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3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

3.2 Caracterizando a EJA na rede municipal de ensino de Belo Horizonte

3.2.3 A Escola Municipal

A EM pertence à Regional Norte, e o bairro ao qual pertence formou-se em 1987 no loteamento construído sob o terreno da antiga Fazenda Tamboril, que foi desapropriada pela PBH. A área possui vários conjuntos habitacionais cujos moradores são caracterizados, de acordo com o Projeto Político-Pedagógico da escola, como sendo de alta vulnerabilidade social, pois a instituição encontra-se em área de risco social, com baixo Nível Sócio-Econômico (NSE 3,1).38

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“Do ponto de vista mais operacional, o NSE é tomado como um construto teórico, ou seja, uma variável latente (não diretamente observada) cuja medida é feita pela agregação de informações sobre: a educação, a ocupação e a riqueza ou rendimento dos indivíduos” (ALVES; SOARES, 2009, p. 2).

A tabela abaixo nos mostra a quantidade de turmas internas e externas vinculadas às escolas municipais dessa região que ofertam EJA, de acordo com os dados publicados pela SMED no segundo semestre de 2011, no “Guia da SMED”:

TABELA 1

Quantidade de turmas internas e externas de EJA nas escolas municipais da Regional Norte

Escolas Municipais39 T u rm as In te rn a s T u rm as E xt e rn a s Escola investigada 3 0 Tupi 9 0 Floramar 2 0 Guanabara 1 0 Guarani 4 2 Monte Azul 11 0 Providencia 3 1 Solimões 2 1 Clóris 6 0 Heliópolis 8 1 Laranjeiras 4 2 Novo Celestino 3 0 Aarão Reis 3 1 Ribeiro de Abreu 8 0 Novo Planalto 4 0 TOTAL 71 8

Inicialmente, na região onde fica localizada a escola investigada, formou-se um assentamento promovido pela Secretaria Municipal de Ação Comunitária (SMAC). A ocupação foi motivada por reivindicação da Associação de Moradores de Aluguel de Belo Horizonte (AMABEL). Os lotes foram doados à população inscrita e distribuídos através de um sorteio feito pela AMABEL. Na época, a atuação da

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Os nomes das escolas foram modificados. Elegemos, aleatoriamente, nomes de bairros da região para nos referir às escolas nesta tabela.

AMABEL na área fez com que o Conjunto fosse apelidado de MABEL.40 Os primeiros moradores do local conseguiram materiais de construção doados pela PBH e pelo Governo Federal por meio da atuação da Associação dos Moradores do Bairro Felicidade (ABAFE). As moradias foram construídas em regime de semimutirão. De acordo com a URBEL, o loteamento iniciou-se com cerca de três mil habitações instaladas em lotes de 160m². Após a implantação, o Conjunto Felicidade sofreu ocupação desordenada, inclusive com expansão e invasões em áreas verdes e institucionais. Em consequência, até hoje as escrituras não estão regularizadas nem foram repassadas para os moradores, porém, de acordo com a URBEL, o processo está em fase de regularização fundiária, com o nome de Bairro Jardim Felicidade.41

No dia 24 de fevereiro de 1990 foi publicado o Decreto de criação dessa Escola Municipal (Decreto nº 6482/90). Em 15 de agosto de 1990 a escola foi inaugurada. Apenas no ano de 2002, devido à demanda existente, a escola passa a atender à Educação de Jovens e Adultos. Em 2005, por uma exigência política da PBH, foram encerradas as atividades da Educação de Jovens e Adultos e a escola passou a ofertar o Ensino Fundamental Noturno. As atividades desta modalidade duraram apenas dois anos, retornando a Educação de Jovens e Adultos a partir de 2007 por meio do Projeto EJA/BH.

Segundo Almeida (2009), toda escola que desenvolve uma proposta educativa deve explicitá-la, a fim de propiciar a realização de um trabalho coletivo da equipe, o que depende da clareza que todos os envolvidos precisam ter em relação aos princípios e metas que orientam suas ações. É por meio da concretização dessa proposta educativa num projeto norteador do trabalho que isso seria possível. Assim, de acordo com a autora, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) se configura como um meio de engajamento coletivo que busca integrar ações, criando uma unidade de trabalho que defina a identidade da escola, por meio de princípios e eixos que direcionem a ação pedagógica.

Neste sentido, no trabalho de análise do PPP de EJA da EM, notamos que nele é assegurado um tempo coletivo, correspondente a pelo menos um dia por semana, para formação, avaliação do trabalho e planejamento dos servidores em

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O local ainda hoje é, também, conhecido como “Favela da Mabel”.

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educação envolvidos com a EJA. Está prevista também a possibilidade de um coordenador pedagógico, que:

seria responsável pelo planejamento dos encontros pedagógicos semanais, pelo atendimento a pais e alunos, pelo tempo de formação, pela coordenação do Projeto de formação dos profissionais no interior da escola e participará nos encontros da Secretaria Municipal de educação. O coordenador pedagógico estará vinculado à quantidade de turmas de EJA (PPP, 2010, p. 15).

Quanto à estrutura física da escola municipal investigada, ela possui treze salas de aula, dois banheiros para estudantes separados por sexo, banheiro para uso de deficientes, uma sala de diretoria, uma sala de secretaria, uma sala de professores, um banheiro de professores, uma sala de coordenação, um auditório, uma biblioteca, uma sala de informática, uma cantina, uma quadra coberta, pátio amplo, rampas de acesso para portadores de necessidades especiais. Desses espaços, o Projeto EJA/BH utilizava, diariamente, três salas de aula, a cantina (que serve merenda aos alunos), os banheiros e a sala de professores. No momento da observação, a secretaria não abria durante a noite. Para a utilização de outros espaços como auditório, biblioteca e sala de informática, as educadoras deveriam comunicar previamente à direção da escola para agendamento.

3.2.4 A permanência de estudantes da EJA e os documentos oficiais da