• Nenhum resultado encontrado

Segmento Ex-diretores

Codinome utilizado D1

Idade 90 anos

Data da entrevista 30 de agosto de 2018

PESQUISADORA - Qual o seu nome? Qual a data de nascimento? D1 - D1, data 24/12/1928

PESQUISADORA - Em que data se formou? Qual Curso? Instituição?

D1 - Normal /Magistério em Jardim, Letras (incompleto) e Pedagogia em Fátima do Sul. Não lembro a data.

PESQUISADORA - Em que ano a senhora trabalhou na escola EE Salomé de Melo Rocha? Até qual ano trabalhou nesta escola? Era concursada?

D1 - A Dona Salomé queria fundar uma escola e começou em 1952 na Igreja Presbiteriana, com o nome de Escola Evangélica Manuel de Melo que era o pai dela. Aí, foi chegando o fim de ano, foi ficando tudo difícil porque ela tinha loja ela começou sozinha e não dava conta de lecionar e tomar conta da loja e ela foi em Dourados e me convidou pra vir porque eu estudei na mesma escola que ela estudou lá em Minas Gerais no "Instituto Gama". Aí ela me convidou pra vir na última 5ª feira de novembro. Se tivesse que vir, tinha que vir logo antes das férias, antes de terminar as férias. Eu decidi vir, eu tinha que passar as férias em Minas, eu desisti e vim. Quando cheguei em Guia Lopes eu me apaixonei pelo lugar, eu achei interessante que todos eram unidos, falavam uns com os outros e ela falava " Essa aqui veio para lecionar aqui" e todo mundo já conversava e me apaixonei pelo lugar e não voltei mais, nem para Dourados. E quero ser enterrada aqui, já mandei fazer meu túmulo e já está tudo pronto. Mas logo fui lecionar no Visconde de Taunay. Lecionei, naquele tempo chamava primário de 1º ao 4º ano. Não me lembro o ano que iniciei e o ano que parou, mas tenho anotado e olhei a poucos dias.

PESQUISADORA - A escola sempre chamou Escola Estadual Salomé de Melo Rocha? D1 - Não, a escola teve vários nomes. Primeiro Guia Lopes pertencia a Nioaque e nesse tempo a escola se chamava Escolas Reunidas Visconde de Taunay e tinha só o primário, não tinha ginásio ainda. Quando foi criado ginásio aí passou vários nomes até chegar no Salomé. PESQUISADORA - Quem era a pessoa responsável (diretora e coordenadora)?

D1 - Não existia coordenadora, No começo era só diretora. Passaram muitas diretoras pela escola.

PESQUISADORA - Quantos alunos tinha?

D1 - Tinham muitos alunos. Não havia colégio com ginásio em Jardim então começou o curso ginasial era tudo em GLL... aí nós utilizamos o prédio da prefeitura que agora está fechado e utilizamos por algum tempo também a casa paroquial e todos os lugares foram cedidos para a gente funcionar como escola. Aí que começamos, para entrar no ginásio tinha que fazer exame de admissão. Nós fazíamos exame de admissão aqui e eles começavam a fazer o ginásio aqui e depois que foi fundado o Felício em Jardim e o CER também que cooperou muito pra educação.

PESQUISADORA - Nessa época era atendidos o primário e o ginásio?

D1 - É. Eles vinham de Jardim de condução, né. Vieram muitos alunos de Jardim. PESQUISADORA - Essa condução era da prefeitura?

D1 - Todos ajudavam, o CER ajudava, a prefeitura ajudou. PESQUISADORA - O que significa CER?

D1 - Comissão de Estradas de Rodagem. PESQUISADORA - Quais idades atendia?

D1 - Tinham muitos adultos, muitos que até já lecionavam e começaram a fazer o curso organizado, direitinho, né. Foi muito bom, essa foi uma época muito boa para Guia Lopes. PESQUISADORA - Por que contribuiu para o crescimento da cidade?

D1 - Muito. A primeira livraria nessa região foi a nossa. Tivemos uma livraria ali no centro na pracinha Visconde de Taunay e vendia livros para Jardim e Guia Lopes.

PESQUISADORA - Como era o nome dessa livraria? D1 - Não havia nome não.

PESQUISADORA - E para quem vendiam livros? D1 - Vendia os livros para os alunos, os livros didáticos. PESQUISADORA - E eles usavam livros em todas as áreas?

D1 - Em todas as áreas, não tinha esse processo moderno, esses métodos modernos, era livro e caderno que era usado.

PESQUISADORA - Qual o nível social das famílias dos alunos atendidos?

D1 - Muitos eram filhos de fazendeiros. Muitos ficavam na casa de familiares ou amigos para poderem estudar. Então vinham alunos com idade avançadas já. Porque não estudaram antes porque não tiveram oportunidades. Com a criação do ginásio ajudou muito, porque muitos que não tinham tido oportunidades passaram a estudar e aí alguns foram até pra fora, pro Rio ou São Paulo para continuar os estudos. Era um orgulho pra nós, porque não tivemos decepção com esses alunos que saíram. Hoje tem médicos, advogados, todos que saíram da nossa escola?

PESQUISADORA - Como era organizada a escola? Como eram os livros didáticos?

D1 - Tinham classes de 1ª a 4ª série. No mesmo lugar, porque de dia lecionava o primário e a noite o ginásio. Hoje não chama mais ginásio, né?

(Neste momento a entrevistada questiona sobre a organização atual do ensino. Explico que chamamos de Ensino Fundamental e que ele possui 9 anos, iniciando aos 6 anos.)

PESQUISADORA - Tinha uma classe para cada série ou eram juntas?

D1 - Tinha uma classe para cada série, as vezes até mais que uma porque eram muitos alunos.

PESQUISADORA - Eram vários professores por turma, ou apenas um?

D1 - Vários professores. Havia muita cooperação naquele tempo e não havia muito interesse em dinheiro. Quando começou o ginásio muitos professores eram voluntários (padres, médicos). Padre lecionava, pastor lecionava, eram professores muito bons. Dr. Reinaldo de Arruda foi professor (pai do vereador Rodrigo). Padre de Jardim foi professor, Padre José. Todos faziam com prazer o trabalho. Dá saudade! Época muito boa. Depois que Jardim começou. Em Jardim foi muito rápido. Logo construíram e começou o curso ginasial e surgiu primeira livraria em Jardim e já foi separando.

PESQUISADORA - Vocês faziam algum tipo de registro de aulas? D1 - Fazia sim. Não me lembro como era.

PESQUISADORA - Havia algum tipo de reunião pedagógica?

D1 - A gente tinha que cumprir uma meta e a gente fazia reuniões também, as vezes no sábado que não havia aula e comentávamos os assuntos. A diretora assistia e a gente comentava com todos os professores reunidos.

PESQUISADORA - Vocês tinham algum tipo de apoio da comunidade ou do governo? D1 - Tinha, pouco mas tinha. Porque naquele tempo não se falava em tempo não se falava em números grande de dinheiro né? Cada um ajudava como podia. A gente entendia. A gente fazia festa também. Todos participavam, a população, todos tinham prazer em colaborar. PESQUISADORA - Qual a importância da escola para a comunidade da época?

PESQUISADORA - Como era o entorno da escola?

D1 - O terreno da escola foi doado e começou a construir lá, construindo devagar, em época em época encontrou boas cabeças para dirigir. Esse nome Salomé de Melo Rocha é muito conhecido por aí afora porque tem ex alunos espalhados por esse Brasil. Apesar de ela não ter atuado como professora durante muito tempo em Guia Lopes, ela não se distanciou da educação.

PESQUISADORA - Como era a participação da comunidade junto a escola?

D1 - Os fazendeiros contribuíam de alguma forma. No começo não lembro como recebíamos. Não lembro. Mas sempre tivemos a participação. Naquele tempo não era costume do governo pagar, mas a prefeitura sempre ajudou.

PESQUISADORA – Pode-se afirmar que a Escola Estadual Salomé de Melo Rocha foi importante para o desenvolvimento de Guia Lopes da Laguna? Em qual sentido?

D1 - Sim. Muito.. muito... no sentido que não havia escola nenhuma organizada. Não havia nada. Começou com a Escola Salomé. O desenvolvimento da cidade deve muito à Escola Salomé.

PESQUISADORA - Quais os momentos mais importantes que a senhora lembra da E.E. Salomé de Melo Rocha enquanto trabalhou lá?

D1 - Difícil. Você sabe que somos da família da Salomé. Ele (esposo da D1) foi crido pela Dona Salomé mas é sobrinho dela. Então fomos muito ligados a escola, desde o começo, desde a implantação da escola. Eu fiquei com a Dona Salomé todo o tempo. Tudo foi muito bom.

PESQUISADORA - A escola E.E. Salomé de Melo Rocha era uma referência em Guia Lopes da Laguna?

D1 - Em Guia Lopes e na região. Em Nioaque, Jardim e Bonito. PESQUISADORA - Qual sua opinião sobre a Escola atualmente?

D1 - Faz alguns anos que estou isolada, mas tenho tido boas notícias da escola.

PESQUISADORA – Muito obrigada pela entrevista e por compartilhar comigo um pouco do que conhece sobre a história da Escola Estadual Salomé de Melo Rocha.

D1 - Estou mais ou menos lúcida, não quero perder o juízo, quero poder ficar conversando quanto tempo eu puder, gosto demais de Guia Lopes.