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Entrevistas ± oportunidades intencionais de diálogo

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3.2 Os procedimentos de coleta de dados

3.2.1 Entrevistas ± oportunidades intencionais de diálogo

Consideradas um importante instrumento de coleta de dados, as entrevistas foram realizadas no primeiro momento da pesquisa. Nesta etapa, a dimensão qualitativa foi HQIDWL]DGDYLVWRTXHDFDUDFWHUtVWLFDSULQFLSDOGDVSHVTXLVDVTXDOLWDWLYDV³pRIDWR de que HVWDV VHJXHP D WUDGLomR FRPSUHHQVLYD H LQWHUSUHWDWLYD´ $/9(6-MAZZOTTI, 1998, p.131). Ressalta-se que os sujeitos entrevistados se expressam de acordo com suas crenças, conquistas ou decepções.

Constata-se que a entrevista face a face é essencialmente um momento de LQWHUDomR KXPDQD QD TXDO ³HVWmR HP MRJR DV SHUFHSo}HV GR RXWUR H GH VL H[SHFWDWLYDV sentimentos, preconceitos e interpretações para os protagonistas: entrevistador e HQWUHYLVWDGR´ (SZYMANSKI (org.) 2004, p. 12). A autora salienta que o entrevistador tem informações e procura outras, assim também o entrevistado organiza suas respostas para DTXHODVLWXDomR$LQWHQFLRQDOLGDGHHVWiQRVGRLV³SURWDJRQLVWDV´TXHPHQWUHYLVWDYDLDOpP da simples busca de informações, por isso procura instaurar uma situação de confiabilidade e credibilidade a fim de conseguir a cooperação de seu interlocutor, trazendo dados significativosao trabalho; também, o entrevistado, ao assentir sua participação na pesquisa, ³MiGHQRWDVXDLQWHQFLRQDOLGDGH± pelo menos a de ser ouvido e considerado verdadeiro no que diz - o que caracteriza o caráter ativo de sua participação, levando em conta que ele GHVHQYROYHDWLWXGHVGHPRGRDLQIOXHQFLDURHQWUHYLVWDGRU´ (SZYMANSKI (org.) 2004, p. 12).

Atinada a essa realidade e definidos os 19 sujeitos participantes das entrevistas, partiu-se para o campo. As entrevistas foram realizadas nos meses de outubro e novembro de 2010. Fez-se a opção pela entrevista individual semi-estruturada, com a utilização de um roteiro do qual constavam questões basilares aos objetivos do estudo e que ajudariam

na orientação do foco desejado. De acordo com Triviños (1987, p.33) essH URWHLUR ³DR mesmo tempo em que valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas neFHVViULDV HQULTXHFHQGR D LQYHVWLJDomR´ $V UHVSRVWDV YHUEDLV GRV LQIRUPDQWHV IRUDP registradas por meio de gravação, e a transcrição para análise ocorreu em um momento posterior.

A realização das entrevistas com os dez alunos aconteceu no ambiente escolar, na sala onde ficam os computadores, sugestão da coordenadora de turno, que gentilmente explicou que os computadores são pouco utilizados por ainda não ter ligação com a internet, e que ali, mesmo estando também abrigando, naquele momento, a minibiblioteca, seria um local mais tranquilo.

Os pais foram entrevistados no ambiente rural, doméstico ou no local de trabalho. Esses fatores foram motivo da dificuldade de acesso a eles, além do medo das vacas leiteiras, dos cães guardiões, das porteiras trancadas com cadeados e, principalmente, por as entrevistas acontecerem em época de chuva. Nessa época as estradas de chão que dão acesso às fazendas e chácaras ficam em estado precário pela lama acumulada, tornando-se, às vezes, intransitáveis, pois os córregos enchem, transbordam sobre as pontes e passagens, permanecendo nesse estado por várias horas ou até mesmo o dia todo. Inclui-se o fato de o pai trabalhar na lavoura ou como vaqueiro dificultou o contato com ele, pois saía de madrugada e voltava no início da noite. Essa é uma razão de a maioria das entrevistas ter sido feita com a mãe que fica em casa, ou mesmo com aquelas que trabalham fora, como doméstica, na cidade de Anápolis, ou como faxineira na sede da fazenda, pois tendo um horário fixo de retorno para casa, era possível marcar o dia e a hora em que poderiam receber a pesquisadora. Assim, há caso em que a entrevista ocorreu no curral, no terreiro, no quintal, na área de lazer de majestosas fazendas ou depois do exaustivo horário de expediente. Alguns pais foram antecipadamente contatados pelo telefone celular, os quais ³DJHQGDUDP´ R PHOKRU PRPHQWR H ORFDO para a realização da entrevista; com outros, a comunicação por telefone era impossível, pois ou não tinham o celular ou não havia conexão, muitas vezes desenvolviam trabalhos com excesso de barulho, motivo pelo qual não ouviam o telefone tocar. Dessa maneira, foi enviado um bilhete pedindo que mandassem a resposta sobre o dia e hora em que poderiam receber a pesquisadora. Mesmo em meio a tantos transtornos, foi uma experiência inigualável, porque todos os pais, sem exceção, colocaram-se muito interessados em colaborar com a pesquisa, uma vez que estariam contribuindo com a educação de maneira geral, especificamente para o

crescimento de seu (sua) filho (a), uma vez que todos demonstram uma preocupação muito grande com o futuro dos filhos, querem que estes estudem a fim de não passarem as dificuldades vivenciadas pelos pais.

A apresentação da pesquisadora aos pais, também, como professora da Escola ³/XDU GR 6HUWmR´ GDYD-lhe um crédito muito grande, os pais demonstravam respeito e FRQILDQoDHPVHXWUDEDOKRHSHODUHIHULGDHVFROD$OJXQVVHUHIHUHPjHVFRODFRPR³WXGR´ ao se referirem ao futuro do filho. Essa confiança deixou entrevistado e entrevistadora à vontade para a entrevista. Alguns ficaram sem jeito, no início, por causa do gravador, mas aos poucos acostumaram-se e foram se sentindo à vontade. Após a conversa gravada, ocorria um momento festejado com café, bolinhos, refrigerantes e pastéis, ou o momento de passear pelo quintal para colher mangas, cajus, jabuticabas e outras frutas da época. Nesse ínterim, muitas informações foram apresentadas de maneira informal e completamente espontâneas.

Quanto à professora, esta recebeu a pesquisadora em seu apartamento, na cidade de Anápolis, após ter agendado a melhor hora, que seria às dezenove horas de uma quinta- feira, dia que já havia trabalhado os dois turnos, com um total de dez aulas ministradas, sendo cinco no turno matutino, na escola urbana, e cinco no turno vespertino, na Escola Rural, e no dia da entrevista não iria trabalhar à noite, seria uma ocasião em que seu esposo já teria chegado do trabalho, poderia sair com a filha de quase dois anos e a interlocução acontecesse com tranquilidade.

O roteiro11 das entrevistas com os pais privilegiou informações referentes ao seu universo sociocultural. Assim, foram obtidas informações sobre sua profissão, seu emprego, sua renda familiar, seu nível de instrução, ajuda social, número de filhos. Conheceu-se um pouco acerca da vida cotidiana, a relação com o cônjuge e os filhos, a relação com o trabalho, o passatempo, estudo, escola, ensino, leitura e escrita em sua época de estudante e na atualidade como pais.

O roteiro12 das entrevistas com os estudantes destacou o cotidiano na escola e fora dela, procurando focalizar a relação que estes mantêm com a leitura e a escrita no dia-a- dia, bem como buscando entender sua relação com os pais e irmãos, seus afazeres, seu lazer, sua relação com o computador, com a televisão e com os amigos.

11 Apêndice F 12 Apêndice E

Quanto à professora, assim ensina Szymanski (2004, p. 25), ³pQHFHVViULRVDEHU TXDODVXDIRUPDomRWHPSRGHPDJLVWpULRXPSHTXHQRSHUFXUVRSURILVVLRQDO´SDUDGHSRLV direcionar as questões da entrevista a informações referentes ao seu trabalho de leitura e produção de textos na escola da zona rural. É importante conhecer sobre o hábito de leitura e escrita dos alunos rurais e urbanos, a maneira como a professora ensina, sobre sua orientação metodológica. O roteiro13 consta, ainda, de questões direcionadas ao cotidiano da sala de aula na zona rural, incluindo a divisão do tempo, material de leitura, contexto da sala de aula.

No desenvolvimento das entrevistas, o roteiro não obedeceu à sequência rígida das questões, uma vez que se procurou criar um clima amistoso e estabelecer um diálogo FRUGLDO 2 WHUPR LQWHUURJDWLYR GHVHQFDGHDGRU GHVVD LQYHVWLJDomR IRL ³FRPR´ R TXDO desencadeia respostas narrativas e descritivas, neste caso, foi a narrativa da trajetória da prática leitora e escritora dos pais e dos alunos; no que se refere à professora, foi a descrição de sua atuação como mediadora dessa prática.

&RQVRDQWH 6]\PDQVNL   D TXHVWmR DEHUWD XVDQGR R ³FRPR´ IRUQHFH elementos para várias abordagens do tema; por esse motivo é um enriquecimento posterior da análise. Assim, foi feita a escolha desse tipo de questão com essa intencionalidade.

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