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Interdisciplinaridade:Português, Estudo do Meio, Música e Expressão

Capitulo IV – Estágio em contexto de 1.º Ciclo

4.2. Intervenção Pedagógica no 2º ano do 1.º Ciclo – Alguns momentos marcantes

4.2.3. Interdisciplinaridade

4.2.3.1. Interdisciplinaridade:Português, Estudo do Meio, Música e Expressão

Ao longo da minha prática pedagógica tive a oportunidade de desenvolver um projeto no âmbito da Unidade Curricular de Didática da Expressões que pretendia evidenciar que é possível integrar todas as expressões, plástica, musical e motora, provando que estas não devem ser vistas de forma unicamente independente, pelo contrário devem-se complementar reciprocamente.

Dediquei-me a esse projeto de corpo e alma e a grande parte das aulas que planifiquei rodaram em torno desse projeto. O objetivo principal dessas aulas era facultar aos alunos aprendizagens significativas através das expressões.

Esse projeto teve como ponto de partida o livro “ A que sabe a Lua?” de Michael Grejniec, livro esse que já tinha trabalhado na disciplina de Português.

Contei a história utilizando em PowerPoint, para que a turma pudesse visualizar as imagens em ponto grande, tornando-as assim mais aliciante e atrativa e no mesmo dia, trabalhamos a história ao nível da gramática e da interpretação.

É comum os professores darem preferência às letras e aos números em detrimento das expressões neste caso da música e da dança. No entanto há que realçar que para haver interdisciplinaridade, não é necessário o professor ter conhecimentos musicais aprofundados, como conhecer a escrita musical ou mesmo saber tocar um instrumento, para poder desenvolver aprendizagens em torno da música, a música deve estar “ao serviço da educação da criança e não a criança ao serviço da aprendizagem musical” (Sousa, 2003, p.19).

Deste modo, a música pode deixar de ser vista como pertença dos professores de música para poder também fazer parte das salas de aulas de outros professores ou educadores,

“Não interessa o ensino do saber, mas a formação do ser. Os objetivos não são o saber “tocar bem e afinado” ou “ ler uma pauta”, mas a satisfação de necessidades (instintivas, emocionais, sentimentais) e o desenvolvimento de capacidades (perceção, atenção, memória, cognição, criação). O objetivo final não é o ser bom músico mas o ter uma personalidade equilibrada” (Sousa, 2003, p.20).

Com esse espirito, aventurei-me a escrever a letra de uma canção para a história “A que sabe a Lua?” e, mais tarde, pedi a um professor de música que compusesse uma melodia e que a cantasse e gravasse para um cd (Apêndice C).

Levei o cd com a música para a sala de aula e toda a turma passou a manhã inteira a cantar. Primeiro ouvimos a música, depois distribui a letra por todos, de seguida dividi a turma por grupos e dividi a letra da canção para que cada grupo cantasse uma parte.

Depois fizemos uma coreografia para a música, dançamos e, finalmente, trabalhamos a letra da música ao nível gramatical.

A manhã tinha tudo para correr bem, não fosse a turma ser muito numerosa, ter crianças com comportamentos desadequados que estavam constantemente a interromper a aula e o caos se ter instalado durante vários minutos. Depressa apercebi-me que existem certas atividades que não podem ser postas em prática nas “Segundas-feiras”, pois as crianças encontram-se ainda em estado de “fim-de-semana”. No entanto, tudo acabou por se compor e todos acabamos por desfrutar, apreciar e aprender com a atividade posta em prática.

A turma gostou tanto da música e da história que, no dia seguinte, quis fazer uma banda desenhada (Apêndice D), tendo fornecido materiais diversos para a realização da banda-desenhada, desde pincéis, tintas, marcadores, lápis de cor, lápis de cera, entre outros.

O grupo dividiu as partes que iriam compor a banda desenhada, e depois de, forma unânime, escolheram as imagens que queriam colocar na banda-desenhada.

O grupo decidiu que a banda-desenhada não teria legendas de forma a poder ser utilizada por crianças que ainda não soubessem ler.

A expressão plástica caracteriza-se por adotar uma postura pedagógica diferente, onde o objetivo principal não é avaliar o trabalho da criança em termos de bom ou mau, de belo, ou feio, de apenas nos centramos na produção de “obras de arte”.

O seu principal objetivo é centrar-se “no desenvolvimento das suas capacidades e na satisfação das suas necessidades. As artes plásticas ao serviço da criança e não esta ao serviço das artes plásticas” (Sousa, 2003, p.160).

Não se pretende criar artistas mas apenas colmatar a necessidade que as crianças têm de criar. Como cita André Suarés “A arte é o lugar da liberdade perfeita”.

Algumas crianças, por se acharem menos habilidosas e por quererem reproduzir as ilustrações do livro tiveram alguma dificuldade. Foi difícil fazê-las entender que o importante é a criatividade e não a perfeição.

O importante e belo está precisamente em passar a imaginação para o papel. As crianças quando são muito perfeccionistas correm o risco de perder a sua criatividade, criando, por vezes, problemas difíceis de se ultrapassar nestas idades.

Apercebi-me, com o passar do tempo, que não devia ter mostrado as ilustrações da história, que deveria ter lido apenas, para que fosse o grupo a imaginar as personagens da história e, assim, pudessem criar livremente e não reproduzir desenhos estereotipados, “Afinal de contas, devemos estar mais interessados em preservar a felicidade e a sua liberdade do que em conseguir que os produtos acabados sejam “agradáveis” ao gosto médio dos adultos” (Sousa, 2003, p.171).

No dia seguinte, continuamos a trabalhar o livro “A que sabe a Lua?” na disciplina de Estudo do Meio.

Como tínhamos abordado os animais selvagens e domésticos e as suas características optei, uma vez mais por uma música para a aula que continha adivinhas sobre animais.

Depois, pegamos novamente no livro “A que sabe a Lua?” e falamos das suas personagens (animais), das suas características e se seriam animais selvagens ou domésticos.

Em grupo, no quadro, escrevemos uma composição sobre as personagens da história, salientando todas as suas características.

4.2.3.2. Interdisciplinaridade: Matemática, Expressão Plástica, Português, Música