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5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1.2 Isolamento e identificação dos metabólitos de E crista-gall

5.1.2.4 Erisotrina N-óxido (6)

Figura 40- Estrutura de Erisotrina N-óxido (6).

O metabólito 6 é um alcaloide do tipo diênico, purificado sob a forma de um óleo amarelo, identificado em extratos de algumas espécies de Erythrina (GARCÍA-BELTRÁN et al., 2012; JUMA; MAJINDA, 2004; SARRAGIOTTO; FILHO; MARSAIOLI, 1981).

O espectro de RMN 1H (Figuras 41 e 42) exibe os sinais característicos do núcleo dieno, semelhante ao alcaloide 15. A campo baixo podem ser visualizados os sinais correspondentes aos hidrogênios do anel aromático em 6,82 (s, H-17) e 6,72 ppm (s, H-14), juntamente com sinal do H-2 (6,75 ppm, dd, J= 2,3 e 10,2 Hz) e dos dois hidrogênios olefínicos que compõem o sistema diênico, H-1 e H-7, em 6,23 (d, J= 10,2 Hz) e 5,86 ppm (sl), respectivamente. Os hidrogênios diastereotópicos do C-8 estão localizados em 4,57 (dd, J= 1,3 e 15,3 Hz, H-8a) e 4,01 ppm (dd, J= 3,2 e 15,3 Hz, H-8b). Os sinais dos hidrogênios metilênicos H-10 e H-11 correspondem aos multipletos entre δ 3,81-3,78 e δ 3,24-3,21 ppm, respectivamente. O sinal do hidrogênio metínico H-3 (m, δ 4,23-4,19 ppm) e os três simpletos intensos com integração para três hidrogênios referentes as metoxilas presentes na estrutura em 3,84 (CH3OC-16), 3,71 (CH3OC-15) e 3,40 ppm (CH3OC-3) também são visualizados. A campo alto, observam-se os sinais dos hidrogênios metilênicos ligados ao carbono C-4, H-4a em 2,96 ppm (dd, J= 10,3 e 11,5 Hz) e H-4b em 2,20 ppm (dd, J= 5,9 e 11,5 Hz).

A Figura 43 mostra os sistemas de spins da molécula, resultante dosacoplamentos entre os núcleos de hidrogênios que a compõem.

Figura 42- Espectro de RMN de 1H expandido, região entre δ 3,9-2,2 ppm, de erisotrina N- óxido (6) a 400 MHz.

Pelas análises realizadas dos espectros de RMN 13C (Figura 44), DEPT-135 (Figura 45) e HSQC 1JH-C (Figura 46) verifica-se a existência de seis carbonos desidrogenados, seis metínicos, três metoxílicos e quatro metilênicos, totalizando dezenove carbonos. Além disso, observa-se uma diferença nos deslocamentos químicos dos carbonos C-4 (31,3 ppm), C-5 (82,6 ppm), C-8 (70,5 ppm) e C-10 (58,8 ppm) que estão mais desprotegidos em relação ao 15, indicando a oxigenação do N em 6. Este fato se confirma pelo espectro de massas EM-IES (+) na Figura 47, que mostra a fragmentação e o íon molecular com relação m/z 330,1713 referente a [M + H]+, sugerindo um átomo adicional de oxigênio que o alcaloide 15 e a fórmula molecular C19H23NO4 (calculado para C19H23NO4+H: 330,1711) para 6.

Figura 45- Espectro de RMN DEPT-135 de erisotrina N-óxido (6) em CD3OD a 100 MHz.

Figura 47- Espectro de massas EM-IES (+) de erisotrina N-óxido (6).

A comparação dos dados espectroscópicos obtidos com os reportados por Amer, Shamma e Freyer (1991) confirma o alcaloide 6 como sendo erisotrina N-óxido.

5.1.2.5 Eritratidina (29)

Figura 48- Estrutura de Eritratidina (29).

(29)

Este alcaloide foi isolado sob o aspecto físico de um óleo incolor, sendo encontrado em plantas do gênero Erythrina (FEITOSA et al., 2012; GARCÍA-MATEOS; SÓTO-

HERNANDEZ; KELLY, 1998; CHAWLA et al., 1988), e já identificado anteriormente nas cascas do tronco de E. crista-galli por Ozawa et al. (2010).

O espectro de RMN de 1H (Figuras 49, 50, 51 e 52) mostra a presença dos sinais característicos de anel tetracíclico do tipo alqueno, também comum a alcaloides eritrínicos. Os simpletos em 6,78 e 6,59 ppm correspondem aos hidrogênios do anel aromático H-14 e H-17, respectivamente, enquanto que entre 5,61-5,60 ppm tem-se um multipleto do hidrogênio olefínico H-1, e o sinal do hidrogênio H-2 (m, δ 4,36-4,34 ppm), ligado a carbono carbinólico (C-2), padrão do sistema alquênico. Os três simpletos intensos correspondentes aos hidrogênios metoxílicos ligados aos carbonos C-16, C-15 e C-3 são observados a 3,85, 3,84 e 3,29 ppm, respectivamente, enquanto que o sinal atribuído ao hidrogênio H-3 (ddd, J= 4,3, 7,0 e 12,3 Hz) aparece em 3,68 ppm. Os hidrogênios diastereotópicos H-10 podem ser observados em 3,48 (ddd, J= 4,1, 7,0 e 12,5 Hz, H-10a) e entre 3,20-3,14 ppm (m, H-10b). O multipleto entre 3,06- 2,95 ppm refere-se aos sinais dos hidrogênios H-11a e H-8a, enquanto que o hidrogênio diastereotópico H-8b é visualizado no intervalo de 2,77-2,70 ppm (m) e H-11b em 2,56 ppm (dd, J= 6,7 e 17,3 Hz). Os sinais dos hidrogênios metilênicos H-7 aparecem como multipletos entre 2,47-2,39 (H-7a) e entre 2,27-2,20 ppm (H-7b) e os sinais dos hidrogênios H-4 em 2,33 (dd, J= 4,3 e 11,6 Hz, H-4a) e entre 1,65-1,59 ppm (m, H-4b).

Figura 50- Espectro de RMN de 1H expandido, região entre δ 7,2-4,2 ppm, de eritratidina (29) a 400 MHz.

Figura 51- Espectro de RMN de 1H expandido, região entre δ 3,9-2,9 ppm, de eritratidina (29) a 400 MHz.

Figura 52- Espectro de RMN de 1H expandido, região entre δ 2,8-1,5 ppm, de eritratidina (29) a 400 MHz.

No espectro bidimensional de COSY 1H-1H (Figura 53) são visualizados os sistemas de spins, observando-se principalmente, os acoplamentos que ocorrem entre os núcleos dos grupos metilênicos presentes na estrutura de 29.

Através da análise dos espectros de RMN de 13C desacoplado (Figura 54), DEPT-135 (Figura 55) e HSQC 1JH-C (Figura 56) são observados um total de dezenove carbonos que formam o sistema alquênico da molécula, dentre os quais seis carbonos desidrogenados em 147,8 (C-16), 146,5 (C-15), 144,4 (C-6), 128,1 (C-12), 125,1 (C-13) e 64,3 ppm (C-5), cinco grupos de carbonos metínicos que correspondem aos sinais em 120,9 ppm do carbono da dupla ligação (C-1), dos carbonos no anel aromático C-17 (111,8 ppm) e C-14 (111,1 ppm), do carbono oxigenado C-3 em 81,2 ppm e do carbono carbinólico (C-2) em 72,9 ppm. Também são observados sinais dos três carbonos metoxílicos CH3OC-3, CH3OC-15 e CH3OC-16 e cinco sinais dos carbonos metilênicos em 46,3 (C-8), 40,0 (C-10), 21,4 (C-11), 26,8 (C-7) e 39,5 ppm (C-4).

Figura 55- Espectro de RMN DEPT-135 de eritratidina (29) em CDCl3 a 100 MHz.

No espectro de RMN NOESY (Figura 57) são mostradas as interações espaciais homonucleares 1H-1H, onde a principal interação visualizada ocorre entre H-2 e H-3, indicando assim, que estes hidrogênios estão na mesma face e, portanto, definindo a esterereoquímica do carbono C-2 como S, sendo esta análise determinante para a definição da estrutura do composto 29 e não seu epímero 30 cuja configuração de C-2 é R e que já havia sido isolado desta espécie em trabalho anterior (ÁVILA, 2013) do nosso grupo do NPPN.

Figura 57- Espectro de RMN 2D NOESY de eritratidina (29) em CDCl3 a 400 MHz.

O espectro de massas EM-IES (+) na Figura 58 exibe um íon molecular com relação m/z 332,1907 referente à [M + H]+, sugerindo a fórmula molecular C

19H25NO4 (calculado para C19H25NO4+H: 332,1862) conforme a estrutura proposta.

Figura 58- Espectro de massas EM-IES (+) do eritratidina (29).

Os dados espectroscópicos obtidos e discutidos, quando comparados com dados disponíveis na literatura (AMER; SHAMMA; FREYER, 1991), indicam que o composto 29, isolado no presente trabalho é o alcaloide alquênico eritratidina.