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Entrevista com o pastor José Lopes, que foi, também, obreiro da Igreja Evangélica Árabe de São Paulo.

Paulo: Qual é o seu nome completo?

José: Meu nome completo é José Aparecido Ferreira Lopes. Hã... mas o reverendo Ragi

Khouri me chamava de Yoseph também, nome árabe, da Igreja Evangélica Árabe.

Paulo: Lugar e data de seu nascimento.

José: Nasci em 29 de Março, 1957, em Guriri, um pequeno povoado chamado Moreira Sales

no Paraná.

Paulo: Qual é a sua formação Acadêmica, secular e teológica?

José: Eu sou da área da saúde, sou técnico de enfermagem hospitalar do trabalho, também

auxiliar de enfermagem hospitalar do trabalho, é... e também no curso de administração fiz até o segundo ano, com licenciatura em comércio exterior mas não consegui concluir o curso. Eu creio que é mais ou menos isso daí.

Paulo: E a sua formação teológica?

José: Bacharel em Teologia, duas vezes. Primeiro pela... pelo Seminário Interdenominacional,

e também aqui pela Universidade Mackenzie, através da Escola Superior de Teologia.

Paulo: Quando você iniciou seus trabalhos na Igreja Evangélica Árabe de São Paulo e quem o introduziu nesse trabalho?

José: Meu trabalho foi de 1985 a 1987, como past... perante o ministério como pastor auxiliar

do reverendo Ragi Khouri. O reverendo Ragi me convidou pra aprender sobre o povo árabe, mas quem me introduziu na comunidade árabe foi através de um convite específico feito pelo missionário americano Leminjer.

Paulo: Por que você resolveu, o que motivou você a trabalhar na Igreja Evangélica Árabe de São Paulo?

José: A única igreja árabe que existia na época, e... eu já estava envolvido com árabes desde

1981, e para 85 são seis anos. Fui trabalhar especialmente com os islâmicos e não conhecia os árabes evangélicos. Então eu queria acrescentar esta área para aprender como é que a Igreja Evangélica Árabe fazia e faz até hoje dentro de sua própria colônia, voltados para aqueles que são de origem cristã, e não islâmicos.

Paulo: Qual a sua função ou atuação na Igreja Evangélica Árabe no tempo em que você trabalhou lá?

José: Eu fui pastor auxiliar segundo o boletim saia, como pastor auxiliar, e... ajudava

ministrando algumas aulas, e também... mas era mais discipulado e aprendizado direto do reverendo Ragi Khouri, o pastor de lá e fundador da Igreja.

Paulo: Você recebia algum tipo de salário, remuneração? Se negativo, qual o motivo desta postura de não remuneração do pastor e o seu modo de ver?

José: Não, não havia remuneração, porque a cultura árabe – essa foi uma das coisas que

aprendi – o pastor ele tem que ser fazedor de tenda e a dona Rosa Khouri, que é a esposa do pastor, dizia que precisa ser um profissional na área secular e ela me incentivou a ir para a área da saúde, e por isso que eu fiz um curso técnico bem feito, e para ser aceito no ministério entre árabes, eu podia exercer parte da área de saúde, da medicina, e ajudar também como mais ou menos voluntário, como pastor voluntário na época.

Paulo: No período em que você esteve lá, você verificou algum crescimento significativo na Igreja?

José: Não, não houve. Não houve crescimento porque a Igreja Árabe naquela época

trabalhava mais com pessoas idosas, e... ou seja, filhos de imigrantes e imigrantes, e os jovens que vinham para a Igreja eles migraram para outras denominações, devido a questão do

idioma... idioma servia de barreira, né, e... não houve crescimento nem da parte árabes, não ...de origem não cristã , e nem árabes que vinham do Líbano, com relação ao Cristianismo.

Paulo: Você entende que não houve crescimento, mas você poderia entender que houve esvaziamento ou perda de membros da comunidade?

José: Não, na minha época não teve, manteve. Agora era um pouco confundido porque nasceu

a Igreja Renascer na mesma época, nos porões da Igreja Árabe. Então vinha gente para a Renascer e aqueles que tinham... amavam o povo árabe, como Sônia, a esposa do Esthevan Hernandes, de origem árabe, então o pessoal vinha e ficava para o culto árabe também. Então, algumas reuniões tinham mais gente do que tinha antigamente.

Paulo: Ok. Havia, nesse período que você esteve lá, Escola Dominical regular para crianças e adultos?

José: Havia Escola Dominical para crianças, havia. Adultos, algumas vezes havia, mas não

era regular, era esporádico.

Paulo: Em termos de números de crianças com idade até 10 anos, o número era bem expressivo ou era um número pequeno?

José: Não... era um número médio... não eram muitas... não era... não era...porque a maioria...

eu já disse pra você que a maioria dos membros eram pessoas idosas. Então seus filhos já pertenciam a outra igreja evangélica. Eles não vinham pro culto, então levavam para as igrejas as quais eles pertenciam.

Paulo: Havia grupos de trabalho interno, como senhoras, jovens, ou algum outro grupo?

José: A SAF era forte, acho que sob o comando da irmã Jamili, se não me engano, era o grupo

mais expressivo era o grupo das mulheres.

Paulo: Em termos das cerimônias realizadas na Igreja Árabe, que forma de batismo era praticado na Igreja Evangélica Árabe no tempo em que você trabalhou por lá?

José: Era aspersão... era uma Igreja Presbiteriana ligada ao Sínodo da Síria. Batismo por

aspersão.

Paulo: As crianças também eram batizadas ou só havia o batismo de adultos?

José: Crianças eram batizadas a pedido dos pais.

Paulo: Havia projetos de algum suporte a ser oferecido a imigrante árabe em termos de uma rede social de apoio?

José: Olha, sinceramente... hum... expressivamente não. Havia os cultos especiais que a

comunidade, autoridades árabes vinham para o culto, cônsuls, por exemplo, da Jordânia, da Síria, em São Paulo vinha. E era uma expressão... e havia muito bom relacionamento da Igreja Árabe com a Igreja Ortodoxa, na própria, no Paraíso mesmo. Então a gente tinha muito, era muito alinhado as autoridades e aos ortodoxos árabes.

Paulo: A Igreja Evangélica Árabe fornecia algum tipo de apoio de hospedagem ou orientação de trabalho a imigrantes que chegavam?

José: Não, não tinha esse trabalho. Não tinha.

Paulo: Dentro de seu modo de ver, o traço étnico do árabe era forte na igreja?

José: Sim, porque se falava em árabe, cantava em árabe, e o reverendo Ragi também dava o

resumo do sermão em português, mas todo o trabalho era feito em árabe. Hoje não. Hoje é feito em português e só a mensagem em árabe.

Paulo: Você, naquela época, já podia perceber alguma demonstração de tendência a diminuir esse aspecto étnico árabe, assumindo certa brasilidade, como língua portuguesa em alguns aspectos da liturgia, ou coisa assim?

José: Não, não. Não porque os membros efetivos eram primeira geração. Então eles falavam

árabe mesmo nos intervalos, todo tempo era comunicação em árabe, e... era essencial você entender e falar o árabe para você estar integrado a igreja.

Paulo: No tempo que você esteve lá, havia projetos para alcançar falantes do árabe com o Evangelho, bem como os não falantes do árabe?

José: Sim, havia, é... alguns pastores voluntários, que vinham de outras denominações, que

colaboravam com o reverendo Ragi, e eles montavam o culto em português a noite, no Domingo a noite. Então, era um projeto, né, uma iniciativa para alcançar os... os brasileiros de idioma português.

Anexo 17 Entrevista com Adina Abrahão.