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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

Capítulo 7 População e contexto

Tendo em conta os objectivos que norteiam o nosso estudo, necessitávamos de escolas e professores que na prática aplicassem o modelo pedagógico do MEM. Como já foi referido, no Funchal só tínhamos conhecimento de duas escolas do 1.º ciclo que seguiam esta metodologia, e só numa delas era possível observar. Fomos, então, para essa escola, a qual funcionava em regime de tempo inteiro, com horário das 8h às 18h, e além das aulas formais, oferecia aos alunos uma diversidade de actividades de enriquecimento curricular: Inglês, Informática, Expressão Plástica, Ludoteca, Biblioteca, Educação Física, Musical e Dramática.

Na escola existiam 37 docentes, 30 do 1.º ciclo, 5 da Pré-Escola e 2 da Educação Especial. Os alunos eram 319 e estavam distribuídos por 14 turmas: 2 turmas do Pré- Escolar e 12 turmas do 1.º Ciclo.

Apesar de só uma professora aplicar o modelo pedagógico do MEM, existiam nesta escola outras professoras que já iam utilizando alguns instrumentos de pilotagem da Escola Moderna, conforme confirma a directora da escola:

“É só esta professora que aplica esta metodologia, mas existem também algumas que já vão experimentando algumas técnicas pertencentes à Escola Moderna. Penso até que algumas professoras já estão fazendo formação.” (E9, 05/07/06).

A escola pertence a um bairro social, que nos últimos anos tem vindo a crescer bastante e apresenta uma população muito diversificada a nível social, económico e cultural. Apesar da comunidade envolvente ser caracterizada com um nível socioeconómico médio/baixo, com focos de pobreza cultural, nível de escolaridade muito baixo, mau ambiente familiar, problemas relacionados com o alcoolismo, com a toxicodependência, com a violência, etc. na turma onde realizámos o estudo a realidade era outra. É claro que na turma em estudo, também existiam alunos de todas as classes sociais, mas a maioria pertencia a classes onde o nível de instrução dos seus encarregados de educação se situava num nível superior e secundário, conforme se pode constatar na tabela n.º 7.

Tabela n.º 7. Encarregados de educação segundo o nível de instrução Nível de Instrução 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Ensino secundário Ensino superior Não respondeu Total Frequência 1 4 3 4 7 2 21 Percent. 4,8 19,0 14,3 19,0 33,3 9,5 100,0

O facto da maioria dos encarregados de educação terem um bom nível académico e alguns já terem conhecimento da opção metodológica desta professora, certamente, levou a que quisessem colocar os filhos nesta turma. Podemos deduzir esta afirmação nas palavras da professora titular da turma e da própria directora da escola:

“Com esta segunda turma não escolhi nada, foram já os próprios pais que me escolheram como professora, porque queriam pôr os seus filhos na minha sala.” (E1, 18/07/06). “Em relação aos pais, depende. Existem uns que têm maior abertura e formação e os filhos já estão habituados a outras vivências em casa, mas existe de tudo. No princípio havia muita desconfiança por não terem livros. A falta de manuais escolares causa insegurança aos pais. Neste momento já existem muitos pais que querem esta professora, porque já começaram a entender o processo e a forma de trabalhar com outra visão. Para o próximo ano lectivo já havia muita gente a pedir para ficar com esta professora e agora estão um pouco tristes, mas têm que compreender a situação.” (E9, 05/07/06).

Em suma, neste trabalho participaram 25 alunos de uma turma do 4.º ano de escolaridade, os seus encarregados de educação, os seus professores, a directora da escola e as auxiliares da acção educativa com quem contactavam mais directamente. Apresentámos em seguida uma tabela síntese com a população que participou neste estudo:

Tabela n.º 8. População alvo do estudo

População Número total Instrumentos utilizados Alunos 25 Observação participante Questionário

Encarregados de

educação 25 Questionário

Professores 8 Observação participante (Prof. titular) Entrevista Questionário

Directora 1 Entrevista

Auxiliares da

acção educativa 2 Entrevista

Relativamente aos alunos, apresentamos, agora, as variáveis independentes em função do género e da idade.

Tabela n.º 9. Percentagem dos alunos por género Figura n.º 1. Gráfico do género dos alunos M asculino 52,0% Feminino 48,0%

Tabela n.º 10. Percentagem dos alunos por idade Figura n.º 2. Gráfico da idade dos alunos

0 10 20 30 40 50 60 9 10 11 12 13 Idade %

Como podemos confirmar na tabela n.º 9 e 10 e nos respectivos gráficos, a turma do 4.º ano de escolaridade, onde decorreu o estudo, estava dividida proporcionalmente entre rapazes e raparigas. Pois, do sexo feminino eram 12 alunos e do sexo masculino havia 13 alunos, apenas mais um rapaz. As idades variavam entre os 9 e os 13 anos. No entanto, é de referir que a maioria, 20 alunos, tinha apenas 9 e 10 anos de idade. Este facto indica que 80% dos alunos acompanharam a professora desde o 1.º ano de escolaridade. Os restantes que apresentam mais de 10 anos, o que equivale a 20%, são os que vieram transferidos de outra escola ou os que vieram de outra turma por não transitarem de ano. Podemos confirmar esta ocorrência na tabela n.º 11 e figura n.º 3.

Género Freq. Percent.

Feminino 12 48,0

Masculino 13 52,0

Total 25 100,0

Idade Frequência Percentagem

9 7 28,0 10 13 52,0 11 2 8,0 12 1 4,0 13 2 8,0 Total 25 100,0

Tabela n.º 11. Tempo dos alunos na turma Figura n.º 3. Gráfico do tempo dos alunos na turma 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 Tempo na turma %

Verificamos ainda, que quatro dos alunos desta turma estavam diagnosticados com NEE e recebiam apoio directo da Educação Especial, dentro da sala de aulas. Dos 4 alunos, um demonstrava ritmo de trabalho muito lento, mas isso não constituía problema para a professora ou colegas, porque o fundamental, naquela turma, não era a velocidade a que evoluíam, mas, principalmente, que o trabalho tivesse sentido para todos e se desenvolvesse de acordo com o ritmo e interesses de cada aluno. A professora titular é de opinião que nenhum aluno deve repetir o ano de escolaridade noutra turma, pelo contrário, deve acompanhar sempre o seu grupo de amigos, para se sentir integrado e, assim, poder aprender mais. Transcrevemos as suas palavras acerca deste assunto:

“Para o 3.º e 4.º ano, eu já fiz listas que englobavam toda a matéria porque a divisão de conteúdos só aparecem nos manuais. Se formos ao Currículo Nacional o que aparece são as competências que os alunos devem desenvolver, as quais vão até ao 9.ºano. Por isso, não vale a pena perder tempo a batalhar sempre no mesmo. Os alunos precisam é de desenvolver competências, de acordo com os seus interesses e ritmos. Se o aluno está a estudar os órgãos e os sistemas e quer estudar os músculos, eu não vou deixar para o ano seguinte porque não faz sentido. Se o aluno também não aprendeu este ano, tem tempo para aprender no que vem. Eles trabalham porque querem e depois fazemos a avaliação. Também fazem uma ficha ou questionário para os colegas responderem e ajudam se for necessário. É claro que esta aprendizagem vai sendo feita aos poucos.” (E1, 18/07/06).

Concluímos assim, que o trabalho na sala de aula, tendo em conta os interesses e os diferentes ritmos de trabalho dos alunos, permite uma aprendizagem de qualidade para todos os alunos.

Tempo Frequência Percentagem

1 2 8,0

2 1 4,0

3 2 8,0

4 20 80,0

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