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Capitulo III – Estágio em contexto de Educação de Infância

3.3. O meu diário: Algumas reflexões e preocupações

3.3.1. Entrada no diário no dia 14.10.2013

Estou preocupada pelo fato de achar o grupo de crianças muito grande!

O trabalho é algo que não me assusta, muito pelo contrário, só me dá prazer, o trabalho sem qualidade, isso sim, é assustador. Acho o número de crianças extremamente exagerado para uma sala de crianças de três anos, onde as mesmas necessitam constantemente de apoio e atenção do educador.

Ainda que o educador tenha o apoio essencial das auxiliares, cabe aos educadores a concessão do apoio próprio, contínuo e adequado às crianças. Isto porque somos todos diferentes e únicos e todos temos direito a uma educação que tenha em conta as nossas especificidades individuais.

Como pode um educador dar esse apoio personalizado quando tem dezanove crianças ao seu cuidado, sobretudo quando se trata de crianças de três anos que ainda estão a construir as suas bases e em que todas as tarefas são importantes, como o lavar os dentes, lavar as mãos, desenhar, pintar, entre outras.

O ato de lavar os dentes, por exemplo, não implica só pôr a pasta de dentes na escova de dentes, é muito mais do que isso. As crianças têm que saber porque lavam os dentes e é importante, no meu entender, que seja a educadora a ajudar cada uma delas

nessa atividade, não descurando e delegando esse trabalho às auxiliares, só porque a turma é demasiado grande.

É importante que a educadora esteja com cada criança na hora do sono, trabalhando assim os afetos, é importante estar atenta e agir sempre que necessário quando uma criança não tem a atitude mais correta, trabalhando assim os valores.

A crise de valores que vivemos nos dias de hoje obriga-nos a repensar algumas prioridades. Os valores fazem parte da alma da educação. Os educadores não podem delegar essa tarefa tão importante às auxiliares, só porque os grupos são grandes.

É importante despertar o desejo de apreender em cada criança e motivá-las em cada atividade a realizar. A motivação facilita o sucesso! Uma criança motivada é uma criança disciplinada e feliz!

Como diz o Professor e escritor António Estanqueiro “se o educador lançar boas sementes a sociedade colhe bons frutos”.

Um educador tem que fazer muito mais do que simplesmente apontar o dedo. Enquanto agente da educação tem que estar sempre à procura de melhorar e ansiar por uma educação cada vez melhor, por um sistema educativo melhor.

Para um educador conseguir realizar um trabalho de qualidade, entendo que os grupos deveriam ser mais reduzidos.

A realidade é, contudo, outra.

Poucas são as creches e jardins de infância que se preocupam efetivamente com a qualidade da educação e do ensino.

A verdade é que, ainda que se compreenda a grave conjuntura económica e social que hoje se vive, o que se verifica é que são cada vez mais as creches e jardins de infância que se movem por critérios puramente financeiros, descurando o que é mais importante, a qualidade de um bom ensino e a educação das gerações vindouras.

Perspectiva atual

No início, achei o número de crianças extremamente exagerado para uma sala com crianças de 3 anos, o que me deixou, de imediato, com algumas reticências que logo foram ultrapassadas. A nossa imaturidade e inexperiência, por vezes, nos leva a pensar que temos que fazer tudo e a não valorizar o trabalho das auxiliares que são, sem dúvida alguma, o braço direito dos educadores. Quando o nosso lema é fazer um trabalho de qualidade, depressa ultrapassamos todos os obstáculos, trabalhando em conjunto com a equipa educativa que

compõe uma sala de jardim-de-infância. É verdade que é impossível para uma educadora lavar os dentes a 19 crianças, sendo certo que há certas tarefas que as auxiliares fazem tão bem como um educador. O educador pode lavar os dentes a um grupo de crianças, noutro dia a outro grupo e assim sucessivamente, garantido que, no final da semana, teve a oportunidade de estar com todas as crianças na hora da higiene, bem como, na hora do sono. No que toca às atividades, quando é impossível realizá-las em grande grupo, o melhor é fazê-las em pequenos grupos, enquanto as restantes crianças ficam ao cuidado das auxiliares.

É importante que a educadora esteja com cada criança e se fizer atividades em pequenos grupos vai ter a possibilidade de despender mais algum tempo individual com cada uma delas, trabalhando assim os afetos e os valores, de forma a colmatar a crise de valores que vivemos nos dias de hoje.

Penso também que não deveria ter afirmado e presumido que as creches e jardins de infância movem-se, cada vez mais, por critérios puramente financeiros, uma vez que desconheço toda a realidade nacional ou até regional. A perspetiva que dei foi uma perspetiva relativa, das poucas escolas ou jardins de infância que pude conhecer e como tal, fui precipitada na minha avaliação. Só tempo e a experiência me dirá se o meu pensamento e primeira impressão estará ou não correta. A verdade é que a grave conjuntura económica e social que nos assola faz com que muitos pais, por questões financeiras, sem terem outra alternativa, acabem por tirar as crianças das creches e infantários, deixando-as ao cuidado dos familiares. Atualmente, são cada vez mais as creches e infantários com um número reduzido de crianças, que fazem esforços enormes para manter as suas portas abertas e que conseguem ter um mínimo de qualidade.

A verdade é que só compreendemos verdadeiramente a realidade das creches ou infantários, quando fazemos parte da comunidade educativa, quando partilhamos as mesmas ideias, os mesmos pensamentos e as mesmas preocupações e lutamos todos pelo mesmo bem comum, a educação e o futuro das nossas crianças.