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Minas Gerais sempre foi, desde o princípio, um estado relevante na história brasileira. Primeiramente teve destaque quanto à exploração de ouro e pedras preciosas ainda no período colonial, depois foi considerável sua participação política, durante a dobradinha com o estado de São Paulo, na chamada política do “café com leite”. Quanto a sua relevância na área educacional brasileira, ressaltamos que nos anos 1950, Minas Gerais era tida como referência quanto a metodologia e técnicas de ensino. Há relatos de que na equipe da secretaria de educação do estado, havia três professoras que foram enviadas aos Estados Unidos para se especializarem em metodologias de ensino, como também o autor de livros sobre didática, o renomado Luiz Alves de Matos, autor muito utilizado nas escolas normais brasileiras.

Para esta pesquisa, Minas Gerais tornou-se um dos destinos de investigação a partir da informação constante no livro sobre os 70 anos do Inep, onde as autoras Ana Waleska Mendonça e Libânia Xavier nos informam que já se afirmava iniciada a construção da “Escola-Parque de Belo Horizonte” (MENDONÇA, 2008 p.96), tendo como modelo a Escola-Parque da Bahia. Por não haver mais nenhuma referência a este assunto nas demais publicações do Inep, foi então decidido que seria feita uma investigação in loco para averiguar a situação desta Escola Parque de Belo Horizonte, se foi construída? Quando? Como foi sua atuação? Ainda existe? Como está?

Assim, iniciamos uma pesquisa nos arquivos existentes na cidade de Belo Horizonte, sendo o primeiro ponto de investigação o Arquivo Público Mineiro em 2014, onde foi encontrada a primeira informação sobre esta Escola. Foram feitas algumas viagens à esta cidade, visando consultar as fontes primárias. Por meio de diálogos fraternos com funcionários de diferentes repartições públicas, aos poucos desvelaram-se possíveis caminhos para encontrar dados e informações a respeito da tal “Escola-Parque de Belo Horizonte”, até ser encontrado o arquivo mais completo a respeito desta questão: a Biblioteca do Magistra, antigo Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Minas Gerais (CRPEMG). O Magistra é uma Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de

Figura 17: Vistas frontais do edifício remanescente do Instituo João Pinheiro, Belo Horizonte/MG.

Fonte: Acervo pessoal, 2015.

Minas Gerais; atende a educadores, gestores e demais profissionais da Secretaria Estadual de Educação (SEE) de Minas Gerais. Está em funcionamento desde janeiro de 2011.

Até o presente momento, Belo Horizonte foi contemplada com três visitas, das quais é possível comprovar a existência de uma escola, ainda existente, nominada em tempos remotos de Escola Parque de Belo Horizonte ou Escola Parque da Gameleira, por ser o bairro onde está localizada. Os dados comprovam a existência da escola, entretanto não foi completamente construída, mesmo que exista a informação do Inep de que seguiria o modelo da Escola Parque de Salvador, a escola existente em Belo Horizonte não possui todos os elementos presentes no referencial proposto, tanto arquitetônico, quanto educacional. O histórico e existência desta escola, assim nominada: Escola Parque, é desconhecido dos órgãos educacionais gestores, isto foi vivenciado por mim, dentre tantos encontros e visitas, entrevistas e conversas em diferentes seções e repartições das esferas municipal e estadual da área educacional. Na direção da Metropolitana B, consegui alguns dados que me levaram à EE Leon Renault e à estrutura do Magistra.

Dentre as instituições visitadas e que serviram de base para esta pesquisa, destacamos: Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais – Metropolitana B, Fundação João Pinheiro, Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, Biblioteca Pública Luiz de Bessa – Hemeroteca Digital e Coleções Especiais, Biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Biblioteca da Universidade Federal de Minas Gerais, MAGISTRA – Casa do Professor, Imprensa Oficial do Governo de Minas Gerais, Museu da Escola de Minas Gerais.

A construção da Escola Parque de Belo Horizonte fazia parte do Programa de Educação Complementar do Inep, que foi acordado com o governo estadual de Minas Gerais, sendo referente a construções escolares (escolas-parque, centros de demonstração e pavilhões de artes industriais) e à formação de pessoal (pelos estágios realizados nas cidades do Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e Salvador/BA).

de Ensino Fundamental (DEF) do MEC e também a ser denominado Centro de Recursos Humanos João Pinheiro (CRHJP). Em 1983 passa a integrar a estrutura da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) e assume a denominação de Instituto de Recursos

Humanos João Pinheiro (IRHJP) (CASTRO, 1989). Assim, o IRHJP

visava capacitar profissionais do Sistema Público de Educação para “formular, implementar e avaliar políticas de Capacitação de Recursos Humanos para a Educação” (FAE/ IRHJP, 1989 p.11). Uma provável fonte de conhecimento e técnicas educacionais no período das décadas de 1950 e 1960 vieram do Centro Regional de Educação Fundamental para a América Latina (CREFAL) mantido e administrado pela UNESCO (UNESCO, 1965).

Situado no bairro da Gameleira, região oeste de Belo Horizonte, o campus do Instituto possuía aproximadamente 105 mil m². Na sua área arborizada e contando com diferentes edificações, dentre eles uma biblioteca, com acesso disponibilizado a quem desejasse, contava com um acervo de mais de 40.000 volumes; um setor de Artes que produzia material audiovisual; um alojamento para profissionais da educação que participavam de capacitações e seminários ali realizados, vindos de outras cidades ou unidades federativas. Foi na versão atual desta biblioteca que estão armazenados os materiais relativos à memória dos convênios, programas, materiais didáticos, currículos e dados da Escola- Laboratório ou Escola Parque Leon Renault.

Entretanto, os funcionários deste departamento encontram- se empenhados na organização do material que restou ao longo dos anos, já que muita coisa se perdeu ou foi descartada, de acordo com as políticas adotadas com o passar das décadas. As caixas 42 e 43 foram as mais significativas para esta pesquisa. Aproveitamos para documentar o caminho das pedras, visando colaborar com futuros pesquisadores, já que gentileza gera gentileza e assim espera-se que mais pesquisa seja feita com base nestas fontes.

Centro Regional de Pesquisas Educacionais (CRPE MG)

O Instituto João Pinheiro (IJP) foi fundado em 1909, em Belo Horizonte. Teve a sua frente Leon Renault desde sua fundação até 1934. O IJP era uma instituição de proteção à infância e preparação para o trabalho agrícola sob o regime de internato. No IJP somente eram aceitas crianças entre 8 e 12 anos, sem antecedentes criminais. Fazia parte do sistema de proteção à criança e adolescente em Minas Gerais, havendo uma proximidade com a proposta francesa de Escola Nova, a École des Roches fundada em 1899. Atendia a “menores de rua”, geralmente pobres (negros, órfãos e abandonados), visava à formação do “cidadão republicano”, onde os menores eram educados para o trabalho e para o exercício da cidadania e o convívio social (FARIA FILHO, 2001). Na imagem podemos visualizar um exemplar dos pavilhões que eram denominados por nomes de republicanos ilustres. É o último exemplar dos prédios que compunham a instituição e que ainda está em uso, com outras finalidades, sendo que os demais foram todos derrubados. Para esta mesma localidade foi transferido o Centro Regional de Pesquisas Educacionais

de Minas Gerais (CRPEMG), que inicialmente funcionava nas

dependências do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). O CRPEMG foi criado em 1955 pelo Decreto Federal nº 38.460, de 28/12/1955, sendo um órgão da administração direta do MEC, com o objetivo de realizar pesquisas educacionais, produção de materiais de ensino, capacitação do pessoal da educação: gestores, orientadores e professores. Porém só inicia realmente suas atividades em agosto de 1956, com a nomeação de seu primeiro diretor, e contou com uma solenidade de instalação no IEMG no dia 04 de fevereiro de 1957 com a presença de Anísio Teixeira, seu idealizador, então diretor do INEP.

Em 1957, o CRPEMG incorporou atividades do Pabaee e passou a ser gestado pelo Dr. Abgar Renault. Ao longo dos anos, o CRPEMG passou por diferentes denominações e alterações de vinculação, sendo que a partir de 1965 foi vinculado à Divisão de Aperfeiçoamento de Professores (DAP), é nesta data que inicia a sua mudança para o bairro da Gameleira, onde então funcionava o IJP. Entre 1956 e 1972 passa a ser vinculado ao Departamento

Figura 18: Vistas externas do Magistra - edifício administrativo e edifício da biblioteca. Vista interna da biblioteca, Belo Horizonte/

MG. Fonte: Acervo pessoal, 2015.

Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao