Escalas reduzidas dos municípios de Bacabeira, Santa Rita e Rosário.

É lógico que as condições socioeconômicas inferiores do Maranhão sejam mais objetivamente evidenciadas nos seus municípios, onde se concentra a maior parte de sua pobreza absoluta e vulnerabilidade da população. A rápida urbanização causou um descompasso entre demandas e atendimentos nas cidades, agravando ainda mais os passivos sociais. Por outro lado, apesar do menor contingente na zona rural na atualidade, o campo não tem sido capaz de elevar suas produções autóctones, promover o crescimento da renda e responder às necessidades urbanas e rurais, dada a deficiência tecnológica da agricultura temporária20.

Essas disfunções são parcialmente corroboradas pela análise da distribuição espacial do Produto Interno Bruto per capita (PIBpc) dos municípios em 2010, servindo como referência o PIBpc médio do Maranhão (R$ 6.888,60), quando se observa que 83,4% dos municípios tinha valor abaixo da referência; aproximadamente 20% registraram PIBpc inferior à metade do valor médio estadual; e somente 10,6% dos municípios apresentaram PIB per capita superior ao valor de referência (POLARY, 2014 p. 41). O autor chama a atenção sobre a localização dos municípios de maiores PIB. Oito dentre os dez, pertencem à região sudoeste do Estado (Tasso Fragoso, São Raimundo das Mangabeiras, Sambaíba, Balsas, Alto Parnaíba, Açailândia, Porto Franco e Estreito), “influenciados, principalmente, pela produção agropecuária”. Enfatiza o autor, “e aí não estão os maiores contingentes populacionais” (op. cit.).

A baixa dinâmica da economia na maioria dos municípios do Maranhão é retratada por outro aspecto, conforme informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo com esse órgão, em 89,9% das cidades maranhenses os empregos estavam concentrados na Administração Pública no ano de 2010 (POLARY, 2014, p.44). Questiona o autor, “que cidades são essas?” “Que esperar de uma cidade que não possui estrutura econômica minimamente capaz de gerar emprego e renda produtivos?”.

5.2.1 Aspectos da Microrregião de Rosário

A microrregião de Rosário é formada pelos municípios de Axixá, Bacabeira, Cachoeira Grande, Icatu, Morros, Presidente Juscelino, Santa Rita e Rosário. Situa-se ao leste da Ilha do Maranhão, composta por sedimentos da formação Itapecuru e Barreiras e sendo

20 _{A agricultura temporária refere-se à produção de cereais e hortaliças principalmente para consumo interno, cujos}

produtos mais cultivados na microrregião de Rosário são arroz, mandioca, milho, e cana de açúcar. Na horticultura os produtos mais produzidos são maxixe, quiabo, milho verde e pepino (IMESC, 2014).

marcada geomorfologicamente pelas superfícies maranhenses com testemunhos e pelo Golfão Maranhense. Sua composição vegetacional é formada pela transição entre o cerrado e floresta amazônica (CORDEIRO; TROVÃO, 2006).

A proximidade dessa microrregião da capital do Estado tem sido determinante para a distribuição espacial das atividades produtivas nos seus municípios de abrangência – muitas estão estruturadas para suporte às indústrias sediadas em São Luis. Sua estrutura produtiva está ligada ao setor primário (produção hortícola de mandioca); em Santa Rita, destaca-se a criação de bovinos; a atividade pesqueira tem maior desempenho em Icatu e Rosário, neste último, desenvolve-se também a atividade de carcinicultura voltada para exportação (IMESC, 2014).

Sob as influências do crescimento das atividades econômicas na capital, criou-se um distrito industrial em Rosário, direcionado para produtos de metalurgia e minerais não metálicos, beneficiado pela infraestrutura em ampliação: duplicação da rodovia BR-135; duplicações das ferrovias Transnordestina (anteriormente, São Luis-Teresina) e Estrada de Ferro Carajás, bem como acesso fácil ao porto do Itaqui (IMESC, 2014).

Diante da problemática proposta neste trabalho, será dado destaque aos municípios que sofreram maiores impactos socioeconômicos com as atividades da refinaria Premium I, são eles: Bacabeira, Rosário e Santa Rita.

De início, evidencia-se um aspecto da fragilidade educacional dos jovens nesses municípios, que indicava mais de 25% de analfabetos na faixa etária de 7 a 14 anos, e o mesmo percentual médio para a população de 15 anos e mais, em 2000 (tabela 7).

Tabela 7 – Taxa de analfabetos em municípios/ Microrregião de Rosário

Municípios Analfabetos – 7 a 14 anos (2000) (%)

Analfabetos – 15 anos e mais (2000) (%)

Bacabeira 28,3 28,2

Rosário 20,4 25,4

Santa Rita 22,4 32,6

Fonte: IPEADATA

Em análise da evolução do número de residentes nessa microrregião, verificou-se que durante o período de 2000 a 2010 ocorreu grande aumento do contingente populacional nos municípios estudados. A população urbana do município de Bacabeira dobrou em 2010 em relação ao número de residentes verificados no ano 2000 (quadro 7). Entre os fatores influenciadores da dinâmica populacional da Microrregião de Rosário, destaca-se a implantação da refinaria Premium, que incentivou a migração de trabalhadores de outras regiões, principalmente para o município de instalação do empreendimento.

Quadro 7 - Evolução da população residente na Microrregião de Rosário e municípios (1991/2000/2010)

Microrregião/local Zona 1991 2000 2010

Microrregião de Rosário - MA Urbana 36762 51310 68642 Microrregião de Rosário - MA Rural 80636 82094 92547

Axixá Urbana 1265 1202 4703

Axixá Rural 8093 8940 6704

Bacabeira Urbana - 1892 3324

Bacabeira Rural - 8624 11601

Cachoeira Grande Urbana - 2852 3792 Cachoeira Grande - MA Rural - 4531 4654

Icatu Urbana 2976 6272 7816

Icatu Rural 17703 15217 17329

Morros Urbana 3972 4946 6720

Morros Rural 14758 9648 11063

Presidente Juscelino Urbana 1889 2715 4120 Presidente Juscelino Rural 4546 7978 7421 Rosário Urbana 19695 21765 23252

Rosário Rural 21221 11900 16324

Santa Rita Urbana 6965 9666 14915 Santa Rita Rural 14315 15256 17451

Fonte: IBGE

Os municípios estudados estão situados segundo o IDHM, em faixa de desenvolvimento humano médio (0,600-0,699). Veja índices abaixo (quadro 8). Entre os anos 2000 a 2010, o índice de desenvolvimento humano de Bacabeira apresentou crescimento de 45,27%. A dimensão com maior crescimento absoluto foi à educação nesse município.

Quadro 8 - IDHM dos municípios de Bacabeira, Rosário e Santa Rita (1991/2000/2010)

Municípios 1991 2000 2010

Bacabeira 0,341 0,433 0,629

Rosário 0,377 0,484 0,632

Santa Rita 0,312 0,446 0,609

Fonte: PNUD/2014

Em Rosário, a variação do IDHM no mesmo período foi de 30.58%, e em Santa Rita foi de 36,55%. Também nestes municípios a educação foi o componente que mais contribuiu para a variação positiva do índice. Considerando-se apenas o ano de 2010, observa-se que a renda foi o fator que menos contribuiu para o IDHM dos municípios de Bacabeira e Rosário. Em Santa Rita o fator que menos contribuiu para o índice nesse ano foi a educação (quadro 9).

Quadro 9 - Componentes do IDHM dos municípios de Bacabeira, Rosário e Santa Rita. BACABEIRA

IDHM e componentes 1991 2000 2010

IDHM Educação 0,181 0,295 0,580

% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 13,78 17,07 44,35

% de 5 a 6 anos na escola 39,58 85,72 93,77

% de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental ou com fundamental

completo 22,14 42,58 88,28

% de 15 a 17 anos com fundamental completo 13,41 19,46 52,99

% de 18 a 20 anos com médio completo 0,67 7,05 30,34

IDHM Longevidade 0,552 0,636 0,768

Esperança de vida ao nascer (em anos) 58,14 63,14 71,09

IDHM Renda 0,398 0,434 0,558

Renda per capita 95,46 119,08 257,4