor, pois é ele que está próximo do aluno, do seu dia-a-dia e de seu aprendizado.

Por exemplo, de acordo com Soares (apud NOVAIS et al, 2007, n.p):

(...) essa prática educativa é o processo em que: existe total separação entre os atores durante a maior parte do tempo; faz uso de recursos tecnológicos para unir professor e alunos, os alunos entre si e para transportar informações e conteúdos (comunicação multilateral); e transfere o controle do processo basicamente para os próprios alunos.

(NOVAIS et al., 2007. Tomada panorâmica sobre educação a distância no Brasil.

Disponível em http://www.aedb.br/seget/artigos07/1423_artigo20SEGET%202.pdf Acesso em 20/03/2012 às 11h20)

O professor passa, neste contexto, a ser aquele que escreveu o material e não aquele que tem contato direto com o grupo de alunos, esse contato fica a cargo do tutor. Mas, cabe aqui questionar: este tutor não é o professor? Por que não é professor? O que compõe seu fazer que o distinga do fazer do professor?

Foram tais questões que levaram ao balanço da produção acadêmica acerca da formação e identidade desse profissional do tutor na educação a distancia no ensino superior – que não é o professor, mas atua em nome dele, em contato com os alunos.

2.2.

Modelos de educação à distância

Compreender os modelos pelos quais as instituições desenvolvem seus cursos, e sua respectiva estrutura na modalidade a distância torna-se condição para a análise da proposta desse trabalho.

Em Gomes (2011) há uma importante contribuição acerca das cinco gerações da EAD em relação às tecnologias utilizadas, a partir de dois quadros adaptados com base nas pesquisas de Moore & Kearsley (1996).

A partir da identificação dos modelos pelos quais as instituições se organizam é possível compreender! o! “lugar”! do! professor-tutor na respectiva estrutura. Além disso, é possível identificar diversas instituições e vários modelos orientando suas práticas, sua atuação na modalidade à distância.

No Quadro 02, a seguir, são apresentadas, por Gomes (2011) as características das

gerações de EAD em relação a: tecnologia e mídias utilizadas, objetivos pedagógicos e métodos pedagógicos.

QUADRO 02 – Características das gerações de EAD em relação a: tecnologia, objetivos e métodos

Gerações de EAD Característica Tecnologia e mídia

utilizadas

Objetivos pedagógicos Métodos pedagógicos 1ª geração –

1880

Imprensa e Correios. Atingir alunos desfavorecidos socialmente, especialmente as

mulheres.

Guias de estudo, auto-avaliação, material entregue nas residências. 2ª geração –

1921

Difusão de rádio e TV.

Apresentação de informações aos alunos, a distância.

Programas teletransmitidos e pacotes didáticos (todo o material referente ao curso

é entregue ao aluno pelos correios ou pessoalmente).

3ª geração – 1970

Universidades Abertas.

Oferecer ensino de qualidade com custo reduzido para alunos não

universitários.

Orientação face a face, quando ocorrem encontros presenciais. 4ª geração – 1980 Teleconferências por áudio, vídeo e computador.

Direcionado a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente estudando em

casa.

Interação em tempo real de aluno com aluno e instrutores à distância. 5ª geração – 2000 Aulas virtuais em computador e na internet.

Alunos planejam, organizam e implementam seus estudos por si

mesmos.

Métodos Construtivistas de aprendizado em colaboração.

É possível, hoje, propor uma nova adaptação ao quadro proposto, por exemplo, em relação às formas de comunicação em algumas universidades: a perspectiva síncrona5 é muito presente e, por vezes, constitui o diferencial da aprendizagem e das relações construídas no ambiente virtual (AVA).

No Quadro 03 são identificadas por Gomes (2011) as características das formas de comunicação, tutoria e interatividade, em cada uma das gerações de EAD.

QUADRO 03 – Características das gerações de EAD em relação a: formas de comunicação, tutoria e

interações

Gerações de EAD

Característica Formas de comunicação Tutoria Interatividade 1ª geração –

1880

Correios e correspondência.

Instrução por correspondência. Aluno/material didático escrito.

2ª geração – 1921

Rádio, TV e outros recursos didáticos, como: caderno didático, apostilas,

fita K-7.

Atendimento esporádico, dependendo de contatos telefônicos, quando possível.

Pouca ou nenhuma interação professor/aluno.

3ª geração – 1970

Integração áudio e vídeo e correspondência.

Suporte e orientação ao aluno. Discussão em grupo de estudo local e uso de laboratórios da

universidade nas férias.

Guia de estudo impresso, orientação por correspondência,

transmissão por rádio e TV,

Audiotapes gravados, conferências

por telefone, kits para experiências em casa e biblioteca local.

4ª geração – 1980

Recepção de lições por rádio/ televisão/ audioconferência

Atendimento síncrono e assíncrono, dependendo de

contatos eletrônicos.

Comunicação síncrona e assíncrona com o tutor, professor e colegas.

5ª geração – 2000

Síncrona e assíncrona. Atendimento regular por um tutor, em determinado local e

horário.

Interação em tempo real ou não, com o professor do curso e com os

colegas de curso.

Fonte: Adaptação: Silvane Guimarães Silva Gomes. MOORE, M.; KEARSLEY, G. 1996.

2.3.

A construção de saberes profissionais pelo professor tutor

••

Na perspectiva de compreensão da relação educação e trabalho, a escola atualmente, especialmente quanto à modalidade de ensino a distância, reflete uma função utilitarista da educação.

Se partirmos do pressuposto que a escola reflete a sociedade, é possível verificar a necessidade! da! sociedade! atual! em! se! “ter”! em! detrimento! do! “ser”,! que! impõe! abstração,!

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Comunicação SÍNCRONA – atendimento online, ou seja, por meio de chats, fóruns, videoconferências, entre outros, onde as pessoas estão conectadas simultaneamente. Comunicação ASSÍNCRONA – ambiente online acessível sem definição de horários para desenvolvimento das atividades propostas, o aluno fica livre para compor suas respostas às atividades nos horários possíveis para ele, claro que dentro de um cronograma pré-estabelecido.

questionamentos, construção e desconstrução de conhecimentos, saberes e reflexão sobre eles. A escola passa a compor a manutenção da alienação que se instala na sociedade, pois não forma, apenas entrega conteúdos que se espera serem aplicáveis automaticamente na vida cotidiana e se não os forem, esses conteúdos, informações, conhecimentos, automaticamente não serão validados ou relevantes para discussão e apreensão pelos estudantes.

Nesse contexto, o professor tutor, sua formação ou não formação se revelam no seu fazer.

Se partirmos da afirmação que a não reflexão no trabalho é uma condição para alienação torna-se compreensível o discurso de vários professores tutores que declaram ter várias turmas com um número significativo de alunos, nas quais a mediação e mediatização são desconsideradas.

Não há no espaço e tempo de atuação desse profissional, possibilidade de reconhecimento identitário – que, segundo Dubar(1997)depende da natureza das relações de poder neste espaço, do lugar que o indivíduo ocupa dentro da instituição e das relações estabelecidas com seu grupo de pertença. Ou seja, essa falta de identidade profissional está ligada à própria situação funcional do tutor e ao seu percurso de formação para esse tipo de atuação.

Formação, segundo Tardif e Raymond(2000)implica em articulação pelo profissional dos saberes adquiridos nas diferentes fontes identificadas (a história de vida, o percurso de escolarização, a formação profissional específica, as ferramentas profissionais e a própria prática do ofício). Os professores-tutores em exercício atuam de forma a considerar menor, ou menos importante sua atuação, visto que a relação professor-aluno, na maioria das vezes, não se instala. Sua formação, ou seja, a construção de seus saberes profissionais acaba restrita à utilização das ferramentas tecnológicas próprias à EAD.

2.4.

A política educacional relativa à EAD no Brasil

Cabe neste momento lançar mão do conceito de política educacional – definida por Santos (2011, n.p) como!“(...) os meios através dos quais o Estado atua, positivamente, para garantir que esse direito público e subjetivo, de natureza social e com status de bem jurídico comum seja efetivamente realizado em nosso país”.

No que tange à política para a educação a distancia no Brasil, os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (BRASIL/MEC, 2007) mencionam, logo na apresentação, que!“(...)!no contexto da política permanente de expansão da educação superior no País, implementada pelo MEC, a EaD coloca-se como uma modalidade importante no seu desenvolvimento”.

Então, é possível afirmar que se tem um objetivo claro em relação à modalidade de educação a distância como estratégia do Estado brasileiro para acesso a educação superior.

Já o item avaliação do mesmo documento, especialmente no que tange aos chamados Corpo Docente, Corpo de Tutores, Corpo Técnico-Administrativo e Discentes, não apresenta a mesma clareza:

(IV) Avaliação

(b) A Avaliação Institucional: Corpo Docente, Corpo de Tutores, Corpo Técnico-Administrativo e Discentes

a) Corpo docente, vinculado à própria instituição, com formação e experiência na área de ensino e em educação a distância;

b) Corpo de tutores com qualificação adequada ao projeto do curso;

c) Corpo de técnico-administrativos integrado ao curso e que presta suporte adequado, tanto na sede como nos pólos;

d) Apoio à participação dos estudantes nas atividades pertinentes ao curso, bem como em eventos externos e internos (BRASIL/MEC, 2007, p.18).

É importante destacar a falta de clareza do documento em relação ao Corpo de Tutores. É mencionada, por exemplo, a necessidade de qualificação adequada ao projeto do curso. Como compreender o que significa qualificação adequada?

Poder-se-ia supor que esta qualificação adequada estaria vinculada à graduação na área do curso ou ao título do respectivo curso de graduação a que estaria vinculada a atuação do professor tutor. E quanto à experiência? Não são mencionadas e sequer citadas outras competências, por exemplo, de cunho pedagógico e tecnológico.

Ainda no mesmo documento, define-se a equipe multidisciplinar e são identificadas as atribuições do docente e do tutor. São elas:

(V) Equipe Multidisciplinar

Em educação a distância, há uma diversidade de modelos, que resulta em possibilidades diferenciadas de composição dos recursos humanos necessários à estruturação e funcionamento de cursos nessa modalidade.

No entanto, qualquer que seja a opção estabelecida, os recursos humanos devem configurar uma equipe multidisciplinar com funções de planejamento, implementação e gestão dos cursos a distância, onde três categorias profissionais, que devem estar em constante qualificação, são essenciais para uma oferta de qualidade:

•!docentes;! •!tutores;!

•!pessoal!técnico-administrativo.

Seguem os detalhes das principais competências de cada uma dessas classes funcionais.

Docentes

Em primeiro lugar, é enganoso considerar que programas a distância minimizam o trabalho e a mediação do professor. Muito pelo contrário, nos cursos superiores a distância, os professores veem suas funções se expandirem, o que requer que sejam altamente qualificados. Em uma instituição de ensino superior que promova cursos a distância, os professores devem ser capazes de:

a) estabelecer os fundamentos teóricos do projeto;

b) selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado a procedimentos e atividades pedagógicas;

c) identificar os objetivos referentes a competências cognitivas, habilidades e atitudes;

d) definir bibliografia, videografia, iconografia, audiografia, tanto básicas quanto complementares;

e) elaborar o material didático para programas a distância;

f) realizar a gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, em particular motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes;

g) avaliar-se continuamente como profissional participante do coletivo de um projeto de ensino superior a distância.

O projeto pedagógico deve apresentar o quadro de qualificação dos docentes responsáveis pela coordenação do curso como um todo, pela coordenação de cada disciplina do curso, pela coordenação do sistema de tutoria e outras atividades concernentes. É preciso a apresentação dos currículos e outros documentos necessários para comprovação da qualificação dos docentes, inclusive especificando a carga horária semanal dedicada às atividades do curso.

Além disso, a instituição deve indicar uma política de capacitação e atualização permanente destes profissionais.

Tutores

O corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no processo educacional de cursos superiores a distância e compõem quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico.

Um sistema de tutoria necessário ao estabelecimento de uma educação a distância de qualidade deve prever a atuação de profissionais que ofereçam tutoria a distância e tutoria presencial.

A tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando os processos pedagógicos junto a estudantes geograficamente distantes, e referenciados aos pólos descentralizados de apoio presencial. A principal atribuição deste profissional é o esclarecimento de dúvidas através de fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone, participação em videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico. O tutor a distância tem também a responsabilidade de promover espaços de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica aos conteúdos e, frequentemente, faz parte de suas atribuições participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com os docentes.

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