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Este roteiro de entrevista está disponível no Anexo 1; no Cam po 1 deste roteiro, constam ainda algumas perguntas que buscavam verificar se cada organização apreciada atendia a outros requisitos p ara que pudesse ser pesquisada.

Alta Formalização

NÍVEL DE FORMALIZAÇÃO

3 Este roteiro de entrevista está disponível no Anexo 1; no Cam po 1 deste roteiro, constam ainda algumas perguntas que buscavam verificar se cada organização apreciada atendia a outros requisitos p ara que pudesse ser pesquisada.

Estes requisitos estão elencados no capítulo 3 - "Método".

4 Estas idéias são desenvolvidas com maiores detalhes no capítulo 2, no item 2.1.5 - "A Evolução da Formalização no

Nesta questão, a organização Alfa apresentou um alto grau de documentação definindo as funções de seus membros e - o que aumentava ainda mais os indicativos de seu maior grau de formalização -, a organização Alfa estava realizando um processo sistemático de padronização das tarefas em todos os postos de trabalho. A padronização das tarefas estava sendo utilizada como um meio de obtenção da normalização e de maior qualidade da produção - o que faria com que a empresa pudesse receber a certificação ISO 9.000. Um importante funcionário da equipe de padronização relatou:

"Em 89 nós iniciamos o processo de normalização e fizemos, principalmente na área de produção, as tarefas mais repetitivas toda a padronização das atividades. (...) Com o tempo, não só nós, mas também todas as outras empresas da região, sentiram que nós tínhamos pecado, tínhamos colocado coisa demais no papel e isso dificultava até as pessoa de acompanharem aquele padrão, ele tinha ficado muito complexo. Hoje, nós estamos passando por uma reestruturação, nós estamos mudando os padrões, passando pra nova filosofia, que é a filosofia TQC, onde a gente tá colocando nos padrões o essencial, aquilo que é ò básico, que faz com que as pessoas consigam fazer a atividade de uma forma eficiente, mas sem exageros (...)." (°14>

Uma funcionária que trabalhava realizando a padronização das tarefas descreveu, em outro momento, como estava sendo feito o trabalho de padronização:

"Eu faço parte da equipe de auditores ISO 9.000 (...), cada setor sabe onde atacar, tipo assim, na costura, a gente tá com um problema sério no item 4.5 - documentos de dados -, então a gente tá começando a fazer um rapa, a fazer uma reciclagem de tudo que a gente usa, começar a partir daí." l°08>

Os funcionários que já trabalharam em empresas menores e menos formalizadas, em geral, afirmaram que a organização Alfa possuía muitas regras e muita padronização do trabalho em comparação às organizações onde trabalharam anteriormente. As passagens seguintes evidenciaram isto ainda mais.

"Sim, lá é mais liberal (...), é uma coisa pequena, então eles não têm tanta cobrança; são menos pessoas trabalhando, talvez até por isso é mais fácil trabalhar com uma quantidade menor de pessoas, não existe tantas regras." (°10>

" Se fo r fazer um comparativo, (...) os produtos que saía era tudo muito simples, não se compara á Alfa - também por ser uma empresa de grande porte então, tendo assim a necessidade de fazer, digamos, um controle, um... do que sai, do como que deve ser feito, dando estipulação de regras " (°04>

"Na outra empresa que eu trabalhei, (...) a regra era mínima, então, quer dizer, a pessoa se sentia livre de faltar e pegar e nem avisar porque faltou, muito menos trazer um atestado hoje. Aqui já não, (...) tem que amostrar alguma coisa pra poder trabalhar aqui; lá já ... o chefe não dava a mínima mesmo, então tinha pouca regra mesmo " >005>

Em contrapartida, a organização Beta não possuía documentação nem registros específicos para a definição dos papéis de seus membros, sendo baixo o seu nível de padronização do trabalho e quase inexistente a quantidade de regras escritas. Ao ser perguntado sobre a padronização dos processos de trabalho, um de seus funcionários respondeu:

"Não temos basicamente nada, tanto é que o treinamento é totalmente informal, não existe assim 'ó, te dou um livrinho, um manual que você vai seguir de como proceder com aquela máquina, os padrões'; a gente não tem." (°6>

Sobre se as regras da organização Beta são escritas, o mesmo funcionário disse:

"Não, a maioria é informal, é passado de encarregado pro subordinado e do subordinado, que já tá há mais tempo aqui, ele passa praquele que tá entrando, nesse esquema." (°6>

Algumas pessoas que trabalharam em empresas de grande porte do ramo têxtil-confeccionista antes de estarem trabalhando na organização Beta, ao serem perguntadas se a empresa em que estavam trabalhando tinha muitas regras de trabalho, responderam:

"Em vista da outra empresa, não, onde eu trabalhei. "<13>

" aqui tem pouca regra de trabalho." (14>

"Poucas regras, poucas." (01>

Um funcionário exemplificou a diferença do grau de padronização da empresa Beta em relação a uma outra grande empresa do mesmo ramo de mercado em que já havia trabalhado:

"Outra empresa (...) o próprio trajeto do cara vir com o tecido, tinha que saber o trajeto certo (...) podia tá dois metros longe, tinha que dar a volta (...) às vezes o cara, dois metros longe, custa a puxar porque ele vai ter que dar a volta pra encostar o carrinho na máquina." <12>

Com relação ao nível de exigência para o cumprimento de regras e padrões de trabalho, em geral os funcionários afirmaram o seguinte:

"Não, não são muito rígidos, são tranqüilos." (13>

" como eu te coloquei, os encarregados, eles são até liberais demais, eles cobram, eles tão pedindo a produtividade, mas o pessoal trabalha dentro do que

consegue produzir e não tem, assim, uma grande cobrança, uma exigência muito taxativa, é mais aberto." (°6>

Todo o conjunto de aspectos apresentados neste capítulo, incluindo principalmente o testemunho dos funcionários entrevistados, caracterizaram as duas organizações em condições diferenciadas quanto ao seu nível de formalização, sendo a organização Alfa próxima ã condição de muito formalizada e a organização Beta próxima à condição de pouco formalizada. Esta idéia fica mais clara com as discussões a seguir.

O Quadro 6.1 representa o agrupamento de características das duas organizações apresentadas neste capítulo e no capítulo 5. Estas características, quando comparadas, expõem várias diferenças entre as duas organizações, sugerindo não apenas níveis diferenciados de formalização, mas também estágios diferenciados de burocratização entre as organizações Alfa e Beta.

Quadro 6.1: Indicadores do Nível de Formalização das Organizações Alfa e Beta

INDICADORES DE FORMALIZAÇÃO IDENTIFICADOS