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2 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo disposi-

No documento Semiotécnica em Enfermagem (páginas 76-84)

E ENFERMAGEM Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante

2 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo disposi-

tivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, cuja finalidade é a proteção dos riscos com potencialidade de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (BRASIL, 1978).

De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) 6, do Mi- nistério do Trabalho (MT), que trata do EPI, são responsabilida- des do empregador, dentre outras: adquirir e fornecer o EPI ade- quado ao risco e em boas condições; exigir que o trabalhador o utilize; capacitar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; promover a substituição imediata em caso de da- nos ou extravio; garantir a higienização e manutenção periódica (BRASIL, 1978).

A NR 6 determina, ainda, que o trabalhador deve usar o EPI apenas para a finalidade a que se destina; responsabilizar-se pela sua guarda e conservação; comunicar ao empregador qualquer al- teração que o torne impróprio para uso; e cumprir as determina- ções do empregador sobre o uso adequado (BRASIL, 1978).

O EPI, de fabricação nacional ou importado, somente pode- rá ser disponibilizado para venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do MT. O CA garante que o EPI irá proteger o trabalhador para a finali- dade a qual ele se destina (BRASIL, 1978).

Na área da saúde, o uso do EPI está relacionado, na maioria das vezes, à exposição ao risco biológico, configurando-se pela probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos es- pecíficos, quais sejam: os microrganismos, geneticamente modi- ficados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2005; BRASIL, 2008).

O EPI deve ser selecionado de acordo com o risco ao qual o profissional da saúde está exposto. Deve-se considerar tanto a pos- sibilidade de transmissão de microrganismos para o paciente, como a contaminação desse profissional com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções, contato com lesões de pele, membranas mu- cosas e durante cuidados com procedimentos invasivos. Os EPIs, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número sufi- ciente nos postos de trabalho, sendo garantido o seu imediato for- necimento ou reposição (BRASIL, 1978; BRASIL, 2005).

De acordo com recomendação da Agência Nacional de Vigi- lância Sanitária (ANVISA), o serviço de saúde deve garantir que seus trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes bio- lógicos, físicos ou químicos, usem no desenvolvimento de suas ati- vidades laborais vestimentas adequadas, incluindo calçados, com- patíveis com o risco e em condições de conforto. Ressalta-se que o MT, por meio da NR 32, determina a proibição do uso de calçados abertos por esses trabalhadores (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).

Os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com os EPIs. O serviço de saúde deve manter disponível a todos os trabalhadores normas e condutas de segurança biológica, quími-

ca, física, ocupacional e ambiental, além de instruções para uso desses equipamentos (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).

Cabe ao serviço de saúde o fornecimento e processamento das vestimentas usadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, nas unidades de tratamento intensivo, nas unidades de isolamento e centrais de material esterilizado. Os principais EPIs e dispositivos de barreira usados na área da saúde respectivamente são: luvas, máscara, óculos de segurança, capote, gorro e propé (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).

Luvas

Sua indicação ocorre sempre que houver possibilidade de contato com sangue, fluido corpóreo, secreções e excreções, mu- cosas ou áreas de pele não íntegra, outros líquidos ou itens e superfícies contaminados e na manipulação de material perfu- rocortante. Vale destacar que as luvas reduzem o risco de conta- minação, sem, contudo, eliminá-lo. A escolha entre luvas estéreis ou de procedimento irá depender da técnica a ser realizada, as- séptica ou não, e da suscetibilidade do paciente (BRASIL, 2004; BRASIL, 2004a; BRASIL, 2010b; BRASIL, 2011a).

Segundo o Center of Disease Control (2002), WHO (2006) e Ministério da Saúde (2007), as principais recomendações quanto ao uso de luvas envolvem as seguintes condutas:

 Usar luvas somente quando indicado;

 As luvas devem ser descartáveis, calçadas imediatamente antes do procedimento de risco e removidas tão logo a atividade seja completada;

 Trocar de luvas ao atender outro paciente ou realizar outro proce- dimento no mesmo paciente ou quando as mesmas estiverem danificadas;  Retirar as luvas após o uso e descartá-las em lixo hospitalar e imediatamente higienizar as mãos, obrigatoriamente, para evitar a transferência de microrganismos para outras pessoas ou ambientes;

 Não tocar desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas) quando estiver com luvas, para evi- tar a transferência de microrganismos para outras pessoas, superfícies ou ambientes;

 O uso de luvas não substitui a higienização das mãos.

Veja a seguir como remover luvas para evitar a contaminação das mãos, em conformidade com BRASIL (2005), CDC (2007), BRASIL (2009a).

PROCEDIMENTO: Técnica de remoção de luvas

Para evitar a contaminação das mãos, retirar as luvas puxando a primeira luva pelo lado externo do punho com os dedos da mão oposta;

Segurar a luva removida com a outra mão enluvada;

Introduzir os dedos da mão sem luva dentro da extremidade in- terna da luva ainda calçada e retirar a outra luva, descartando-as;  Descartar as luvas em lixeira apropriada.

A máscara e óculos de proteção são recomendados para proteção individual durante procedimentos que envolvam riscos

de respingos de sangue e outros fluidos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e olhos do profissional (BRASIL, 2004; BRASIL, 2004a, BRASIL, 2011a).

Existem máscaras adequadas a diversos riscos presentes nos ambientes de trabalho, para a área da saúde, as máscaras estão detalhadas abaixo:

Máscara de procedimento (cirúrgica): deve ser usada quan- do houver risco de contaminação da face com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções ou em procedimentos em que se utilize material estéril. Pacientes com tosse persistente também devem usá-la. Este tipo de máscara protege por tempo limitado, apesar de atender à maioria das situações.

Máscara de proteção respiratória (respirador particulado, com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ, tipo N95 ou PFF2): deve ser utilizada durante contato com pacientes suspeitos ou confirmados de tuberculose, sarampo, va- ricela e herpes zoster disseminado até cessado o período de risco de transmissão de cada doença e em locais onde ocorram procedi- mentos indutores de tosse e geradores de aerossóis, considerando também neste caso os pacientes suspeitos ou confirmados com in- fecção pelo vírus da influenza. Deve ser utilizada, ainda, em áreas de alta contaminação com produtos biológicos e/ou na manipula- ção de substâncias químicas com alto teor de evaporação, mesmo quando manipuladas em capela de exaustão externa. Colocar antes de entrar no quarto do paciente, retirar após a saída. Deverá estar apropriadamente ajustada à face (BRASIL, 2004, BRASIL, 2010b).

É importante destacar que a recomendação do fabricante deve ser seguida quanto ao uso único das máscaras e seu des- carte; considerar que a quebra da integridade física das másca- ras, como amassaduras, umidade ou sujidades, compromete sua qualidade e eficácia.

Protetor ocular e/ou facial: deve ser usado quando houver risco de contaminação dos olhos e/ou face com respingo de san- gue, fluidos corpóreos, secreções e excreções. Em boas condições de higiene e desinfecção, pode ser usado várias vezes, desde que mantenha sua integridade. Fabricado com materiais rígidos (acrí- lico ou polietileno), deve limitar entradas de respingos pelas por- ções superiores e laterais dos olhos. Na limpeza dos protetores, deve ser realizado processo de retirada de matéria orgânica com água e sabão, e, em seguida, realizar processo de desinfecção. Os óculos para correção visual (de grau) não devem ser usados como protetor ocular, uma vez que não protegem a mucosa ocular de respingos. Os profissionais que precisarem da correção visual com óculos de grau devem usar os óculos de proteção ou protetor de face sobre seus óculos de grau (BRASIL, 2010b).

Avental/Capote: utilizado para proteção individual sempre que houver risco de contaminação da roupa através de contato com sangue, fluido corpóreo, secreções e excreções ou quando houver contato com pacientes, materiais e equipamentos que pos- sam levar a essa contaminação. Quando houver sujidade visível no equipamento, retirá-lo o mais rápido possível e higienizar as

mãos. Os aventais/capotes impermeáveis serão adotados quando houver risco de extravasamento intenso de sangue, fluidos corpó- reos, secreções e excreções e devem cobrir todo o corpo. Os do tipo descartáveis devem ser utilizados apenas durante o procedimento de risco e eliminados junto com o lixo hospitalar. Como ocorre o risco da contaminação, os aventais/capotes devem ser usados ape- nas uma vez e descartados ou enviados para lavanderia, quando não forem descartáveis. Devem estar sempre abotoados ou amar- rados para proteger as vestes do profissional; ter comprimento abaixo dos joelhos e ser de mangas longas; ser de material de boa qualidade, não alergênico e resistente; proporcionar barreira anti- microbiana efetiva; e permitir a realização de procedimentos com conforto. O serviço também deve disponibilizar o equipamento em diversos tamanhos (BRASIL, 2004; BRASIL, 2004a; BRASIL, 2010b, BRASIL, 2011a).

Jaleco: algumas considerações são importantes no que diz respeito a essa vestimenta, a qual é usada cotidianamente como fardamento pelo profissional da saúde durante a realização da as- sistência a mais de um paciente. Esta não deve estar contaminada e nem ser utilizada nos procedimentos que envolvam exposição da roupa do profissional a líquidos orgânicos ou contaminados. Algumas recomendações: não utilizar o jaleco em áreas públicas, ele é um fardamento para ser de uso exclusivo dentro dos serviços de saúde; não abraçar pessoas ou carregar crianças com o jaleco, ele poderá estar contaminado, mesmo que não seja essa a sua fi-

nalidade; retirar o jaleco antes de dirigir-se ao refeitório, copa ou sair do serviço; ao transportar o jaleco, acondicioná-lo em saco impermeável; o jaleco pode ser utilizado posteriormente, desde que esteja em boas condições de uso e limpo.

Calçados fechados: de uso obrigatório por todos trabalha- dores expostos a risco biológico nos serviços de saúde. Devem ser confortáveis e adequados aos riscos. Em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante utilizar botas impermeáveis. Já os dispositivos usados para envolver sapatos e sandálias abertos, do tipo “propés”, habitualmente compostos por material permeável, não permitem proteção adequada (BRASIL, 2004a; BRASIL, 2005; BRASIL, 2011a).

Gorro: Deve ser utilizado para a proteção dos cabelos da contaminação por aerossóis, impedindo que o profissional leve para outros locais os microrganismos que colonizaram seus ca- belos. Ainda deve ser utilizado para evitar a queda de cabelos em material e campo cirúrgico. Deve recobrir todo o cabelo e orelhas e ser descartado em lixo contaminado. Deve ser descartável e de uso único (BRASIL, 2010b).

Remover os EPIs de forma a evitar autocontaminação ou au- toinoculação com mãos ou EPIs contaminados, após a realização da atividade. A seguir estão descritos os procedimento de Para- mentação com EPI e Retirada de EPI, respectivamente, ambos de acordo com Brasil (2009a).

PROCEDIMENTO: Paramentação com EPI

 Reunir todos os equipamentos necessários, seguindo a reco- mendação de cada EPI;

 Realizar higienização das mãos;

 Vestir o avental/capote, averiguar a necessidade do avental im- permeável;

 Colocar o gorro;

 Colocar a máscara/respirador;

 Colocar óculos de proteção ou protetor facial;

 Colocar luvas de procedimentos ou cirúrgica (estéril);  Iniciar atividade designada.

PROCEDIMENTO: Retirada de EPI

Retirar luvas (devem ser removidas durante a retirada do aven- tal descartável);

Realizar higienização das mãos;Retirar óculos de proteção e gorro;

Remover máscara ou respirador particulado através das fitas elásticas (evitar tocar a parte interna da máscara);

A cada EPI retirado, descartá-lo em conformidade com as boas práticas de gerenciamento de resíduos em serviços de saúde;  Seguir as recomendações do fabricante do EPI quanto à orien-

tação ou não do uso único do equipamento.

3 VACINAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE COMO

No documento Semiotécnica em Enfermagem (páginas 76-84)