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Estamos em plena era da informação, século XXI. O uso da informática e a extensão das tecnologias já adentraram em nossos lares, escolas, hospitais, enfim, em todos os cantos imagináveis. Possui simpatizantes e críticos, prós e contras, mas é inegável que, de certa forma, atinge a todos, direta ou indiretamente.

Depois da apresentação do computador pessoal, na década de setenta, por um grupo de jovens com a intenção de instituir novas bases para a informática e revolucionar a sociedade, as influências não pararam mais de se manifestar em (Lévy, 1993).

O computador é definido por Lévy (1999, p.44) como “uma montagem particular de unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para a entrada e saída de informações”. É desta forma, ou por meio dele que podemos navegar livremente entre programas e hardware, antes incompatíveis. Ele não é mais um centro, mas um componente da rede universal calculante. Não há mais um limite, agora o computador está em toda parte, atinge outras dimensões. De acordo com o referido autor, agora existe “um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si”.

Na definição de Lévy (1999, p.17), o ciberespaço “é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores” e a cibercultura “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento que se desenvolveram juntamente com o crescimento do ciberespaço”.

De acordo com Lévy (1999) existem três princípios que orientam o crescimento inicial do ciberespaço que são:

• a interconexão: a conexão é sempre preferível ao isolamento. Cada computador do planeta deve possuir um endereço na Internet, conectado. Mesmo o menor dos artefatos poderá receber informações de todos os outros e responder a eles;

• as comunidades virtuais: são construídas sobre os interesses comuns, afinidades de conhecimentos, projetos comuns, em um processo de cooperação ou de troca, tudo independente de limitações geográficas e filiações institucionais;

• a inteligência coletiva: o principio seria sua perspectiva espiritual, sua finalidade última. É praticada on-line por surfistas da net. Constitui mais um campo de problemas do que soluções. Os navegadores acreditam que o melhor uso que se pode fazer do ciberespaço é colocar em sinergia os saberes, as imaginações, as energias espirituais daqueles que estão conectados a ele. Um mundo virtual que favorece a inteligência coletiva, uma verdadeira World wide web.

Ao falarmos em ciberespaço automaticamente estamos nos referindo à Internet, pois ela é um dos mais fantásticos exemplos de construção cooperativa internacional, que constitui o grande oceano do novo planeta informacional. Através da Internet é possível interligar informações/contatos por todo o mundo, revelando uma possibilidade ilimitada de conhecimentos.

Na relação existente entre a cibercultura e a educação, Lévy (1999, p.157) nos aponta três constatações: a primeira diz respeito à “velocidade de surgimento e de renovação dos saberes”, a segunda é em relação “à nova natureza do trabalho, cuja parte de transação de conhecimentos não para de crescer”, e a terceira constatação diz respeito ao ciberespaço que por sua vez “suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas: a memória, a imaginação e o raciocínio”.

Mediante todo esse processo de mudança no saber, necessitamos remodelar as pirâmides estruturadas em níveis de conhecimento lineares, em saberes superiores. Ante essa nova era, é imprescindível acessarmos esse leque de informações e, concomitantemente, abrirmos nossas mentes em favor desta amplitude de novas possibilidades de aprendizagem.

De acordo com Lévy (1999, p.158), para que se atinjam tais objetivos são necessárias duas grandes reformas nos sistemas de educação e formação. E afirma: “em primeiro lugar, a aclimatação dos dispositivos e do espírito do EaD (ensino aberto e a distância) ao cotidiano e ao dia a dia da educação. O EaD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura”.

Para que isso se torne possível, o ideal seria que se pensasse em uma nova proposta/base pedagógica que, de certa forma, favorecesse as aprendizagens coletivas e as aprendizagens personalizadas em rede. Nesse aspecto, o professor se tornaria um animador e entusiasta da inteligência coletiva ao invés de fornecedor de conhecimentos – o grande equívoco atual.

Da junção das necessidades em se pensar uma nova base pedagógica e as evoluções tecnológicas, deparamo-nos com uma nova possibilidade de educação a distância que possibilita atingir números muito maiores de participantes, rompendo barreiras e quebrando preconceitos, eliminando os limites geográficos, pela disseminação da Internet. Esta nova modalidade de educação a distância, de acordo com o Livro Verde (2000, p.47) se justifica pelo fato de possibilitar:

a) o aumento considerável da audiência dos participantes, tanto no tempo como no espaço, por meio da concorrência intensiva de meios eletrônicos para o registro e a transmissão de conteúdos. Como também o compartilhamento de recursos de ensino entre instituições com interesses e quadros complementares, mesmo que distantes geograficamente;

b) oferta de oportunidades de aprendizado para estudo em casa ou no trabalho, independente de hora estipulada, ampliando assim as possibilidades de educação continuada;

c) individualização do processo educativo, devido à interatividade proporcionada pela Internet;

d) a organização do trabalho em equipe de intensa cooperação.

A introdução das novas tecnologias de informação e comunicação pode possibilitar a integração, enriquecimento e expansão dos materiais educativos. Proporcionam também novas formas de interação e comunicação entre professor e aluno.

Porém, para que se obtenha um bom resultado em relação a educação a distância e se alcance o potencial de vantagens que pode proporcionar, de acordo com o Livro Verde (2000, p.47) é necessário “o desenvolvimento de metodologias pedagógicas eficientes para o novo meio e ferramentas adequadas para o estudo individual, ou em grupo” e, ainda, “é preciso investir no seu aperfeiçoamento e, sobretudo, regulamentar a atividade, também definir e acompanhar indicadores de qualidade”.