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A IEASP tem uma estrutura, por sua gênese presbiteriana, com feições à desta tradição religiosa protestante. Assim, a Igreja conta com um Conselho Administrativo composto pelo seu pastor presidente e outros cinco (5) presbíteros35 (não pastores). Estes últimos são eleitos pela assembléia geral dos membros da IEASP por um período de dois (2) anos, podendo ser reeleitos sem limite de vezes. Estes homens devem, ainda, se submeter a um curso básico teológico de dois (2) anos. Este conselho é presidido pelo pastor presidente, que é o pastor da Igreja. O governo, no entanto, não é de caráter democrático representativo nos moldes presbiterianos, mas congregacional, onde a assembléia decide, inclusive questões ligadas à admissão ou demissão de membros, disciplina e outras. O Conselho leva à assembléia os assuntos tratados previamente, mas a autonomia de decisão é da igreja reunida em assembléia, em moldes batista de governo. Pode-se perceber uma certa mescla de sistema governativo entre presbiteriano e congregacional (batista).

Há, também, um conselho fiscal composto por três membros eleitos pela assembléia, que formam uma espécie de comissão de exame de contas , cujo relatório é apresentado à assembléia para conhecimento e aprovação.

O pastor (ministro regularmente ordenado) é eleito pela assembléia geral para mandato de 04 anos, podendo ser reeleito sem limite de vezes, para o cargo de presidente do conselho. Ocorre que, para o cargo de pastor, não existe outro candidato, sendo o exercício do pastorado quase que vitalício, embora com mandatos sucessivos.

35 Homens eleitos pela assembléia da Igreja e regularmente ordenados, com função de auxiliar o pastor na

Não há designação superior de pastor, ou seja, não há órgão superior de supervisão ou deliberação (como presbitério, diocese, ou algo assim), a decisão é da igreja local, sem interferência de órgão colegiado ou individual superior. Caso haja fator que desabone o pastor quanto à conduta, este poderá ser destituído pela assembléia e outro será conduzido ao cargo.

Por informação do Rev. Kalil sabe-se que, para ser pastor da Igreja, é necessário ser árabe (natural), ou descendente de árabe e falante deste idioma. À medida que o tempo passa, a possibilidade de um falante árabe descendente (nascido no Brasil) vir a ser pastor se coloca mais vivamente.

O pastor da Igreja não recebe nenhum tipo de remuneração por seu trabalho pastoral. Seu sustento deve vir de sua atividade profissional, seja comércio, indústria, emprego assalariado ou outra fonte. Os pastores Wladimir e José em suas entrevistas confirmam esta posição e entendem que tal postura está ligada à cultura árabe. O pastor não deve depender da igreja para seu sustento. Isto lhe dá maior autonomia e independência, além de certa autoridade entre os integrantes da igreja. A própria dona Rosa (esposa do pastor Ragi) incentivou ao pastor José para que buscasse uma formação secular e conseguisse seu sustento.

Há, na estrutura da Igreja, a presença de diáconos,36 também eleitos pela assembléia por período de dois (2) anos, e com reeleição sem limites. A ordenação feminina não é permitida, sendo o atual pastor radicalmente contra, como se pode ver em sua entrevista.

A Igreja conta com sociedade de jovens, que tem reuniões às sextas-feiras nos lares e aos sábados no templo. Participam ativamente do culto na condução de cânticos em português e em árabe.

Embora a IEASP já tenha contado com uma forte e operosa Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF), organizada em 06 de março de 1966, atualmente este grupo está menos ativo, embora ainda continue a existir e auxiliar nos trabalhos de caráter social que são desenvolvidos pela igreja. Atividades como, por exemplo, curso de culinária árabe, são desenvolvidas pelas mulheres, contando com uma organização estabelecida com estrutura formal (diretoria).

Não foi possível realizar uma verificação aprofundada sobre o aspecto ligado à membresia (número de membros) da Igreja, uma vez que os documentos que poderiam

36 Homens eleitos pela assembléia da igreja e regularmente ordenados, tendo a função de cuidar da ordem

fornecer este material, tais como atas da igreja e do conselho, arquivo, estatutos e afins, não foram liberados (por parte da diretoria) para exame e exposição de dados. O que se percebe é uma presença bem pequena de pessoas nos cultos, sejam os de quinta-feira, sejam os de domingo (alcançando 30 a 40 nestes e 8 a 15 naqueles), embora o pastor afirme haver algumas centenas de pessoas registradas no rol, este número elevado engloba os que já saíram para outras igrejas, deixaram de frequentar ou mesmo faleceram. O não acesso a estes dados traz certo prejuízo para a pesquisa, pois dificulta saber sobre nível de instrução, profissão, estado civil e outros aspectos ligados aos integrantes da IEASP. Ressalto que o pastor Kalil sempre se mostrou solícito e pronto a me atender, fornecendo-me as informações que poderia conceder, permitindo-me acesso a fotos, alguns documentos e participar das atividades da IEASP, tendo também a simpatia dos participantes dos cultos e reuniões da igreja.

A presença de crianças é muito pequena. Vê-se que com um número pequeno de membros assíduos na frequência aos cultos, e sendo este pequeno número de pessoas já mais idosas, fora da idade de ter filhos pequenos, é natural que o número de crianças seja quase nenhum. O Pastor José, em sua entrevista, aponta o fato da presença bem pequena de crianças e a elevada faixa etária dos freqüentadores na década de 80.

Este é um fator que inspira preocupação, já que pode significar (caso não haja ingresso de jovens por conversão ou transferência de outras igrejas para lá) o risco de não haver continuidade da igreja em um futuro não muito distante. Este fenômeno tem sido verificado em igrejas protestantes na Europa e em regiões rurais no Brasil. É uma espécie de não reposição de pessoal, ou de não renovação da vida, pelo fato de não existirem crianças na igreja, nem jovens que possam ter filhos e trazê-los e conservá-los na fé ali praticada. Não existe, nestes casos, nem sequer o chamado crescimento vegetativo, ou seja, o crescimento apenas por meio dos filhos nascidos da própria igreja.