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Entre a Flecha e a Tela: o fazer etnomidiático enquanto comunicação comunitária e

Entre seus passos ritmados ao som do maraká, e os ritos que comunicam sua ancestralidade, comunidades indígenas de todo o país entoam o desejo de reconquistar seus territórios ancestrais enquanto lutam pela preservação da natureza e da espiritualidade que dela absorvem toda a força vital. Assim, a etnocomunicação indígena é uma ferramenta de interação que lhes permite transmitir a outras comunidades indígenas, e a sociedade não indígena, seus anseios, suas lutas e sua cultura. É através do som do maraká, do silêncio, dos ensinamentos dos anciãos, de seus grafismos e de tudo o que lhes forma enquanto etnias únicas que realizam essa conexão. A internet lhes permite levar este conhecimento com grande velocidade, e aonde quer que seja possível encontrar um pequeno sinal que o receptor conecte à Rede. Atuando como um espaço de permanente mudança, é a internet que lhes permite encontrar a possibilidade de transmitir tudo o que o comunicar lhes representa, ainda que seu acesso não seja igualitário e garantido em todo o país. Por entender que a comunicação compõe um importante espaço na vivência cidadã, lideranças indígenas na área buscam, cada vez mais, encontrar estratégias que permitam que todos seus grupos estejam presentes nas Redes.

2.1- Comunicação Multiplataforma e apropriação das Redes

Para Fragoso, Recuero e Amaral (2011), a internet é um espaço que pode intensificar as experiências off-line. Inspiradas em Hine (2000), as autoras desenvolvem uma linha de percepção que posiciona a internet no lugar de “artefato cultural”, onde é possível perceber melhor a cultura e os caminhos em que, ao redor do coletivo, a internet se desenvolve “sendo um elemento da cultura e não como uma entidade à parte” (FRAGOSO, 2011, p. 42).

Elementos da cultura se desenvolvem e se aplicam à rede em diversas oportunidades e contextos sociais, gerando uma comunicação multiplataforma. A maneira de comunicar desenvolvida pela rádio multiplataforma se adapta aos avanços tecnológicos e as rotinas sociais ao longo do surgimento do próprio rádio, assim grande parte do fomento às redes multiplataforma surgem do fortalecimento da Web 2.0, como apresenta Herreros (2011).

Já não se pode examinar suas mudanças [do rádio] sem considerar as transformações internas e o grande desenvolvimento dos demais meios e serviços. [...] O rádio não é uma ilha, integra um ecossistema comunicativo em constante mutação, complexo e com adaptações (HERREROS, 2011, p.69).

A autora ainda defende que a atuação de movimentos sociais e a organização de meios digitais favorecem o desenvolvimento de um ecossistema comunicativo em rede. A utilização de diversas redes de comunicação multiplataforma para a expansão e a máxima difusão da informação não é uma estratégia utilizada apenas pelos grandes grupos de comunicação. Pelo contrário, canais de comunicação comunitária tem muito mais a ganhar com as diversas possibilidades digitais na organização de suas equipes; e com as realizações de atividades culturais e educativas. Aqui não falamos apenas do caráter difusor de redes como Twitter, Facebook e Instagram, mas sim do amplo aproveitamento de espaços como o Whatsapp, o Trello, o Google43 e tantos outros meios que facilitam o desenvolvimento de projetos à distância.

Uma das plataformas digitais mais utilizadas no desenvolvimento da Yandê é o aplicativo de mensagens instantâneas Whatsapp. O uso do aplicativo e a formação de grupos com sua rede facilita a comunicação interna para a produção de conteúdo, já que seu modo de fazer etnocomunicação se expande para diversos países do mundo e principalmente para a América Latina. No México, por exemplo, a Webrádio Yandê tem proporcionado novos horizontes comunicativos para comunidades que ainda não haviam tido contato com a atuação de redes de comunicação indígena, como é o caso da Comunidade indígena Zapoteca, que vive na cidade de Oaxaca. Pablo Perez, que é jornalista por formação e membro da comunidade, pôde perceber através do contato com a Yandê, a possibilidade de explorar novos meios de comunicação comunitária que atendessem as demandas de seu povo.

Primeiro, achei muito distante do que eu era, não achava que poderíamos ter uma colaboração. Mas com o tempo, observando a paixão deles por comunicar, eu falei ‘isso parece um pouco com as lutas que eu tenho no México, com as problemáticas que têm as comunidades no México, a minha.’ Foi quando eu comecei a me aproximar, a pesquisar e pouco a pouco, quando eu voltei pro México, eu vi que fazia totalmente sentido reforçar as mídias de comunicação que já existiam. Porque realmente, só começou agora no México esse movimento das

43 Tais redes tratam da comunicação interpessoal via smartphone; do gerenciamento coletivo e online de projetos; e da organização em rede, de modo geral, através de recursos como Google Talk, e-mail, Youtube etc.

rádios comunitárias, que seriam como o que a gente fala rádio indígena. No Brasil começou nos anos 80, então já tem um caminho percorrido bastante amplo, já têm pessoas que cresceram dentro desse movimento. Até um deles, Marco Martinez, é um colaborador nosso e o pai dele foi um dos fundadores também de uma das primeiras rádios indígenas aqui no México, mas tudo isso pra mim era muito distante. Eu sabia que as rádios indígenas estavam aqui em Oaxaca e que isso era um lugar no mundo como referência das rádios comunitárias, das rádios não comerciais, mas isso para mim, não era transcendente. Então, foi através do olhar da galera da rádio Yandê que eu consegui entender que era importante. (PEREZ, 2019)44

São diversas as ferramentas online que possibilitam a difusão de uma rádio comunitária no século XXI. Para a webrádio Yandê, a utilização das Redes Sociais, como o Facebook, o Instagram e o Twitter, potencializa a propagação da comunicação decolonial, e que valoriza a formação dos povos originários, sem as implicações dos interesses financeiros com que grandes grupos de mídia são geridos. Pablo Perez (2019)45 acredita que é preciso explorar todos os espaços possíveis para a difusão de conteúdo, seja dentro ou fora das comunidades indígenas.

Acho que para cada comunidade, para cada cultura, [são] diferentes os acessos, mas se tiver, tem que usar. Tem que usar o que tem na mão, tem que aprender a usar, como funciona, tem que aprender como consertar também. Acho que isso é uma coisa que estou vivendo agora, porque também não sou um esperto na questão da rádio, na questão da comunicação, das câmeras de fotografia e vídeo, eu estou me formando agora e acho bem importante que as novas gerações comecem a se formar desde bem cedo para poder entender como que a comunicação funciona. (PERES, 2019)46

Ainda que a comunicação etnomidiática desenvolvida pela rádio se estabeleça a partir do que entendemos como “tempo indígena”, é urgente a necessidade de divulgar os enfrentamentos sofridos por seus povos. Para isso, as redes sociais acabam impulsionando uma agilidade no compartilhamento de notícias temporais, além da replicação de conteúdos de outros canais de interesse indígena. Para Peruzzo (2018), a Web e as redes sociais digitais possuem amplo espaço para o desenvolvimento dos meios de comunicação e divulgação dos próprios movimentos sociais e populares.

Favorecem a comunicação dentro do movimento social popular, ao favorecerem a interação e o debate e ao formarem comunidades virtuais. Também ajudam a qualificar a comunicação do movimento

44 Pablo Perez. Entrevista concedida à autora N

o. 06. Agosto de 2019. 45 Ibdem

46 Pablo Perez. Entrevista Pessoal concedida à autora N

para fora (perante a sociedade) ao darem-se a conhecer e se posicionarem publicamente. Possibilitam a realização do fazer comunicativo, com investimento menos custoso de recursos financeiros. Favorecem ainda a comunicação do movimento social com seus simpatizantes (seguidores), bem como a ampliação de relacionamentos internacionais e transnacionais. Enfim, as redes sociais digitais são, hoje em dia, importantes fóruns para a mobilização, articulação, troca de conhecimento, compartilhamento de conteúdo e coordenação de ações, o cerne da expressão comunicativa. (PERUZZO, 2018, p. 92, grifo nosso) As possibilidades proporcionadas pelas redes sociais digitais trazem para a comunicação comunitária horizontes de participação cidadã e divulgação do conhecimento que não seriam possíveis sem a interação propiciada por estes canais. A relação online entre produtores da notícia e receptores permite com que estes não sejam apenas um repositório informativo, mas que gerem novas reflexões e caminhos narrativos.

2.2 - Implicações (e barreiras) no Fazer Radiofônico

Formulada em fevereiro de 1998, durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, a Lei de Rádios Comunitárias determina que a difusão tenha um alcance local, onde cidadãos possam ter seu espaço de elucubração, reflexão e exposição de ideias livre e igualitária, não podendo haver nenhum tipo de proselitismo religioso, político e financeiro.

Art. 1º Denomina-se Serviço de Radiodifusão Comunitária a radiodifusão sonora, em frequência modulada, operada em baixa potência e cobertura restrita, outorgada a fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, com sede na localidade de prestação do serviço.

§ 1º Entende-se por baixa potência o serviço de radiodifusão prestado a comunidade, com potência limitada a um máximo de 25 watts ERP e altura do sistema irradiante não superior a trinta metros.

§ 2º Entende-se por cobertura restrita aquela destinada ao atendimento de determinada comunidade de um bairro e/ou vila. (BRASIL, 1998, online)47

47 BRASIL. LEI Nº 9.612, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária e dá outras providências. Casa Civil. Disponível em:<

Em 2017, o Governo Federal aprovou alterações na lei que permitem que Rádios e Televisões, comunitárias ou não, possam continuar atuando após a expiração de suas concessões, porém em “precariedade”.48 Ainda que a alteração na lei possa alcançar as determinações que conduzem as rádios comunitárias, seu caráter “facilitador” beneficia apenas as grandes redes de difusão, já que as condições para o funcionamento das Rádios Comunitárias já são restritivas e prejudiciais para o alcance e a qualidade da veiculação de suas emissões. A burocracia para a concessão da outorga comunitária acaba por restringir de maneira significativa o número de rádios autorizadas por ano no Brasil. Além disso, cada vez mais meios de comunicação comunitária têm tido suas concessões suspensas nos últimos dois anos, após uma série de denúncias de irregularidades cometidas pela administração destas Rádios, a maioria delas por veicular áudios publicitários, prática proibida pela própria lei de radiodifusão comunitária.

O Senador Weverto (PDT-MA) apresentou em julho de 2019 o Projeto de Lei (PL) PL 666/2019 propondo a alteração na Lei de Rádios Comunitárias de 1998, no que cabe aos usos publicitários destes canais. Segundo a PL, rádio comunitárias passariam a ser autorizadas a veicular material publicitário institucional e de interesse social, além da divulgação dos atos da administração pública, desde que esta veiculação não ultrapasse 10% da programação diária da rádio49.

Acreditamos que este seja um possível caminho para garantir melhores estruturas para o desenvolvimento destes canais de comunicação. É urgente que, cada vez mais um maior número de cidadãos esteja à frente de redes de comunicação, amplificando os discursos e os veiculando na linguagem que seja mais acessível para suas comunidades, utilizando expressões populares que fazem parte do dito local, contribuindo assim para uma melhor absorção da informação e uma crescente conscientização deste mesmo povo. É possível que neste sentido se expanda cada vez mais o número de cidadãos interessados por assuntos complexos como economia, política e sociedade. Isso porque o ouvir-se e o ver-se à frente dos veículos de comunicação torna crescente os espaços de representatividade e tomada de liderança, é a noção do “ser capaz” que conduz as 48 Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/03/29/lei-flexibiliza-regras-para-

renovacao-de-concessoes-de-radio-e-tv. Acesso em 22 de outubro de 2019

49 BRASIL, Projeto de lei permite veiculação de publicidade em rádios comunitárias. 17 de julho de

2019. Fonte: Agência Senado. Disponível em:<

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/07/17/projeto-de-lei-permite-veiculacao-de- publicidade-em-radios-comunitarias>. Acesso em 22 de novembro de 2019.

experiências pessoais e coletivas para o desenvolvimento de uma sociedade informada, consciente de si e que enxerga em si conhecimentos que são válidos para todas as idades e níveis de escolaridade. É a valorização dos saberes locais, das narrativas cosmogônicas que se desenvolvem nas inter-relações aproximadas pelos canais de comunicação comunitária. Mas para que isso seja possível é preciso que possam abarcar meios financeiros para desenvolver uma rádio comunitária.

Malerba (2017) atesta que a atual Lei 9.612, aprovada em 1998, ainda tem muito a ser aprimorada para que esteja em consonância com os princípios democráticos nacionais. Isto porque sua construção se desenvolveu após acirradas disputas e conflituosos diálogos entre o lobby empresarial e o Governo Federal (de postura neoliberal – tendo Fernando Henrique Cardoso como então presidente da República). As negociações para a aplicação da Lei se desenvolveram após anos de relações políticas, pressão dos movimentos sociais e grupos organizados em prol da regulamentação dos meios de comunicação. Entretanto, ainda conforme Marlerba (2017), é preciso deixar claro que coexistem diferentes modos de radiodifusão comunitária no Brasil.

Por isso, cabe ressaltar que o que (razoavelmente) consensuamos e entendemos por “rádios comunitárias” é resultado de um processo histórico, dinâmico e ainda em disputa sobre um modo de se agir politicamente tendo o rádio como instrumento, plataforma ou fim: trata- se de fenômeno vivo, atuante, indeterminado e internamente bastante heterogêneo (MALERBA, 2017, p. 12).

São diferentes formas de produção que se interligam por canais alternativos como a Web, o rádio poste, e diversas alternativas encontradas pelas estratégias cotidianas para que a real-livre-comunicação-participativa seja desenvolvida pelos setores da sociedade, e principalmente pelos grupos sociais mais excluídos desta mesma sociedade classista e racista. A Agência Senado50, reproduzindo a informação da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), estima que existam no Brasil entre 10 e 12 mil rádios comunitárias, dentre elas somente 4,5 mil possuem outorga para funcionar regularmente. O Intervozes51 também contribui com o debate sobre a validade da lei 9.612.

50 Ibidem.

51 “O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social é uma organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação no Brasil.”. Disponível em https://intervozes.org.br/quem-somos/. Acesso em 12 de fevereiro de 2020

Essa lei reflete esse momento da democracia brasileira, que era diferente do que a gente tem hoje.

É preciso mudar essa lei. Ela traz uma série de amarras. Ela burocratiza a questão da legalização das rádios comunitárias, então hoje grande parte das rádios comunitárias está na ilegalidade por conta dessa lei. E algumas rádios comunitárias acabam sendo controladas por políticos, por grupos religiosos, porque eles têm o controle econômico e político de uma situação que requer contratação de advogados, de funcionários. E que uma comunidade sem dinheiro, sem poder captar através de publicidade, ou de outras fontes de recursos, como o Fundo Público, voltado para isso, ou o percentual de um imposto, como é o Fistel (fundo de Fiscalização das Telecomunicações), ou do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), para financiar rádio comunitária, fica impossibilitada e alguns grupos políticos ou religiosos acabam se aproveitando para controlar essa concessão de rádios comunitárias. E também é preciso fiscalizar para que a concessão sirva à comunidade e não a interesses pessoais, econômicos e políticos. A gente precisa avançar, porque a rádio comunitária tem que ser vista como um ator importante na questão da comunicação pública (ARTHUR WILLIAM, INTERVOZES, 2012, online).52

2.3- Comunicação online como salvação ou restrição

Ainda que as relações de poder entre a mídia e a sociedade tenham ganhado outros contornos e problematizações nos últimos anos — com o crescimento das diferentes vozes que ecoam a partir das mídias digitais —, ainda há muito a se desmistificar em relação a construção do outro nela apresentada. Afinal, ao se tratar de um país com dimensões continentais como o Brasil, poucos são os que conseguem se informar de outra forma que não pela mídia hegemônica televisiva.

Além do uso das redes sociais propiciar um maior alcance do fazer comunicativo da Webrádio Yandê, e de qualquer outro veículo de informação não hegemônico, elas permitem explorar outras vantagens: como a maior liberdade de expressão; e a capacidade de articulação com o cotidiano e o agora, através do acesso instantâneo; além de alcançar um grande número de pessoas já inseridas em um contexto metropolitano, onde o acesso à Rede Mundial de Computadores (World Wilde Web - WWW) possui maior alcance e faz parte das rotinas sociais.

52 Na época Arthur Willian atuava como presidente da Associação Mundial de Rádios Comunitárias. Entrevista disponível em: <http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=26965>. Acesso em: 15 de novembro de 2019

Entretanto, é preciso analisar se esta mesma comunicação que tem como alvo um amplo espectro de comunidades indígenas, etnias e territórios encontra na web um espaço adequado para a difusão de seus conteúdos. Isto porque no território nacional apenas pouco mais de 60% da população53 tem acesso à internet, uma diferença ainda mais preocupante quando pensamos dimensões territoriais e locais de acesso/moradia. De acordo com a pesquisa mais recente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), em 2018, o número de lares brasileiros com acesso à internet aumentou 6% desde a última pesquisa em 2017 e vem encontrando um crescimento significativo, principalmente entre as classe mais pobres; em dez anos o número de lares com acesso passou de 18% em 2008 para 61% em 2018. Embora este crescimento esteja abaixo do proposto pelo Programa Nacional de Banda Larga (PNBL)54, não podemos negar que, ainda que não seja um número satisfatório, o acesso à rede tem encontrado uma contínua ampliação.

Ainda de acordo com a pesquisa desenvolvida pelo Comitê Gestor da Internet (CGI) — órgão responsável pelo CETIC – a Região Sudeste do Brasil possui 73% de seus lares com acesso à Internet, o maior percentual do país; seguida pela Região Sul com 69%, ambas bem acima da média nacional. Já nas Regiões Centro-Oeste e Norte, os números são paralelos ao total de acessos nacionais, com 64% e 63%, respectivamente; enquanto a Região Nordeste aparece em último com apenas 57% de domicílios com acesso à WWW. Outra característica que se destaca no acesso à Rede é o tipo de região em que os domicílios se inserem (Urbano ou Rural), como podemos observar no gráfico apresentado pelo Relatório de 2018 do CGI.

53 A informação é do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação Disponível em: http://bit.ly/2CVGD4P. Acesso em: 31 de janeiro de 2019

54 BARROS, B.; OLIVEIRA, R. A Inclusão Digital e o Acesso à Internet no Brasil sob a Perspectiva dos Avanços e Retrocessos do Programa Nacional de Banda Larga – PNBL. Revista Paradigma, v. 26, n. 1, 5 set. 2017.

Gráfico 1- Domicílios com acesso à internet, por área (2008 - 2018) – Total de Domicílios em %

Fonte: Comitê Gestor da Internet

Contudo, por possuírem uma ampla densidade demográfica, as maiores do país, as Regiões Sudeste e Nordeste trazem importantes características para pensarmos a amplitude de acesso e a qualidade deste acesso. Mesmo que a Região Nordeste seja a com o menor número de domicílios conectados do país, está logo abaixo da Região Sudeste com relação ao número de conexões, ao se levar em consideração o número de habitantes de seu território. São 22 milhões de lares com acesso à rede, na Região Sudeste, e 10,5 milhões na Região Nordeste.55 A amplitude populacional destas Regiões também faz com que sejam as que possuem o maior número de lares desconectados, são 8,2 milhões de famílias sem acesso, no Sudeste, e 7,9 milhões no Nordeste. O que nos leva a perceber que não necessariamente o acesso à rede será assegurada para as regiões do grande eixo comunicativo e econômico em Rio de Janeiro e São Paulo.

A pesquisa do CGI revelou ainda que, 41% do lares brasileiros da classe A não possuem acesso à Internet por falta de interesse, enquanto o percentual geral por classe – quando se fala de desinteresse – foi de 16%; 29% das classes DE informaram que não

55 Atualmente o nordeste do Brasil conta com 47.640.796 milhões de habitantes, enquanto a região sudeste possui 88.699.140 milhões de habitantes, 46% a mais do que o território nordestino. Disponível em:

https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popcl ock&utm_campaign=novo_popclock. Acesso em: 09 de janeiro de 2020.

possuem acesso por não terem condições financeiras para arcar com os custos de acesso

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