• Nenhum resultado encontrado

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

Capítulo 9 Apresentação e Interpretação dos dados

9.2 Observação participante e entrevista

9.2.2 Entrevista

Tabela n.º 19. Unidades de registo do tema:Domínio das competências gerais

CategoriaRepresentações dos diversos actores educativos

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

Competências gerais de ordem metodológica

“Eles gostam muito de desenvolver projectos. Os primeiros que fizeram estavam relacionados com temas do Estudo do Meio, mas depois começaram a diversificar. Tentaram, até, fazer projectos de Matemática. …cada grupo descobre, trabalha o tema e apresenta à turma. …em pequenos grupos, eles estão mais interessados em procurar. Na verdade, eles com esta metodologia sentem-se mais motivados e adoram isto. Também fazem uma ficha ou questionário para os colegas responderem e ajudam se for necessário.” (E1)

“Os computadores ligados à Internet deram acesso à Internet e deram a possibilidade de construir blogs em temáticas dos interesses dos alunos, relacionando-os com as suas vivências e centros de interesse.” (E2)

“…para os alunos é muito mais produtivo e dá-lhes mais gozo serem eles a pesquisar, a procurar, a apresentar os projectos, a tentar descobrir porque é que as coisas são assim e não sermos nós a explicar.” (E3)

Competências gerais de ordem comunicacional

“…tiram informações do computador para pôr nos projectos e apresentar aos colegas… Eles têm que estudar para apresentar e saber responder às questões que são colocadas.” (E1)

“Quem estiver na sala de aula verifica que eles são muito participativos na oralidade. Nós temos um miúdo muito inteligente que servia de tradutor aos outros quando a informação da página web aparecia em Inglês. Há um programa que é gerido pelos Estados Unidos e que tem muitas páginas sobre várias informações, mas é tudo em inglês. Então um dos alunos com maior conhecimento em inglês sentava-se num computador, traduzia tudo e os outros bebiam essa informação toda. Era um grupo de 3 ou 4 colegas à sua volta, a escutá-lo com atenção e a pedir para ele traduzir tudo.” (E2)

“Tenho pena que não fiquem com tanta destreza na linguagem expressiva. O vocabulário, eles sabem mesmo, sabem escrever e, se calhar, o mais fácil que é a oralidade, eles não têm tanta facilidade porque começaram tarde.” (E6)

Competências gerais de ordem cognitiva/ intelectual

“…os projectos partem dos alunos, dos seus interesses e do que querem saber. Por exemplo: quando desenvolveram o projecto sobre o ambiente, primeiro queriam falar sobre a limpeza do ambiente na escola, mas depois foram para o computador pesquisar na Internet e começaram a ver a desflorestação do ambiente, os animais em via de extinção devido à falta de respeito pelo ambiente, e o projecto foi crescendo, prolongou-se e demorou mais tempo do que o previsto, mas não faz mal porque eu dentro de um projecto vejo dois ou três.” (E1)

“Outro aspecto que eles têm é que são muito críticos, muito autónomos na sua forma de ser e de agir na sala de aula.” (E2)

“Eles são mais críticos, mais activos, mais pensativos e também mais manipuladores que os adultos. Eles conhecem melhor o adulto e sabem como gerir e contornar as situações. A própria professora dá exemplos disso.” (E2)

“…interligam mais conhecimentos, trabalham no PowerPoint, pesquisam na Internet, fazem projectos.” (E4)

Competências gerais de ordem pessoal e social

“Aqueles alunos que já sabem e querem ajudar pintam de azul e os que têm dificuldade vêem e pedem-lhes ajuda.” (E1)

“Eles realmente ganharam, mas não era isso que estava em questão. Eles, efectivamente, sabiam e mostraram que sabiam trabalhar em cooperação, esperar pela sua vez, embora na sala, na hora do treino do concurso, tivessem um pouco de dificuldade nisso.” (E1)

“É um processo de socialização fantástico, único na própria escola…” (E2)

“…para aqueles professores que gostam muito de silêncio, sempre foi uma turma barulhenta porque estão habituados a trabalhar mais à vontade, não têm aquele rigor da disciplina. Mas foi uma turma que nunca tive problemas, como nota tenho uma boa relação com eles.” (E5)

Grupo turma “Para o 5.º ano estão preparados. É uma turma com um tipo de preparação que não tem comparação possível, sequer. Mas, não tem mesmo. Estou a falar do inglês e do geral. Falar de temas que saiam um bocadinho da rotina daqui da escola ou da actualidade, um tema qualquer da actualidade, com as outras turmas é quase uma missão impossível.” (E6)

“É uma turma que trabalha bem. Eles adoram informática, e para mim, é a melhor turma. …mas sobretudo na informática são mais autónomos, gostam de trabalhar, de descobrir, de fazer. Eles são assim.” (E7)

Tabela n.º 20. Unidades de registo do tema: Operacionalização das competências gerais

CategoriaComponentes do processo de aquisição e desenvolvimento de competências

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

Planificação e gestão interactiva das actividades de aprendizagem

“…logo no início do ano, apresento as listas com aquilo que devem saber e explico. Apresento os conteúdos a trabalhar para desenvolverem as competências necessárias, ou seja, as que estão definidas no Projecto Curricular de Escola e de Turma, a partir do Currículo Nacional de 2001.Depois explicámos aos alunos que eles podem aprender tudo o que quiserem, mas que também existe um currículo oficial que temos que cumprir e que devem trabalhar e aprender.” (E1)

“Por exemplo tem um aluno que gosta muito de História. Trouxe-lhe uns livros. Quando era novo fiz a colecção da história de Portugal e de Camões em cromos e ele gostou muito.” (E5)

“Eu até gosto quando trazem projectos e querem acabar. Mas, também dou sugestões e eles fazem.” (E7)

“Depois convidavam-me a mim, a outras pessoas e aos pais para participarem nos seus projectos…” (E9)

Diferenciação pedagógica na sala de aula

“…quando era Estudo Autónomo, também estavam todos no estudo, embora cada um fizesse aquilo que mais necessitava. Por exemplo: uns trabalhavam sozinhos, outros ajudavam os colegas, os que tinham mais dificuldade vinham comigo, outros iam com as professoras do apoio…” (E1) “Todos gostam de trabalhar e mesmo aqueles que têm dificuldades conseguem e trabalham. Gostam de trabalhar em grupo, mas também sozinhos porque enquanto uns fazem uma coisa o outro já avança. Nós somos mais orientadores.” (E7)

Organização e gestão do tempo

“Nós já temos a agenda matriz com os tempos estipulados e depois só decidimos pequenas coisas que facilitam o trabalho. Por exemplo: no Tempo de Produção de Texto decidimos qual o texto que vamos trabalhar, no Tempo de Estudo Autónomo decidimos o que cada um vai fazer atendendo às dificuldades apontadas.” (E1)

“Por exemplo: no Tempo de Estudo Autónomo, muitos queriam Expressão Plástica e não faziam outra coisa. Então, na Assembleia de Turma decidimos que devia haver um tempo próprio para a Expressão Plástica e não na hora do Tempo de Estudo Autónomo. No MEM, nós vamos gerindo conforme a nossa turma. Não há uma agenda rígida que temos que cumprir. Podemos fazer alterações na agenda.” (E1)

Organização e gestão do espaço

“Em relação ao espaço, eu queria organizar a sala à minha maneira, mas a sala não era só minha e tive que partilhar com os outros. Mudei de sala três vezes. Agora, partilho com as colegas que dão estudo na parte da tarde e está tudo bem. A sala está organizada à minha maneira, dentro do possível, e a colega da tarde não põe problemas porque também trabalha bem assim. Já estão habituados. Quando é hora de Aula Colectiva, os alunos põem as cadeiras viradas para a frente e depois voltam a arrumar tudo.” (E1)

“Os alunos saem da escola virtualmente… A sala deixa de ter aquela fronteira física e passa a ter uma fronteira ténue. A sala desaparece. Passa a ser um espaço em qualquer lado do mundo, em qualquer ciberespaço.” (E2)

“É um ambiente mais enriquecedor.” (E4) Organização e

gestão dos recursos humanos e materiais

“…embora não usem manuais, eles estão na biblioteca e podem sempre os consultar, quando sentem necessidade.” (E1)

“Existem várias situações de viragem sem ser com a utilização de ferramentas informáticas, mas neste caso foi com o computador.” (E2)

“Aqui [Na sala do inglês] não tem computador, para pena minha. Existe um aluno [com NEE] que tem um portátil e quando necessário pesquisa o significado de algumas palavras que são necessárias. Vai à Internet e pesquisa o significado. Isto é para quando estiverem sozinhos na sala, serem autónomos e conseguirem procurar naqueles dicionários on-line.” (E6)

Tabela n.º 21. Unidades de registodo tema: A avaliação das competências gerais

CategoriaOperacionalização da avaliação das competências gerais

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

Organização e gestão dos processos de avaliação

“Nós fazemos sempre no final da semana a auto e a hetero-avaliação do trabalho. Vemos se fizeram o que tinham programado, se não cumpriram vemos quais foram as razões, se estiveram na brincadeira têm que trabalhar mais na semana seguinte…” (E1)

“Eu não preciso fazer uma ficha de avaliação de Língua Portuguesa para verificar se estão a escrever bem. Conforme vão escrevendo textos, ao longo da semana, já vou vendo. Se eles lêem livros e tiram informações do computador para pôr nos projectos e apresentar aos colegas, já estão interpretando a informação. Eles têm que estudar para apresentar e saber responder às questões que são colocadas.” (E1)

Tabela n.º 22. Unidades de registo do tema: O papel do professor

CategoriaRepresentações dos diversos actores do sistema educativo

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

Postura pessoal e profissional do professor na escola

“Os alunos precisam é de desenvolver competências, de acordo com os seus interesses e ritmos. Se o aluno está estudar os órgãos e os sistemas e quer estudar os músculos, eu não vou deixar para o ano seguinte porque não faz sentido. Se o aluno também não aprendeu este ano, tem tempo para aprender no que vem. Eles trabalham porque querem e depois fazemos a avaliação.” (E1)

“…o que interessa mais é o desenvolvimento de competências e não só os saberes que acumularam. Para mim, a interpretação, o raciocínio são mais importantes. Os alunos devem ser capazes de resolverem os problemas que lhes aparecem no dia a dia.” (E1)

“Eu não escolhi o grupo, mas sim, a professora. (…) achava-a uma professora que poderia, eventualmente, estar naquela linha das professoras que podem provocar a inovação na sala de aulas. Não propriamente pelo modelo, mas porque o modelo ajuda e proporciona, e pelo próprio perfil da professora como pessoa, também.” (E2)

“Gosto do trabalho da professora.” (E8)

“Esta Professora é uma pessoa que provoca os alunos, que incentiva os alunos. Acho que para seguir esta metodologia o professor tem que ter uma atitude de provocação, de procura e de entusiasmo. E a professora da sala tem. Ela é uma pessoa muito ocupada, com muitas coisas para fazer, mas encontrava sempre um tempo para participar em tudo o que pudesse.” (E9)

“…a professora tem um método de ensino bom.” (E11) Competências e

conhecimentos profissionais

“Trabalhamos juntos no Gabinete de Coordenação de Educação Artística. Quando entrei para este gabinete, ela era a coordenadora e desenvolvemos vários projectos, nomeadamente, o MUSICAEB.” (E2)

“Mais tarde, ela foi convidada e aceitou a proposta para trabalhar como professora cooperante na formação inicial de professores.” (E2)

“Mas quando me aproximei do seu trabalho, ela desenvolvia a prática de acordo com a orientação do Projecto Ensinar a Investigar. Depois mudou quando conheceu outras pessoas ligadas ao Movimento da Escola Moderna. Começou a interessar-se por trabalhar segundo esse modelo.” (E2)

“Acho que [A professora da sala] tem formação para aquele método. Sabe música, canta, está abordando um tema e já mete outra coisa, outro assunto…” (E8)

Tabela n.º 23. Unidades de registo do tema:Participação da família

CategoriaRelação entre o meio escolar e o meio familiar

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

Cooperação entre a escola e a família

“O fundamental foi haver sempre reuniões aos pais para esclarecer tudo. Em todos os períodos havia uma reunião com essa finalidade.” (E1)

“Depois convidavam a mim, a outras pessoas e aos pais para participarem nos seus projectos e isso provoca um maior envolvimento que permite que a escola cresça e ganhe em termos de convivência e não só.” (E9)

Representações e expectativas dos pais face à escola e aos alunos

“A primeira vez que comecei a trabalhar sem livros, há dois anos atrás, os pais ficaram desconfiados e só no final do 3.º período é que me vieram dizer que resultou e que estavam descansados apesar de ser uma coisa diferente.” (E1)

“Em relação aos pais, depende. Existem uns que têm maior abertura e formação e os filhos já estão habituados a outras vivências em casa, mas existe de tudo.” (E9)

“No princípio havia muita desconfiança por não terem livros. A falta de manuais escolares causa insegurança aos pais. Neste momento já existem muitos pais que querem esta professora porque já começaram a entender o processo e a forma de trabalhar com outra visão. Para o próximo ano lectivo já havia muita gente a pedir para ficar com esta professora e agora estão um pouco tristes, mas têm que compreender a situação.” (E9)

Tabela n.º 24. Unidades de registo do tema: O modelo pedagógico do MEM

Categoria Representações dos diversos actores do sistema educativo

Subcategoria Exemplo de unidade de registo

O modelo pedagógico do MEM na escola

“Acho que a professora trabalha essas competências de uma forma extraordinária e acho que o Movimento da Escola Moderna dá um contributo. Portanto, é da professora e do MEM.” (E2) “Só neste ano conheci a metodologia com que trabalham e gosto.” (E3)

“Eu não tinha grandes conhecimentos acerca do modelo, mas estou a gostar. É assim, eu acho que com este método eles aprendem bastante.” (E3)

“Não era uma técnica que eu achasse que fosse muito proveitosa porque acho que os miúdos andavam um bocado perdidos na sala. No entanto, se agora voltar para o regular acho que vou adoptar esta metodologia porque para os alunos é muito mais produtivo e dá-lhes mais gozo serem eles a pesquisar, a procurar, a apresentar os projectos, a tentar descobrir porque é que as coisas são assim e não sermos nós a explicar.” (E4)

“Eu quero utilizar esta metodologia. Não sei é se sou capaz de acompanhá-los, mas vou tentar porque ficam mais autónomos, são capazes de dar a sua opinião, justificar as suas opções.” (E4) “No inglês, esta metodologia de portefólio e também de eles puderem sugerir temas, realmente, vai de encontro à metodologia da sala do 4.º ano A. Aliás, a nossa directora participou nas 1.as Jornadas

da Escola Moderna. Nós, também, trabalhámos em grupo, ajudámo-nos uns aos outros, temos a escola amiga. É bom.” (E6)

“Quem se habituou a trabalhar com o ensino tradicional chega àquela turma fica um bocado assustada.” (E8)

“Eu sei que há muita gente, que aparentemente, entrar aqui no núcleo e ver quatro miúdos com um serrote, dois a apontar para cartolinas com animais em extinção, três no computador e outros dois concentradíssimos a resolver problemas de Matemática, não cabe assim, logo à primeira vista, na cabeça de toda a gente. Isto mexe com todo o sistema e as pessoas ficam a pensar como é que isto pode ser. Mas, pode ser. Esta metodologia espicaça os alunos a procurar, a quererem saber, a pesquisar. Chegar aqui e dizer para os meninos abrirem tal página, trabalhar aquele texto porque tem que ser e depois é interpretação, não dá.” (E6)

Tabela n.º 25. Total de unidades de registo da observação e das entrevistas

Temas Categorias Subcategorias Observação Entrevista

UR UR Aquisição e desenvolvimento de competências pelos alunos Representações dos diversos actores educativos

Competências gerais de ordem metodológica

19 31

Competências gerais de ordem comunicacional

26 14

Competências gerais de ordem cognitiva 37 24 Competências gerais de ordem pessoal e

social 40 19 Grupo Turma 26 Operacionalização de competências gerais Componentes do processo de aquisição e de desenvolvimento de competências

Planificação e gestão interactiva das

actividades de aprendizagem 27 27

Diferenciação pedagógica na sala de aula 17 4

Organização e gestão do tempo 24 6

Organização e gestão do espaço 20 6

Organização e gestão dos recursos e materiais 15 15 A avaliação das competências gerais Operacionalizaçã o da avaliação das competências

Organização e gestão dos processos de

avaliação 44 9 O papel do professor Representações dos diversos actores do sistema educativo

Postura pessoal e profissional do professor

na escola 51 23 Competências e conhecimentos profissionais 13 Participação da família Relação entre o meio escolar e o meio familiar

Cooperação entre a escola e a família 4 2 Representações e expectativas dos pais face

à escola e aos alunos 3

O modelo pedagógico do MEM Representações dos diversos actores do sistema educativo

Documentos relacionados